O Espaço em Angustia, de Graciliano Ramos
Resumo:

Este projeto apresenta uma analise sobre a obra Angustia, de Graciliano Ramos, privilegiando a formação do Espaço real, social e ficcional presentes no romance. tomaremos como base a obra de Antonio Dimas Espaço e Romance para a definição de espaço geográfico e o ambiente em Angustia.No que tange o fator social nos balizaremos nas seguintes obras de Antonio Candido:Literatura e Sociedade e Confissão e Ficção, vinculando obra e condicionamento social.Consequentemente iremos nos deparar com um narrador-personagem revoltado e sufocado pelo meio,a tal ponto que torna-se indispensável para ele destruir o mundo exterior e construir seu próprio ambiente ficcional.Após a analise dessas três vertentes:Espaço real ,espaço social e espaço ficcional,abordaremos ainda a repercussão social e a opinião critica sobre a obra ,pois uma obra só esta acabada no momento em que repercute sociologicamente.Sobretudo o estudo da obra Angustia ,a luz dos conceitos espaciais e sociais propostos para a analise, nos presentearam com a revelação do sistema simbólico de comunicação atuante na trama e a real intenção de Graciliano Ramos ao elaborar joguetes interpretativos e associativos no romance.Portanto Angustia é um romance que provoca estranhamento aos leitores em seu primeiro contato,e de fato para seu entendimento precisamos de atenção e cautela redobradas.Antonio Candido afirma que o romance de Ramos possui o personagem mais dramático da ficção moderna brasileira e a técnica mais complexa do escritor.


Palavras-Chaves: Graciliano Ramos- Angustia ? Espaço ? Sociedade- Ficção ?Analise.





Justificativa

A evolução do romance brasileiro no século XX, mais precisamente no período de 1930 a 1945, pode ser considerada um das etapas mais prósperas da literatura brasileira. Pode-se afirmar que a literatura ganha autenticidade e fisionomia inconfundíveis, graça ao trabalho dos escritores desse período. Graciliano Ramos emerge dos escritores da chamada geração de 30 como exemplo de excelência literária, de coragem política e de dignidade no enfrentamento do autoritarismo da era Vargas. A critica evidencia no estilo do Graciliano Ramos a ausência de sentimentalismo, uma extraordinária capacidade de síntese e uma linguagem rigorosa, enxuta e concisa. Suas obras Caetés (1933), São Bernardo (1934)e Angustia (1936),são romances escritos em primeira pessoa,nos quais as narrativas se prendem à analise do mundo interior sem desprezar o contexto sócio-políticos em que vive cada personagem.Nas narrativas escritas em terceira pessoa Vidas Secas(1938),Insônia (1947),prevalece a analise psicológica dos personagens.As narrativas autobiográficas Infância(1945)e Memórias do Cárcere(1953),estão presas a subjetividade do autor,mas não são apenas um relato puro e simples do sofrimento e humilhações do homem Graciliano ramos.São também uma analise do contexto histórico e social da época que foram escritas.A obra de Graciliano Ramos é considerada pela critica uma das melhores ficções produzida pela prosa modernista e um dos pontos altos da nossa literatura e em todos os tempos.Angustia, é o terceiro romance de Graciliano Ramos. Do ponto de vista técnico, Angustia é considerada a obra mais complexa e inovadora do escritor não apresenta divisão estrutural em capítulos, apresentando apenas como marcos divisórios alguns asteriscos.Possui uma estrutura auto biográfica,narrada em primeira pessoa por um homem atormentado pelo presente no qual esta inserido e lembranças do passado que se confundem , a infância o isolamento e o complexo de inferioridade.
