Trabalha em prol das classes dominantes e oferece uma falsa paz a seus fiéis, posicionando-os numa condição de submissão para melhor serem explorados nas relações capitalistas. Jesus não participou nem seguiu este modelo para Sua Igreja (Seu Corpo), mas, o modelo de Cristo foi velado para realçar o modelo de instituições que usam seu nome para aumentarem suas riquezas e sustentarem as luxurias de seus mercenários. Fragmentos bíblicos contendo os ensinamentos de Jesus são veiculados por altares, púlpitos, rádios e TVs no objetivo de articularem as idéias e valores de cada denominação religiosa, transformando-os em aparelhos ideológicos de Estado. As igrejas institucionalizadas, formadas pela deturpação dos ensinamentos de Jesus usam os meios de comunicação de massa para atrair fiéis e encobrir a autêntica Igreja de Cristo, exceto a internet que age de forma libertadora pela interatividade entre seus usuários.



Palavras chave: Instituição, ideologia, religião, meios de comunicação.





Segundo os registros bíblicos, ao aproximar os trinta anos, e, sendo responsável pelos seus atos, Jesus iniciou seu ministério comunicando-se de forma intrapessoal com o Pai e - dirigindo-se ao rio Jordão - foi batizado por João, cumprindo toda a justiça.
Não se filiou na organização dos Fariseus ou dos Saduceus, nem se submeteu a nenhum estatuto religioso humano, mas foi instruído pelo Espírito Santo que desceu sobre Ele na forma corpórea de pomba. Após o batismo saiu em direção ao deserto onde foi tentado. Tendo resistido às tentações iniciou os ensinos concernentes ao reino dos céus, partilhando seus conhecimentos com os discípulos e o povo, rompendo o isolamento com o mundo.
Chamou aos doze primeiros discípulos e os instruiu de forma interpessoal, em número reduzido e em particular, separado dos que os seguiam para acusá-lo perante a lei3 mosaica. Tendo os instruídos e sabendo que iria deixá-los, os enviou para que fossem às ovelhas perdidas da casa de Israel e os ensinassem, mas, poucos deram crédito. Estavam como cegos, compenetrados na ideologia religiosa da lei mosaica, transmitida pelos sacerdotes a várias gerações.

Sendo a estrutura formal de toda ideologia sempre idêntica, nos contentaremos em analisar apenas um exemplo, acessível a todos, o da ideologia religiosa; esta mesma demonstração pode ser reproduzida para a ideologia moral, jurídica, política, estética, etc. (ALTHUSSER, 1985, p. 99).

Segundo este autor, o exemplo da ideologia cristã serve como exemplo para ideologia religiosa em geral, isto é, cabível para todas as denominações religiosas. Ele utiliza uma figura de retórica para recolher um discurso fictício dos dois Testamentos, através de seus teólogos, sermões, rituais, cerimônias e sacramentos:

Dirijo-me a ti indivíduo humano chamado Pedro (todo indivíduo é chamado por seu nome, no sentido passivo, não é nunca ele que se dá um nome) para dizer que Deus existe e que tu deves lhe prestar contas. É Deus quem se dirige a ti pela minha voz (tendo a Escritura recolhido a Palavra de Deus, a Tradição a transmitido, a Infalibilidade Pontifícia a fixado para sempre quanto às questões "delicadas"). Eis quem tu és: Tu és Pedro! Eis a Tua origem, tu foste criado pelo Deus de toda eternidade, embora tenha nascido em 1920 depois de Cristo! Eis o teu lugar no mundo! Eis o que deves fazer! Se o fizeres, observando o "mandamento do amor", tu serás salvo, tu Pedro, e farás parte do Glorioso Corpo do Cristo! Etc... (ALTHUSSER, 1985, p. 100).

