O entendimento das ideias fundamentais de Camus.  

Imaginar a Filosofia como busca pelo sentido da vida é um profundo engano. O dever da Filosofia não é dar sentido a vida, pelo contrário, mostrar que a mesma não tem nenhum sentido, viver é existir sem finalidade diz Camus.

Com efeito, a Filosofia deve reconhecer, que a vida de fato não tem sentido, e, fundamentar a falta de sentido da mesma, não existe nenhuma lógica que fundamente a existência da vida. Natural essa visão que parece ser essencialmente pessimista o que de fato não é, o que imaginamos.  

Camus acreditava que ao adotarmos a visão real da vida, então passamos a viver com liberdade, a nossa existência passa ser conduzida por uma lógica não ideológica.

 Quando não fundamentamos a vida na metafísica, passamos então a vivê-la plenamente, sendo sua realização  a única finalidade da existência, na busca da felicidade que consiste na realização do prazer.  Certa visão epicuriana. Edjar.

Camus deixou-se influenciar pelo mito de Sísifo, um rei grego abandonado pelos deuses gregos, foi condenado a um destino implacável ao inferno. Sua condenação era obrigado rolar um pedra ao topo de um monte e voltar ao solo e repetir esse movimento eternamente.

  Camus entendia que mito explicava o não sentido da vida, o absurdo da nossa existência, e tudo que fazemos de certo modo é a repetição eterna das mesmas coisas, sem motivo aparente para tal procedimento.

 O que significa, portanto, o absurdo da nossa existência, estamos sozinhos nesse mundo, não existe finalidade para nossas vidas.

Ele entendeu que a vida, é uma luta indeterminada ao infinito para realização de tarefas essencialmente inúteis, fúteis, mas necessárias ao mecanismo de alienação da mesma.

 A realidade da vida é tão cruel que a única forma de ser normal é viver a ilusão, não se cria uma racionalidade na realidade pura, a mesma leva necessariamente a depressão.

É quase impossível ser o super-homem de Nietzsche, o que significa não poder superar o mundo das ideologias comuns, o homem supercrítico costuma ser uma pessoa amargurada, triste, porque de certa forma entende a existência como perda de tempo, viver a própria dor. Edjar.

Existe uma lógica na natureza, tudo que está nela, remonta para a mesma, cujo grande objetivo é sua reciclagem, o que significa que qualquer forma de vida, tem o mesmo significado para a natureza, sendo que a referida age apenas na sua defesa, nada existe além da mesma.

A vida, com efeito, é a luta para realização do nada,  nas suas infinitas formas, e tudo se realiza, porque nada em última instância tem finalidade. Edjar.

Somos seres, que temos a consciência de viver a vida sem significado, pelo menos algumas pessoas, mas temos que viver como se tivesse sentido, um dos objetivos da vida é enganar a nossa própria consciência.

  Então vivemos a vida como se ela tivesse sentido, essa é a primeira atitude de um ato de má fé, o mesmo procedimento descrito pelo existencialismo de Sartre.

Então o sentido criado como real, normalmente fundamenta numa ideologia divina, sendo Deus, no caso da cultura do ocidente o cristianismo, o grande mecanismo do engano  psicológico.

 O  sentido, não existe  em nosso exterior,  mas somente em nossas mentes, do mesmo modo Deus, um produto do imaginário, sendo que o mesmo só tem finalidade apenas no engano,  é uma representação da ilusão da razão, que funciona como mecanismo da anti razão.  Edjar.

  Para Camus, o universo todo, não tem propósito, finalidade, do mesmo modo a nossa existência, o universo é, e, nada mais, da forma em que foi constituído.  

 A única diferença que existe entre o homem e os demais animais, é que o homem tem a linguagem e que a mesma constitui em formulação de ideologias, o sentido da existência  uma construção das referidas como  representações  que voltam a consciência como se fossem verdades, quando são  mentiras.

Então para Camus, o homem tem que necessariamente abraçar o absurdo, reconhecer que os sentidos da nossa existência conferem tão somente a uma invenção ideológica. A vida não existe além da nossa consciência deturpada.

  Então vivemos o resultado de uma grande contradição a respeito da percepção do sentido da vida e o saber de que, o universo como um todo não tem razão de ser,  falta a vida sentido.

Camus compreende a epistemologia dessa reflexão, temos que viver essa grande contradição, não temos como fugir dela, para poder chegar ao ponto de  viver plenamente.  

A vida só será plena, se antes aceitarmos o fato que a mesma não tem sentido e que é por natureza absurda.   Ao abraçarmos o absurdo, as vidas constituídas por consciências sábias transformam-se em uma revolta inevitavelmente permanente, contra a falta de sentido do universo e da própria existência.

Nesse ponto tempos dois caminhos, assumirmos a falta de sentido da existência e vivermos a liberdade ou mergulharmos numa atitude de má, do nosso próprio engano, na invenção dos deuses e em morais ligadas a sua existência e perdermos a referida em ilusões.    

Edjar Dias de Vasconcelos