A proposta desse projeto é analisar o romance Angustia de Graciliano Ramos, tendo como fator primordial o elemento espacial da obra. Para esse fim teceremos três ramificações: espaço social (sociedade), espaço real (características geográficas) e espaço ficcional (relato do narrador) como corpus da pesquisa. A divisão em três partes da categoria espacial é extrema importância para realizarmos uma analise coerente da obra Angustia, pois o mapeamento dessas três vertentes nos revelaram detalhes significativos que se perderam ao longo da narrativa. Quanto ao espaço social iremos nos abster na caracterização da sociedade e dos grupos sociais presentes na obra, definindo qual a importância e a função de cada um na trama.Contudo nos aprofundando nas questões sociais,consequentemente iremos comprovar o fato de que Luis da Silva tem consciência de sua falta de importância social, a sociedade para ele é uma meio hostil onde ele é apenas um "Luis da Silva qualquer".Por outro lado ao abordarmos o espaço ficcional iremos nos fiar sobre tudo no relato do narrador, é através dele codificarmos o lugar ficcional da obra criado por ele através do fluxo de sua consciência.Para discorrermos sobre o lugar ficcional teremos que nos desligar do conceito temporal da obra, pois a narrativa apresenta-se como um fluxo de consciência que intercepta presente e passado quebrando os limites espaço-temporais,nos deixando o conceito espacial como norte guiador para a analise do romance .Por ultimo,porem não menos importante,faremos a caracterização do espaço real da obra,aludindo os ambientes de maior e menor peso interpretativo na trama, tais como:a cidade,o campo, a rua do comercio, a repartição.Destacando neles alguns atributos que os caracterizam de forma especifica como o cheiro, a umidade, os vapores, o silencio, a escuridão.Com isso o foco espacial nesse projeto é extremamente pertinente,pois Graciliano Ramos inovar ao descrever as questões sociais do nordeste e os problemas existenciais do personagem Luis da Silva, nos apresentando esses problemas na intimidade da consciência do homem que vivencia.Alem de abordar a estrutura social de forma aparentemente individual, porem o que é individual em Angustia é representativo de uma coletividade social, cultural e espacial.
Abstrair e interpretar os mecanismos sociais e espaciais de Angustia compete para a real e total interpretação da obra. Analisar tal obra sem abordar suas dimensões espaciais, sócias e ficcionais é cultivar o terreno infértil da contradição e da duvida.Contudo a importância da temática sócio-espacial vem a ser comprovada através da referencia do homem Graciliano Ramos sobre a obra Angustia em "Memórias do cárcere",ele a descreve como um romance desagradável ,abafado,ambiente sujo,povoado de ratos,cheio de podridões, de lixo.No entanto comungamos da idéia de que Graciliano Ramos ambicionou ir alem de traçar um perfil psicológico para um narrador-personagem.Por sua vez Luis da Silva é uma alegoria do matuto que não se adapta ao ambiente urbano e é tragado de tal maneira que jamais consegue voltar a suas raízes.Outrora um forte e agora um vagabundo mandado por todos, segregado da sociedade e de si mesmo.Existe em muitos mistérios e os enigmas em Angustia,por não possuir fácil entendimento esse romance é deixado de lado nas interpretações e nas analises criticas,com isso deseja-se realizar uma analise interpretativa a altura desse ícone literário e constatar a dimensão da inesgotabilidade interpretativa da obra de Graciliano Ramos.
Sob a luz do tema proposto consideramos de extrema importância para o conhecimento social verificação da veracidade,dentro das possibilidades literais,do "clichê" de que na verdade o Homem Graciliano Ramos teria sido na mocidade um frustrado sertanejo culto,pois de acordo com Antonio Candido, Angústia contém muito de Graciliano Ramos, tanto no plano consciente (pormenores biográficos) quanto no inconsciente (tendências profundas, frustrações), representando a sua projeção pessoal até aí mais completa no plano da arte. Ele não é Luís da Silva, está claro; mas Luís da Silva é um pouco o resultado do muito que, nele, foi pisado e reprimido. E representa na sua obra o ponto extremo da ficção; o máximo obtido na conciliação do desejo de desvendar-se com a tendência de reprimir-se, que deixará brevemente de lado a fim de se lançar na confissão pura e simples. Acredita-se que esse fato possa ter a chave para desvendar os mistérios de Angustia ou pelo menos parte deles.

