INTRODUÇÃO

 

 

A nomenclatura "EJA" é recente no país, e tem sido uma questão bastante discutida pelos que se preocupam com a Educação. Desde a exploração Colonial no Brasil, quando se fala em educação não infantil, volta-se logo à população adulta, que tinha carência da doutrinação percorrida a caminhos nas "cousas da santa fé", demonstrando um cunho religioso e gerando um afastamento do educacional.

Há que se ressaltar a fragilidade da educação ou do sistema de educação (se assim podemos denominar), pois naquela época, a educação não estava cabível ao crescente aumento da produtividade, pois esta acontecerá de acordo com o número de escravos, e o que foi propriamente dito, gerou descompromisso com educação.

Inúmeras reformas educacionais em nosso cotidiano educacional foram realizadas, chamando a atenção especial por órgãos fiscais competentes, para erradicar o analfabetismo no Brasil. Primordialmente ressalta-se nesse trabalho de pesquisa a alfabetização como está acontecendo a aprendizagem da leitura e escrita.

Nesse sentido, buscaremos recursos pedagógicos inovadores, por meio de situações elencadas, no cotidiano, que sirvam como pressupostos para a aprendizagem da leitura e escrita, como também o seu aprimoramento.

A aprendizagem da leitura e da escrita não se realiza da mesma maneira para todas as pessoas. E na maioria das vezes as dificuldades dos alunos podem ser ocasionadas pelo processo de ensino que normalmente utiliza um método único de educação.

As críticas ao método de alfabetização da população adulta, faz-se necessário repensar, a re-signfícação da contribuição da escola Freireana uma nova visão sobre o problema de analfabetismo em nosso município, referindo-se a este paradigma pedagógico que mediou-se e acreditou-se num novo entendimento da relação entre a problemática do sistema educacional e a problemática social.

 

_______________________________________________________________

1. Especialista em nível profissional integrada á educação básica na modalidade de jovens e adultos CAVN/ IFET- SOUSA – PB/UFPB.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

 

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é o segmento de ensino da rede escolar pública brasileira que recebe os jovens e adultos que não completaram os anos da Educação Básica em idade apropriada e querem voltar a estudar. No início dos anos 90, o segmento da EJA passou a incluir também as classes de alfabetização inicial. O segmento é regulamentado pelo artigo 37 da lei n° 9394 de 20 de Dezembro de 1996 (LDB). É um dos segmentos da Educação Básica que recebem repasse de verbas do Fundeb.

Para as orientações neste artigo, estamos nos ancorando nas abordagens teóricas sobre leitura e escrita de Paulo Freire, as contribuições de Piaget, de Lúria, de Vigostsky, de Emilia Ferreiro, Madalena F. Wellfort, e de escritores que permitiram uma didática voltada no sentido de contribuir para a busca necessária à superação de desafios da educação de jovens e adultos. Pessoas analfabetas, e aos jovens que tiveram passagens fracassadas pelas escolas, o acesso à cultura letrada que lhes possibilite participar mais ativamente do mundo, do trabalho, da política e da cultura. O livro "A importância do ato de ler" de Paulo Freire inicia falando dos momentos em que o ato de ler aconteceu na vida do autor e como ela se deu. Enfoca também a alfabetização de adultos desenvolvida na República de São Tomé e Príncipe, esclarece que “a leitura de mundo é precedida pela leitura da palavra, onde a importância da leitura na alfabetização é crucial na construção histórica do indivíduo”.

Segundo ele, toda essa atividade vivida em nossa primeira vivência com o mundo deveria ser o universo de todas as pessoas, de todos os grupos expressando a realidade de cada um através de sua linguagem, onde tudo teria significação por meio da escrita e re-escrita.            "É impossível ocultar a natureza política do processo educativo, sendo impossível separar a educação política do poder". Assim, nós educadores não podemos esquecer-nos de nossa atividade política e sermos coerentes com ela, conscientizando e atuando, de forma não autoritária, evitando o sentido da palavra mágica escrita, escondendo a realidade; nessa proposta podemos alfabetizar com conhecimentos políticos, reforçando o mundo da leitura e da palavra, (FREIRE, 1992, p.22): "A compreensão crítica da alfabetização, que envolve a compreensão igualmente crítica da leitura, demanda da compreensão crítica da biblioteca".

Freire nos recorda que a leitura do mundo precede a palavra, isso nos mostra por meio de sua experiência de quando nos primeiros anos aprendeu a ler em sua própria residência, rodeada de árvores e animais. Aquele mundo era o mundo de suas primeiras leituras, (FREIRE, 1997, p. 03).

