O ESTADO BRASILEIRO É UMA VERDADEIRA BABÁ

Se contarmos quantos "b" foram escritos no título acima, teremos
somente dois destes "b" são de significativa importância.
O Brasil Babá.

E aqui não vai nenhum tipo de pensamento excludente e tão pouco separatista, quanto mais egoísta ou outro adjetivo que porventura possa ter alguma conotação com o raciocínio que hora iremos desenvolver.
Quando no governo anterior foi desenvolvido o Programa Fome Zero, com a intenção de extirpar a fome no Brasil, a impressão que se tinha é que havia um estado da alta miserabilidade instalada. Que estávamos vivendo momentos assemelhados aos países africanos, onda fome assolava de forma endêmica.
A definir: "O FOME ZERO é uma estratégia impulsionada pelo governo federal para assegurar o direito humano à alimentação adequada às pessoas com dificuldades de acesso aos alimentos. Tal estratégia se insere na promoção da segurança alimentar e nutricional buscando a inclusão social e a conquista da cidadania da população mais vulnerável à fome" (*) Fonte: Presidência da República.
Mas quais as razões e em quais parâmetros os idealizadores do Fome Zero se basearam ao afirmar "..às pessoas com dificuldades de acesso aos alimentos"? Famílias vivendo em situações de miséria e abandono? Famílias com 12 a 14 filhos e sem a mínima condição de alimentá-los? Famílias que residem em regiões onde comprovadamente, as condições de clima e solo não permitem sequer que um simples pé de feijão, viceje. Família que no dia a dia, comem raspa de palma forrageira cozida em água barrenta?
Se estes foram os parâmetros ou até que não os sejam, concluíram que distribuir cestas básicas a estas famílias com dificuldades de acesso aos alimentos, esqueceram de algumas situações concretas e técnicas.
Não seria mais econômico, racional e até humano, retirar todas aquelas famílias que vivem em municípios com IDH abaixo do permitido e levá-las para outras regiões, destes inúmeros "brasis"? Uma vez que temos milhares e milhares de hectares que se prestam para assentar estas famílias e propiciar-lhes condições de retirar da terra o seu sustento, ao invés de ficar na dependência de receber a cesta esmola básica do governo federal? E a partir de então viver com dignidade?
Quais os parâmetros que foram empregados para doar um salário às famílias, que comprovem que seus filhos estão matriculados em escolas públicas? Diminuir a miséria? Eliminar a fome? Ou ainda, dar um basta em mais uma geração de desnutridos, que cronicamente atinge as populações nordestinas? Provavelmente nenhuma destes.
O que se buscou na realidade foi um simples aprimoramento de uma situação secular, que data desde os tempos do Império.
O Brasil necessita de uma vez por todas, deixar de intervir de forma paternalista, em relação aos assuntos sociais crônicos e quase que seculares.
O artifício ou os artifícios usados pelos governos anteriores, buscando mitigar o estado de pura miserabilidade de algumas populações tanto no nordeste como em regiões metropolitanas do sudeste e se espalhando por todo o continente brasileiro, simplesmente se resume em um sinônimo de que mudou o termo "curral eleitoral" para "miséria e fome eleitoral".
Programas governamentais tipo Fome Zero, Bolsa Família, torna estas pessoas reféns de uma política do tipo ?toma lá, dá cá -. Dou-lhe uma Cesta Básica ou o equivalente em dinheiro e você me dá seu voto. Ou você apóia o líder ou presidente do sindicato local.
Este tipo de ação social, onde o governo atua como uma ? Babá ? providenciando a comida e ou o dinheiro para a família que tem um ou mais filhos matriculados nas escolas, não representa em nada em termos de avanços sociais e econômicos.
Exemplos diversos existem. A Coréia do Sul saiu do estado de miséria e falência social, após a guerra com a Coréia do Norte, adotando uma política de alimentar as famílias pobres, dando-lhes condições de produzir os próprios alimentos familiares. Reforma Agrária? Agricultura Familiar? Nem uma nem outra. Simplesmente cada família recebia um kit alimentação por 45 dias e junto um kit de sementes de hortaliças, sementes de arroz, sementes de tubérculos e etc. A partir desta entrega dos kits as famílias tinham que arrumar condições, local e plantar as sementes. Ao mesmo tempo em que as famílias deixavam ao encargo do governo a educação dos seus filhos e filhas, permitindo que houvesse uma seleção vocacional e uma seleção de acordo com a necessidade de mão de obra técnica e superior que a Coréia do Sul necessitava.
Aos poucos os espaços rurais e até urbanos foram sendo ocupados, plantados, cultivados e as produções alimentavam as famílias. E nas regiões onde o plantio era difícil devido às condições de clima e solo? Simplesmente as famílias eram retiradas e deslocadas para outras regiões. No decorrer de não mais de quatro gerações a Coréia do Sul, iniciou rumar para a prosperidade e auto-suficiência. Uma das grandes providências tomadas, diz-se respeito à seleção de jovens para atender a demanda de mão de obra especializada ? mecânica, automobilística, elétrica, civil, agronômica, naval, hidráulica, tecnologia da informação, pedagógica, saúde humana, saúde animal, florestal, administrativa, econômica, contábil, mercado internacional e tantas outras especialidades.
O solo da Coréia do Sul vem sendo cultivado há centenas de anos, para não dizer milhares de anos, encontrava-se a beira da exaustão e graças a técnicas modernas de manejo de solo e de conservação conseguiu manter um patamar de produção que se não conseguiu atender a demanda interna, conseguiu pelo menos equilibrar as necessidades de consumo.
Mas voltando ao nosso Brasil, o governo brasileiro é tremendamente intervencionista.
Intervém de forma atabalhoada e desastrada. Acredita que distribuir comida e dinheiro para as famílias pobres irá resolver a situação. Pelo contrário irá aumentar a fila dos dependentes da esmola governamental.
A solução?
Imitar exemplos de casos de sucessos, com o da Coréia do Sul ou até um exemplo antigo que o presidente Roosevelt quando da implantação do New Deal que consistia em: Emprego para a população; Proteger a poupança e a propriedade dos cidadãos; Melhorar a vida dos doentes, idosos e desempregados; Recuperar a indústria e a agricultura.

