Uma noite tenebrosa cobre toda a Rua Demelg. Um único homem de óculos de lua cheia, um chapéu pontudo e suas vestes longas e da cor verde-escura fica parado no meio da rua escura, olhando para cada canto do local onde estava. Seus óculos brilham em um jardineiro onde seu olhar fica fixo. Ele olha para uma rosa vermelha e diz:

- É você Morg? Sou eu, Hérsio

A rosa vermelha abre os olhos e afirma com a cabeça, sai da terra e pula até o meio da rua. Quando chega ao local, começa a rodopiar rapidamente. A rosa viva, de repente, transforma-se em uma bela moça alta, magra e com seu vestido longo e vermelho. Ao terminar sua transformação, vai até Hérsio e o abraça.

- Que bom que está vivo Hérsio – diz Morg feliz – Estava preocupada e...Essas feridas em você?

Morg vê o braço esquerdo de Hérsio sangrando e toca para examinar.

- Essas feridas estão te infectando! – exclama Morg assustada – Deixe ajudá-lo

Morg segura bem à ferida de Hérsio e fixa seus olhos nele. Os olhos dela ficam verdes e, como em um passe de mágica, a ferida de Hérsio foi sumindo até ficar completamente invisível.

- Muito obrigado Morg – agradece Hérsio logo após – Fui atacado por Sley, o vampiro, em Extric mais, consegui entrar no Palácio Nagic e pegar o pergaminho. Logo depois, vim aqui te procurar.

- Você conseguiu o pergaminho? – pergunta Morg impressionada

- Sim – responde ele – Está aqui

Eles vão até a calçada da rua, se sentam e, logo em seguida, Hérsio retira do bolso um pedaço de papel enrolado e entrega para Morg. Ela abre o pergaminho e não vê nada. Mais em seguida, um vulto entra no corpo dela. Ela fica olhando para frente e, com seus olhos nublados, começa a dizer:

- "O bebê prodígio será indefeso na primeira luta contra o bem e o mal, mais, no decorrer da vida, o bebê terá um poder que Billord não vai acreditar"

Um vulto sai de Morg em seguida e volta para o pergaminho. Morg fecha o papel enrolando-o. Hérsio olha para ela assustadoramente

- O que houve? – pergunta Morg – O que foi tudo isso?

Hérsio pega o pergaminho das mãos dela e o guarda. Ele diz logo após:

- A mensagem entrou em você e disse o que queríamos saber – responde ele – Logo depois, ele retornou para seu lugar, o pergaminho

- Onde está o bebê de Leide? – pergunta ela assustada – Acha que devemos trazer ele pra cá? Eu andei vigiando esses parentes dele e, vi que eles são muito tristes e quietos o tempo todo

Hérsio abaixa a cabeça e diz:

- Acho que devemos trazer ele pra cá o mais rápido possível. O bebê pode trazer alegria para essa família, além de protegê-lo do mundo inderi (quem não é transformado), pois Billord não irá conhecê-lo aqui e em Extric, o colocaremos em risco. Como diz o pergaminho do futuro: '... O bebê será indefeso na primeira luta contra o bem e o mal. ', por isso não devemos deixá-lo com os pais

- Mais você não respondeu minha pergunta – diz Morg – Onde está o bebê?

- Você já vai saber – responde ele

Um vento forte interrompe a conversa entre os dois. Um homem grande, com roupas sujas e rasgadas aparece depois do vento. A única coisa que parecia limpo naquele momento era sua careca, que brilhava intensamente. Morg e Hérsio se levantam de onde estavam para recebê-lo. Morg não reconhece a pessoa que estava a sua frente, mais Hérsio o reconhece bem e sorri.

- Boa noite Hefesto – cumprimenta Hérsio

- Boa noite Sr. Mcfrey – retribui ele

Morg o olha tentando reconhecê-lo, mais mesmo assim não tinha idéia de quem era. Hérsio repara e diz:

- Ah, desculpe. Morg Cannel, esse é Hefesto Silva, um novo agente

- Muito prazer Srta. Cannel – diz Hefesto apertando sua mão

- Igualmente – a retribui

- Trouxe o bebê? – pergunta Hérsio rapidamente

- Sim – responde ele – E notícias dos pais dele

- O que houve? – pergunta Morg preocupada que tenha acontecido algo

- Bem, o pai dele, Annder Jones, foi seqüestrado pelos seguidores de Billord, os Mortiriuns – diz Hefesto – e Leide Jones...

