1. A FILOSOFIA

O termo filosofia tem sido analisado e avaliado por séculos e não pode-se ter a pretensão de dizer hoje que haja uma definição exata do que é a filosofia e do que ela trata. Prado Jr (2000), em seu trabalho, afirma que algumas pessoas podem até acreditar que não cabe à filosofia resolver, e sim, unicamente sugerir questões e propor problemas, fazer perguntas cujas respostas não têm maior interesse, e com o fim unicamente de estimular a reflexão, aguçar a curiosidade. Cita ainda já haver sido insinuado que a filosofia não passasse de uma "ginástica" de pensamento. Mas o autor, após estas colocações, expõe sua indignação a esse respeito e esforça-se por mostrar toda a complexidade da filosofia na atualidade.
Buscando, então, uma tentativa de explicar o que é a filosofia na atualidade, recorro ao livro de Marilena Chauí (2002), que menciona ser a filosofia uma reflexão crítica (diferente de uma ciência) a respeito dos procedimentos e conceitos científicos. Não seria também uma religião, por ser uma reflexão crítica a respeito das origens e formas de crenças religiosas. A filosofia diferencia-se da arte, pois é uma interpretação crítica dos conteúdos, das formas e das significações das obras de arte e do trabalho artístico. Diferencia-se também de sociologia e de psicologia, por ser a avaliação e a interpretação crítica dos conceitos e métodos destas duas disciplinas. Também, não é política, pois interpreta, compreende e reflete sobre a origem, a natureza e as formas de poder. Completando esta proposta de definição de filosofia de Chauí (2002), a autora ainda acrescenta que a utilidade da filosofia é o rompimento dos elos do senso comum e assim a aquisição da capacidade de reflexão crítica e sistemática das situações vividas.

2. O FILÓSOFO
O filósofo é, falando de uma maneira simplista, quem exerce as funções de um trabalhador da filosofia. Assmann (2006), em seu trabalho, afirma ser o filósofo "quem não se contenta com as coisas óbvias. É quem toma distância do que acontece, para poder entender melhor" (pág. 14). Estas palavras de Assmann corroboram com a pretensão de definição de filosofia de Chauí (2002), pois em ambas as colocações, a filosofia deixa de ser algo passional, e passa a ser considerada a fonte de uma atitude crítica.
No trabalho de Cabral (2006), ainda concordando com os demais autores citados, o filósofo é considerado um amigo do saber, que não aceita qualquer resposta como verdade sem antes passar por uma análise. Inclusive, coloca-se em duvida a própria sabedoria, e questiona-se até que ponto aquilo que julga saber não é apenas resultado de crenças do senso comum.

3. O PROFESSOR DE FILOSOFIA
É o profissional de educação responsável por transmitir dados filosóficos aos alunos do Ensino Médio. Essa transmissão se dá especialmente dentro de uma sala de aula, num ambiente escolar, e não pode ser confundida com um simples "passar de conteúdos". Para que os alunos possam aprender filosofia, é necessário humildade e muita informação.
Atualmente podemos encontrar pejorativamente uma distinção entre o filósofo e o professor de filosofia, numa tentativa de mostrar que o professor de filosofia é diferente do profissional que faz filosofia, do filósofo propriamente dito. E em reposta a essas afirmações, temos o trabalho de Gramsci (2001) afirmando que todos os homens são filósofos, e o filósofo não se diferencia do professor de filosofia. Afirma ainda que a pretensão de afastar as duas classes é de caráter político conservador, a fim de manter a população longe das reflexões filosóficas e de se propagar o preconceito de que o professor de filosofia não pode pensar e refletir como um filósofo especialista.