Objetivos
No que tange a analise da Angustia de Graciliano ramos o principal objetivo é o de identificar e fundamentar de maneira esclarecedora a categoria espacial na obra, para assim comprovar que tal categoria não é dentro da trama meramente figurativo, mas que exerce um papel de destaque no romance. Angustia é um modelo diferente na escrita de Graciliano Ramos,porem descrita pela critica como uma obra norteada de excessos e repetições , o próprio Graciliano Ramos comunga dessa idéia ao se referia a Angustia como um livro mal escrito,porem é objetivo desse projeto constatar que na verdade tais repetições tem papel essencial para o entendimento da obra . Contudo o equivoco da critica sobre a obra a principio deu ?se na época pela falta de utilização de procedimentos formais de analises capazes de compreender os excessos e repetições ,como elementos estruturais do texto.
Contudo amparados em uma base formal sólida temos o objetivo de elucidar pontos importantes com relação a problemática da constituição da estrutura de Angustia tendo como norte a categoria espacial .Sobretudo assim como Carvalho (1983,p.20) que se refere aos romances de Graciliano Ramos como a "o principio da diferença",procuraremos enaltecer a diferença transformadora na obra Angustia,como se estivéssemos diante de uma lapidação de um diamante bruto a procura de sua real perfeição. Em suma pretendemos através da categoria espacial e da analise textual contradizer o rotulo de que Angustia é um livro mal escrito, pois Graciliano Ramos sempre foi muito rigoroso com seus escritos,pois as "falhas" da obra são muitos evidentes para serem catalogadas como erros,o mais plausível de se afirmar é que certas falhas são na verdade elementos cruciais para o entendimento da obra.Porem é necessário ressaltar o fato de que ao longo da pesquisa os objetivos do trabalho poderão sofrer mutações.

Metodologia

A metodologia utilizada nesse estudo será balizada por vertentes contemporâneas dos estudos literários e críticos .Com isso buscaremos sempre a centralidade do texto, que atuara como nosso norte durante toda a analise.Os referencias teóricos- críticos do estudo se adequarão a cada uma das três modalidades espaciais,espaço real ,espaço social e espaço ficcional, abordadas por essa analise.Para a composição do espaço real ou geográfico dentro da analise nos apoiaremos na obra de Antonio Dimas "Espaço e Romance".Através dela promoveremos o esclarecimento de conceitos tais como: ambientação psicológica e geográfica,verismo fotográfico,bolhas de tensão e motivo associado.Sob a ótica da fundamentação desses conceitos faremos uma vistoria nos ambientes particulares e restritos da obra Angustia, percorrendo quarteirões ,janelas ,botecos,vizinhanças e tudo que se correlacionar a trama, destacando neles atributos que o caracterizam de forma especifica como o cheiro ,a umidade , os vapores , o silencio, a escuridão .
Quanto a definição espaço ficcional ou lugar ficcional nos balizaremos sobretudo na obra "Ficção e Confissão", onde Antonio Candido analisa as obras fictícias e as memórias do escritor alagoano.Alem de estabelecer como referencial para o estudo do lugar ficcional, analise do foco narrativo através da obra tempo e espaço de Pouillon ,para a analise da relação narrador-personagem:a visão "com",a visão "por detrás" e visão "de fora". Com isso realizaremos uma caracterização do narrador e uma etnografia dos demais personagens figurativos na trama.
Ao abordarmos a temática do espaço social nos fundamentaremos nas obras "Tese e Antítese" e "Literatura e Vida Social" de Antonio Candido. Nas quais o autor fornece pistas diretas e indiretas para a compreensão do elemento espacial na narrativa.Discorremos portanto sobre o meio social no qual Luis da silva esta inserido,considerando a prerrogativa de que o mesmo não se adapta ao meio urbano.No que tange a fundamentação teórica social cabe-nos ir alem de aludir casses sociais e posições financeiras.Investigando qual é a influencia exercida pelo meio social sobre a obra,pois a obra só esta acabada no momento em que repercute socialmente.
Metodologicamente falando abordaremos a temática espacial através de três balizas,espaço social,espaço real e espaço ficcional. Nos aprofundaremos a respeito delas de modo teórico e critico , norteando-nos nas obras descritas acima, porem o processo de analises e pesquisas a respeito do tema proposto só cessara após a transformação desse mero projeto em uma dissertação clara e coerente .