Hefesto para de falar e abaixa a cabeça

- O que houve com Leide, Hefesto? – pergunta Morg aos berros

Hefesto respira fundo e responde com uma lágrima no rosto:

- Foi morta por um Mortirium, Nécio Waterr

Morg encosta nos braços de Hérsio e começa a chorar. Hérsio, não se contendo com a notícia, diz a Hefesto:

- Me dê o menino

Hefesto, por sua vez, entrega a Hérsio um cesto grande de palha que carregava. Os três começam a andar até uma casa grande e, na porta, um grande número oito. Hefesto olha para a casa e diz:

- Que tipos de parentes eles são desse menino?

- Irmã de sua avó – responde Hérsio

- Tem certeza mesmo que é melhor deixar com eles? – pergunta Morg mais calma – Estou com medo de acontecer algo com ele

- Não se preocupe Morg, ele estará bem – responde Hérsio – Esses tipos de pessoas como eles são calmos para cuidar de alguém. E também, são os únicos parentes inderi dele

- Mudando de assunto – diz Hefesto – Como se chamará esse bebê?

Hérsio deixa o cesto no chão, tira o lenço e vê o bebê dormindo. Ele o pega nos braços e ele acorda.

- A mãe dele sempre me disse que o sonho dela era chamar seu primeiro filho com o nome do avô dela, Ryan – diz Hérsio olhando nos olhos azuis do bebê – Então se chamará Ryan Jones

- Um nome bonito – comenta Morg – Ela teve bom gosto

Hérsio começa a fazer cócegas no pé do bebê. Quando ele reparou bem no pé esquerdo dele, viu que tinha uma espada escura desenhada

- O que é isto? – pergunta ele analisando o desenho

- É a marca que Billord deixou quando os pais deles foram atacados no hospital – responde Hefesto

Hérsio pega o pergaminho do bolso e olha para o bebê

- Tive uma idéia! – diz ele – Com certeza, Billord vai querer esse pergaminho e procurar esse bebê, então, decidi fazer o seguinte: colocar o pergaminho na marca de Ryan

- Tem certeza? – pergunta Morg

- Absoluta – responde ele

- E quando você pretende dizer a ele? – pergunta Hefesto

- Quando chegar à hora dele saber – o responde

Hérsio coloca sua mão debaixo da pele do pé de Ryan. A mão, logo em seguida, sai da marca de Billord sem o pergaminho, como uma operação sem precisar cortar

- Vamos então? – pergunta Hefesto

- Vamos – responde ele colocando o menino no cesto

Hérsio sobe três degraus da entrada da casa. Deixa o bebê na beira da porta e diz baixinho para Ryan:

- Nos reencontraremos logo Ryan. Até logo!

Ele se levanta e diz dando as costas para Ryan:

- Vamos logo

Morg e Hefesto também dão as costas para Ryan. De repente, os três sentem um forte vento vindo da direita. Viram seus rostos e vê dois homens saírem de dois vultos escuros

- Pega o bebê Hefesto! – exclama Hérsio

Hefesto pega o bebê e andam até o encontro com os dois homens no meio da rua

Um homem com cabelos escuros, olhos puxados com a cor roxa, seus pés brancos descalços e uma veste larga e preta, que se mexia com o vento daquela noite. O outro obtém uma roupa púrpura e cabelos curtos e claros. Andavam olhando fixos para Hérsio, Morg e Hefesto. Ao chegarem perto uns dos outros, se olhavam intensamente naquele silêncio.

- Que honra te reencontrar Billord – debocha Hérsio

- É bom te rever – diz o homem de olhos roxos – Mais agora, onde estão o bebê e o pergaminho?

- Vamos nos acalmar – diz Morg – Vamos a outro lugar para conversar, porque aqui, não é um lugar apropriado para isso, certo?

