O ENSINO-APRENDIZAGEM DA ESCRITA ATRAVÉS DA LEITURA

SERRA

2012

MARLON ANTÔNIO PEREIRA DE SOUZA

O ENSINO-APRENDIZAGEM DA ESCRITA ATRAVÉS DA LEITURA

Pesquisa da prática pedagógica apresentada ao Curso de Letras – Português – 2ª graduação da Faculdade Brasileira – FABRA como requisito avaliativo. 

SERRA

2012 

O ENSINO-APRENDIZAGEM DA ESCRITA ATRAVÉS DA LEITURA 

Marlon de Souza 

RESUMO

O presente artigo visa demonstrar a importância da escrita que pode ser complementada e trabalhada através da leitura, pois, é de conhecimento daqueles que trabalham na área da educação que muitas ainda são as crianças em fase de alfabetização que não sabem ler e nem escrever e que vão para a série seguinte com estas dificuldades associadas a outras que contribuem para o fracasso escolar do aluno. Daí a necessidade de se explorar desde a educação infantil o gosto pela leitura, pois, tem base científica que quem lê corretamente tem mais vontade de aprender e por isso se faz importante que o professor que alfabetiza explore sempre e cada vez mais o lado cognitivo da criança ainda na educação infantil, pois, assim teremos crianças bem mais informadas e críticas. 

Palavras-chave: ensino-aprendizagem; leitura, escrita, crianças, alfabetização. 

1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que o processo de ensino aprendizagem da leitura é um desafio tanto para o aluno como para o professor, pois, adquirir capacidade de ler significa ter a condição de compreender um mundo que vai se mostrando cada vez maior e mais surpreendente e é através destas novas descobertas que muitos alunos apresentam mais dificuldades do que os outros.

Daí a necessidade de se falar cada vez mais com base sobre a relação da leitura no processo da escrita, pois, é comprovado que a maioria dos alunos não mostra vontade e nem gosto em ler e consecutivamente, escrevem mal, pois, a maior parte destes alunos lê como obrigação e não como um sentido em aprender algo novo e que pode lhe ser muito útil em sua vida.

 

Os alunos de hoje, em grande parte leem somente o que lhe é determinado, sem dar à leitura seu valor real, sem perceber a necessidade de ler para buscar informações, conhecimentos, para enriquecer seu vocabulário, para visualizar palavras e perceber sua ortografia.

E este desconhecimento sobre a importância e a necessidade da leitura torna-se uma barreira no processo de desenvolvimento do aluno, uma vez que ele não a vê como algo prazeroso, não se sente motivado a ler diariamente e espontaneamente, deixando para trás chances de vivenciar ricas experiências de enriquecimento.

Outro ponto que nos leva a trabalhar com este tema, diz respeito ao grande índice de alunos repetentes nas séries iniciais por não apresentarem conhecimentos mínimos necessários para a sua aprovação, visto que é cobrado cada vez mais a capacidade de interação e integração no meio social a qual o individuo encontra-se inserido.

Portanto, formar leitores faz o processo de emancipação de um País e o ato da leitura e da escrita conduz a um processo de aprender, de conhecer, de apreender novos significados que ajuda os alunos a viverem com mais plenitude e para tanto deve-se oferecer aos alunos uma educação que esteja próxima à realidade de cada um e que gere sugestões e ações significativas para a sua vida. 

2 A IMPORTÂNCIA DO SABER LER E ESCREVER

Em tempos modernos no qual a televisão, o computador e a internet são peças chaves da sociedade, a leitura e a escrita não perderam seu valor como necessidade social, mas, passou a ser um grande desafio para a escola mostrar a importância de saber ler e escrever, considerando que por falta de conscientização sobre o hábito da leitura e da escrita cada vez mais, os alunos apresentam sérios problemas na organização do pensamento e da escrita (PADILHA, 2007, p. 54). 

Na verdade o que falta é um senso crítico de cada pessoa diante da realidade e das condições de saber fazer as escolhas pessoais certas para o futuro, visto que educar nos dias de hoje tem outra conotação, a de formar seres críticos e conscientes de sua função social.

Daí vem à explicação em torno da escola trabalhar a leitura na formação de cada aluno, algo que não vem sendo realizado em perfeitas condições, pois, o que se vem trabalhando atualmente nas escolas é a leitura como um simples ato de decifrar códigos, reduzindo assim, a leitura a um ato mecânico de decifrar letras.

Padilha (2007, p. 57) ainda adianta que a escola não tem formado leitores que levam adiante pela vida o interesse pela leitura e pela escrita, o que está sendo formado nas escolas é um leitor de simples informações necessárias a finalidades imediatas. Mas, não se pode esquecer que o desinteresse pela leitura tem origem na pré-escola e deve-se, em grande parte, ao tipo de literatura que é oferecido às crianças, por ser um tipo de leitura que não motiva, que não chama a atenção da criança e assim passa a formar um cidadão desmotivado em ler.

A criança pode até saber ler de forma correta um texto, com pronúncia e pontuações corretas, porém se for convidada para contar ou falar sobre o texto, não saberá falar, pois, o que aconteceu com esta criança, é que ela não leu e sim decifrou o sentido do texto. Assim, o que se pode afirmar é que a falta de interesse pela leitura prova que a leitura significativa não foi ativada na infância.

