*Ana Virginia Napoleão de Sousa – Graduada em Letras – Especialista em Língua Portuguesa e Produção Textual [email protected]

 

 INTRODUÇÃO

 Sempre que se discute sobre Educação são citados os problemas que fizeram e fazem parte da crise do nosso regime de ensino e entre eles está presente o Ensino de Língua Portuguesa.

Em muitas dessas discussões, nos congressos nacionais, entre mestres, doutores e especialistas da área, o que realmente volta a ser alvo de preocupações e questionamentos é o que ensinar e como ensinar português aos seus próprios nativos. Estes que a cada instante, assim como o restante da humanidade, descobrem e utilizam vários tipos de linguagem para comunicar-se, de forma que se façam entender e compreender o mundo no qual estão inseridos.

Dessa maneira, um dos pontos de partida que aqui ressalto é fazer com que essas linguagens sejam concretamente utilizadas e ampliadas através de uma gama de gêneros textuais que temos disponíveis no cotidiano. Proporcionando aos nossos alunos um contato mais próximo com os textos que fazem parte da realidade de cada um deles, o processo de ensino e aprendizagem poderá ser menos árduo e até mesmo ser mais prazeroso durante as aulas de matérias exatas, como a física e a química, que são cheias de fórmulas e de difícil contextualização. Além do mais, com a unificação dos vestibulares, o ENEM avalia cinco eixos e exige várias habilidades que os alunos concludentes do ensino médio deveriam desde cedo estar aperfeiçoando e, entre todas as exigências está a capacidade do vestibulando de reconhecer, de interpretar as mensagens e a finalidade de alguns dos gêneros textuais já previamente trabalhados durante a sua vida escolar. Podemos perceber melhor o que foi citado, por um dos objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN - que alunos devem alcançar no âmbito da comunicação:

 “Utilizar as diferentes linguagens: verbal, musical, matemática, gráfica, plástica e corporal, como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação.”

P.7 e 8. PCN. 1998

 As mudanças na Educação nos fazem crer que em tudo os gêneros textuais estão inseridos e que cabe a nós professores a missão de estarmos engajados nessas transformações, repensando as nossas metodologias de ensino e fixar um olhar atento ao próprio planejamento curricular das escolas em que ministramos as nossas aulas. Mais do que nunca o P. P. P – Projeto Político Pedagógico - dever partir das experiências trocadas entre os professores de áreas afins, como por exemplo, as de linguagens e códigos.

Tratando sobre ter um olhar atento, desde sempre ressalto, durante as aulas, que escrever vai além de aspectos gramaticais e das avaliações que julgam o que é certo e errado. Explico que o autor para criar, precisa ter um repertório de leituras interessantes, além é claro, de ter uma visão critica da sociedade local e mundial. Mas principalmente, saber organizar os pensamentos na escrita, para que o leitor compreenda a mensagem contida nos textos produzidos. A partir de então, tento sensibilizar os alunos, escritores principiantes ou não, que escrever é ter a chance de sair do mundo físico para navegar no interior das nossas próprias reflexões. É estar apto para surpreender, para criar e recriar a realidade; é expor pontos de vista; é expressar sentimentos. Escrever, então, é deixar jorrar o eu contido das nossas próprias entranhas; é revelar-se ao mundo.

Através da pequena abordagem até aqui apresentada, ratifico que O Ensino e a Aprendizagem de Língua Portuguesa através dos Gêneros Textuais, como ferramenta fundamental para que o aluno compreenda melhor e de forma mais simples as funcionalidades e estruturas da nossa língua materna oral e escrita, não é uma inovação, mas uma ação desafiadora e que deseja alcançar uma qualidade maior e melhor no processo contínuo de aprendizagem dos nossos educandos.

O artigo desenvolvido partiu de observações diárias de colegas da área, dos meus doze anos de experiência com professora de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental II e Ensino Médio e através de um longo período de pesquisa bibliográfica.