Plano

A estrutura desta analise dissertativa ira se amparar sobretudo nas fundamentações teóricas e criticas, a luz do tema proposto.A principio dividiremos a analise dissertativa em duas partes significas ,sendo a primeira intitulada de "Fundamentação teórica" ,e a segunda de Analise Textual".Na primeira parte teremos quatro capítulos distintos acerca da fundamentação teórica e critica do trabalho, nos quais fragmentaremos o elemento espacial, corpus dessa analise, em três esquemas explicativos relativos.No primeiro capitulo, O espaço em Angustia, faremos uma releitura da obra Angustia enfocando a categoria espacial, onde iremos revelar a presença de três modalidades espaciais no romance ,sendo elas: espaço real , espaço social, e espaço ficcional.Sobretudo essas três modalidades espaciais se interligam de maneira sincrônica na obra,no espaço real, temos a geografia espacial e a ambientação carregadas de simbologias.No espaço ficcional temos a metamorfose do espaço real pelo narrador, onde ele recria e até substitui suas experiências.Já no espaço social verificamos a alusão de um matuto massacrado pelo meio social,pois a falta de adaptação do protagonista é latente .Por fim nesse capitulo faremos um apanhado geral das três modalidades espaciais presentes na obra,alem de realizar uma breve analise da obra de uma maneira geral sob o amparo critico de Antonio Candido, através de sua obra Confissão e Ficção.
O segundo capitulo ,Espaço real ,abordaremos o espaço em Angustia sobre o cunho geográfico e descritivo, para tal nos apoiaremos na fundamentação teórica de Antonio Dimas sobre o espaço no romance.Através dessa fundamentação teórica definiremos conceitos como: ambientação psicológica e geográfica,verismo fotográfico,bolhas de tensão e motivo associado.Apos a apresentação da teórica do espaço real, vislumbraremos por exemplo, que cada ambiente geográfico carrega uma bolha de tensão prestes a explodir dentro da trama, como o banheiro por exemplo, uma parte física da casa que revela o sentimento de não purificação que Luis da Silva sente ao lavar as mãos varias vezes, levando o personagem a criar uma noção de sujidade ou sentimento de abjeção.Alem da caracterização denotativa do espaço, promoveremos a correlação das simbologias as voltas dos objetos abordados na obra. Com isso o espaço real é decifrado como uma alegoria atrás da qual perfilariam lugares ideológicos do autor ou da sua cultura.
No terceiro capitulo, Espaço social , nos balizaremos na fundamentação teórica de Antonio Candido em suas obras "Tese e Antítese" e "literatura e sociedade"Sobretudo nesse capitulo discorremos sobre a obra e seu condicionamento social,identificando assim a maneira como o fator social é invocado para a explicar a estrutura da obra e o teor de suas idéias.Em Angustia o elemento social é infiltrado na obra de forma a colaborar para sua composição No entanto eles aparecem internalizados no romance, o que repercute na aflição do personagem , em continua instabilidade psicológica.
O protagonista do romance, veio do interior ,mundo rural, para a capital. Ele é um anônimo qualquer na cidade, considerando-se um intelectual fracassado.Os traumas sociais do personagem vão se configurando ao longo da narrativa,apresentando-nos a angustia gerada pela frustração de um individuo diante da absoluta falta de realização humana,profissional,intelectual ou amorosa, vivendo em uma condição de subserviência existencial.no que tange o elemento social podemos encontrar na obra a luta de classes, que aprecem metaforicamente no café ,onde podemos notar uma pura representação de uma hierarquia social e econômica.Contudo temos no texto a negação e repugnância do personagem ao mundo capitalista e a burguesia,fato que faz alusão ao surgimento do clichê de que Graciliano Ramos teria sido na mocidade um frustrado sertanejo culto revoltado com seu ambiente.
Graciliano Ramos aborda questões sociais do nordeste de forma não linear e explicita ,apresentando-nos tais problemas na intimidade da consciência de quem vivencia.Portanto o desvendamento da estrutura social que é feito de maneira aparentemente individual ,isolada e implícita , é representativa de uma coletividade em Angustia.