A leitura tem que ser motivo de realização do objetivo da escrita, pois, quem escreve, escreve para ser lido e em alguns casos, a leitura é um processo de descoberta como a busca do saber científico, outras vezes requer um trabalho paciente, perseverante e desafiador. Pode ainda ser apresentada de forma superficial sem grandes aspirações, simplesmente como uma atividade lúdica e individual.

A leitura é uma atividade na qual se tem a assimilação de conhecimentos e de reflexão. Por isso, que os alunos que na escola não aprofundam seus conhecimentos através da leitura estão fadados ao insucesso e assim deixam de inserir na sua aprendizagem uma nova forma de obter conhecimentos e assim ampliar seu aprendizado.

Para Soares (2009, p, 49) diz que:

Mais do que nunca, e não só os livros, mas também revistas, jornais, outdoors, contratos, contas, notas fiscais, é preciso aprender ler, não só como meio, mas como objeto de conhecimento. Assim, torna-se necessário ler, não simplesmente para extrair informações da escrita, decodificando-a, letra por letra, palavra por palavra, e sim para compreender o sentido da escrita.

Já os PCN (1998, p. 94) diz que:

A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir de seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a língua: características do gênero, do portador, do sistema de escrita.

Sendo assim, é essencial compreender as ações que se acionam na mente dos alunos quando estes estão tentando absorver os símbolos gráficos e saber quais estratégias utilizar para auxiliá-lo no ato de ler e escrever. E neste ínterim, surge a psicopedagogia, que é capaz de oferecer alternativas de ação no sentido de uma transformação, o que possibilita a escola e os alunos uma melhoria nas condições de aprendizagem.

Nos últimos anos novas propostas pedagógicas surgiram e novos modelos de professores também, pois, já podemos encontrar professores mais motivados e desejosos em ensinar, principalmente quando está alfabetizando, pois, a maior recompensa do professor é vê um aluno sabendo ler e escrever e com isso aparecem mais motivados e inovados para melhorar suas ações e metas e de reflexão sobre a sua prática (SOARES, 2009, p. 22).

Vygotsky (1998, p. 66), estudioso importante para a área da educação demonstra em seus estudos preocupação constante com a questão do desenvolvimento e com a importância dos processos de aprendizado, pois, para ele, o desenvolvimento individual se dá no ambiente social determinado e na relação com o outro.

Vygotsky (1998, p. 67) ainda diz que o desenvolvimento do Ser Humano é produto de sua interação com o meio tanto físico como o social, se faz necessário agir para possibilitar que as crianças aprendam pensando, ou seja, construindo sua escrita e buscando formas diversas para solucionar situações problemas surgidas em seu cotidiano.

O indivíduo não nasce pronto e acabado, portanto é necessário que o professor conheça o nível de aprendizagem em que se encontra o seu aluno para que possa contribuir em sua educação em todos os aspectos visto que a criança não chega à escola sem saber nada, pois traz consigo sua bagagem histórica, cultural e social.

Assim sendo, o professor deve trabalhar a partir do que a criança mostra que sabe, ou seja, o que ela já domina e assim tornar a aprendizagem mais desafiadora e a escola por sua vez deve se organizar de forma que as necessidades dos alunos sejam sanadas na própria instituição, cujo objetivo é ensinar (VYGOTSKY, 1998, p. 68).

A escola é o espaço em que pode se dar à convivência entre crianças de origens diferentes daqueles que cada uma conhece, com visões de mundo diversas daquela que compartilha em família além de ser um lugar onde se ensina as regras do espaço público.

A escola apresenta à criança conhecimentos sistematizados sobre os Países e o mundo, e aí a realidade plural de um País como o Brasil fornece dados para debates e discussões em torno de questões sociais e fornece a esta criança a oportunidade de poder conviver com a diversidade e assim aprender com ela.

A alfabetização é um dos elementos motores da transformação histórica, é um instrumento indispensável às mudanças sociais, enquanto insere as pessoas na cultura e no mundo, pois, tanto o ato de alfabetizar como o ato de educar são políticos, sociais e não podem ficar à margem das estruturas econômicas, políticas e administrativas, delineando assim as suas diretrizes (VYGOTSKY, 1998, p. 68).

O que se propõe ao alfabetizar segundo Gadotti (2003, p. 13), é que o aluno além de dominar o mecanismo da leitura seja capaz de usá-la como instrumento auxiliar no seu crescimento e desenvolva o gosto pela mesma para que se utilize cada vez mais desse poder como elemento de ajustamento pessoal e social, pois, um cidadão transformado em leitor e usuário da escrita constrói o conhecimento com uma visão crítica da realidade, sempre descobrindo o saber para a construção de um novo mundo através da leitura.

2.1 O PROCESSO DA CONSTRUÇÃO SIGNIFICATIVA DA LEITURA E ESCRITA

Gadotti (2003, p. 14) fala que o ato da leitura e da escrita conduz a um processo de conhecer e aprender novos significados que ajuda os alunos a viverem com mais perfeição. E para concretização deste ato é preciso que a educação oferecida a cada aluno esteja próxima à realidade de cada um e que gere sugestões e ações significativas para a sua vida.

Gadotti (2003, p.21) afirma que:

O papel da educação não pode ser confundido apenas com sua ligação fundamental e intrínseca com o conhecimento e, muito menos, com a pura transmissão de informações visto que educação no mundo globalizado tem função menos lecionadora e mais organizadora do conhecimento.