- Pode ser – responde Marcos Andrew

- Vamos para Extric então – comenta Hérsio – Naquela colina rochosa no sul

- Pode ser – fala Billord – Vou acabar com você mesmo

- Não tenha tanta certeza – Diz Hérsio

Hérsio olha com ódio para Billord e diz no pensamento de Morg e Hefesto:

- "Vamos fazer o seguinte: Hefesto, você fica com o bebê e o pergaminho, escondido com ele em Extric e Morg, você luta com Marcos, eu fico com Billord. Hefesto, quando estivermos lutando, ganhando ou perdendo, traga o bebê para cá de volta, ouviram?"

Morg e Hefesto afirmam com a cabeça

- Vamos logo, já está demorando – resmunga Billord

- Tudo bem, quanto mais rápido acabar com você, melhor

- Isso é o que você pensa – argumenta Billord

Um vento forte começa a cobrir todos e, num piscar de olhos, chegam a Extric em uma grande colina, cada um em um canto diferente.

Morg olhava para baixo e via um povoado pequeno, cheio de luzes e pessoas conversando. Morg não percebe, mais recebe um choque elétrico de Marcos, que estava atrás dela. Ela estava começando a se preocupar ao ver o que havia no solo: a grande colina e um povoado do lado.

Morg se ergue e fica invisível. Marcos a procura em todos os lados mais não a encontra. Ele, com raiva, bate em uma rocha. Mais, para sua sorte, Morg estava sentada nesta rocha e, quando Marcos vê para o chão perto da rocha, percebe que bateu em algo a mais além da rocha. Morg fica visível e Marcos pôde ver ela caída e inconsciente. Ele, por sua vez, a pega pelo pescoço e, quando Morg acorda, começa a ficar sem ar.

- Agora eu te mato! – diz Marcos

Quando terminou de dizer isso, uma mão grande ataca uma pedra na nuca de Marcos. Ele cai e Morg cai junto, tentando respirar. Ela levanta e vê quem a salvou desse sufoco: era Hefesto.

- Finalmente te achei! – diz Hefesto aliviado – Não te ajudei antes porque estou com o cesto no braço. Morg temos que ir ajudar Hérsio porque ele está lutando com Billord no outro lado da colina.

- Então o que estamos esperando, vamos logo! Mais antes... – responde ela olhando para Marcos caído

Morg pega Marcos e o arrasta para uma caverna que havia ali perto. Colocou uma rocha enorme sobre a entrada e o prendeu

- Hefesto – diz ela preocupada –afaste essas pessoas pra longe daqui, porque do jeito que Hérsio é lutando, poderá derrubar esta colina e provocar muitos acidentes

Morg aponta para baixo. Hefesto olha o pequeno povoado e diz:

- Vamos fazer de um jeito: eu irei lá embaixo, aviso as pessoas e levo todos para um lugar seguro e, em seguida, irei para a Rua Demelg entregar Ryan para seus parentes. Enquanto você ajudará Hérsio a acabar de vez com Billord

Morg afirma com a cabeça e o abraça, dando um beijo no rosto dele.

- Até mais Hefesto – diz ela

- Até logo – despede ele

Hefesto some de repente. Morg, por sua vez, sai correndo para o outro lado da colina, pois estava muito fraca para se tele transportar. No caminho, estava difícil chegar o local porque as rochas da colina estavam frágeis, e Morg não conseguia passar, pois se passasse, iria morrer.

Então, Morg cria forças e se transforma em uma águia da cor marrom e consegue voar com um pouco de dificuldade ao encontro de Hefesto, pois ainda estava fraca para se conter no ar.

Morg vê os dois e para em uma rocha que a cobria. Se destransforma e assisti Hérsio e Billord se olhando com ódio um para o outro sem se mexer.