O paradigma que recebeu o nome do educador, - respeitado mundialmente - foi lançado nacionalmente no governo de João Goulart, mas a ditadura militar censurou a continuidade dessa proposta. Sua utopia, no entanto permanece acesa levando-nos reflexão sobre construção sistemática do pensamento pedagógico libertário, recusando, ao mesmo tempo, os discursos vazios e prática descontextualizada.

A educação, para Paulo Freire "tem caráter permanente. Não há seres educados. Estamos todos nos educando. Existem graus de educação, mas estes não são absolutos" (FREIRE, 1992, p.28), afirmava.

Em sua obra "A pedagogia da autonomia", a condição indispensável à natureza da educação. Freire com seu discurso transgressor e revolucionário nos faz refletir sobre saberes necessários à prática de qualquer educador, sempre fundamentados, segundo sua filosofia, numa visão de mundo alicerçada no diálogo, na pesquisa na concepção crítica de mundo, na humildade, no risco e na curiosidade, na disponibilidade e, acima de tudo no ato vivo e pulsante de ensinar e aprender.

Desde os anos 1980, também não é possível tratar de alfabetização sem falar de Emilia Ferreiro. A psicolingüística argentina, radicada mexicana, discípula de Jean Piaget, revolucionou o conhecimento que tinha sobre a aquisição de leitura e da escrita, quando lançou com Ana Teberosky o livro "Psicogênese da língua escrita". Critica a cartilha, defendendo que os alunos ainda que analfabetos devem ter contato com diversos tipos de textos. Com quase três décadas passadas o tema continua no centro de interesses da pesquisadora, que se indigna com quem defende o paradigma fônico de alfabetização, baseando em exercícios para treinar a correspondência entre grafemas e fonemas (FERREIRO, 2001, p.64).

Estamos tão acostumados a considerar a aprendizagem da leitura e escrita como um processo de aprendizagem escolar que se toma difícil reconhecemos que o desenvolvimento da leitura e da escrita começa muito antes da escolarização. Os educadores são os que têm maior dificuldade em aceitar, mas aceitar isto. Não se trata simplesmente de aceitar, mas também de não ter medo de que seja assim.

Cabe ainda evidenciar nesse referencial alguns pontos importantes sobre o tratamento dado pela Lei de Diretrizes e Bases - LDB (Lei 9394/96), para educação de Jovens e Adultos. Em seu Art. 3° determina a LOB, dentre os princípios que devem servir ao ensino... "igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; ... pluralismo de ideias e concepções pedagógicas ... garantia de padrão de qualidade; ... valorização da experiência extra-escolar; vinculação entre a educação escolar, trabalho e as práticas sociais” (CARNEIRO, 1998, p. 35).

Estes princípios estimulam a criação de propostas alternativas visando à promoção de igualdade para acesso e permanência do aluno, a adoção de paradigmas pedagógicos que valorizem a experiência extra-escolar e a vinculação entre trabalho e práticas sociais.

Após muita luta no plano político-social, prático-teórico, durante 1960, 1970 e 1980, a situação do país não se transformou substancialmente. O golpe militar de 1964 causou uma ruptura nesse trabalho de alfabetização que vinha sendo realizado, exatamente pela sua ação conscientizadora. Freire fala de Esperança nesse como quem diz, é necessário como antes, a luta por ideais que ainda estão em pauta (FREIRE, 1992, p. 39).

 

O movimento Independente Revolucionário, MIR, que continuamente esteve à esquerdado partido comunista, e depois do próprio governo da unidade popular, revelou sempre uma simpatia pela educação popular que os partidos da esquerda tradicional lhes faltava de modo geral. (...) Foi assim que já ao tempo do governo da unidade popular o MIR desenvolveu um intenso trabalho de mobilização e organização, já em si, pedagógico-político a que se juntou uma série de projetos educativos.

 

Podemos elencar que vivemos um momento de grande despolitização, mesmo assim em sua última obra, Freire continua afirmando os seres humanos como seres transformadores capazes de adaptaram-se a concretude para melhor operar. Em sua análise as transformações do tempo (revolução tecnológica, aceleração da vida), trazem a necessidade de interagir com o "novo". Nesse propósito faz-se necessário ter um posicionamento crítico de natureza política e ideológica frente às mudanças, e o posicionamento do autor é em favor da construção e aperfeiçoamento da verdadeira democracia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


  METODOLOGIA

 

 

 CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA

 

 

O  estudo do artigo foi em uma Escola da Rede Pública no município de Uiraúna - PB. Na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Doutor       "José Duarte Filho", na EJA.