O professor não é a única variável a intervir no processo da aprendizagem, mas é quem possui um papel muito importante para o desenvolvimento de cada aluno dentro do espaço escolar, pois, conhece os processos de evolução da escrita e detecta a hipótese a qual seu aluno se encontra, poderá propiciar-lhe conscientemente um melhor desenvolvimento.

É importante que o professor conhecer quais são esses processos de compreensão infantil, pois, estes dotam o professor alfabetizador de um valioso instrumento para identificar momentos propícios de intervenção nesse processo além de que conhecer as hipóteses utilizadas pelos alunos na construção da escrita favorece ao professor aplicar atividades que possibilitam avanços nas aprendizagens (GADOTTI, 2003, p. 22).

Quanto melhor o professor entender o processo de construção do conhecimento, mais eficiente será seu trabalho. Portanto, o professor deve ser um parceiro na aprendizagem de seus alunos e de ser capaz de criar um ambiente que facilite situações de diálogo e participação no qual seja possível que os alunos se sintam seguros sem medo de errar (GADOTTI, 2003, p. 22).

 

O professor deve ainda mostrar a confiança a seus alunos a partir do respeito mútuo, acreditando sinceramente nas capacidades dos mesmos e os incentivando com atividades desafiadoras que favoreçam a observação do processo. Há ainda outro fator importante que facilita em um melhor desempenho do aluno, que é o afeto, pois quando o aluno se sente seguro e valorizado, este não terá medo de errar e nem de testar suas hipóteses e assim avançar no processo de construção do conhecimento.

Com as mudanças ocorridas no processo do ensino-aprendizagem no qual o aluno que inicia seu processo de formação da leitura e da escrita não fica reprovado até a terceira série do ensino fundamental inicial, o professor tem que aceitar os erros que a criança produz, de rever os métodos de alfabetização e de conhecer os processos de aquisição da língua escrita (ZILBERMANN, 2008, p. 11).

Porém, o professor não pode deixar seu papel de mediador do processo pedagógico para ser apenas um conferencista que não estimula a pesquisa e o esforço se contentando com a transmissão de soluções já prontas, pois, o processo de aprendizagem da leitura constitui-se em uma relação simbólica entre o que se deve e diz com o que se vê e lê.

Portanto, a leitura deve ser vista como um fenômeno duplo que envolve o compreender e a compreensão, mas, é bom que se saiba fazer a distinção entre ler e aprender a ler, pois, ler é estabelecer uma comunicação com textos por meio da busca da compreensão e aprender a ler é uma atividade que se enriquece com novas habilidades na medida em que se manejam adequadamente estes textos cada vez mais complexos (ZILBERMANN, 2008, p. 12).

O aprender a ler segundo Zilbermann (2008, p. 13) é:

Um processo que se desenvolve ao longo de toda a escolaridade e de toda a vida e as crianças antes da sua entrada para a escola, já tem construções mentais sobre a leitura e a escrita e não se limitam a receber passivamente os conhecimentos.

A criança que chega à escola é um bom leitor do mundo, pois, desde cedo já começa a observar, a interpretar e a interagir, dando significado aos seres, objetos e situações que a rodeiam. Por isso que usa estratégias de busca de sentido para compreender o mundo letrado.

Esta aprendizagem natural da leitura deve ser considerada pelo professor e incorporada as suas estratégias de ensino, com o fim de melhorar a qualidade do processo iniciado no momento em que a criança é capaz de captar e atribuir significado as coisas do mundo.

O trabalho de leitura, na escola tem por objetivo levar o aluno a analisar e a compreender as ideias dos autores e buscar no texto os elementos básicos e os efeitos de sentido. Portanto, é importante que o aluno se envolva, se emocione e adquira uma visão dos diferentes materiais portadores de mensagem presentes na comunidade em que se vive. (FERREIRO, 1991, p. 77).

A leitura acontece quando se produz o sentido e quanto mais informações se tem, mais consciência na formação de sentido terá o leitor, pois além de que se encontram nas linhas é preciso atender também as entrelinhas. Só quem lê é capaz de interpretar, questionar, estabelecer julgamentos do que pode e deve fazer, exercendo plenamente a sua cidadania além de poder mudar a realidade para melhor.

Ferreiro (1991, p. 78) diz que a língua portuguesa faz parte das disciplinas obrigatórias no currículo do Ensino Fundamental e Médio e sem o conhecimento da mesma é impossível que o aluno consiga compreender o meio em que vive e até descobrir as tomadas de decisões que a vida nos impõe.

A leitura possibilitar a cada Ser Humano o seu sucesso e a tomada de consciência da sua importância tornando-se essencial para que se valorize muito a leitura, pois, um bom educador valoriza a leitura e age de forma consciente, cobrando do aluno a leitura diária em casa, idas a biblioteca, jornais, revistas e livros.

Porém Ferreiro (1991, p. 78) faz um alerta de que a leitura não deve ser entendida como uma ação de caráter mecânico e sim deve ser cobrada, exigindo do aluno tudo que foi lido, incentivando-o sempre para que tomem gosto pela mesma. Assim, para que o aluno possa compreender a leitura em um todo, é preciso que se aprenda a ler muito bem, pois, agindo desta maneira, o aluno não encontrará dificuldades em outras matérias, pois todas dependem da leitura.

