O ENSINO DE LINGUA INGLESA PARA ALUNOS SURDOS NO ENSINO FUNDAMENTAL DA CIDADE DE GUANAMBI

 

Jeovane Soares Rodrigues1

 

1. Licenciado em Letras Inglês. Especialista em LIBRAS e Metodologia do Ensino deLingua Inglesa. Mestrando em Ciências da Educação e Multidisciplinaridade. FACNORTE.

 

 

1. INTRODUÇÃO

            Muitas discussões sobre a diversidade e inclusão nas escolas e principalmente a inclusão de alunos surdos. Em 1996 o Brasil elaborou a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, LDB/9394/ 96. A partir dessa lei, aos municípios brasileiros foi atribuída à responsabilidade de universalizar o ensino público para todos os cidadãos de 0 a 14 anos de idade. Assim, passou a ser papel do município formalizar a decisão política e desenvolver os passos necessários para implementar, em sua realidade sócio geográfica, a educação inclusiva, no âmbito da Educação Infantil e Ensino Fundamental (MEC, 2004).

 Todo currículo e novas práticas estão sendo adaptadas e conceituadas para esta inclusão. Porém, ao se tratar do ensino de Língua Estrangeira(LE)não estão sendo desenvolvidos estudos e práticas que abordam um processo de ensino e aprendizagem para alunos surdos.

Assim sendo,  por este instrumento de estudo não ter precedentes, nem muitos estudos firmados nesta área, faremos referenciais nas áreas da linguagem, LIBRAS, e o ensino aprendizado de Língua Estrangeira, neste caso a Língua Inglesa (LI) e suas metodologias aplicadas aos alunos regulares.

Objetiva este trabalho a partir das observações e a experiência do professor Jeovane soares rodrigues com alunos surdos de uma escola regular de ensino fundamental II na cidade de Guanambi.   As questões para este trabalho são diversas. Mas  a priori: Quais seriam então os fatores que estariam criando obstáculos para a inclusão do surdo e uma aprendizagem significativa na LI?

Para direcionar o trabalho, foi necessário pesquisar pressupostos teóricos na área da linguagem sócio interacionista.  Jamieson(1999) afirma que a audição proporciona a principal fonte para a aquisição das habilidades linguísticas. Qualquer alteração neste sentido poderá provocar importante dificuldade comunicativa (RUSSO; SANTOS, 1994) e

um grande impacto no desenvolvimento e funcionamento psicossocial,cognitivo, de fala e de linguagem.

 Afirma Sacks(1998) que sem linguagem não somos seres humanos completos e, por isso é preciso aceitar a natureza e não ir contra ela. Obrigados a falar, algo que não lhes é natural, os surdos não são expostos suficientes à linguagem e estão condenados ao isolamento e à incapacidade de formar sua identidade cultural. Os surdos podem comunicar-se mais facilmente e com maior precisão pela Língua de Sinais porque o cérebro deles adapta a esse meio e, se forçados a falar, nunca conseguirão uma linguagem eficiente e serão duplamente deficientes.

Tendo em vista o pensamento de Sacks afirmados que a linguagem nada mais é uma leitura de tudo que estamos inseridos, seja pela oralidade, pelo sentimento e pelo visual. Nesse sentido é interessante priorizar que a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, deve ser entendida como um sistema linguístico autentico como a Língua Portuguesa. A escrita e a produções dos sinais de um aluno surdo seja inteligível e possui toda uma estrutura linguística, ela se difere dos padrões de um aluno ouvinte.  Mas isso não impede o desenvolvimento e o entendimento do aluno surdo acerca do conteúdo.

De acordo com Bandura (1979), para que ocorra o desenvolvimento da linguagem em crianças portadoras de deficiências é preciso de uma exposição variada de estímulos ambientais sociais. Com isso a criança poderá observar comportamentos comunicativos, sendo capazes de reproduzir o modelo em resposta a uma situação de contato com o outro.

Compreendendo o processo de interação entre os alunos e professores ouvintes com os alunos surdos que são mantidos pela língua de sinais e pela escrita, a partir disso a habilidade de leitura e escrita é o foco a ser trabalhado com os alunos com surdez nas aulas de língua inglesa. Geralmente, todas as aulas são interpretadas Português- LIBRAS e LIBRAS- Português, por intérpretes que em sua maioria são alunos oriundos do ensino médio profissionalizantes ou amigos e pais dos alunos surdos. Não há um investimento ou qualificação desses profissionais-voluntários. Em outros casos, os professores de língua inlesa não possuem a habilidades e competências em LI, dificultanto a interpretação e o processo de aprendizagem dos alunos surdos.

