É com grande alegria, que venho vos falar de assunto muito interessante, a relação do homem com o trabalho, e ainda, sua relação com dinheiro, sobretudo no âmbito familiar. A priori gostaria de resgatar uma teoria ou conceito, oriundo do campo da economia. Trata-se da Lei de Pareto, onde o autor afirma que, 80% das riquezas do mundo estão concentradas em 20% da população mundial. A aplicabilidade de tal teoria tem percorrido as demais áreas do conhecimento, como a administração e a psicologia. Sendo conhecida como a Lei dos 80/20. Em que, 80% dos problemas de um grupo problemas analisados, referem-se a apenas 20% dos problemas.

Neste sentido, pode-se perceber que 80% de seus problemas referem-se a apenas 20%, isto é, os problemas que você tem, repousam em apenas alguns. Desta forma, descobrindo a raiz dos seus problemas ou problema "mestre", por conseguinte os demais problemas estarão sanados, ou ao menos, amenizados. E afirmo com total certeza, que o problema financeiro é dos que mais atingem nossa casa, sendo talvez o problema "mestre" de nossa família, e que por sua vez, desencadeia uma série de outros problemas.

O desequilíbrio financeiro no âmbito familiar é motivo de várias preocupações, mais ainda, quando este desequilíbrio nos impede de garantir a cobertura de nossas necessidades fisiológicas, como a comida, vestuário e o amparo à saúde. No entanto, sabiamente o Papa João Paulo II afirma em sua encíclica Fides et Ratio, que a fé e a razão são como duas a asas, e que estas, devem prezar pelo equilíbrio. O homem deve garantir suas necessidades como provedor da família, mas não pode utilizar do trabalho como meio de geração de riqueza, status social e argumento para a não obrigação com sua família nos demais direitos afetivos e sociais como pai, esposo e cabeça da casa.

Se de um lado, faz-se necessário utilizar do trabalho como o meio de sustentação da família, de outro lado o descanso e bom senso são bem vindos como forma de restaurar as energias, bem como oportunidade do contato com os familiares e amigos. A palavra chave das relações homem versus trabalho e homem versus dinheiro é o equilíbrio, aliás, tudo em nossa vida deve persistir o equilíbrio. Devemos buscar organizar nossa vida financeira de forma que possamos nos encontrar tranqüilos.

O desequilíbrio financeiro, e aqui eu quero dizer, a forma como gastamos o dinheiro, também é fonte de problemas. Somos Senhor do dinheiro e não o dinheiro é nosso Senhor. Devemos controlá-lo e não deixar que ele nos controle. Criamos o dinheiro e ele como nossa criatura, por vezes, é quem nos domina e delimita nossas ações e nossa vida como um todo.

A relação do homem com o dinheiro é de tamanha importância que mereceu a abordagem de Cristo. Onde ele afirma: "Quem ajunta riquezas para si mesmo, não é rico para Deus" (Lc 12:21). A providência divina é umas coisas mais bonitas de se experimentar na vida. É preciso viver, enxergar e realizar o trabalho como um dever do homem, uma vez que Deus nos ordenou isso (Gn 3, 18-19), mas sobretudo acreditar e esperar na providência divina quando a situação demandar, por exemplo, o desemprego. Jesus nos ensinou que cada dia merece o seu cuidado e assim devemos viver, um dia de cada vez.

Por fim gostaria de deixar uma mensagem a você que precisa equilibrar sua relação com o trabalho: "Pois nada trouxemos para o mundo: igualmente, dele nada podemos levar. Portanto, se temos alimento e vestuário, contentar-nos-emos com isso" (1 Tm 6,7-8). Viva a vida de modo que possa desfrutar das graças de Deus, viva de modo que possa enxergar a graça de cada dia.