O governo brasileiro se deixar de intervir nos destinos da nação, deverá obter resultados magníficos. O que hoje é administrado pelo governo brasileiro?
Saúde = Verdadeiro desastre;
Previdência Social= Em ruínas e falida;
Sistemas de transportes: rodoviário, naval, ferroviário, fluvial, lacustre e aéreo, toda a infra-estrutura está comprometida, sem condições de uso, atrasada e ineficaz o que compromete diretamente os custos de produção do campo aos portos para exportação, do campo à mesa do consumidor brasileiro.
Educação: Não se comenta, pois é crônico e agonizante a situação do ensino brasileiro é tão caótico que nos colocamos no nível das nações africanas;
Segurança: Ações pontuais como as havidas no Rio de Janeiro, exigiram todo um aparato militar (pequeno estado de exceção ou de sítio) afora a pirotecnia mediática, conseguiu amainar a bandidagem. Bandidagem esta que teve o seu inicio de consolidação no governo do Leonel Brizola, quando a sua filha Neuzinha Brizola freqüentava rotineiramente e assim incentivava o comércio das drogas. "Naquela época, Neuzinha passou a freqüentar as páginas policiais. Por duas vezes foi presa com cocaína e sempre se envolvia em confusões no prédio onde morava. Em agosto de 1993, a cantora quase parou na delegacia.. Fonte (http://www.terra.com.br/istoegente/44/reportagens/rep_neuzinha.htm) ou "Além disso, a imprensa noticiava com frequência o envolvimento de Neusinha com as drogas, por conta de sua dependência química. Os escândalos e sua consequente exploração política pela imprensa geraram o rompimento de relações entre Brizola e Neusinha. Posteriormente, pai e filha se reconciliaram. Muitos citavam o fato de que Neusinha era dependente de drogas, como uma das justificativas para que Brizola proibisse incursões policiais às favelas."(Fonte: Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.) E esta situação de falência da Segurança Pública no Brasil é uma realidade palpável em todos os estados brasileiros. A pirotecnia policialesca e política apresentada no Rio de Janeiro, se colocada em prática nas grandes cidades brasileiras poderia até resultar em algo positivo. Mas como o Rio de Janeiro irá receber eventos importantes nos anos que virão, só restava este tipo de ação demagógica. Era coronel falando em estado de guerra, era secretário falando em estado de urgência e até de exceção, era governador e prefeito se confraternizando pela prisão de um traficante pé de chinelo e assim por diante.
Conclusão. O Estado brasileiro é incompetente na gestão pública dos elementos que fazem parte das inúmeeras cadeias produtivas e em especial as de ação social direta e produtiva.