O ato de ler deve acompanhar o Ser Humano a vida toda. No entanto, a leitura escolar é uma das formas de se fazer leitura, pois dentre os alunos que não gostam de ler na sala de aula, estão aqueles que usam a leitura na vida diária como vendedor ou lendo jornais, revistas, listas de preços e por sua vez, fica a cargo da escola oferecer condições para que as interações aconteçam. Assim, o aluno avança na construção do conhecimento significativo através da contextualização e da interdisciplinaridade (FERREIRA, 1991, p. 79).

 

2.2 O PROCESSO DA CONCEPÇÃO DA ESCRITA E DA LEITURA

Como diz Soares (2007, p. 64) o ato de alfabetizar tem sido uma questão que vem sendo mais discutida e com base em fatos reais, principalmente pelos professores, que é que te a capacidade de detectar se a criança tem algum problema que possa vir a ser um obstáculo para sua vida futura.

Porém nos dias de hoje, não se considera a alfabetização como simplesmente o aprendizado da leitura e da escrita, mas a importância de todo o seu contexto sócio-cultural, histórico e econômico, o qual está inserido o sujeito, tendo como base o contexto de letramento.

Para tanto é que se faz necessário que as pessoas sejam informadas sobre o atual quadro do estudo da leitura e da escrita, levando sempre esta questão a estar relacionada à discussão da importância de uma alfabetização voltada a um contexto, onde a leitura e a escrita tenham sentido com o real. Portanto, é preciso defender assim como Palácios (2007, p. 84), a importância da linguagem relacionada também as bases amadurecidas da criança e a estimulação da aquisição desta linguagem levando-se em consideração processos básicos essenciais para o seu desenvolvimento.

Mas, é bom esclarecer que já há tempos atrás já se ouvia estudiosos falarem sobre a importância de ver a criança não como uma tábua rasa ou como um adulto em miniatura, mas como um ser em construção, sendo importante o entendimento da sua maturação emocional, intelectual tão bem defendida também pelo filósofo norte-americano Dewey (2006, p. 33) que em publicação na revista Nova Escola, busca refletir seus métodos na constante reconstrução da experiência.

É importante também que a escola em seu papel contínuo do sujeito para a transformação e a formação de um sujeito crítico e reflexivo da sua realidade. Todo este contexto deve estimular o conhecimento, a criança deve buscar constantemente o seu aprendizado orientado pelos seus estágios de desenvolvimento em que as crianças estão inseridas.

A alfabetização das crianças de zero a seis anos, deve levar em consideração as idéias que a criança já adquiriu sobre o processo da escrita e da leitura antes de ser inserida no ambiente escolar, pois, assim, a sala de aula com atividades estimulará o processo de ensino-aprendizagem oportunizando o avanço na concepção do sistema escrito e oral.

Inicialmente a diferenciação dos traços do desenho, aos poucos vai se estabelecendo critérios quantitativos e qualitativos das letras e relacionada a formação das palavras, vão também se estabelecendo as relações entre a escrita e o som, imagens e palavras. Porém cabe aqui ressaltar que de uma maneira geral, todos estes conhecimentos, hoje possíveis, deve-se a (Emilia Ferreiro e Ana Teberosky) que possibilitaram na década de 70 a construção de uma didática da alfabetização, considerando a criança como um ser que constrói conhecimento (COLELLO, 2008, p. 69).

Após a inclusão da criança na escola, a alfabetização é sem dúvida o momento mais importante da formação escolar, e infelizmente o que ainda presenciamos, é um desconhecimento da realidade lingüística da criança pelos profissionais de educação, como também pelos livros didáticos.

Por este motivo é que Colello (2008, p. 71) relata que:

Não se aprende a ler e a escrever memorizando a relação de letras e sons ou de exercitar coordenação motora, é preciso proporcionar desafios associando-os aos seus propósitos, banir exercícios mecânicos de caligrafia e silabação fazendo com que professores e pais entendam o real sentido do que é ensinar a ler e escrever e como os alunos aprendem.

 

De um modo geral, define-se alfabetização como o aprendizado do alfabeto, onde o sujeito aprende ou simplesmente memoriza a gramática e suas variações, porém esta etapa consiste não só na construção das habilidades mecânicas, mas na capacidade de interpretar, compreender e criticar, produzindo assim novos conhecimentos e novas formas de compreender o uso da linguagem (COLELLO, 2008, p. 73).

A inclusão deste aluno no mundo real, formando um cidadão crítico e reflexivo esta relacionada de forma direta ao seu contexto social, visto que ler e escrever são bases fundamentais para se alfabetizar. Porém, o melhor a fazer é identificar de verdade o que vem a ser leitura e escrita.

E para começar vamos iniciar pela leitura que possibilita a cada pessoa ter sua própria autonomia e consciência que vai além do que só juntar letras ou decifrar imagens. E na intenção de descobrir as palavras, a leitura reflete nossas indagações, nossas interferências, nossas inquietudes, nossa própria transformação para que aconteça a modificação do contexto em que estamos inseridos além de ser a versão oral de nossas percepções e de nossas ações (COLELLO, 2008, p. 73).

Já a escrita, esta dentro de um contexto social é um registro de informações que vão proporcionando a construção de nossos conhecimentos, é por meio dela que se articulam e se chocam os diferentes contextos, pois, através da escrita é que deixamos nossas marcas no tempo, que contribuímos com a evolução humana do conhecimento.

Desde sua origem, a escrita desvenda mistérios, está atrelada ao poder, revela as enormes desigualdades, escandaliza o que é proibido. A invenção da imprensa traz consigo um marco histórico que também se relaciona a concepção da escrita, da ênfase a formação de um sujeito autônomo, espontâneo, que esteja embasado na transformação da sociedade em questão.

