Atualmente, vive-se uma verdadeira conjuntura de incertezas dos padrões na cultura e na ciência. Surge um novo modo de compreender o mundo, as pessoas e, logicamente, uma nova maneira de "conhecer" está adquirindo forma. Esse novo modo de conhecimento está sendo chamado de ciência pós- moderna.

Se existe um novo modo de conhecer, o ensino da Língua Portuguesa também tem que ser pensado diante desse novo enfoque. O que causa preocupação é a maneira como se ensina a Língua Portuguesa na Educação Básica, a obsessão gramaticalista, a distorcida visão de que ensinar uma língua seja ensinar a escrever "certo", o esquecimento a que se relega à prática da língua, e mais que tudo, a postura opressora e repressora, alienada e alienante desse ensino.

Urge, portanto, a mudança no ensino da Língua Portuguesa, passando de uma postura normativa, purista e alienada para uma visão do aluno como alguém que já sabe a sua língua, pois a maneja com naturalidade muito antes de ir à escola e, apenas necessita, aperfeiçoar-se nesse campo, aprender a ler e escrever, ser exposto a diversos modelos de língua escrita e oral e fazer tudo isso com prazer e segurança, num ensino no mais íntimo terreno da vida humana, que é a linguagem, onde estruturamos o mundo em nosso interior e nos ligamos a ele.

A educação está na pauta das discussões mundiais. Em diferentes lugares do mundo discute-se cada vez mais o papel essencial que ela desempenha no desenvolvimento das pessoas e sociedades.

Se o ensino da língua materna está fracassando, faz-se necessário repensá-lo e transformar as ações diante deste pressuposto. O que se percebe ainda em aulas de língua portuguesa é o ensino da gramática normativa, um ensino que reduz a língua a uma variedade lingüística de forma mecânica e reprodutora. Se há fracasso, evidentemente, que esta não é a melhor maneira, nem o melhor caminho a ser seguido.

Nesse contexto, não é permitido ao educador levar os estudantes a engolir um conhecimento da língua bem "empacotado", pouco significativo para eles. Sendo assim, o educador deverá oferecer instrumentos e condições que ajude o aluno à "aprender a aprender". Uma educação que o ajude a formular hipóteses, construir caminhos, tomar decisões, tanto no plano individual como coletivo.

O educador deve perceber que o objetivo maior do ensino da Língua Portuguesa não é o aluno conhecer ou saber todas as regras gramaticais, mas fazê-lo aprender as maneiras de pesquisar e de refletir, utilizando métodos de percepção que possa aplicar sozinho.

Para o paradigma emergente educacional infere-se que o ensino da linguagem padrão contemporânea deva basear-se na prática da leitura. A leitura é um processo de aprendizagem da língua padrão.O leitor não é passivo, mas agente, porque busca significações, e a partir destes, constrói para si novos entendimentos. A leitura é enriquecedora, através dela se conhece a força das palavras, ela nos ajuda a pensar, refletir e ver o mundo com outro olhar. Não um olhar ingênuo, mas questionador de quem quer buscar e descobrir.