O quarto capitulo, O Lugar da Ficção, aludiremos construção do espaço ficcional e a experiência ficcional no relato do narrador-protagonista de Angústia, de Graciliano Ramos.Contudo a partir da análise da relação entre o narrador e a matéria narrada, constataremos que há uma indistinção no discurso do protagonista entre os elementos apresentados como reais e seus devaneio,porem essa indistinção pode ser atribuída a proximidade entre presente e passado, realidade e sonho, memória e imaginação faz com que a ficção ganhe na vida de Luís da Silva um lugar de destaque, uma vez que ela é capaz de recriar e até substituir sua experiência. Contudo nos fundamentaremos teoricamente nesse capitulo na obra "Ficção e Confissão de Antonio Candido, no que tange a analise sobre Angustia.Alem de utilizaremos como base de apoio a obra "O ser e o tempo da poesia", de Alfredo Bosi, tendo como foco a conceito de Bosi de a imagem é transformação e informação de forças.
Outra questão encontrada sob a ótica espaço ficcional é a simbologia
existente na obra ,tais como, a corda, a cobra e os ratos. De acordo com pesquisas no dicionário de símbolos literários, a cobra, além de apresentar o fálico, um constante confronto pessoal do personagem protagonista, vai ainda representar a falsidade (Julião Tavares?). A corda, assim como a cobra, representa de certa forma o fálico, portanto, fornece também uma idéia de busca da redenção, salvação. Os ratos a sujeira que o personagem enxerga à sua volta e a já citada necessidade de uso da água.Com isso nos deparemos com um livro fuliginoso e opaco onde o leitor chega a respirar mal no clima opressivo em que a força criadora do romancista fez medrar a personagem mais dramática da moderna ficção brasileira,Luís da Silva. Raras vezes encontraremos na nossa literatura estudo tão completo da frustração; um frustrado violento, cruel, irremediável, que traz em si reservas inesgotáveis de amargura e negação.
A segunda parte da dissertação,Analise Textual, será composta por três capítulos, sendo eles respectivamente:Apresentação do enredo,Caracterização do personagem e indícios de uma epopéia negativa.
No primeiro capitulo,Apresentação do enredo, apresentaremos de forma linear o enredo de Angustia.A apresentação do enredo é extremamente pertinente pois segundo Mourão (2203,p.90) " o personagem de Angustia procura trazer para seu relato todas as sensações, tudo o que lhe aconteceu no passado,para dentro de um único instante- o instante de sua consciência.Dessa forma ,os fatos nessa narrativa não obedecem a uma estrita ordem casual , mas são estruturados pelas associações significantes,características do mundo da experiência conservado na memória.
No segundo capitulo,Caracterização do personagem,partindo do conceito cunhado por Antonio Candido, bem como utilizando outras abordagens criticas e teóricas que contribuem para a compreensão do personagem Luis da Silva, analisaremos o processo de construção do personagem e suas implicações na estruturação formal da narrativa,aspecto primordial para o estudo.Em toda a narrativa a personagem é uma categoria preponderante, em Angustia a personagem realmente constitui a ficção(Candido,1981,p.27).È de Luis da Silva o centro da narrativa e as demais categorias são determinadas por sua visão.O narrador é o sujeito da ação nuclear e eixo virtual em torno do qual tudo circula ,encontrando-se ele próprio,disperso e reduplicado em um mundo fictício de angustia.
O terceiro capitulo, indícios de uma epopéia negativa,para melhor entendermos compreendermos a noção de epopéia negativa, tomaremos como base o ensaio "A epopéia negativa do século XX" ,de Arturo Gouveia. Tomando por base a afirmação de Gouveia,segundo o qual os personagens da epopéia negativa se configuram paradoxalmente aos personagens da epopéia clássica pela incapacidade de agir.Contraria mente de Brandão (1989,p.51),ao estudar o perfil do herói clássico caracteriza-o da seguinte forma: "O herói é um personagem especial, que sempre deve star preparado para a luta, para os sofrimentos,para a solidão e ate mesmo para perigosas catabases à outra vida Contudo as narrativas do século XX apresentam homens comuns que não estão preparados para enfrentar as lutas sofrimentos e solidão, que não conseguem sequer enfrentar os problemas do cotidiano.N a epopéia negativa, como é o caso de Angustia, os personagens não conseguem realizar completamente suas ações,repetidas vezes a introspecção do personagem o impede de realizar varias ações,desde ações simples no trabalho a coisas que ele gostaria de dizer ou fazer com relação a outros personagens.
