O ENSINO DA LÍNGUA MATERNA: GRAMÁTICA E LEITURA NO CONTEXTO ESCOLAR BRASILEIRO.*

Flávio Loiola Frota**

RESUMO: 

O referido artigo aborda o ensino brasileiro de acordo com as abordagens da língua materna, como os profissionais da educação interagem com os seus alunos para compor um ensino de qualidade e identificar os erros e aspectos corretos na educação brasileira. O sistema escolar repassa a gramática, mostrando apenas a norma culta como a correta, e deixando as variantes como erradas, as quais têm gerado sérias dificuldades para os professores, além de divergências em suas posturas. Mostrando a gramática e a leitura como um sistema unificado de comunicação entre falante/ouvinte e observando o ensino de língua materna nas escolas do país.

 

Palavras-chave: Língua materna. Gramática. Leitura. Ensino.

 

 1 INTRODUÇÃO

 

               O presente artigo destaca os pontos principais do ensino da língua materna nas escolas públicas, destacando os fatores e influências que levam os professores a ensinar de forma concreta e planejada a gramática e a leitura intertextualizada.

                 Com base nas ideias de autores renomados na área, como Bechara (1989), Faraco e Castro (1999), Fiorin e Savioli (1993-1996), Neves (2000) Possenti (2004) e Travaglia (1997), destacando o ensino da gramática nas escolas brasileiras, as quais tratam a mesma como um manual de regras e influências para o tratamento da norma culta na sociedade. Outro objetivo é destacar os pontos principais da leitura no ensino da língua portuguesa no contexto brasileiro.

                  A expectativa deste artigo é compreender os aspectos e dimensões da situação escolar do país, da linguagem e os aspectos relevantes que devem ser transmitidos aos alunos sobre conceitos de gramática e leitura no ensino de língua materna. Outra parte relevante do artigo é entender como vem sendo trabalhado o livro didático pelos professores, no que diz respeito ao novo modelo de ensino imposto pelos PCN.

 

2 CONCEITOS E OBJETIVO: GRAMÁTICA E LEITURA

 

                     Os usuários da língua portuguesa têm dificuldades, muitas vezes, em ler e escrever conforme as normas estabelecidas pela gramática normativa, pois todo aquele conjunto de regras da escola tradicional em geral, não é bem atraente aos alunos brasileiros.

                      O sistema escolar repassa a gramática, mostrando apenas a norma culta como a correta, e deixando as variantes como erradas, as quais têm gerado sérias dificuldades para os professores, além de divergências em suas posturas. Bechara (1989) diz que muitos professores de língua materna, confusos em suas próprias convicções, ensinam seus alunos a desacreditarem os padrões da língua culta, escrita ou falada, acabam por desorganizar tais padrões e tornarem-se, eles próprios, incapazes de ensiná-los.

                     A gramática está inserida na escola desde tempos primordiais, e sempre foi transmitida de forma metódica com regras e exceções. A gramática é um termo de difícil definição, pois ao longo de tempo surgiram vários conceitos, termo que abrange vários pensamentos. Segundo o pensamento de Neves (2000) é o mecanismo finito capaz de gerar o conjunto infinito de enunciados bem formados de uma língua.

                    Gramática é manter o cuidado com adequação social do produto linguístico, adequando registros e garantindo condições de diferentes padrões da língua, a escola valoriza a gramática como o “jeito certo” de se produzir comunicação, e estabiliza esta proposta priorizando apenas o conjunto de regras como o “certo”.

Segundo Travaglia (1997, p.9):

 

O ensino de gramática nas aulas de português como língua materna tem, sem dúvida, representado um problema constante para os professores de Língua Portuguesa das escolas de 1° e 2° graus deste país. Estes, principalmente depois das constantes e reiteradas críticas ao ensino de gramática nesse nível e também à própria teoria da gramática tradicional e à gramática normativa, sentem-se angustiados sobre o que fazer em sala de aula. Muitas vezes o desnorteio é tal que os professores acabam não fazendo nada que seja significante para a vida dos alunos.

