Introdução

 

Com base nos estudos dos autores percebe-se que a utilização da música na educação infantil vem sofrendo alterações para vencer barreiras, pois ela é um meio de expressão e forma de conhecimento acessível a todos. Essa atitude demonstra o compromisso da escola e de todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem dos alunos.

Nota-se que a educação infantil é um direito da criança e não um dever; dessa forma o aluno não tem o compromisso de apresentar comportamentos preestabelecidos por essa modalidade escolar, sendo assim o trabalho do psicopedagogo escolar junto ao docente é fundamental para a promoção do ensino e da aprendizagem no contexto da educação infantil.

Esse estudo justifica-se por ser a educação infantil a primeira modalidade educativa, em que se deve habitar o cuidar, o educar e o lazer. O educador infantil deve compreender o caráter flexivo do planejamento escolar, ao mesmo tempo em que assume o caráter de guia e direcionador das aprendizagens escolares. Através

do suporte do psicopedagogo assumir um processo educativo que valorize o ser humano de forma global utilizando-se para isso atividades significativas através da música. Maura Penna, autora do livro Reavaliações e buscas em musicalização (1990), usou como ponto de partida para discussão a seguinte afirmação: “ato ou processo de musicalizar. Musicalizar (-se): torna (-se) sensível a música, de modo que, internamente, a pessoa reaja, se mova com ela” Penna (1990, p. 22).

 

Desenvolvimento

 

Concebe-se a musicalização como um “processo educacional orientado que se destina a todos que, na situação escolar, necessitam desenvolver esquemas de apreensão da linguagem musical” Penna (1990, p. 32). Esse processo ocorre dentro e fora da escola. Por isso, cabe ao psicopedagogo, ressaltar a importância de levar em consideração as experiências que ocorrem no dia-a-dia nas situações informais em que o ser humano esta inserido.

Segundo Coll (2002, p.157) “... o conceito de aprendizagem significativa é um instrumento útil e valioso para a análise e reflexão psicopedagogica”. Percebe-se que a vivência musical promovida pela musicalização permite a criança o desenvolvimento de aprendizagens significativas, de expressar-se de modo integrado, realizando movimentos corporais enquanto canta ou ouve uma música. O canto é usado como forma de expressão e não como mero exercício musical.  

Segundo Brito 1998 apud Joly (2003, p.116):

 

O termo “musicalização infantil” adquire então uma conotação especifica, caracterizando o processo de educação musical por meio de um conjunto de atividades lúdicas, em que as noções básicas de ritmo, melodia, som, tonalidade, leitura e escrita musicais são apresentadas à criança por meio de canções, jogos, pequenas danças, exercícios de movimento, relaxamento e prática de pequenos conjuntos instrumentais.

 

De acordo com Feres 1989 apud Joly (2003, p. 116): “[...] dizer que uma pessoa é musicalizada significa dizer que ela possui sensibilidade para os fenômenos musicais e sabe expressar-se por meio da música cantada, assobiando ou tocando um instrumento etc.” Assim, não apenas as crianças podem ser musicalizadas, mas todo ser humano de qualquer faixa etária pode passar por esse processo de contato significativo com a música, seja numa banda ou num coral.

Engana-se aquele professor que acredita que para realizar o trabalho com música na escola necessita executar um instrumento. Claro que o domínio de algum instrumento viabiliza algumas ações e oferece outras opções de trabalho, mas não é exatamente necessário, já que nascemos com um valioso instrumento musical: a voz. A voz bem usada na sala de aula proporciona rica vivência musical e a execução de atividades que não precisam de nenhum outro recurso material.

Segundo Campos (2001, p. 33) “A aprendizagem envolve o uso e o desenvolvimento de todos os poderes, capacidades, potencialidades do homem, tanto físicas, quanto mentais e afetivas.” O psicopedagogo através de seus estudos demonstra aos educadores a preocupação em inserir efetivamente a música no currículo, ao mesmo tempo que demonstra a valorização desse ensino por motivos que estão fora do contexto musical, isto é, ensina–se a música como um meio para amenizar a agressividade, para ajudar na concentração, para disciplinar, acalmar, facilitar na aquisição de novos conhecimentos em todas as disciplinas; temos na musicalização uma riqueza que deve ser explorada em sua totalidade.

Beyer, pesquisadora em educação musical infantil, é enfática se referindo ao ensino da música para crianças. A autora constatou que várias das concepções reveladas em relação a musica são voltadas a um pensamento utilitarista. Segundo Beyer, 2001 apud Hummes (2004, p. 23):

 

                                      Música é importante coadjunvante no trabalho psicomotor, inglês, aprendizagem de números, cores, etc [...] música vai ajudar a acalmar as crianças [...] música vai organizar as crianças [...] música alegra as crianças [...] música é excelente marketing para a escola.