 

 

2.3 AS DIFICULDADES DA LEITURA E DA ESCRITA EM SALA DE AULA

Nos dias de hoje percebe-se a necessidade de refletir sobre as dificuldades de aprendizagens referentes à leitura e a escrita mesmo que a leitura seja um avanço à busca do conhecimento sistemático e aprofundado na educação. Porém, em virtude do não desenvolvimento do hábito da leitura, muitos alunos encontram-se com grandes dificuldades neste contexto (KOCH, 2006, p. 57).

E ainda falando sobre o processo da leitura devemos levar em consideração as seguintes habilidades da linguagem verbal: a leitura, a escrita, a fala e a escuta. Entre as quatro habilidades, a mais difícil e complexa é a leitura, visto que sua composição comporta a decodificação e a compreensão, onde a decodificação é a capacidade necessária que devemos ter como leitores no aprendizado de uma língua para identificarmos um signo gráfico.

Através da leitura deve-se ter a capacidade de reconhecer as letras gráficas e na identificação destas para a linguagem oral ou para outro contexto de signos. Este processo de decodificação adquire-se através do aprendizado do alfabeto e da leitura oral e também visual.

Koch (2006, p. 59) ainda diz que conhecer o alfabeto não é simplesmente conhecer as letras contidas no nosso alfabeto, mas também aprender as inúmeras formas de escritas como: a pictográfica, que é o desenho figurativo, a ideografia que é a representação de ideias sem indicação dos sons das palavras.

A leitura é um processo cognitivo linguístico com diferentes níveis, no qual se inicia através dos estímulos visuais e finaliza-se com a decodificação e a compreensão. E este processo para se ter uma boa leitura ainda apresenta outros processos relacionados à habilidade de ler.

Estes processos são chamados de básicos e possuem a nomenclatura (processos de nível inferior), e tem como finalidade a decodificação e a compreensão das palavras. Sua utilização relaciona-se as etapas iniciais da aprendizagem da leitura na educação infantil.

Mas, é bom que o professor fique atento, pois, caso, o processo para a leitura seja mal administrado pelo professor, os danos serão visíveis, podendo ocasionar um déficit no processo de nível superior. E por sua vez, o processo de nível superior tem como finalidade a amplidão do conhecimento (KOCH, 2006, p. 6.0).

Nesta etapa, a compreensão de textos pode ser intensificada a complexidade dos textos apresentados aos alunos, cujo objetivo, é o de despertar o raciocínio necessário para uma adequada interpretação (KOCH, 2006, p. 60).

Para a aquisição da leitura e da escrita é preciso que se codifique e decodifique os signos linguísticos, e assim atribuir um significado mais amplo à alfabetização e devido a uma elação mais próxima entre a capacidade da leitura mecânica e a possibilidade de compreensão, pode ocasionar dificuldades de ler gravíssimas em alunos que apresentam dificuldades na leitura.

Segundo Koch (2006 p. 57):

O sentido de um texto não existe a priori, mas, é construído na interação sujeito=texto. Assim, a produção do sentido do texto é realizada à medida que o leitor ao entrever o texto e interpretá-lo, coloca em prática o seu conhecimento de língua do mundo, no que diz respeito a sua comunicação com o texto.

A criança aprende naturalmente a falar a linguagem do meio social em que vive (linguagem regional ou dialeto), por isso, a educação e a cultura de um povo estão interligadas, pois só há possibilidade de educação com a existência da cultura, em contrapartida, só há conservação da cultura através do processo educacional.

Fica evidente de que a cultura influência os processos de desenvolvimento de seus alunos por meio das práticas culturais, práticas estas, que são acentuadas e devem ser estimuladas intensamente nas crianças e jovens pela instituição educacional e familiar.

As diversidades das práticas educacionais permitem que os indivíduos adquiram, compartilhem e aprofundem conhecimentos empíricos, sendo estes, um caminho favorável para o ato de interpretação de textos e o sucesso da criança na aprendizagem da leitura e da escrita depende do seu amadurecimento fisiológico, emocional, neurológico, intelectual e social (KOCH, 2006, p. 60).

 

A fala, a leitura e a escrita são funções dependentes, que se completam e fazem parte do sistema funcional de linguagem. Assim, o ensino da leitura e da escrita requer observação de detalhes que fazem a diferença quando se trata de metodologias a serem ministradas (LÓPEZ, 2007, p. 60).

Portanto, pode-se observar que a metodologia desenvolvida em sala, pelo professor de língua portuguesa, está relacionada com a leitura e a produção textual e ainda é tradicional e monótona, o que vem a prejudicar o desenvolvimento crítico do educando.

Assim, deve-se levar em consideração que as dificuldades apresentadas pelos alunos referem-se à leitura e a escrita. E estas dificuldades já podem ser identificadas desde a educação básica, pois, nesta fase o professor já se depara com uma grande dificuldade para interpretação como, por exemplo: as dificuldades na interpretação de perguntas diretas relativas aos exercícios propostos pelo professor, como também, de interpretação de textos, por não possuírem o hábito de leitura e, consequentemente, não terem uma visão de mundo necessária para se fazer uma análise aprofundada do texto.