 PANORAMA DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL

Antes mesmo de aprofundarmos nossas idéias sobre o objeto de estudo para o desenvolvimento desse artigo, os gêneros textuais, é interessantemente importante apresentar um breve histórico de como vem sendo o ensino de português nas escolas brasileiras.

Os esquemas a seguir são algumas das minhas constatações levantadas durante as leituras que fiz no curso de pós-graduação, nas disciplinas de Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa, Prática da Leitura e Produção Textual e na disciplina Gêneros Textuais.

Iniciaremos ressaltando que antes do século XX, o ensino de L. P. era puramente tradicional, ou seja, era baseado na gramática normativo-descritiva e analítica que, através do professor centralizador do conhecimento, era vista como um manual ditador de regras. Vale enfatizar que alguns fatores foram fundamentais para que esse modelo de ensino fosse utilizado por algum tempo em nossas escolas; é o que chamamos de fatores externos e internos.

A Linguística veio para descrever e explicar a língua e o processo ensino – aprendizagem com algumas importantes contribuições teóricas que influenciaram nas primeiras mudanças.

Somente em1963, aLinguística começou a ser inserida na grade curricular do curso de Letras no Brasil. Pois, a partir de uma nova visão de conceitos, língua falada começou a ser mais valorizada. A escola via a necessidade de tratar a linguagem verbal oral como conhecimento repassado pela humanidade e dos conceitos cotidianos.

Nícia de Andrade Verdini Clare, em seu artigo sobre Os 50 anos de Ensino de Língua Portuguesa, explica que:

 “A partir de 1963, foi implantada a disciplina Lingüística no currículo mínimo dos Cursos de Letras, decisão essa que causou graves distorções, pois professores sem formação lingüística se tornaram responsáveis pelo ensino da nova disciplina. Nesse clima, é sancionada a Nova Lei de Diretrizes e Bases, a 5692/71, que estabelece a língua nacional como instrumento de comunicação e expressão da cultura brasileira. A partir de então, a disciplina Língua Portuguesa passa a ser Comunicação e Expressão no que foi considerado 1º segmento do 1º grau (1ª à 4ª série); Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa, no 2º segmento (5ª à 8ª série), só se configurando como Língua Portuguesa e Literatura Brasileira no 2º grau.”

Após a década de 50 – século XX – houve algumas renovações metodológicas para o melhoramento no ensino de Língua Portuguesa. 

Crescente aumento da população escolar; alunos de outras camadas sociais com ou sem práticas de letramento daquelas já utilizadas; professores com pouco conhecimento específico da língua.

AS PRIMEIRAS TRANSFORMAÇÕES:

Uso de textos; sugirmento dos livros didáticos; textos, lições gramaticais e exercícios. Mas apesar disso, as aulas ainda resistem ao tradicionalismo

“O ensino de Língua Portuguesa orientado pela perspectiva gramatical ainda parecia adequado, dado que os alunos que freqüentavam a escola falavam uma variedade lingüística bastante próxima da chamada variedade padrão e traziam representações de mundo e de língua semelhantes às que ofereciam livros e textos didáticos.” (PCN Língua Portuguesa – 1998.)

Durante os anos 70, os professores dão a vez aos atores dos livros didáticos, ou seja, as aulas tomaram um outro rumo, pautadas nos exercícios e modelos apresentados nesses manuais ainda bastante tradicionais.

A adoção dos livros didáticos nas escolas de todo o Brasil facilitou a tarefa do professor, pois as atividades vinham respondidas, além de tirar a responsabilidade daquele na escolha do que ensinar. A partir daí, houve a elevação da carga horária e a diminuição do salário, conseqüências de contratações de novos docentes independentemente de sua formação ou capacidade. Com isso, começou a aparecer o desprestígio e a desvalorização da figura do professor de sala de aula, não só de Língua Portuguesa como em qualquer outra área de licenciatura.