- Você já fez muito mal – diz Hérsio nervoso – Não irá sobreviver

- E quem vai me deter? – pergunta Billord rindo

- Eu e Hérsio – diz Morg saindo da rocha que a cobria

- Mas como? Marcos não estava lutando com você? – pergunta Billord assustado por ver Morg

- Eu consegui derrotar seu fiel comparsa – responde Morg

- Que pena – comenta Billord

- Não fique triste, logo você vai estar com ele no inferno – fala Morg

Ao terminar de dizer isso, Morg joga com todas as suas forças que sobrava um escudo que prende Billord, paralisando-o totalmente. Quando Hérsio percebe que Billord estava indefeso, decide correr até ele para atacá-lo. De repente, Billord revida a proteção de Morg nela própria, e ela cai ficando inconsciente.

- Seu imbecil! – diz Hérsio olhando para ele – Você não merece viver, me siga!

Hérsio começa a voar muito alto e Billord o segue com a certeza em sua mente de que ia acabar de vez com ele.

Enquanto isso, Hefesto consegue chegar ao pequeno povoado. Olhou a primeira casa perto da colina e correu diretamente aquela casa. Com telhado azul escuro, bate na porta e um senhor de cabelos curtos e brancos, de bengala e de pijama abre.

- Me ajude, por favor! – pede Hefesto – Meu nome é Hefesto e estou aqui para avisar você e todos desse povoado que essa colina pode desmoronar. Suplico-te, o senhor pode me ajudar a avisar os outros?

- Sim, ajudarei – diz o senhor – Ligarei daqui para os outros e falarei para irem para a floresta o mais rápido possível

- Boa idéia! – comenta Hefesto – Desculpe perguntar, mais qual seu nome?

- Meu nome é Soleto – responde ele – Entre, este bebê no cesto deve estar morrendo de fome

- Obrigado – agradece Hefesto

Ele entra na casa e se senta em um sofá velho que havia ali.

- Você pode ir pegar o leite e esquentar para ele enquanto eu ligo para todos? – pergunta Soleto

- Claro – responde ele

Hefesto pega o leite, esquenta, e amamenta Ryan o mais rápido possível.

- Pronto! – avisa Soleto – Em quinze minutos estarão todos na floresta

- Ryan já terminou de tomar seu leite – diz ele – Vamos logo!

Os dois saem rapidamente em direção a floresta.

Nas colinas, Hérsio começa a lutar com Billord no ar. Morg abre seus olhos e se levanta com dificuldade, pois estava mais fraca ainda. Então, por telepatia, tenta pedir ajuda a alguém.

Hefesto estava no meio do caminho e se agacha como se estivesse com dor. Ouve uma voz e se concentra para captar o que estava falando:

- "Socorro! Venha me ajudar Hefesto... Estou fraca e desesperada..."

Ao terminar de ouvir, Hefesto se ergue calmamente.

- O que houve Hefesto? – pergunta Soleto

- Ah... Eu caí – inventa ele – Soleto, cuide da criança e vá indo na frente, eu o alcanço

- Mais aonde você... – comenta Soleto, mais Hefesto não o deixa continuar

- Vá rápido! – diz ele

Soleto pega o cesto com o bebê e sai correndo o mais rápido que podia com o bebê de um braço e a bengala na outra. Quando Soleto se distancia de Hefesto, ele fica com o olhar fixo para o nada e um vento começa a ficar em volta dele, o fazendo sumir logo após, mais Soleto vira o rosto para ver aonde Hefesto ia, e o viu sumir. Soleto fica muito impressionado, além de ter ficado muito assustado, mais continuou a prosseguir

Hefesto chega ao local onde Morg estava. Sai correndo até onde Morg estava sentada.

- Calma! – diz Hefesto – Já cheguei e vou te levar!

- Ainda bem que você veio... – diz Morg desmaiando nos braços dele

- Morg acorda! – Grita ele – Onde estão Hérsio e Billord

Morg levanta sua mão e aponta para cima. Hefesto olha para cima e vê Billord jogando fogo em Hérsio, mas ele se protege com raios congelantes.

- Levanta Morg – diz Hefesto – Precisamos ir antes que seja tarde! Eu a ajudo

Morg se apóia no ombro dele e o mesmo vento que levou Hefesto antes levou os dois dali.