Assim, segundo López (2007, p. 63):

Essas dificuldades não sendo trabalhadas, acarretarão vivências frustrantes no procedimento evolutivo no processo de aprendizagem, pois o educando desestimulado estará fadado ao fracasso da leitura e escrita. Por isso vale destacar também, a importância dos recursos pedagógicos como forma de enriquecer a metodologia do professor, com a utilização de vídeos na TV escola, laboratório de informática, leitura individual ou grupal na biblioteca, que facilitam a aprendizagem do aluno.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa aborda bem esta questão, quando afirma que o objetivo central do ensino é que o aluno aprenda a ler, a interpretar textos, a produzir com competência discursiva, considerando ainda que o aprendizado do ler e escrever são construídos de forma contínua.

Esta forma de se aprender a ler e a escrever enriquece novas habilidades e novos conhecimentos, à medida que formará o aluno capaz de dominar novos textos escritos e cada vez mais complexos. Para atrair o prazer da leitura e da escrita é preciso fazer com que o aluno esteja interado ao texto, para haver um diálogo coerente entre autor e leitor.

Quem faz esta afirmação é López (2007, p. 67) ao dizer que a leitura e a escrita devem ser atraentes e úteis para as próprias crianças, do mesmo modo que é o aprendizado da linguagem verbal, pois, tornar a leitura e a produção textual de forma crítica e prazerosa é o objetivo essencial do educador.

É importante ainda que se destaque a questão do trabalho docente dentro de sua tarefa, porque o professor que não escreve e que não produz, dificilmente irá induzir seus alunos a tal prática da leitura e escrita, logo, torna-se indesejável a essa atividade para o crescimento de ambos.

Em se tratando de correção ortográfica dos textos, percebe-se que existe um padrão, uma norma culta a ser cumprida quanto à escrita, diferente do que acontece na fala. Deste modo, o professor tem que orientar o aluno a realizar uma adequação e assim mostrar que a ortografia não é inimiga dele e sim uma grande aliada.

Porém, infelizmente, ainda existe um grande preconceito social por aquele que não fala ou escreve de acordo com a norma culta na sociedade. Mas, por outro lado, os professores que utilizam somente a gramática tradicional precisam ter em mente que a língua é dinâmica e está sempre evoluindo, por isso, é importante que eles estejam abertos para mudanças, pois, dessa forma, poderão transformar o ensino da linguagem em um novo contexto social (LÓPEZ, 2007, p. 68).

Assim, para que os alunos sejam bons escritores e criem o hábito de ler é necessário mais que a gramática, sendo necessário o contato permanente com as revistas, livros, jornais.  E que a partir deste estímulo possa tornar-se um cidadão crítico e ciente das suas ideias impostas para o meio acadêmico e social.

Para Antunes (2003, p. 94) diante da concepção das regras:

O conhecimento que o falante tem das regras que especificam o uso de sua língua é um conhecimento intuitivo, implícito, ou seja, não requer, em princípio, que se saiba explicitá-lo ou explicá-la. No entanto, esse saber implícito acerca do uso da língua pode ser enriquecido e ampliado com o conhecimento explícito dessas mesmas regras.

O aluno quando chega na escola para se alfabetizar, já tem o domínio sobre algumas competências, em especial, a verbal, pois já possui idéias próprias adquiridas no contexto familiar. Sendo assim, é na escola que o educando vai por em prática toda sua experiência e aprimorá-las como subsidio para seu desenvolvimento de aprendizagem. Para tanto, este é o desafio do professor, apreciar o conhecimento prévio do aluno para trabalhar a leitura, gramática, história, geografia, enfim, todas as disciplinas.

Cabe ao docente valorizar o conhecimento da leitura e escrita como forma de evolução para uma nova construção e aperfeiçoamento desse processo. Contudo, o aluno ao estudar a gramática, será capaz de desenvolver sua produção textual de forma coerente e eficaz, transformando o seu conhecimento implícito de mundo em explícito para a nova construção do saber.

Koch (2006, p. 65) ainda diz que um dos principais objetivos da escola é o de formar cidadãos para o mundo, para tanto, é preciso fazer com que os alunos adquiram competências discursivas através do contato com a produção textual. Por isso que se pode dizer que o sentido de um texto é construído na interação texto-sujeito e não algo que pré-exista a essa interação e que realiza evidentemente com base nos elementos linguísticos presentes no nível de um texto e na sua forma de organização.

Porém Antunes (2003, p. 97) diz que o perfil do educador moderno deverá ser o de formar sujeitos leitores e escritores. Para tanto, ele deve ser um leitor de si, poder refletir sobre a sua prática, o seu fazer pedagógico voltado à leitura e escrita, pois, ao exercitar a leitura crítica de si, estará praticando a leitura de mundo que está no seu meio social.

Para Antunes (2003 p. 108):

A mudança no ensino de língua portuguesa não está na metodologia ou nas "técnicas" usadas. Está na escolha do objetivo de ensino, daquilo que fundamentalmente constitui o ponto sobre o qual lançamos os nossos olhares (...).

Antunes (2003, p. 110) ainda diz que as mudanças do ensino de língua portuguesa não são os métodos ou as técnicas de trabalho utilizadas pelos professores, mas, sim, os objetivos de aprendizagens pelos quais os professores pretendem alcançar, objetivos estes que devem fazer parte da nossa realidade social, da realidade do aluno, despertando assim no aluno, o valor sócio cultural de sua região.