 “O ensino de Língua Portuguesa tem sido, desde os anos 70, o centro da discussão acerca da necessidade de melhorar a qualidade de ensino no país. O eixo dessa discussão no ensino fundamental centra-se, principalmente, no domínio da leitura e da escrita pelos alunos, responsável pelo fracasso escolar que se expressa com clareza nos dois funis em que se concentra a maior parte da repetência: na primeira série (ou nas duas primeiras) e na quinta série. No primeiro, pela dificuldade de alfabetizar; no segundo, por não se conseguir levar os alunos ao uso apropriado de padrões da linguagem escrita, condição primordial para que continuem a progredir.” (PCN de Língua Portuguesa- 1998.)

 Já nos anos 90, podemos perceber as mudanças obrigatórias nos livros didáticos. Houve então um olhar mais atento sobre os conteúdos, nas metodologias e sobre as concepções teóricas que sustentavam a credibilidade dessas ferramentas de ensino. Nessa década, a gramática normativa ainda continuava como um grande e indispensável guia para o ensino de português. Mas, por um outro lado, os textos começaram a ficar ainda presentes nos livros e a serem mais explorados, apesar do tradicionalismo.

No final do século XX, as várias linguagens começaram a ser mais utilizadas em sala de aula, passaram a ser um norteador e um fator fundamental para a melhoria de compreensão da nossa própria língua materna, ou seja, a gramática recebeu um outro papel: o de estar a serviço da língua a partir de reflexões e inferências, sejam elas individuais ou coletivas.

 OS GÊNEROS TEXTUAIS NAS SALAS DE AULA

 Partirei do princípio de que a definição tanto de Tipologia textual quanto de Gênero textual ainda não é muito clara e resulta em confusões para a maioria dos nossos alunos. Deixo esclarecido que em alguns pontos se diferem bastante, pois enquanto este é a materialização dos textos em situações comunicativas concretas, aquele é um tipo de construção teórica. Ou seja, tipologia é dividida em narrativa, descrição, dissertativa, exposição e injunção, enquanto gênero textual é todo texto que circula no cotidiano com certa finalidade e com um público alvo destinado. As tipologias são delimitadas e aparentemente sem tendência para aumentar. Os gêneros textuais surgem a cada necessidade do ser humano para comunicar-se com o mundo. O interessante é deixar claro que tanto tipologia quanto gêneros textuais concretizam-se mutuamente.

 

Ressalto ainda que aproximar o indivíduo da sua língua materna através de variadas leituras – daquelas literárias exigidas pelos concursos a “Crepúsculo” e suas séries, como fenômeno de venda e modismo dos últimos meses - vale a pena se a questão é prazer ligado ao conhecimento crescente de cada um. Tenhamos apenas o cuidado de fazer com que o leitor - escritor – ouvinte seja capaz de tirar dessas leituras algo que condiz com a sua realidade etária e ou escolar.

 

Durante as minhas observações sobre como os colegas da área ministravam suas aulas e até mesmo durante as minhas próprias, pude chegar à seguinte conclusão: o nosso aluno, seja do ensino fundamental ou médio, não se satisfaz com “aulinhas”. Todos, mesmos os que pouco participam, mas participam, procuram algo diferente que os chame atenção e que resulte positivamente e significantemente na sua aprendizagem. Por exemplo, trabalhar o conteúdo gramatical - concordância - a partir de vídeo do personagem Lady Katy, do Zorra Total -  que leva a turma a “acordar”  - é uma boa maneira para, além de trabalhar o gênero humor, ampliarmos os estudos com produções de narrativas em quadrinhos, charges... Até mesmo abordar a questão das variedades linguísticas e, é claro, apreender o assunto concordância sem aquelas quebras para explicar infinitas regras que, de acordo como são apresentadas, podem ser insignificantes e cansativas aos ouvidos dos alunos.

 

Abaixo, demonstrarei resumidamente algumas evoluções do ensino de Língua Portuguesa através de Gêneros Textuais Verbais, durante as últimas décadas.