 

Presisa-se entender que a educação musical não visa a formação do músico profissional. O objetivo da música bem como o objetivo do psicopedagogo, entre outros, é auxiliar no processo de aprendizagem das crianças, é valorizar seu conhecimento, o que elas trazem consigo, ou seja, sua bagagem cultural é alegrar o processo ensino-aprendizagem e garantir a construção de sua cidadania.

De acordo com Brito 1998 apud Joly (2003, p. 116), educadora musical aprender musica significa:

 

                                      Ampliar a capacidade perceptiva, expressiva e reflexiva com relação ao uso da linguagem musical. É importante que no processo de musicalização a preocupação maior seja com o desenvolvimento geral da criança, assegurado pelas aprendizagens de aptidões complementares àquelas diretamente relacionadas às musicais. É importante também, segundo a autora, que a escolha de cada um dos procedimentos musicais tenha por objetivo promover o desenvolvimento de outras capacidades na criança, além das musicais tais como: capacidade de integrar-se no grupo, de auto afirmar-se, de cooperar, de respeitar os colegas e professores, comportar-se de uma forma tolerante (respeitar opiniões e propostas dos que pensam diferente dela), de ser solidário e cooperativo em vez de competitivo, de ouvir com atenção, de interpretar e de fundamentar propostas pessoais, de comportar-se comunicativamente no grupo, de expressar-se por meio do próprio corpo, de transformar e descobrir formas próprias de expressão, de produzir idéias e ações próprias.

 

Nesse sentido, percebe-se a importância de estarmos inserindo na educação infantil atividades musicais. O compromisso precisa ser de todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, pais, educadores, psicopedagogos, supervisores, enfim todos que direta ou indiretamente podem contribuir para o desenvolvimento integral do nosso aluno. A música trabalha a criança como um todo e desenvolve atitudes e capacidades essenciais na formação do cidadão consciente de seus direitos e deveres para com o próximo.

Hentschke 1995 apud Joly (2003, p. 117) pesquisadora e educadora em música, enumera algumas razões importantes para justificar a inserção da música na escola:

 

                                     O desenvolvimento das suas sensibilidades estéticas e artísticas, o desenvolvimento da imaginação e do potencial criativo, um sentido historico da nossa herança cultural, meios de transcender o universo musical de seu meio social e cultural, o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor, o desenvolvimento da comunicação não-verbal.

 

É importante destacar que a música deve estar presente na escola como um dos elementos formadores do individuo. Para que isso aconteça, é imprescindível que o professor: “[...] seja capaz de observar as necessidades de seus alunos e identificar, dentro de uma programação de atividades musicais, aquelas que realmente poderão suprir as necessidades de formação desses alunos” Joly (2003, p.118). Nessa perspectiva nota-se o compromisso que o educador deve ter ao propor atividades musicais ao seu aluno, compromisso esse que não deve ficar somente a cargo do educador e sim de todos os envolvidos com a educação dos alunos.

 

Conclusão

 

Este trabalho/reflexão teve como objetivo focalizar a ação do psicopedagogo e os benefícios existentes com a utilização da música na aprendizagem dos alunos da educação infantil. Nota-se que a aprendizagem das crianças por meio da utilização musical tornam as aulas mais atraentes, descontraidas e divertidas, não esquecendo assim de cumprir as exigências curriculares.

Dessa forma educador e psicopedagogo representam um caminho para ultrapassar barreiras e construir um novo processo educativo. Uma vez que através das atividades musicais pode-se notar o aluno como um todo, seus avanços, suas dificuldades e os prováveis caminhos a seguir para atingir os objetivos propostos aos alunos.

Para tanto, direção escolar, educador e psicopedagogo devem estar empenhados em encontrar caminhos para assegurar a aprendizagem na educação infantil através da música tornando as aulas atraentes e interessantes aos olhos dos nossos alunos. O psicopedagogo é uma alternativa desejável para trabalhar juntamente com o educador na educação infantil.

 

REFERÊNCIAS:

 

CAMPOS, Dinah Martins de Souza. Psicologia da aprendizagem. Petrópolis, Vozes, 2001, 31ª ed.

 

 

COLL, César. trad. Emília de Oliveira Dihel. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002, 2ª ed.

 

 

HUMMES, Julia Maria. Por que é importante o ensino da música? Considerações sobre as funções da música na sociedade e na escola. Revista da ABEM, Porto Alegre, v. 11, setembro, 2004.

 

 

JOLY, Ilza Zenker Leme. Educação e educação musical: conhecimentos para compreender a criança e suas relações com a música. In: DEL BEN , Luciana; HENTSCHKE, Liane. Ensino de Música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003.

 

 

PENNA, Maura. Reavaliações e buscas em musicalização. São Paulo: Loyola, 1990.