“”Desta forma, o professor não ficará "preso" as regras e exceções colocadas pela gramática, valorizando o conhecimento adquirido anteriormente pelo aluno no contexto familiar, como suporte para o seu desenvolvimento social””.

De acordo com o que diz os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a sala de aula será um espaço onde o aluno consegue opinar, defender seus pontos de vistas, aprendendo a respeitar as opiniões diferentes. Assim, os professores devem executar esta nova postura de ensino, pois, ensinar a ler não deve ser  sistematizado, ou seja, a leitura deve ser sempre um ato prazeroso e não uma obrigatoriedade (ANTUNES, 2003, p. 112).

O professor deve desenvolver em sala de aula, um espaço criativo e aberto, para opiniões e debates sobre vários temas da sociedade, proporcionando assim aos alunos opiniões acerca desta realidade social, onde os mesmos irão deparar com opiniões distintas, que caberá aos professores informá-los sobre a importância do respeito às opiniões individuais de cada um.

Percebe-se assim que os profissionais docentes devem ser conscientes formadores, reflexivos, dinâmicos, interacionais da importância do seu papel, integrados no mundo contemporâneo, responsáveis pela formação crítica do cidadão e responsáveis pela leitura e escrita dos alunos envolvidos neste processo. E o principal responsável por esta transformação no contexto escolar é o educador formar o aluno-leitor em um ser ativo, valorizando a aprendizagem e a interação professor-aluno.

2.4 O ENSINO DA LEITURA E ESCRITA EM SALA DE AULA

Nos dias de hoje há uma grande necessidade de se desenvolver as habilidades de leitura e escrita para o melhor desempenho das práticas sociais e profissionais existente na sociedade, pois, sem o domínio dessas habilidades, o educando encontrará dificuldades de expressão oral e escrita (ORLANDI, 2005, p. 24).

Diante das transformações ocorridas na educação é fundamental que o educador esteja em constante aprendizagem para a ampliação de seus conhecimentos, pois não só os educadores, mas também os educandos fazem parte desta evolução, e cabe a cada um ser o principal responsável por estas transformações.

Assim, ambos deverão ser sempre pesquisadores de mundo e conhecedores das realidades que os cercam. Mas, cabe a escola formar leitores críticos e de desenvolver a prática da leitura de forma prazerosa, no qual todos os professores devem estar envolvidos nesse processo, não apenas os de língua portuguesa, pois ler e escrever devem ser compromisso de todas as áreas do conhecimento (ORLANDI, 2005, p. 25).

Orlandi (2005, p. 26) ainda diz que:

É no convívio com as estruturas da língua escrita que a criança se familiariza com tais estruturas, alcançando esse domínio em sua produção textual. Assim, a relação de cada aluno no processo da leitura e escrita será, sem dúvida, diferente.

Mas, o que importa é o reconhecimento da escola sobre a realidade do aluno na concepção de leitura e escrita que existe nele, levando em consideração sua produção textual, através da visão empírica de mundo que trás consigo. Ainda sobre o conhecimento empírico, pode-se dizer que o texto é a unidade de análise.

Para o educando, é a unidade empírica que ele tem, diante de si, feita de som, imagem, sequências com uma extensão, com começo, meio e fim. Assim, o conhecimento teórico e prático aliado ao espírito crítico são requisitos básicos para um profissional da educação nos dias atuais, pelo qual, o aluno-pesquisador ao aproximar-se da realidade observada busca intervir na mesma proporção que está sendo pesquisado (ORLANDI, 2005, p. 27).

Os alunos devem entender que a leitura e escrita têm uma função social em nosso meio, por que elas desenvolvem tanto o individual, quanto o social, por definir que os indivíduos se estabeleçam como Seres Humanos iguais e, ao mesmo tempo, diferentes de todos os outros, por seus atos e pensamentos que modificam suas realidades.

Portanto, segundo os PCNs (1997, p. 15), a escola deve proporcionar ao educando a competência de desenvolver suas capacidades de forma oral e escrita para sua participação social onde o domínio da língua escrita e oral, é fundamental para a participação social efetiva, pois é, por meio dela, que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento.

Antunes (2003, p. 115) volta a nos falar agora sobre a metodologia de ensino de língua portuguesa nas escolas voltadas para o "ensino do pronome", em que o professor, anteriormente, colocava uma frase no quadro e pedia para os alunos identificarem o tipo do pronome. Porém, hoje as coisas não são tão diferentes, visto que o professor explora esta mesma temática em um texto, que o mesmo, serve para identificar apenas o tipo de pronome que substitui a frase.

E Antunes (2003, p. 116) ainda diz que o texto serve apenas para ilustrar uma noção gramatical e não chega assim a ser o objeto de estudo. Porém, a autora ainda acrescenta a sua fala que o texto deveria ser estudado como um todo sempre em função do todo.

O texto pode ainda ser uma forma de analisar e compreender o texto com mais amplidão em cada uma de suas partes, desenvolvendo assim os saberes gramaticais e lexicais que são importantes e fundamentais para poder estudar o texto.

O ensino da leitura e escrita pode ser enriquecido com a utilização dos gêneros textuais, dentro de sua diversidade podem ser utilizados jornais, revistas em quadrinhos, livros de versos, rótulos de latas, caixas, garrafas e até mesmo bulas de remédios.