Hérsio, fraco, se distancia de Billord para tentar se recuperar

- Que foi Hérsio, ficou fraquinho – debocha Billord

- Já chega... – diz Hérsio

Seu corpo libera um imenso campo de poder sobre toda a colina e sobre Billord. Ele tentava repelir, mais era forte demais e a colina já estava desmoronando.

- Nos reencontraremos logo Hérsio – diz Billord já em condições de se mexer – E nessa hora, você morrerá...

E some completamente em um rodopio. Hérsio, em seguida, rodopia e também desaparece.

Hefesto e Morg chegam perto do centro da floresta e olham a colina sendo desmoronada.

- Será que Hérsio conseguiu? – pergunta Morg se erguendo calmamente

- Não sei – responde Hefesto – Mais agora não é hora disso. Temos que buscar o bebê

- Aonde você o deixou? – pergunta Morg nervosa

- Aqui perto – responde ele

Os dois andam até o centro da floresta, aonde havia muitas pessoas vendo a colina sendo destruída. Soleto enxerga Hefesto e vai até ele para entregar o bebê.

- Você estava certo! – diz Soleto impressionado – A colina caiu mesmo

- É mesmo! Obrigado por cuidar dele enquanto estava ausente... Ah, esta é Morg, uma grande colega.

Morg o cumprimenta com o olhar rígido. Soleto retribui com o mesmo gesto.

- Bom, temos que ir, está um pouco tarde – comenta Hefesto

- Vão, podem ir que guardarei seu segredo – diz Soleto

Hefesto e Morg ficam olhando para ele.

- Obrigado! – responde Hefesto

Ao se despedirem, os dois saem de perto de toda aquela multidão.

- Não devia deixar com aquele estranho – diz Morg furiosa

- Mais era a única coisa que podia fazer para salvar você – diz ele – Agora não tem importância, vou levá-lo para os tios. Você quer ir?

- Não – responde ela – Vou a Waldstan ver se Hérsio retornou para lá. Você retornará para lá depois Hefesto?

- Sim – responde – Não vou abandonar aquele lugar tão cedo. Até logo então.

Ele se tele transporta e deixa Morg sozinha. Morg virou-se e some daquele lugar.

Hefesto chega de volta a Rua Demelg. Foi até a casa oito, bateu na porta, deixa o cesto na frente da porta e coloca uma carta em cima do bebê. Em seguida, some dali.

Luzes começam a acender e iluminam toda a parte de dentro da casa. Uma mulher de cabelos cacheados, fofinha e vestindo uma camisola verde abre a porta e começa a chorar sozinha ao ver o bebê na frente de sua casa. Ela pega o bebê e o leva para dentro de sua casa.

A senhora, ao se sentar na sala, analisa a carta que continha junto com o bebê.

- Cláudio, venha cá, por favor – diz calmamente a mulher – Precisamos conversar

Um homem de olhos verdes, cabelos grisalhos e usando um roupão azul-escuro desce as escadas e vai até a sala grande e cheia de relíquias antigas, como um quadro de uma moça de lindos olhos verdes em cima da lareira acesa, os móveis antigos como o sofá que a senhora estava sentada e chorando com o bebê

- O que houve Rosy, porque está chorando? – pergunta Cláudio

- Sente-se que eu conto – responde Rosy

Cláudio senta no sofá de três lugares que estava na frente dela.

- Bom – começa ela – Lembra da minha sobrinha Leide? Aquela que era transformada

Cláudio afirma com a cabeça

- Então – continua – Ela foi m-morta – Rosy gagueja – Ela não sobreviveu ao ataque dos inimigos daquele lugar. O pai desse menino foi seqüestrado e... – Ela não agüenta e começa a chorar

- Posso ler isso? – pergunta ele

Rosy entrega a carta a ele. Ele pega seus óculos e começa a ler para si próprio:

"Caros senhores,

Estou lhe mandando esta carta para explicar aos senhores o acontecido. Bom, vocês já devem saber que Extric está em pânico porque surgiu repentinamente um inimigo muito poderoso e perigoso. Por causa deste inimigo, chamado de Billord, que sua sobrinha chegou a falecer e o marido dela seqüestrado. Esse menino que estão recebendo não tem mais nenhum parente não-transformado, só vocês dois. Queria pedir-lhe para os senhores que, por favor, cuide dessa criança até quando encontrarmos os pais dele

Outro comunicado: este menino se chamará Ryan Jones. Eu aviso que, se não encontrarmos o pai dele até ele completar sete anos, um dos nossos agentes irá buscá-lo para estudar em nossa escola, a Waldstan, um lugar preparado para ensinar e se defender de qualquer mal que vier para ele e para os outros no futuro.

