Haverá um tempo em que não apenas cairá o dinheiro como regente das relações materiais, mas também cairão os governos; existirá sim uma regência, mas por meio de instituições livres, em que todos participarão em menor ou maior grau. É obvio que essas instituições terão seus líderes – pois não pode jamais o homem deixar de exercitar e ampliar a sua responsabilidade pelas coisas do mundo e pelos seus semelhantes.

Porém toda liderança será alcançada somente pelo mérito, e sua alternância não interferirá muito na vida das massas. Não haverá mais a necessidade da vontade de uns se sobrepor à vontade de outros, numa sociedade onde a distribuição dos bens não mais atende a interesses econômicos e financeiros, mas à necessidade do mérito e do esforço individuais em promover o próprio crescimento e o bem coletivo.

Os parlamentos não deixarão de existir, mas a pauta de suas discussões gravitará mais em torno da evolução do pensamento, do conhecimento e da técnica, e sua aplicação prática na vida de todos; seus membros serão chamados filósofos, sábios, cientistas. Todavia não mais legislarão, pois a necessidade de leis deixará de existir numa humanidade onde é raro quem não compreenda o limite de sua liberdade. Também por esse motivo não haverá mais poderes soberanos e personificados a governar os destinos de ninguém. A democracia alcançará o seu auge, e seu papel não mais se resumirá em excluir a liberdade de uma minoria diante das decisões de uma maioria.