                O contexto gramatical das universidades e posteriormente das escolas ainda não atende o nível de qualificação dos professores, pois muitos não aprendem adequadamente o que lhe foi imposto e acabam por transmitir de forma errada gerando um aglomerado de sucessivos erros no ensino, afetando a base escolar do aluno.

                  É bem mais fácil inserir a gramática dentro de outras habilidades, como textos, interpretações, jogos, entre outras didáticas utilizadas para o ensino da língua desde os primeiros anos, do que trabalhá-la de forma direta, fazendo com que os alunos estudem regras por cima de regras, já que se consideram as regras como algo do passado, pois a gramática pura não vem mais em primeiro plano, a gramática é trabalhada a partir de textos e interpretações despertando ainda mais a capacidade de leitura interpretativa dos alunos, como por exemplo, os livros didáticos, em que a gramática já está sendo trabalhada dentro do texto.

                 Já o processo de ensino-aprendizagem da leitura é sem duvida, muito instigante e desafiador, tanto para o aluno como para o professor. Adquirir a capacidade de ler significa sobretudo, a condição de compreender os significados do mundo que vai se mostrando cada vez maior e mais surpreendente. São nessas descobertas que alguns alunos apresentam mais dificuldades do que os outros.

                 A leitura é um ato de conhecimento, pois ler é perceber e compreender as relações existentes no mundo. Nesse sentido, pode-se definir leitura como um ato individual, voluntário e interior que se inicia com a decodificação dos signos linguísticos que compõem a linguagem escrita convencional, mas que não se restringe à mera decodificação desses signos, pois, a leitura exige do sujeito leitor a capacidade de interação com o mundo que o cerca. Ler é atribuir sentido ao texto, relacionando-o com o contexto e com as experiências prévias do leitor, é a interação entre os indivíduos da língua.

               A leitura hoje é desenvolvida de modo mais interpretativo em algumas escolas, fazendo o aluno buscar meios e intenções para o prazer de ler, algumas escolas buscam esse prazer através de textos chamativos e indicados para cada idade, como é o caso das tiras, desenvolvendo o aspecto inferencial. Porém, não é sempre assim, algumas escolas não têm formado leitores que levem adiante esse interesse pela leitura, quando formam aqueles que buscam em leituras exploratórias apenas informações necessárias à finalidades imediatas. O desinteresse pela leitura tem origem na pré-escola e deve-se, em grande parte, ao tipo de literatura que é oferecido às crianças, não considerando o interesse e a faixa etária, tornando assim o primeiro contato com o livro desprazeroso.

                 Muitos alunos sofrem com essa deficiência no ensino, e isso se dá por muitas vezes no ensino público, chegando a uma universidade, com deficiência na lecto-escrita. O aluno deve exercer a capacidade de ler um texto, dando a ele “[...] coerência e sentido. Isso quer dizer que ele não é um amontoado de frases, ou seja, nele, as frases não estão pura e simplesmente dispostas umas após as outras, mas estão relacionadas entre si.” (FIORIN E SAVIOLI, 1996, p.14), o que muitas vezes não se percebe na escola é que muitos alunos precisam de mais aulas de leitura, pois muitos deles só lêem o que está exposto no texto, não percebendo as entrelinhas, deixando a interpretação de lado, e sendo apoiados ainda pelos próprios professores. O profissional de língua deve possibilitar ao aluno ler de forma a identificar o que vem exposto, dentro e fora do texto, não valorizar apenas a leitura perfeita, e sim aprimorar a leitura inexperiente.

                O objetivo principal deste artigo é descrever como é o ensino gramatical e da leitura nas escolas brasileiras, como são encarados e dinamizados, a partir de textos e autores críticos como Neves (2000). Buscando verificar se o ensino da gramática e da leitura é realizado de modo contextualizado ou se o texto é apenas um pretexto para tal abordagem ou, ainda, se o ensino gramatical é levado a efeito apenas teórico-prescritivo.