 

  • Década de 80 – no processo de ensino – aprendizagem, a linguagem se faz sempre presente, pois sem ela a relação pedagogia inexiste; sem ela a construção e a transmissão de saberes são impossíveis.
  • Década de 90 aos dias atuais – a interação verbal entre o professor e o aluno facilita e muito na aprendizagem, na apreensão dos conhecimentos. A sala de aula passa a ser um lugar para o desenvolvimento do diálogo, na qual os diferentes saberes, as diferentes vivências tornam-se valorizadas. Os conhecimentos sistemáticos passam a ser vistos de maneira diferente, com uma acrescida aceitação de inovar; de que os professores e os alunos juntos aprendem e ensinam melhor através dos textos.
  • O aluno sente-se como sujeito participante ativo do processo de ensino-aprendizagem quando através de inferências, ele descobre os sentidos das palavras sejam elas isoladas ou dentro da unidade global do texto – .contexto
  • A interação entre professor e aluno facilita a aprendizagem. As conversas informais e os seminários são situações em que todos podem observar os fatores lingüísticos de maneira branda e proveitosa para ambos, dentro de sala de aula, em que uma gama de gêneros está ali inserida. 

 

 A introdução do manuseio dos gêneros textuais, assim como suas análises, criações e recriações aparentemente parecem ser simples. Mas, o que torna realmente a sua eficácia é a forma como nós ministramos as nossas aulas, ou melhor, fazemos as nossas aulas, já que aula mesmo só acontece quando há participação ativa da classe. Para isso, o estudioso Luiz Antônio Marcuschi, diz que: “O ensino de língua dar-se através de textos é hoje um consenso tanto entre linguístas teóricos como aplicados. Sabidamente, essa é, também, uma prática comum na escola e orientação central dos PCNs. A questão não reside no consenso ou na aceitação deste postulado, mas no modo como isto é posto em prática, já que muitas são as formas de se trabalhar texto”. (Produção Textual, Análise de gêneros e Compreensão. p. 51)

 

 Para Paulo Freire (Salto para o futuro: Educação de jovens e adulto.  p. 43.): “Quanto mais próximo estiver o texto do cotidiano do aluno, mais o conteúdo se tornará significativo e, portanto, maiores as possibilidades de ele auxiliar o processo de aprendizagem. O interesse pelo que se estuda será sempre o primeiro passo numa aprendizagem significativa, duradoura e prazerosa.”

 

 Nas aulas de Produção Textual, principalmente no Ensino Médio, vejo como uma ferramenta indispensável o pretexto, ou texto referente com se queira chamar, para o desenvolvimento de ideias e o surgimento de debates a partir de defesas de pontos de vista. Através desses procedimentos, os alunos sentem-se mais seguros e com liberdade para opinar, questionar, sugerir, para criticar um fato veiculado pelos infinitos gêneros textuais que circulam diariamente. Além de analisarmos o fato em si, fazemos comparações como foi noticiado. Então, abre-se um leque em que os gêneros são manuseados e criticamente analisados desde a sua estrutura, estética, quanto à linguagem empregada ao público destinado. A aula surge com o aprofundamento do texto e com a problematização do tema abordado e daí uma atividade desencadeia outra e a redação será caracterizada como atividade contínua.

 

 Para Marcuschi: “Quando se ensina alguém a lidar com textos, ensina-se mais do que usos linguísticos. Ensinam-se operações discursivas de produção de sentidos dentro de uma dada cultura com determinados gêneros como formas de ação linguística.”

 

 Cabe ao professor, nessa hora, apenas administrar a carga de informações e conduzir o olhar de todos para aquilo que realmente será necessário para a produção de um texto coerente, coeso e conciso. É interessante frisar que apesar de os alunos terem a liberdade para o debate regrado, cada um é autor de seu próprio texto, de suas próprias conclusões e mesmo que as inferências sejam parecidas com as dos demais colegas, o ato de escrever é pessoal e individual; além de que a intertextualidade é sempre bem-vinda desde que seja em certo controle para não parecer “cola”.