Espero que aceitem o combinado

Esperando que estejam bem,

Hérsio Mcfrey

PS: Se aceitarem, não deve contar a ele este segredo até quando nossos agentes chegarem. Agora, se não aceitarem, estralem os dedos cinco vezes que irei aí o mais rápido buscá-lo e levá-lo para outro lugar"

Cláudio retira os óculos ao terminar de ler.

- O que vamos fazer? – pergunta ele

- Cuidar dele é claro! – diz Rosy – É nosso sangue Cláudio, ou seja, nossa família. Aliás, sempre quis ter um filho e, se você aceitar, cuidarei dele como se fosse meu filho.

Cláudio olha para Rosy e Ryan, que dormia.

- Vamos ficar com ele – afirma ele – Além do mais, preciso de alguém para me distrair

Rosy coloca o bebê no sofá com toda a calma para não acordá-lo e abraça Cláudio

- Mais pensando bem – diz ela sentando de volta – Como guardaremos esse segredo?

- Com certeza, uma hora ele irá perguntar sobre o nome dele porque, ele verá o meu nome (Cláudio Sollttys), e o nome dele (Ryan Jones), e teremos que inventar um motivo ao quais os pais não estão com ele

- Já sei – diz Rosy com uma idéia em mente – Podemos dizer que estão trabalhando no exterior, e voltam pra cá de sete em sete anos

- Uma ótima noticia – responde Cláudio – Assim, quando completar sete anos, podemos contar a ele, mais com certeza ficará muito triste

- É mesmo – afirma ela – Será um choque

Cláudio e Rosy olham para Ryan dormir calmamente.

- Vamos levá-lo para dormir lá em cima – diz Rosy

Rosy o pega nos braços e sobe primeiro e Cláudio logo em seguida, desligando as luzes da sala. Atravessam o corredor do primeiro andar e foram para o quarto. Havia uma cama, guarda roupa, um banheiro e uma estante.

- Bom – combina Rosy com Cláudio – Eu durmo com o bebê de um lado e você do outro

- Tudo bem – afirma Cláudio

E foram dormir. Na manhã seguinte, Rosy acorda, leva o bebê até o banheiro com ela. Ela troca o bebê com um lençol antigo. Ela troca de roupa, escova seus dentes e sai silenciosamente do quarto para não acordar Cláudio. Desce a escada e vai para a cozinha para preparar o café da manhã.

Ela coloca uma xícara com café, panquecas, bacons e omeletes para ela e Cláudio. Dá um pouco de leite para Ryan e espera Cláudio para acompanhá-lo no café da manhã.

Cláudio levanta e coloca seu paletó para ir trabalhar. Ele desce as escadas e vai para a cozinha

- Bom dia – diz Cláudio se sentando

- Bom dia – retribui Rosy terminando de alimentar Ryan

Enquanto comiam, Rosy comenta com Cláudio:

- Depois que você trabalhar, você pode me acompanhar até o centro da cidade? Preciso comprar utensílios para o bebê

- Posso – responde ele – Ia lhe perguntar a mesma coisa

- Tudo bem então – fala ela - Agora termine seu café para chegar a tempo ao trabalho

Cláudio para o relógio e viu que eram seis e meia da manhã, estava um pouco atrasado. Ele come tudo o que tinha no prato rapidamente, levanta-se da mesa, pega sua maleta preta e pega o controle remoto da garagem.

Sai pela porta da cozinha e seguiu um pequeno corredor até a porta da garagem. Quando Cláudio apertou o botão vermelho do controle, a porta da garagem se abre automaticamente. Rosy a esperava do lado da BMW azul com Ryan nos braços.