O primeiro contato com a população deste trabalho aconteceu mediante a distribuição de turmas na escola, quando leciono as disciplinas de geografia e português no segundo segmento do ensino fundamental da EJA e médio; abrangida pela 9a Região de ensino, situada na cidade de Cajazeiras - PB. Na referida reunião, ocorrida em fevereiro de 2009, apresentamos nossa intenção de trabalhar com alunos da EJA, fomos recepcionados com bastante entusiasmo pelo corpo docente e equipe pedagógica responsável pela área; o público da EJA.

 

 

 SUJEITO DA PESQUISA

 

O nosso artigo foi abordado, constituído, elaborado e estruturado buscando a aprendizagem e variáveis tais como: informações, coleta de dados, imagens, opiniões, crenças, valores experiências e motivações dos alunos da EJA. O artigo propõe discutir a relação professor-aluno e a questão do método e das metodologias na pesquisa sobre leitura e escrita na EJA, buscando contribuir para a prática cotidiana dos professores e alunos que encontram-se em sala de aula.

 

 INSTRUMENTOS, MÉTODOS E TÉCNICAS

 

Na execução do referido artigo, trabalhou-se na metodologia, segundo a qual os alunos, precisaram entrar em contato com diversos textos e atividades propostas, conceito de leitura e escrita, textos instrucionais (receitas, manuais, bula de remédio, formulários questionários, carta textos de informação cientifica e histórica, textos publicitários, regulamentos e normas). Alguns procedimentos foram utilizados para a aplicação da metodologia como:

·        Levantamento bibliográfico para fundamentação teórico-metodológico;

·        Aplicação de questionários com alunos da EJA do segundo segmento para coleta de dados, sobre as aulas, como são ministradas, dificuldades dos alunos na prática da leitura e escrita;

·        Explanação oral.

 

Uma das contribuições para nosso artigo foi o reconhecimento e a valorização da linguagem oral. Ela deve ser encarada com o ponto de ligação para a aquisição da linguagem escrita. Resgatar a riqueza da oralidade é grande possibilidade de se conferir à escrita mais criatividade e maior confiança. É assim que se inaugura um tipo de produção realmente a serviço de uma educação plural. Também e crucial que o aluno da EJA, seja incentivado a ler e escrever, mesmo que ainda não produza um tipo de escrita e oralidade compreensível por todos. É por meio dessas práticas que ele pode testar suas hipóteses e compreender como funciona o processo de leitura e escrita.

 

ANÁLISES DE DADOS

 

Nas entrevistas de  quatorze entrevistados, doze se consideram capazes de ler e escrever perfazendo 86%,  enquanto dois, afirmam não saber correto  ler e escrever somando 14%; Os sujeitos envolvidos nessa pesquisa, corresponde a uma faixa etária entre 30 e 50 anos. 29% dos entrevistados são do sexo masculino e 71% do feminino. A maioria exercem funções remureradas e diversificadas, 15% moto-taxista, 31% lavadeiras de roupas, 39% auxiliar de serviços gerais e 15% agricultores.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

No tocante a  fala dos alunos foi constatado que a alfabetização de adultos resultou em mudanças sob vários aspectos, principalmente em torno da qualidade de vida: melhoria da auto-estima, criação de vínculos, prazer em ler a Bíblia e melhor participar das atividades religiosas, facilidade em  ajudar os filhos nos trabalhos escolares na capacitação para o trabalho. No âmbito das mudanças verificadas na qualidade de vida , o elemento mais preponderante foi o da dimensão afetiva e da busca da cidadania não exercida.

 

Um dos aprendizados que esse artigo nos proporcionou foi a de que esses adultos em processo de alfabetização querem falar muitas coisas e sabem realmente daquilo de que mais necessitam para que aprendam não apenas ler e escrever.

 

Há necessidade de o Programa da EJA aproveitar a riqueza construída nas escolas de alfabetização e propiciar aos alfabetizados a construção de novas formas de desenvolvimento nos âmbitos afetivo e profissional dessa gente que deseja ser cidadã. Portanto, concluiu-se que só existe um caminho que conduz a eficácia do uso de práticas sociais de leitura e escrita: a criação e implantação de políticas públicas e programas que possibilitem o aprimoramento das práticas pedagógicas dos profissionais que trabalham na modalidade de Educação de Jovens e Adultos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

CARNEIRO, Moaci Alves. LDB fácil: crítico-comprrensiva. Artigo a artigo. Petrópolis-RJ: Vozes, 1998.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa.                                           São Paulo: Paz e Terra, 1996.

 

____________. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

 

PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições  de Educação de Adultos