4. A FILOSOFIA E A ESCOLA
A disciplina passou a integrar novamente a grade do ensino Médio com o objetivo de fornecer requisitos necessários para o desenvolvimento da cidadania. Segundo os PCNEM (Brasil, 2006), " A educação deve centrar-se mais na ideia de fornecer instrumentos e de apresentar perspectivas, enquanto caberá ao estudante a possibilidade de posicionar-se e de correlacionar o quanto aprende com uma utilidade para sua vida, tendo presente que um conhecimento útil não corresponde a um saber prático e restrito, quem sabe à habilidade para desenvolver certas tarefas" Nesse sentido, será necessário transmitir aos alunos assuntos referentes à construção progressiva da cidadania e fornecer a eles a liberdade necessária para que realizem sua própria reflexão crítica. Desta forma fica claro o papel formador assumido pela filosofia, e assim pode-se perceber o que a escola espera da filosofia como disciplina integrante de sua grade curricular.
Associa-se a este novo papel formador da filosofia, a intenção de a escola solicitar da disciplina filosófica a construção de aspectos de uma estética da sensibilidade, ética da identidade e política de igualdade (Universidade Católica de Brasília, 2007).

5. SUGESTÕES DE METODOLOGIA PARA O ENSINO DE FILOSOFIA
Realizando-se uma análise dos tópicos até aqui apresentados, pode-se induzir que o ensino de filosofia deve fornecer subsídios que proporcionem aos alunos do ensino médio a capacidade crítica e reflexiva de construir seus próprios conceitos, guiados por um professor competente, e assim possam construir sua cidadania, num processo pessoal e constante, assistido e mediado por um profissional capacitado.
O debate filosófico é reconhecido como o ponto alto da aula de filosofia (Universidade Católica de Brasília, 2007). Com o exercício do debate, possibilita-se a construção pessoal e constante do caráter ético, estético e político esperado das aulas de filosofia. Mas simplesmente jogar uma questão e solicitar opiniões não embasadas não resolveria o problema. É necessário estudar a história do pensamento filosófico e realizar uma análise crítica das suas partes. Corroborando com essa opinião, cito Brasil (2006), onde se coloca a seguinte consideração:
" [...] não é possível fazer Filosofia sem recorrer a sua própria história. Dizer que se pode ensinar filosofia apenas pedindo que os alunos pensem e reflitam sobre os problemas que os afligem ou que mais preocupam o homem moderno sem oferecer-lhes a base teórica para o aprofundamento e a compreensão de tais problemas e sem recorrer à base histórica da reflexão em tais questões é o mesmo que numa aula de Física pedir que os alunos descubram por si mesmos a fórmula da lei da gravitação sem estudar Física, esquecendo-se de todas as conquistas anteriores naquele campo, esquecendo-se do esforço e do trabalho monumental de Newton."
Portanto, é necessário que realize-se aulas expositivas conjuntamente com os debates. E ainda que no decorrer destas aulas atente-se para a prática da construção textual e de uma avaliação constante (diariamente), além da clássica utilização de instrumentos relevantes (prova).

6. REFERÊNCIAS:
ASSMANN, SELVINO JOSÉ. Filosofia. Florianópolis: CAD/UFSC, 2006.

BRASIL. Ciências humanas e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. ? Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. 133 p. (Orientações curriculares para o ensino médio ; volume 3). Disponível em domínio publico (http://www.dominiopublico.gov.br/download/
texto/me004770.pdf) , acesso em 12/05/2009.

CABRAL, CLEIDES ANTONIO. Filosofia. São Paulo: Ed. Pillares, 2006.

CHAUI, MARILENA. Convite à Filosofia. 12 ed. São Paulo: Ed. Ática, 2002.

GRAMSCI, ANTONIO. Caderno 11. Introdução ao estudo de Filosofia. In: Cadernmos do cárcere; vol 1. Ed. Carlos Nelson Couinho com Marco Aurélio Nogueira e Luiz Sérgio Henriques. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

PRADO JR, CAIO. O que é filosofia. Coleção primeiros passos, n. 37. São Paulo: Brasiliense, 2000.

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA. Licenciatura em Filosofia. UCB Virtual. Brasília: EAD, 2007.