Por qual razão achamos à química a ciência mais complexa? Será que entender a química não vai além dos moldes de tabela periódica?

A primeira grande competência do professor hoje é a de organizar e dirigir situações de aprendizagem a partir de uma perspectiva construtivista que leve em consideração: características, ritmos, motivações dos alunos, e não apenas incite professores e alunos a ficarem "correndo" atrás de programas (Perrenoud, 2000). O professor deve ser capaz de formular e criar situações problema levando em consideração:

1) o estudo organiza-se em torno de uma situação de caráter concreto, que permita efetivamente ao aluno formular hipóteses e conjecturas.

2) os alunos vêem a situação que lhes é proposta como um verdadeiro enigma a ser resolvido, no qual estão em condições de investir. Esta é a condição para que funcione a devolução: o problema, ainda que inicialmente proposto pelo professor, torna-se questão dos alunos.

3) os alunos não dispõem, no início, dos meios para solução buscada, devido à existência do obstáculo a transpor para chegar a ela. É a necessidade de resolver que leva o aluno a elaborar ou se apropriar coletivamente dos instrumentos intelectuais necessários à construção de uma solução.

4) a solução não deve ser percebida como fora de alcance pelos alunos, não sendo a situação problema uma situação de caráter problemático. A atividade deve operar próximo à zona de desenvolvimento proximal.

5) a antecipação dos resultados e sua expressão coletiva precedem a busca efetiva da solução, fazendo parte do jogo o risco assumido por cada um.

6) o trabalho da situação-problema funciona, assim, como um debate científico dentro da classe, estimulando os conflitos sociocognitivos potenciais.

7) o reexame coletivo do caminho percorrido é a ocasião para um retorno reflexivo, pois auxilia os alunos a se conscientizarem das estratégias que executaram e estabilizá-las em procedimentos disponíveis para novas situações-problema.

Eu como professor de química há 12 anos, cansado de cantar músicas para decorar a tabela periódica, resolvi usar os conhecimentos que tenho e me atualizar, chegando a conclusão que o ensino pede mais, precisa de novas metodologias, novas estratégicas, novas dinâmicas, novos atrativos. Assistindo a televisão, algo me chamou a atenção, o uso da química forense para determinar perícias criminalísticas, o auxiliando a desvendar casos, como: colher impressões digitais, analisar fios de cabelo e resíduos encontrados, analisar substâncias. Resolvi então inovar minhas aulas, aplicar o que estava assistindo em sala de aula, tarefa muito complicada, pois como poderia fazer, sem chocar o ensino com a realidade, fui à luta, fiz um projeto de investigação, divulguei na escola, expliquei como seria realizado e comecei a trabalhar. Na primeira semana tinha 09 (nove) alunos inscritos, bem suficientes para um começo, dividi em duas equipes, azul e verde, criei um blog de modo que eles ficassem conectados aos acontecimentos, o caso a ser desvendado começou com uma poesia de Fernando Pessoa, levando ao protagonista da história.

Foi associado o caso com pistas que envolvessem todas as áreas do conhecimento, os alunos coletaram as amostras, levaram ao laboratório, fizeram as mais diversas análises como: resistência do material, ácidos e bases, transformações, termologia, química orgânica, reunindo os mais diversos conteúdos da química, sem contar que antes. Ainda estamos finalizando o projeto, pretendemos divulgar através de um livro, mas posso garantir que a química depois de tudo isso naquela escola não será mais a mesma.

Bibliografia

CHASSOT, A. Alfabetização científica: questões e desafios para educação. 2. Ed. Ijuí: Editora Unijuí, 2001. 440 p. (coleção educação em química).

MACEDO, L. Situação-problema: forma e recurso de avaliação, desenvolvimento de competências e aprendizagem escolar: In: PERRENOUD, P. et al. As competências para ensinar no séculoXXI: a formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.cap. 5, p. 113-135.

PERRENOUD, P. et al. As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002. 176 p.

______ . Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

______ . Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed Etidora, 2000. 192 p.

THURLER, M. G. O desenvolvimento profissional dos professores: novos paradigmas, novas práticas. In: PERRENOUD, P. et al. As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002. cap. 4, p. 89-111