Em suma os heróis do século XX são criaturas medíocres e desprovidas de habilidades valiosas se comparadas aos heróis antigos.Pois na modernidade encontramos um herói em um percurso atribulado ,isolado e em conflito com a sociedade,com suas convenções,assim como o narrador de Angustia Luis da Silva.
Contudo para elaborarmos a dissertação antes de tudo traçamos uma rotina de estudos e um cronograma para sua feitura. A primeira etapa a ser cumprida no processo de elaboração da dissertação é a parte da seleção e da coletânea do material literário, teórico e critico acerca do tema proposto.
Nessa etapa realizaremos o estudo e a analise das seguintes obras: Literatura e Sociedade, Ficção e Confissão, Nossos Clássicos Graciliano Ramos, Tese e Antítese do escritor Antonio Candido, Angustia, Memórias do Cárcere,Infância,São Bernardo, de Graciliano Ramos.Sobretudo essas obras balizarão a primeira parte da dissertação intitulada "Fundamentação teórica", através do estudo dessas obras fundamentaremos teoricamente e criticamente a dissertação.
Findada o processo da coletânea e seleção acerca do corpus da fundamentação teórica, então daremos inicio ao estudo da segunda parte intitulada analise textual, as obras selecionadas para a analise etapa são, sobretudo Angustia de Graciliano Ramos,A ponta do novelo de Carvalho , Dois ensaios frankfurtianos de Gouveia e Anaína,Estruturas:ensaios sobre Graciliano Ramos de Mourão,Paidéia:a formação do homem grego de Jaeguer e O Foco Narrativo Em Angustia,de Graciliano Ramos,dissertação de mestrado de Eneida Silva.O estudo dessas obras irão compor a parte da dissertação que se refere a analise textual contudo teremos como nosso norte a obra Angustia.Estipula-se para a realização dessa etapa de estudos,analise e pesquisas e seleção, previstos três messes.Porem cabe-nos aludir a eventual e provável utilização de mais obras, ensaios e artigos relacionadas ao tema proposto para o estudo e estendendo esse tempo um mês a mais do estipulado.
Após a fase de articulação teórica,critica e textual começaremos o processo de redação do corpo do trabalho,essa etapa contara com três messes para sua feitura.Nessa parte faremos a dissertação tomar forma e personalidade própria,sem nos afastarmos é claro da fundamentação teórica e nos balizando na obra Angustia como referencial primordial.Concluída a redação da dissertação,faremos então uma previa revisão e releitura do trabalho, após esse procedimento iniciaremos composição da parte de destaque da dissertação denominada considerações finais.Quando atingirmos essa etapa estarão transcorridos seis messes de estudos, no entanto o trabalho permeia seu final.
Após realizarmos as etapas de analises,pesquisas e redação do trabalho,faremos a catalogação da bibliografia do dissertação,etapa que não ira dispor de mais de uma semana.Depois de vislumbramos o trabalho tomar forma e significado,iniciaremos o processo de revisão geral da dissertação,nessa fase ocorrera a correção de erros textuais, possíveis fugas do tema proposto,complementações necessários e pertinentes para a dissertação, ao cabo essa etapa revisória contara com mais um mês para sua efetivação.Contudo temos a consciência de que a obtenção do titulo de mestre exige alem do dissertativo,obtenção dos créditos para real e efetiva titulação do mestrado.
Em suma, a dissertação necessitara de nove a dez para sua concretização, ainda que parece um tempo minguado para a realização de tal estudo,cabe-nos esclarecer que a primeira etapa , de estudos e seleção, já se encontra em execução autônoma e autodidata.












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Rosangela Estevam da Conceição,8 de março de 2011 ___________________________.