Neste pequeno trecho podemos identificar o momento em que a instituição entra como aparelho ideológico, pois, tendo a Escritura recolhida a Palavra de Deus, a Tradição a transmitido, a Infalibilidade Pontifícia a fixado para sempre quanto às questões "delicadas" já não se pode mais caracterizar o modelo de Jesus e sim um modelo de cristianismo institucionalizado por normas religiosas do Vaticano. Neste caso não se pode caracterizar como Igreja cristã autêntica uma instituição que está em dissimilitude com os ensinamentos de Jesus, orientada por normas internas do Vaticano, em seus concílios. Esta é a referida tradição. Criou-se também a norma de infalível para seu sumo sacerdote.
Esta forma de religiosidade é caracterizada pela ideologia institucional que visa o prestigio e poder entre as nações, junto ao aparelho ideológico de Estado que atua em prol a uma falsa paz, somente para que os subalternos ou dominados possam ser pacificamente explorados pelo capitalismo ou pelos dominantes.

Lideres religiosos, que se propõem a orientar seus adeptos pelos caminhos da paz espiritual e da salvação eterna, acabam empurrando-os para ações que favorecem lucros materiais e ambições terrenas (GARCIA,1985,p.12).

Certamente que esta instituição religiosa, que proibiu a leitura da Bíblia aos fiéis e queimou em praça pública a todos que a questionavam em suas decisões, por meio de "concílios", é poderosa materialmente. Estabeleceu normas terríveis para matar em fogueiras na chamada "santa inquisição". Nunca fez uso dos ensinamentos de Jesus senão para enganar os fiéis numa propaganda ideológica institucionalizada e num falso cristianismo.
Seus sacerdotes alegam serem os "únicos" possuidores da hermenêutica e da exegese para compreenderem os textos das Escrituras.

O concílio da igreja reunido no ano 1229 inclui a Bíblia no índice dos livros proibidos. Milhares de exemplares da Santa Escritura foram incinerados em todo o mundo pela igreja romana. Ainda hoje, onde o catolicismo romano domina ocorre isto.
A destruição da Bíblia incentivada pelo Papa Leão XII, que em sua carta encíclica datada de 3 de maio de 1824 escreveu dizendo: " Que a certa sociedade chamada bíblica agia com arrogância em todo mundo contrariando os bons e conhecidos decretos do Concílio de Trento" , trabalhando com todo o seu poder e por todos os meios para traduzir, ou melhor, perverter a Santa Escritura na língua própria de cada nação (LEONEL, 1998, p.23).

A denominação "católica romana" emprega um falso "amor cristão" que matou seus opositores no passado e usa todos seus recursos para fazer calar quem questiona seus atos4:

A "Santa" Inquisição é expressão de um componente neurótico-obsessivo do corpo clerical e cristaliza a dimensão de pecado que existe nas relações internas da Igreja. Pois, a própria Igreja-comunidade-de-fieis se confessa santa e pecadora. Se assim é então aqui é o pecado institucional que ganha a cena e a ocupa durante séculos. Seu espírito vaga assustador até os dias de hoje. E devemos nos precaver contra ele. Antes, ajudar a própria instituição eclesial a ser fiel à sua utopia originária e a ser um lugar de exercício de liberdade e da experimentação da graça humanitária de Deus. E isso se fará na medida em que os professantes da fé romano-católica se reapropriarem daquilo que foram historicamente despojados: sua capacidade de experimentar o sonho de Jesus, de dizê-lo de forma criativa e responsável, no interior da comunidade, de confrontá-lo solidariamente com outras experiências do evangelho de Deus na história e articulá-lo com o curso do mundo, onde se revela também e principalmente o designo de benquerença e de amor de Deus (EYMERICH, 1993, p.27-28).

Jesus não padeceu morte de cruz para ser comercializado pelas instituições religiosas ou veio somente para a instituição romana ter privilégios. Sofrimento e desprezo marcaram sua crucificação e vencendo a morte ressuscitou, trazendo nova mensagem aos discípulos, como está escrito no evangelho de Marcos (16:15): "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura, quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado".
A partir deste momento a comunicação foi interpessoal com abrangência "por todo o mundo