                 Outro intuito é apresentar possibilidades de intervenção para que haja um trabalho voltado para a gramática contextualizada com a leitura e refletir sobre os problemas presentes na escola, pensando em possibilidades de resolução que devem ser prioridade de todos aqueles que atuam na construção do conhecimento e na formação de professores com base no interacionismo uma vez que ensino-aprendizagem são atividades imbricadas que se estendem como uma rede para variadas direções.

 

3 O ENSINO DA LÍNGUA MATERNA NO BRASIL

 

                  A língua materna começa a ser repassada nos primeiros anos de vida no ato da alfabetização, com o passar dos anos os alunos do ensino fundamental e médio vão aprendendo as regras da língua e aperfeiçoando seu modo de falar.

                  Os professores de língua materna se preocupam com as melhores formas de introduzirem os gêneros, criando-se aí uma falsa dicotomia, pois o aluno do ensino fundamental, assim como o aluno do ensino médio está também, ao longo de seu processo de escolarização, em processo de letramento. Aliás, nesse processo, estão todos os que utilizam a língua escrita em seu cotidiano.

Segundo Faraco e Castro (1999, p.1):

 

O ensino de língua materna, desde as primeiras letras até o estudo da nossa tradição literária, tem sido alvo de preocupação de especialistas das mais variadas áreas. Assim, o ensino de linguagem, de um modo geral, vem sendo há algum tempo tema de discussão de gramáticos, pedagogos, psicólogos etc. que, evidentemente, centraram seus estudos e críticas segundo pressupostos e pontos de vista próprios às suas áreas de conhecimento.

                   As implicações da língua se dão no modo de como os alunos precisam lhe dar com situações diferentes na vida, assim tendo que se adequarem ao novo estilo, a formação dos alunos tanto do ensino fundamental como do médio vai ocorrendo no decorrer de sua educação básica.

                  As abordagens do ensino da língua portuguesa são bem mais complexas no sentido de repassar para os novos usuários. O estudo da língua concentra-se nas teorias e métodos, organizados de modo satisfatório para o contexto em sala de aula, e deve ser entendida como uma instituição heterogênea onde há vários mecanismos englobados.

                Os linguístas defendem que a unidade básica do ensino da língua é o texto, é com ele que o aluno vai aprender as unidades básicas da linguagem, e não apenas com as regras e exceções estabelecidas pelo ensino tradicional. “O objetivo de estudo privilegiado no ensino de linguagem, ao abandonarmos o formalismo gramatical, deve ser o texto, na medida em que ele é, de fato a manifestação viva da linguagem” (FARACO E CASTRO, 1999, p.2), em que uma das formas de aprendizagem concreta que os PCN’s vêm debatendo é o texto como unidade básica do ensino da língua.

                  Essa questão deve ser pautada de uma observação, de que a gramática não deve ser excluída da escola, pois ainda é o meio de normatização mais comum e construtivo do Brasil, ela apenas deve ser inserida de forma textualizada.

                O principal objetivo da língua materna é fornecer ao usuário uma competência comunicativa, “[...] a capacidade do usuário de empregar adequadamente a língua nas diversas situações de comunicação” (TRAVAGLIA, 1997, p.17), essa competência é o modo de organizar e compreender os textos e normas de acordo com o nível de coerência. Essa competência se divide em linguística ou textual.

De acordo com Travaglia (1997, p.17-18):

 

A competência gramatical ou lingüística é a capacidade que tem todo usuário da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor) de gerar seqüências lingüísticas gramaticais, isto é, consideradas por esses mesmos usuários como seqüências próprias e típicas da língua em questão. [...] A competência textual é a capacidade de, em situações de interação comunicativa, produzir e compreender textos considerados bem formados, valendo-se de capacidades textuais básicas [...].