- Agora nós dois estaremos te esperando – diz Rosy se despedindo dele

Cláudio entra no carro e olha para os dois. Ele pensa manobrando o carro:

- 'Agora tenho uma família me esperando de volta' – E sai da vista de Rosy

Na ausência de Cláudio, Rosy começa sua faxina diária. Ela deixa Ryan no sofá dormindo e começa a passar o aspirador de pó por toda a casa. Depois limpou os móveis e foi lavar a louça do café da manhã. Enquanto estava limpando a cozinha, Rosy ouve um barulho e vai até a sala. Quando ela chega ao local, vê o bebê rindo e, para seu desespero, viu um abajur sobre o ar. Ela percebe que Ryan estava controlando o objeto com seu dedo.

Rosy, desesperada, grita. Ryan começa a chorar e, sem perceber, deixa o abajur cair e quebrar. Rosy o pega nos braços e o leva para a cozinha para não fazer mais nada de estranho.

Já era quase três e meia da tarde quando Rosy termina todo o serviço. Ryan não fez mais nada de estranho nesse tempo decorrido. Ela sobe com ele para se arrumar para sair.

- Vamos logo Rosy – diz Cláudio chegando a casa

Rosy desce as escadas e chega à cozinha toda arrumada.

- Vamos logo – diz ela – Preciso te contar uma coisa no caminho

Ela pega sua bolsa com uma mão e o bebê dormindo com a outra. O casal tranca a casa, entram no carro, saem da garagem e vão para o destino: o centro da cidade.

- Cláudio – diz ela – Hoje eu acredito que Ryan é um transformado. Você acredita que ele fez um abajur ficar suspenso no ar?

- Já era de se esperar – responde ele calmamente – Rosy, temos que nos acostumar, afinal, ele é diferente de nós

- Mais nunca esperei que começasse a desenvolver seus poderes agora – comenta

- Isso também me impressionou – responde Cláudio – Mais vamos esquecer isso, vamos comprar as coisas para ele logo.

Após dizer isso chega ao centro. Ruas e avenidas muito movimentadas. Cláudio afasta o carro daquela multidão e estaciona um pouco longe dali.

- E se por um acaso virmos alguém de nossa vizinhança aqui? – pergunta Rosy ao sair do carro

- Improvisamos algo – responde Cláudio

Andam até o centro e olham para as lojas de bebês que havia logo no começo.

- Vamos aqui primeiro – comenta Rosy ao ver a loja de berços

E foram juntos para a loja. Cláudio olha para o berço azul-bebê e decide comprar ali mesmo para não demorar muito. Saem da loja e já vão para outra ao lado, que continham enxovais e roupas infantis. Entram e compram vários enxovais de cores diferentes.

Saem da loja e, para surpresa dos dois, se deparam com Lucíola, uma vizinha fofoqueira da Rua Demelg.

- Olá vizinhos – cumprimenta ela – Como vão? De quem é este bebê lindo?

Os dois engolem em seco se entreolham.

- Eu o adotei para me distrair um pouco – Inventa Rosy – Não tive a oportunidade de ter filhos para me distrair um pouco

- Que bom – responde Lucíola impressionada – Tem nome? Tem quanto tempo

- Tem um mês mais ou menos – responde Cláudio – E se chama Ryan

- Ah, que ótimo! Mais olha à hora – diz ela olhando para seu relógio de pulso – Preciso ir, depois posso ir a sua casa para conversarmos?

- Ah, claro – responde ela – Até logo então

Lucíola se despede dos dois e vai embora.

- Você ficou louca ao dizer aquilo para aquela fofoqueira! – pergunta Cláudio – Agora todos saberão de Ryan

- É melhor todos saberem do que vivermos escondendo ele – responde Rosy olhando para Ryan – Não tem nada com ninguém para ficar se escondendo e, foi à única coisa que pensei em dizer naquele momento

- Desculpe – diz ele – Vamos continuar a fazer o que viemos fazer

Depois de comprar brinquedos e enfeites para o berço, Voltaram para casa. Ryan no caminho adormece. Quando chegam a casa, sobem para o quarto deles e começam a montar o lindo berço de Ryan.