 

 “Sendo autor e leitor de textos, o aluno se tornará um leitor crítico e verificará que o domínio da variedade padrão possui implicações sociais”. “O estudo da norma culta não será vista somente como um conjunto de regras que devam ser decoradas para as provas e que causem ao aluno a sensação de que não se está ensinando nem falando português.” (Maria Madalena I. Secunde. p.94)

 

 “O ponto de partida para o desenvolvimento da cada proposta de redação é um trabalho de sensibilização que proporciona aos participantes um mergulho prático, pois elaboram seus textos, lêem e são ouvidos, revelando-se, por meio de um processo de inter-relação via palavra escrita, o prazer de produzir e reproduzir a experiência.” (Aprender e Ensinar com Textos – vol. I – editora Cortez. p. 12)

 

.Para o Ensino Fundamental II, sugiro um trabalho mais cauteloso quanto à escolha de qual gênero utilizar para determinada aula, para determinado objetivo. Por isso, uma sondagem inicial é uma garantia de que os resultados à frente serão positivos.

 

Um bom exemplo dentro da minha prática em sala de aula é marcado com a leitura do texto “Circuito Fechado”, de Ricardo Ramos, apresentado por meio de substantivos e alguns adjetivos. Os passos para o desenvolvimento das atividades foram simples, porém bastante gratificantes para uma sala composta por alunos do 6º ano. Orientei que o texto nos dava chance para desenvolver outros textos dentro de tipologias e gêneros diferentes. Pedi que, primeiramente, todos fizessem uma leitura individual, para no segundo momento fazermos coletivamente. Perguntei se o texto estava claro e que justificassem sua resposta, pois o assunto da aula era Substantivos e Adjetivos (apenas identificação). Esperava, então, que apontassem essas classes de palavras e a partir daí adentramos no conteúdo. Porém, além de identificá-las perfeitamente, a turma deu um passo maravilhoso em busca do aprender diferente. Ampliamos os objetivos e os procedimentos na medida em que todos começaram a compreender a mensagem, o tipo de personagem apresentado, a situação geral do texto. Em seguida, alguns alunos mostraram-se interessados para contar a história oralmente, outros preferiram escrever para depois externar, uma pequena parte quis diversificar as idéias contidas no texto através de histórias em quadrinhos; e para a minha surpresa, uma boa quantidade de pensantes quis demonstrar a problematização vivida pelo personagem através de um texto argumentativo, não propriamente uma dissertação, mas um texto de opinião.

 

O foco da aula não ficou perdido, pelo contrário, tornou-se ainda mais significativo, pois além de trabalharmos com a gramática, fizemos de forma contextualizada e prazerosa. Os alunos apresentaram suas produções que serviram mais tarde para o desenvolvimento de outras atividades, tais como, tempos verbais e emprego dos pronomes oblíquos.

 

Segundo Celso Ferrarezi Júnior, “muito mais importante do que ser capaz de decorar e fazer alunos decorarem duas dúzias de termos técnicos é ser capaz de enxergar as maravilhas do funcionamento da língua”. A verdade é refletida quando o aluno perante um texto, seja ele escrito ou não, o compreende, reconhece o seu gênero e sua funcionalidade. Dessa maneia, trabalhando o nosso idioma de forma ampla, o falante nativo descobre que além de gramaticalidade, o estudo do português proporciona vantagens de adquirir bons resultados nas demais áreas de conhecimento em que a contextualização se faz presenteem Língua Portuguesa. Ele mesmo será autor, avaliador e co-autor de vários e vários textos que poderão circular na comunidade escolar quanto fora desta.