 

 

            Conforme este pensamento, o principal objetivo de ensinar a língua materna é inserir no usuário as competências comunicativas de produzir textos e enunciados lógicos da língua, ajudando o faltante/ouvinte a se comunicar de forma consciente com o outro.

 

4 METODOLOGIA

 

                   Nas aulas de língua portuguesa, os professores das escolas públicas devem refletir sobre o trabalho pedagógico que vem realizando, no ensino de língua, gramática e consequentemente a leitura.

                   O conteúdo enfocado neste artigo descreve e analisa o ensino de língua portuguesa, mais precisamente, o ensino da língua e da gramática, verificando os estudos e pesquisas realizadas em torno da gramática e da leitura no ensino básico brasileiro, analisando como é feito e repassado o ensino da língua nas escolas públicas.

                   O objetivo principal do trabalho é desenvolver uma pesquisa bibliográfica a respeito do assunto, respondendo questões de como é o ensino brasileiro, como os professores estão levando o ensino para a escola e repassando a língua, gramática e leitura, tendo em vista os livros didáticos, como a gramática vem sendo trabalhada junto com a leitura no texto.

                     O artigo foi desenvolvido através de observação do cotidiano, e de cunho bibliográfico, aprofundando o embasamento teórico com autores como Bechara (1989), Faraco e Castro (1999), Fiorin e Savioli (1993-1996), Neves (2000), Possenti (2004) e Travaglia (1997). Esse aprofundamento é feito com citações e relações explicativas dos textos dos autores, observando como eles vêem o ensino de língua nas escolas do Brasil, como descrevem a gramática e o seu modo de ser trabalhada, pois no país a escola “não reflete com os alunos sobre o que, realmente, representa ‘falar e escrever melhor’” (NEVES, 2000, p.54), a escola ainda debate muito pouco o ensino e as variantes da língua, ainda analisa e pacifica a língua e seu ensino apenas para a quantificação para o governo e não observam a qualidade do ensino e aprendizado dos alunos.

                    Portanto, a justificativa para o artigo está nas deficiências percebidas no ensino da língua portuguesa. Embora seja possível aprender uma língua sem conhecer a metalinguagem, ou seja, os diferentes tipos de estudar linguagens, com a qual ela é analisada, a reflexão sobre a linguagem, a descrição da sua estrutura e a explicitação das regras são fatores que permitem escolhas conscientes e o domínio da norma padrão. “Ensinar gramática é ensinar a língua em toda a sua variedade de usos, e ensinar regras é ensinar o domínio de tais usos” (POSSENTI, 2004, p. 86).

               Então, de modo satisfatório o que fazer para uma melhor aprendizagem da língua materna, da gramática e da leitura no ensino fundamental e médio?

                 Seria a formalização da aprendizagem da língua coloquial juntamente com língua culta, uma contraposição das gramáticas normativa e descritiva, assim favorecendo e estabelecendo debates entre as duas, de forma geral os alunos aprenderiam que a gramática normativa com suas regras nem sempre, de acordo com a comunidade, é falada, distinguindo assim as variantes da língua.

 

5 ANÁLISE E DISCUSSÕES

 

                Os usuários de língua portuguesa têm dificuldades em usar a gramática e ler. Muitos alunos ao ler, visam apenas a decodificação e o pronunciamento perfeito nas aulas de português, o professor atribui uma ótima nota, sem saber ao menos que o aluno tenha compreendido perfeitamente o texto, enquanto um outro aluno que, não decodifica perfeitamente o texto, mas a compreensão textual é atingida, de modo geral o segundo caso, é o melhor leitor, estes exemplos são os mais percebíveis no contexto escolar.

                  A leitura é entendida como “[...] o resultado, o produto concreto da atividade comunicativa que se faz seguindo regras e princípios discursivos [...]” (TRAVAGLIA, 1997, p.67), desse modo, a leitura deve ser considerada um método de comunicação e interação entre falante, escritor, ouvinte, leitor, sabendo que a comunicação só acontece quando ambos compreendem o assunto pronunciado.