Mais tarde naquele dia, eles terminam de montar e descansam no chão.

- Agora vamos começar uma nova vida não acha? – pergunta Rosy

- Com certeza – responde ele

A campainha toca e Rosy desce as escadas para atender enquanto Cláudio se refrescava com um bom banho.

Ela abre a porta e vê que era Lucíola, com um vestido grande e laranja (que com certeza era apertado nela, pois era muito gorda), com sapato de salto alto e muita maquiagem naquele rosto redondo.

- Olá de novo vizinha – diz ela – Vim aqui para lhe convidar para tomar um chá em minha casa hoje, você pode?

- Não posso – responde ela – Tenho que olhar o Ryan

- Ah, não se preocupe com isso, pode levá-lo – comenta Lucíola

Tudo bem então – responde ela desanimada – Eu irei

Lucíola vai embora. Rosy pega seu vestido púrpuro, coloca seus melhores sapatos e penteia seu cabelo.

- Cláudio! – grita ela – Irei à casa de Lucíola e levarei Ryan comigo tudo bem?

- Sim – grita ele do banheiro – Mais muito cuidado por aí

Rosy pega Ryan de cima da cama e sai da casa. Ela anda até a casa do lado da sua. A casa número dez era muito reconhecida por causa de suas graves rachaduras e telhado caindo aos pedaços. Ela toca a campainha e rapidamente Lucíola abre a porta dizendo:

- Que bom que pôde vir Rosy. Entre

Ela entra e vê que não era a única que estava na casa. Perpétis da casa cinco, uma senhora de bengala, cabelos branco e bem humilde com seu vestido longo e quadriculado. Havia também outra pessoa, Anúbis da casa quinze, que vestia um vestido verde-limão combinando com seus cabelos loiros e seu sorriso sem graça no rosto.

- Boa noite – cumprimenta Rosy

- Boa noite – responde as duas

Rosy se senta no sofá junto de Anúbis. Todas se entreolham quando Lucíola senta na poltrona.

- Vocês viram as promoções que havia hoje no centro? – pergunta Perpétis

- Consegui ver – responde Lucíola – Agora vamos conversar sobre você Rosy: Como é ter um bebê?

- É incrível – responde Rosy sorrindo – É uma sensação extraordinária

- Como você conseguiu ter um bebê? – pergunta Anúbis – Você já tem idade demais para poder engravidar

- Não engravidei, ao contrário – responde ela – Não sei se Lucíola lhe contaram, mais eu o adotei, mais sinto como se fosse do meu filho

Todas começam a se entreolharem novamente.

- E então, onde está o chá? – pergunta Rosy

- Ah, é verdade – se lembra Lucíola – Vou buscar

- Posso segurá-lo? – pergunta Perpétis quando Lucíola se retira da sala

- Claro – responde ela entregando o bebê nas mãos cheias de rugas de Perpétis

Ryan acorda e Perpétis tenta fazer caretas e ele começa a rir.

- Posso segurá-lo depois? – pergunta Anúbis

- Claro que sim – responde ela contente em ver Ryan se entrosar com outras pessoas

Perpétis entrega Ryan para as mãos de Anúbis. Lucíola chega à sala e Ryan começa a chorar. Anúbis entrega-o para Rosy e ele se acalma. Todas começavam a tomar seus chás quando Lucíola ligava sua TV no canal de culinária.

- Preciso ir meninas – comenta Rosy se levantando – Tenho que colocar esse aqui para dormir

- Falando nele – diz Perpétis – Qual o nome dele?

- Ryan – responde

- É um lindo nome – comenta Perpétis – Perfeito para o bebê

- Obrigado – agradece ela – Agora preciso ir, até logo

Ela abre a porta de entrada e saída e se retira da casa mais feliz do que nunca, imaginando que esta historia de ser seu filho terá seu começo muito bem elaborado.

Chegando a sua casa, veste sua camisola branca, coloca Ryan no berço e sussurra para ele:

- 'Boa noite filho!'