Meu estômago enchia-me de dor. Algo intenso, amargo, até o momento que me dirigi ao banheiro e acabei vomitando, jogando para fora aquilo que me incomodava. Talvez um alimento estragado, um cachorro quente comido na beira da esquina quando vinha do trabalho; não foi, aconteceu devido ao churrasco de gato que comi na esquina mais acima, esse sim estava envenenado, cheio de bactérias. Mas foi muito bom, que prazer poder cair de boca nesses alimentos, pegá-los com as mãos, mordê-los vorazmente abandonando toda aquela formalidade tradicional.

Costumo sair do emprego, passar pelo senhor Orlando que faz um caldo de cana-de-açúcar como poucos, subir até o Jorge que faz aquele cachorro quente vitaminado, repleto de ingredientes que substituem o jantar e não satisfeito tomo um coca-cola no Rogério, acompanhada com uma porção de batatas fritas e um churrasquinho feito por seres escolhidos nesse Planeta. O terno e a gravata ficam nas mãos já que a formalidade ficou no escritório. Durante os cinco dias semanais ainda me destino à Universidade, pois ministro algumas aulas de Teoria Literária, mas nada que afete o meu apetite, minha ânsia em comer bem, sem ser vigiado pelos familiares e pela TV que explora-nos com aquelas propagandas absurdas, só para vender quites de emagrecimento.

Confesso detestar aqueles que acham esses meus atos típicos de um cidadão pobre financeiramente, mas eu procuro contemplar a felicidade tentando compartilhá-la com os meus semelhantes. Não tenho culpa que os invejosos ainda possam existir, o que lanço como meta é seguir feliz, alegre, dividindo estes momentos com os amigos e inimigos. Pobres dos que não almejam essa oportunidade, pois não quero vender, e sim dividir, compartilhar.