                Para isso, o ensino da língua materna implica em ajudar o falante/ouvinte a interagir de forma consciente com o outro. O língua começa a ser aprendida nos primeiros anos de vida, quando a criança começa a adquirir a linguagem com seus pais, após isso o ensino da língua é complementado na escola coma intermediação do professor.

                No entanto, a gramática era repassada nas escolas, até pouco tempo de forma ineficiente, pois para muitos alunos, a gramática não é a melhor forma de estudar, “a gramática é concebida como um manual com regras de bom uso da língua a serem seguidos por aqueles que querem se expressar adequadamente” (TRAVAGLIA, 1997, p.24), este modo de ver a gramática é o que se percebe no contexto escolar brasileiro, um manual cheio de regras, temido por muitos estudantes.

De acordo com Neves (2000, p.52):

 

                 Não é necessária muita argumentação para que se assegure que ensinar eficientemente a língua – e, portanto, a gramática – é, acima de tudo, propiciar e conduzir a reflexão sobre o funcionamento da linguagem, e de uma maneira, afinal, óbvia: indo pelo uso lingüístico, para chegar aos resultados de sentido. Afinal, as pessoas falam – exercem a linguagem, usam a língua – para produzir sentidos, e, desse modo, estudar gramática é, exatamente, pôr sob exame o exercício da linguagem, o uso da língua, afinal, a fala.

            Ensinar a língua é repassar também a gramática, o uso da gramática é essencial para produzir sentido e utilizar os argumentos cultos da língua. Para haver a comunicação, deve existir a interação falante/ouvinte.

           Certamente as aquisições da linguagem dão origem e avanço aos estudos ideológicos, é o que diz Fiorin (1993, p.6) “a linguagem é singular em relação às instituições sociais”.

            Para relacionar linguagem e ideologia, não é correto dizer que a linguagem é autônoma como o pensamento, pois ambos são expressões da vida. Fiorin (1993, p.8) diz que “a linguagem é um fenômeno extremamente complexo, que pode ser estudado por muitos pontos de vista (...)”, então como a linguagem é algo complexo é um pouco difícil relacioná-la com ideologia, para fazer essa comparação, tem-se que desvincular a linguagem da vida social, sem ao menos perder sua especificidade, assim reduzindo-a ao vínculo ideológico.

            Toda forma de ideologia corresponde a uma formação discursiva da linguagem, então a formação ideológica deve ser entendida como uma visão de mundo da sociedade, como não há ideias sem linguagem (verbal ou não-verbal), pode-se dizer que uma está ligada a outra, sendo que ambas não funcionam de modo isolado, ou seja, pensamento e linguagem são ramos diferentes, mas indivisíveis, um precisa do outro. Como afirma Fiorin (1993, p.34) “por causa dessa indissiociabilidade, pode-se afirmar que o discurso materializa as representações ideológicas.” De acordo com o que foi visto, o homem associa visão de mundo pelo discurso que assimila.

            Analisando a leitura, a habilidade mais importante do homem, é a partir dela que se desenvolvem as outras habilidades de conhecimento. Ler não é apenas traduzir silabas em sons, na boa leitura tem que haver a decodificação, compreensão, interpretação e retenção do que foi lido.

           Na decodificação, o aluno deve decodificar os símbolos, fazendo leitura superficial, anotando as palavras que não conhecem; na compreensão o aluno dar sentido ao que foi lido, identificando do que se trata o texto; na interpretação, o aluno da uma sequência de ideias lógicas ao texto; na retenção, o leitor é capaz de reter e trabalhar repassando as informações colhidas nas etapas anteriores.

             Para desenvolver o hábito da leitura, os alunos devem gostar de ler, o professor tem o papel principal de estimular e desenvolver as habilidades de leitura, porém devem deixar os alunos a vontade para escolher que tipo de livro querem ler, os professores devem valorizar o gosto do aluno.