 

 “A produção do texto cria um movimento em que ler passa a representar, também, uma questão de escrever. O texto, construído a partir do processo escrita/leitura/re-escrita, é o resultado de uma vivencia ativa com a linguagem, posta, agora, em seu leito de fenômeno socializador das relações humanas.” (Aprender e Ensinar com Textos – vol. I – editora Cortez. p. 122)

 

 CONCLUSÂO

 

 O presente trabalho ancora-se, no que antes era pressuposto, hoje realidade, de que as aulas de língua portuguesa centradas nos gêneros textuais, responsavelmente escolhidos por série, surtem mais efeito. A tradição que somente a gramática norteia o entendimento dos fatores da língua no que é certo e errado, do que pode e não pode nos faz repensar as nossas metodologias, principalmente quando nos deparamos que o mundo evolui, que as pessoas evoluem e que o ensino de língua também segue novos rumos.

 

Os gêneros textuais nos proporcionam uma missão de que melhor do que puramente ensinar Língua Portuguesa, é sensibilizar os alunos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem de que maravilhas poderão ser descobertas e concretamente poderão ser utilizadas por eles em qualquer situação de comunicação. E o que era pautado no certo e errado pode ser visto como aquilo que é adequado ou não empregarmos em uma variedade de  linguagem. Deixo claro que assim como qualquer outra língua, o português tem a sua gramática; a diferença é que somos um povo miscigenado e, a partir dessa mistura de raça e de falares, a nossa língua mãe torna-se riquíssima. Além disso, nos conter com pouco é negar a nossa própria pluralidade lingüística. É negar que além de conceitos morfológicos e sintáticos importantíssimos para os nossos conhecimentos, há uma imensidão de situações efetivas no cotidiano que transcende as quatro paredes de uma sala de aula.

 

Dessa maneira, o professor para enquadrar-se nas mudanças educacionais vigentes, em qualquer área de conhecimento, precisa saber aliar teoria e prática em busca de uma aprendizagem significativa para os seus educandos. E, através da utilização de gêneros textuais somada com a criatividade e o potencial de cada um de nós, tornará o dia-a-dia na classe um espaço prazeroso e atrativo em busca de novos conhecimentos e reafirmação daqueles já adquiridos pelos alunos, tanto nas aulas de Língua Portuguesa, quanto em quaisquer outras disciplinas.

 

 REFERÊNCIAS

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/Secretaria de Educação Fundamental. . Brasília MEC/SEF, 1998.

 

Produção Textual, Análise de Gêneros e Compreensão – Luiz Antonio Marcuschi – editora Parábola – 2ª edição – setembro de 2008.

 

Gêneros Textuais: definição e funcionalidade. In: Dionísio, Ângela Paiva; Machado, Anna Raquel; Bezerra, Maria Auxiliadora. Gêneros Textuais e Ensino. Rio de Janeiro – Lucerna – 2002.

 

Ler e Escrever – estratégias de produção textual – Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias – Editora Contexto – São Paulo – 2009.

 

Ler e Compreender – os sentidos do texto - Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias – editora Contexto –  2ª edição - São Paulo – 2007.

 

Linguagem. Língua e fala – Ernani Terra – editora Scipione – 1ª edição – 5ª impressão – São Paulo – 2002.

 

Educação de Jovens e Adultos – salto para o futuro – Série Estudos – Ministério da Educação – Secretaria de Educação à Distância, SEED -1999.

 

Língua e Liberdade – Celso Pedro Luft –  Editora Atica - 3ª edição – São Paulo, 1994.

 

Português no ensino médio e formação do professor – Clécio Bunzen e Márcia Mendonça – Editora Parábola – São Paulo – 2006.

 

FERRAZI, Celso Jr. Semântica para a educação básica. Ed. Parábola.São Paulo:2008.

 

O livro didático de Português – múltiplos olhares – Ângela Paiva Dionicio e Maria Auxiliadora Bezerra –editora Lucerna - 2ª edição – Rio de Janeiro – 2003.

 

Aula de Português – encontro e interação -  Irandé Antunes- editora Parábola – São Paulo -2003.

 

Aprender e Ensinar com Textos – Lígia Chiappini – Volume I – editora Cortez – São Paulo – 1997.