O fim do mundo, uma poesia à mística ou a remédios?*

A respeito do “FIM DO MUNDO” é assim: Muito se tem falado pouco se tem estudado e quase em nada se tem acreditado.

Porque disto tudo? O homem está vivendo um tempo muito incerto: não se acredita na política, o poder somente vale para si mesmo, as esferas mundiais não conseguem dar respostas convincentes... Tudo isso tem que levar a algum lugar. Sabe! Está levando as pessoas sem uma crítica apurada a um lugar chamado nada. Sim. Ainda no século XXI esta filosofia continua vivaz.

Onde estão os psicólogos? Os Advogados? Os Magistrados? Todos estão aí, porém não se pergunta qual é a função de cada um deles. Por definição podemos encontrá-los, porém a praticidade do que representam ficam devendo para toda a sociedade.

Não poderia ser diferente, tirar todas as esferas centrais e colocar a natureza só tinha que chegar a um causo. Um causo desnudo. Desnudaram a sociedade dos valores, do respeito mútuo. Suas roupas foram queimadas pelas mídias mundiais. Nada pode restar senão o desejo de uma causalidade natural para terminar tudo no ecológico. Uma Catástrofe mundialmente chamada de pane ecológica. Mas se não se espera passar desta pane, então se pode dizer: não haverá ninguém para conceituar tal festim. Ah! Como é límpida esta poesia...

Tirar o que mais disso? Deve-se tirar esta cresça melindrosa dos corações angustiados pelos remédios controlados.

E a mística? Oxalá fosse mesmo! Uma mística regada de drogas pode levar a uma transcendência? Alcançar o absoluto?

Nos estudos teológicos se aprende que místico é o “conjunto de práticas religiosas que levam à contemplação dos atributos divinos. Estado natural ou disposição para as coisas místicas, religiosas; religiosidade”.

Deve se ter coragem para interpretar bem esta definição nestes últimos dias. Seria até heroísmo transmitir a veracidade desta definição a um povo que vive em tempo de Transformações e buscam novas perspectivas em seu viver diuturnamente.

Este é um significado para significar. Pois precisa ter a coragem de enfrentar o verdadeiro desafio em ser místico. É a segunda parte desta citação: “Estado natural”. Aqui nós esbarramos no próprio significado. Porque falar em “estado natural” a um povo que, realmente, quer “viver fora” deste estado? Por outro lado, será que é preconceito nosso querer que os “místicos” estejam no seu estado natural, já que são místicos?

A paz se encontra com a contemplação da natureza? Não. A natureza é simplesmente exuberante, porém esta infeliz paz é alcançada com chás alucinógenos, o qual tira qualquer pessoa do seu estado místico: “Estado Natural”. Ele é o famoso chá usado nas cerimônias do Santo Daime. Não sabe o que é esse chá?

Ele é a “ayahuasca” uma bebida preparada com plantas alucinógenas como a caapi e a chacrona. Elas são usadas, na maioria das vezes, em rituais religiosos como uma “porta” para a transcendência, a busca pela “paz”.

Através da Filosofia, no livro “O Mundo de Sofia” se encontra: “Uma experiência mística significa experimentar a sensação de fundir sua alma com Deus. É que o "eu" que conhecemos não é nosso "eu" verdadeiro e os místicos procuravam conhecer um "eu" maior que pode possuir várias denominações: Deus, espírito cósmico, universo, etc.”.

Nesta definição de místico não disse nada de remédios controlados, nem de chá e, muito menos, de drogas.

Este “Fim de Mundo” místico-controlado é um pedido de socorro às autoridades. Porque as famílias Alto Paraisenses estão destruídas pelas drogas sempre crescentes em nossa cidade.

Várias piadas são feitas, no entanto, para o meu pesar, enquanto Pároco em Alto Paraíso há dois anos, não são piadas, são realidades. Sem as autoridades trabalhando no combate às drogas, e, depois de passar por tudo isso e ver que nada acabou só nos restará dizer: “eu me salvei de mim”. De forma poética, pois o “ROMANTISMO” alucinógeno continua.

*Pe. Joacir Soares d’Abadia, pároco em Alto Paraíso de Goiás, autor de 7 livros

(o último livro: http://palavraeprece.com.br/livros/taffom-erdna),

bacharel em Filosofia e Teologia, pós graduado em Docência do Ensino Superior

e membro do Conselho de Pesquisas e Projetos da UnB Cerrado.