2. METODOLOGIA

Moreira e Caleffe (2006) concebem que a pesquisa etnográfica, a exemplo das demais metodologias de pesquisa, segue algumas etapas ou procedimentos que facilitam o andamento da investigação como: formular uma questão relevante a ser pesquisada, saber identificar um grupo para estudar a questão, introduzir a proposta de pesquisa ao grupo para a obtenção do consentimento e do envolvimento. A coleta de dados ocorre a partir da observação participante e contextualizada e de anotações feitas em campo, realizando, posteriormente, uma descrição densa, detalhada, o que favorece a compreensão do problema de pesquisa, comportando, também, outras técnicas complementares (entrevistas, narrativas, história de vida, etc). Trata-se de um formato investigativo que envolve um longo período de observação para ver, ouvir e registrar os eventos, visando entender e validar os significados das ações, a partir da descrição, análise e interpretação dos dados. Os dados, a propósito, devem ser organizados partindo do contexto mais amplo para o particular, favorecendo a microánalise, bem como, a interpretação e explicação dos resultados.

Sendo assim, será realizada em uma Escola do Município de Guanambi, entre o ano de 2014  a 2015 com as turmas do 6º ano ao 9º ano do Ensino Fundamental, contendo uma amostra de 10 alunos surdos divididos nas salas de aula.

            No primeiro momento, será feita um estudo bibliográfico do assunto abordado para as possíveis indagações e diálogos com os autores e a criação a solicitação por meio de documentos para a observação e conversa com o corpo gestor escolar, professores, alunos, intérpretes e pais dos alunos.

Após as leituras daremos início ao segundo momento com a coleta de dados e a observação dos grupos citados na pesquisa. O foco é observar a relação entre os sujeitos de estudo, suas interações e comportamento diante do objetivo do trabalho. Após isso,  é interessante em estimular uma conversar de forma respeitosa e discreta dos itens observados. Temos em vista em gravar as conversas e transcrever e interpretar no caso das conversar com os alunos surdos. Sendo assim, é possível analisar os dados

Em último momento, a escrita da dissertação e as análises do trabalho.

4 – RESULTADOS ESPERADOS

 

            Espera-se construir novas práticas acerca do ensino de língua inglesa para surdos de forma inclusiva que seja tão quanto útil para todos os alunos. A escola e todo seu corpo gestor tenha a capacidade de fornecer subsídios pedagógicos aos professores e intérpretes.  Esperamos que este trabalho seja de grande valia acadêmica  e social e que possa contribuir para os alunos surdos o direito de “ouvir a voz dos silenciados” e o direito de uma educação de qualidade bem como o ensino de um outro idioma.

Sendo assim espera-se que diante das dificuldades vistas, nós profissionais envolvidos neste processo de inclusão não desanimamos de deixamos a situação para as autoridade competentes da educação pois a mudança está na visão politica de cada professor enquanto  membro de uma sociedade.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BANDURA, A. Modificação do Comportamento.  (E. Nick, Trad.) Rio de Janeiro:

Interamericana, 1979.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.

Góes MCR. Linguagem, surdez e educação. Campinas, SP: Autores Associados; 1996.

Gonçalo SF. Perfil da produção escrita e da trajetória escolar de alunos surdos de ensino médio [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2004.

Interamericana, 1979.

JAMIESON, J.R. O impacto da deficiência auditiva. In: KATZ, J. (Ed.) Tratado de Audiologia clínica. 4. ed. São Paulo: Manole, 1999. p. 590-609.

Lacerda CBF. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e interprete sobre esta experiência. Cad CEDES [periódico na internet]. 2006. Acesso em 04 de janeiro de 2011. Disponível em www.scielo.br/scielo.php?script=sciarttext&pid=S010132621998000300007&ing=pt&nrm=iso&tlng=pt

Lacerda CBF. Os processos dialógicos entre aluno surdo e educador ouvinte: examinando a construção de conhecimentos [tese]. Campinas, SP: Universidade Estadual de Campinas; 1996.

MARTINS, Gilberto de Andrade. Manual para elaboração de monografias e dissertações. São Paulo: Atlas, 1994.

Ministério da Educação e Cultura. Educação inclusiva: a fundamentação filosófica. Brasília, DF: MEC; 2004.v.1

MOREIRA,H.; CALEFFE L.G. Metodologia da pesquisa para o professor pesquisador.

RJ:DP&A, 2006.

SACKS, Oliver.Vendo vozes – Uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo:Companhia das letras, 1998.

RUSSO, I.C.P.; SANTOS, T.M.M. Audiologia infantil. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1994.