Eduardo José Afonso[1]

Resumo de: Natanael Vieira de Souza[2]

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Eduardo José Afonso argumenta que desde a antiguidade contos, lendas e fábulas ilustram o imaginário popular. Essas histórias cumprem uma função social, referendando os valores e o comportamento social de uma dada ordem socioeconômica. Antes mesmo da indústria cultural os “contos de fadas” já faziam parte das noites das crianças (fatos que rememoro sobre a minha infância recheada de causos e estórias, nas noites enluaradas).

A Vovó contava as historias/estórias fascinantes, “Narrando e interpretando aquelas historinhas inverossímeis, vovó estava realizando um trabalho social de primeiríssima importância, no quadro da sua Sociedade. Está passando os valores daquela sociedade. Legitimando as divisões de papéis‚ explicando-as e justificando miticamente as desigualdades. Vovó e suas historinhas é um aparelho ideológico do Estado, encarregada, sem saber, de estruturar a cabeça das crianças do jeito que convém a uma sociedade dada.”

Com o advento da indústria cultural vovô perdeu sua função. Esta foi substituída pelos meios de comunicação. Primeiro os jornais e revistas (no meu caso, primeiro a leitura da bíblia, depois gibis, bolsilivros com narrativas sobre o velho oeste americano), depois o rádio e o cinema. Ultimamente a TV e a internet.

Para Eduardo José Afonso, interessa tomar o filme comercial norte-americano, aquele produzido em série nos EUA, como elemento primordial no desempenho dessa função tão cara àquilo que Leminsky chamou de “aparelho ideológico de Estado”. São esses filmes que mostra-nos, cada um em seu momento histórico, como a indústria cultural norte-americana vende, não só o american way of life, mas uma política oficial estadunidense para o mundo.
Elementos garimpados nos filmes “O advogado do diabo” (1997) - que evidenciam a preocupação do governo norte-americano, no ano de 1997, com a “Retidão da Justiça” e o “Caminho do Direito”, no ano do escândalo de Monica Levinsky -, e “Avatar” (2009) - mais adequado aos tempos presentes, quando há uma grande preocupação com o meio ambiente e a preservação de regiões importantes para a sobrevivência do capital - , oferecem, mais uma vez a “receita” do caminho a seguir.

Os 2 filmes apresentam ingredientes que nos podem fornecer fontes para a compreensão de posturas políticas adotadas pelo governo norte-americano em seu tempo. Esta dinâmica baseada na produção de hollywood que continua a ser endereçada ao mundo, apresenta um mecanismo que, analisado em sua estrutura põe a nu o maquinismo de manutenção da hegemonia norte-americana no mundo. Hegemonia que somente será sustentada se a opinião pública mundial estiver se identificando com os valores estadunidenses e seus interesses dos EUA.
Os filmes de hollywood nos fornecem fontes para a história do pensamento estadunidense e como tal devem ser vistos pelos historiadores principalmente aqueles que desejam estabelecer uma relação entre cinema e História.

Podemos dizer que os filmes comerciais hollywoodianos nos ajudam a abordar e discutir a narrativa cinematográfica como forma de construção de memória e debate histórico. No entanto devemos levar em consideração que a linguagem utilizada no filme ficcional histórico aponta para as intenções de representação do passado pelos seus realizadores.

Sendo assim, o intuito deste trabalho está na reflexão de como abordagens distintas convivem e lutam por afirmar suas representações junto ao imaginário coletivo.



[1] Possui graduação em Comunicação Social Publicidade e Propaganda pela Fundação Armando Álvares Penteado (1980), graduação em Curso de História pela Universidade de São Paulo (1984), graduação em Curso de Licenciatura pela Universidade de São Paulo (1984) e mestrado em História Social pela Universidade de São Paulo (2004) e Doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professor colaborador - Faculdades Oswaldo Cruz. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Teoria Antropológica. Atua no campo da História Social, História da Arte e História do Brasil contemporâneo.

[2] Acadêmico do 7º Semestre do curso de História/UNEMAT/Cáceres - MT