             Como afirma Neves (2000, p.52):

 

A escola tem a obrigação, sim, de manter o cuidado com a adequação social do produto lingüístico de seus alunos, isto é, ela tem de garantir que seus alunos entendam que têm de adequar registros; e ela tem de garantir que eles tenham condições de mover-se nos diferentes padrões de tensão ou de frouxidão, em conformidade com as situações de produção. Isso é obrigação da escola, que a escola antiga valorizou tanto, a ponto de ser estigmatizada por isso, e que, em nome da própria lingüística, a escola de hoje negligencia.

 

             É o que acontece nas escolas de hoje, muitas seguem o modelo antigo de valorização, estigmatizando o ensino, tornando-o um produto pronto, deixando toda aquela rotina escolar, os alunos vão à escola para cumprir metas e ganhar um certificado.

            As escolas juntamente com os professores vêm transmitindo a língua fundindo gramática e texto. Os livros didáticos, já estão atualizados e quase não se vê gramática pura, os livros didáticos estão recheados de muitos textos, trabalhando a gramática através dos próprios textos de literatura, encorajando ao professor buscar mais fontes e recursos para dinamizar as aulas de língua portuguesa.

                O ensino brasileiro vem mudando cada vez mais o contexto de ensinar gramática e para quê ensiná-la, o objetivo principal da gramática é estabelecer ao aluno um complexo aprendizado da língua e seu contexto. A escola deve levar o aluno à compreensão da natureza do estabelecimento do circuito de comunicação, até que ele aprenda a refletir sobre a própria atividade de compor enunciados.


6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

                  O objetivo principal deste relato foi descrever uma verificação de que o domínio da língua portuguesa é imprescindível para que o falante possa exercer suas atividades profissionais, em diversas instâncias. Não se desconsidera, em nenhum momento, que a língua é constitutiva de todos os sujeitos, e é exatamente por isso que a língua materna deve ser trabalhada de maneira que cada aluno se sinta um usuário dela e não escravo de suas normas.

              Há um questionamento a cerca do ensino de língua portuguesa nas escolas, pois ao educador compete o ensino da gramática normativa para o cumprimento dos PCN’s, os quais servem de referência para o trabalho de todas as disciplinas para a formação escolar dos alunos. Observa-se uma grande dificuldade em relação à aprendizagem, por parte desses, de acordo com a norma culta imposta devido à cultura dos estudantes que, muitas vezes, é incompatível levando os mesmos a concluírem a vida escolar sem saberem ler e escrever adequadamente.

            Contudo, ensinar gramática e consequentemente a leitura é estabelecer no aluno a capacidade interagir com o outro. As escolas devem despertar no aluno o interesse por sua língua materna, tornando-os próprios a criar frases e textos lógicos para o uso da língua e da comunicação.

 

REFERÊNCIAS

 

BECHARA, Evanildo. Ensino da gramática. Opressão? Liberdade? 4 ed. São Paulo: Ática, 1989.

FARACO, Carlos Alberto e CASTRO, Gilberto de. Por uma teoria lingüística que fundamente o ensino de língua materna (ou de como apenas um pouquinho de gramática nem sempre é bom). Disponível em: <http://www.educaremrevista.ufpr.br/arquivos_15/faraco_castro.pdf>. Educar em Revista: 1999. Acessado em: 31/mai/12.

FIORIN, José Luiz. SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1996.

_______. Linguagem e Ideologia. São Paulo: Ática, 1993.

NEVES, Maria Helena de Moura. A Gramática: Conhecimento e Ensino. São Paulo: UNESP, 2000.

POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola? Campinas: Mercado de Letras, 2004.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1° e 2° graus. 3 ed. São Paulo: Cortez, 1997.

 



* Artigo elaborado como pré-requisito para aprovação na disciplina Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa.

** Acadêmico do 6° período do Curso de Letras Plenas Hab. em Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.