E quando o professor trabalha com metodologias diferenciadas ocorre uma maior possibilidade de chamar a atenção do aluno e envolvê-lo com a leitura, e por consequência uma maior relação texto-leitor, até que o mesmo chegue a interpretar. Por isso, mais do que ensinar, é preciso apenas que o professor não impeça a criança de aprender, que não deixe que se perca, no cotidiano escolar, a curiosidade natural das crianças (ANTUNES, 2003, p. 117).

A meta principal dos professores deve ser a de valorizar uma ação pedagógica, voltada à realidade de cada aluno, pois, o educando já traz consigo uma aprendizagem iniciada no processo familiar. Para Freire (2003), ensinar não é simplesmente a transmissão de conhecimentos, mas, sim, a de criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.

Portanto, a aprendizagem precisa acontecer de maneira integrada com todos os envolvidos, gestores, docente, discentes, funcionário e comunidade, movimentados através de projetos político-pedagógicos. Com o intuito de interagir a todos, como forma de aproximá-los para o desenvolvimento social e cultural, tomando-se como base a nossa realidade (LÓPEZ, 2004, p. 39).

E a família tem uma participação muito grande no desenvolvimento intelectual do aluno, pois é neste contexto, que o educando tem o primeiro contato com a leitura. Portanto, é no ambiente familiar que o mesmo aprende sua primeira educação e se relaciona com todo o conhecimento adquirido durante sua experiência de vida primária que vai refletir na sua vida escolar.

Sendo assim, o sucesso do trabalho da escola depende da colaboração familiar ativa e a educação dos primeiros anos consiste exatamente na promoção de todos esses aspectos sociais e da autonomia pessoal que logo servirão de base para a educação intelectual mais estrita (LÓPEZ, 2004, p. 40).

A responsabilidade da educação infantil depende, cada vez mais, da interação entre a escola e a família. Logo, ter diálogo de comunicação entre ambos, respeitar e acolher os saberes dos pais e ajudar-se mutuamente, fatores estes que proporcionam e beneficiam a aprendizagem da criança e que servirão de suporte para a educação escolar.

López (2004, p. 41) ainda diz que a tarefa de ensinar e praticar a leitura não compete apenas à escola, pois o aluno aprende também através da família, dos amigos, das pessoas que ele considera significativas no seu cotidiano. Porém fica uma pergunta no ar: De quem é então a responsabilidade de desenvolver o interesse da leitura no aluno?

Agora em relação aos pais, estes devem ser o espelho para a visão dos filhos, organizando assim a biblioteca pessoal para eles, educando-os para o despertar pelo gosto da leitura, organizando o horário dos mesmos desde que reservem o tempo da leitura, resolvendo os trabalhos escolares junto com eles e acompanhando o desenvolvimento do aluno na escola.

 

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término deste artigo ficou mais claro a importância da leitura e da escrita para um bom desenvolvimento do aluno como pessoa e a contribuição que o mesmo pode aplicar no meio social através de seus conhecimentos. Porém, para que estes conhecimentos sejam bem desenvolvidos, antecede a atuação de métodos aplicados pelo professor, e os alunos devem se sentir estimulados à prática da leitura e da escrita.

Mas, cabe ao professor oportunizar aos seus alunos diferentes gêneros textuais que venham despertar a curiosidade nos alunos. Incentivo, este que não cabe somente à escola. Porém, o incentivo a leitura e a escrita, não cabe apenas a escola, mas também a família, pois, com esta parceria o aluno pode chegar ao auge do amadurecimento deste processo que é utilizado em toda a sua vida escolar e pessoal, tornando-o um ser com um nível elevado de conhecimento e um cidadão ciente de sua contribuição para que a sociedade se torne mais justa e a desigualdade social seja minimizada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4 REFERÊNCIAS

ANTUNES, Irandé, Aula de Português encontros e interação. São Paulo: Parábola, 2003.

COLELLO, Sylvia, Maria, Gasparian. A escola e o ensino da escrita. São Paulo: Atlas, 2008.

DEWEY, John. O desenvolvimento da escrita e da leitura através do brincar. Rio de Janeiro: Cortez, 2006.

FERREIRO, Emília. A Leitura e a Escrita: Sistema de Comunicação Humana. São Paulo: Atual, 1991.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: Cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2003.

GADOTTI, Moacir. A relação professor-aluno no processo ensino-aprendizagem. São Paulo: Romana, 2003.

KOCH, Ingedore Villaça. Ler e compreender os sentidos do texto. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Contexto. 2006.

LÓPEZ, Jaume Sarramona I. Educação na família e na escola. São Paulo: Loyola, 2004.

_______________________. A família, a escola e a criança. São Paulo: Loyola, 2007.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso e texto: Formulação e circulação dos sentidos. Campinas, São Paulo: Panorama, 2005.

PADILHA, Simone de Jesus. Ensinando a ler e a escrever com amor. São Paulo: Novo Rumo, 2007.

PALÁCIOS, Jésus. A influência da afetividade na aprendizagem. Rio de Janeiro: Cortez, 2007.

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SOARES, Magda Becker. Língua escrita, sociedade e cultura, relações, dimensões e perspectivas. São Paulo: Revista Brasileira de Educação, 2007.

_______________________. Aprendendo a ler e a escrever brincando. São Paulo: Revista Brasileira de Educação, 2009.

VYGOTSKY, L, S, A. A alfabetização e a linguagem. São Paulo: Atlas, 1998.

ZILBERMAN, Regina. História e Sociedade: Leitura o caminho da aprendizagem. Rio de Janeiro: Forense, 2008.