Voltando ao Estado Babá, que promete doar tudo e não cobrar nada em troca, gostaria de citar um exemplo crônico e que veio a calhar quando do lançamento do Programa Fome Zero, pelo demagógico ocupante do cargo maior brasileiro. O nordeste. Sempre foi e sempre será um referencial geográfico (Graciliano Ramos que o diga em Vidas Secas) ou ainda Josué de Castro mais abrangente em Geografia da Fome ""Metade da população brasileira não dorme porque tem fome; a outra metade não dorme porque tem medo de quem está com fome"; "Só há um tipo verdadeiro de desenvolvimento: o desenvolvimento do homem".
E o que tem feito os governantes pós-ditadura militar? Perpetuar a fome. Não esgrimiram nenhum tipo de ação para promover o desenvolvimento do homem.
Mas tudo isto tem ainda uma raiz mais antiga. Prestem atenção no diálogo a seguir:
"D. Pedro: Desta época! Rapaz, já havia relatos de secas no Nordeste
desde o século 16, mas essa foi devastadora. Durou até 79 e matou mais
de 500 mil pessoas, o dobro da guerra do Paraguai. Foi a maior
tragédia deste século na América do Sul. A província do Ceará foi a
mais atingida. A economia foi arrasada e a proliferação de doenças e a
fome dizimaram o rebanho e as pessoas. Metade da população de
Fortaleza pereceu. Quando soube da tragédia, fui visitar a região e
pela primeira vez não me contive e chorei.

O imperador parecia emocionado e triste lembrando daqueles
acontecimentos e da sensação de impotência que sentiu na época,
constatando que tudo que fizesse somente ajudaria a amenizar muito
pouco o sofrimento daquela boa gente. Os outros se mantiveram calados
em respeito à tristeza do imperador. Após alguns instantes, Koseritz
resolveu quebrar o silencio.

Koseritz: Majestade, não crê que há muita gente interessada em
perpetuar a imagem do nordeste miserável para atrair verbas para a
região?

D. Pedro: Sim, Koseritz. Tem muita gente interessada em manter essa
ideia de nordeste seco, miserável, dependente. É uma situação triste
porque há milhares de famílias fugitivas das regiões mais secas,
principalmente do Ceará e de Pernambuco, que necessitam
desesperadamente de ajuda. O império envia muitas verbas, mas elas não
chegam até os necessitados.

Caio: Por que não? Esse dinheiro vai parar no bolso de alguém?

D. Pedro: Exatamente! Elas são desviadas pelos políticos e prefeitos
espertalhões que usam a seca como desculpa para manter o nordeste
miserável.

Koseritz: Os políticos se valem desse discurso da miséria nordestina,
como se fosse uma fatalidade, como se o nordeste fosse predestinado à
desgraça e à miséria. É verdade que a economia canavieira do nordeste
entrou em crise e o café do sudeste se tornou o principal produto de
exportação. Mas é possível reverter essa situação, construindo açudes,
abrindo canais de irrigação, e trabalhando outras culturas agrícolas.

D. Pedro: Sim, com muito trabalho o nordeste poderia ser viável. O que
falta é honestidade e vontade política para fazer o nordeste dar
certo. Talvez daqui a alguns anos essa situação comece a mudar.

Caio: Eu acho que não vai ser em alguns anos não, acho que vai levar
mais de um século?" Trecho do Livro: "Dom Pedro II e Koseritz".
Portanto o Estado brasileiro deve deixar a posição de babá, que dá comida para calar a fome e faz com que a fome se perpetue como instrumento de politicagem e arrecadação de votos, além de fonte intensa e imensa de corrupção.