The nurse in the management extending the performance limits

MATTÉ, M.F.B.

RESUMO
Vivemos num mundo de constantes mudanças tecnológicas, econômicas, educacionais e culturais. Hoje, a globalização do conhecimento e do saber emerge em nós mudanças que conseqüentemente buscam proporcionar melhor qualidade de vida para as pessoas. Um novo modelo assistencial de um profissional de saúde crítico, passa a exigir uma qualificação mais ampla, que além da competência técnica, também dê conta das dimensões políticas e gerenciais do trabalho no setor de saúde, porém, não podemos perder de vista um dos mais valiosos atributos da enfermagem que é o cuidado. O relacionamento interpessoal é a maneira de se conseguir a satisfação do cliente e de toda a equipe. Atualmente, gerenciar passa a assumir realmente seu significado: interar, coordenar e liderar O objetivo desse artigo é refletir sobre alguns aspectos gerenciais e o distanciamento visualizado pelos enfermeiros entre a gerência e o cuidado, fazendo uma análise crítica, descritiva, utilizando referencial bibliográfico. Entretanto, pode-se concluir que isto se deve em grande parte, a algumas questões decorrentes da formação destes profissionais. Atualmente, no mundo de negócios, onde as inovações ocorrem a cada momento, a tecnologia de ponta toma conta das clinicas e hospitais, os profissionais enfermeiros são convidados a participar da gestão, desempenhando um papel importante nesta empresas tão complexas.

Palavras-chave: Cuidar. Gerenciar. Profissional. Enfermeiro.

ABSTRACT
We live in a world of constant technological, economic, educational and cultural changes. Today, the globalization of the knowledge and knowing emerges in us changes that consequently they search to better provide quality of life for the people.
A new assistance model of a critical professional of health starts to demand an ampler qualification, that beyond the ability technique, also gives to account of the dimensions management politics and of the work in the health sector, however, cannot lose of sight one of the most valuable attributes of the nursing that is the care.
The interpersonal relationship is the way of if obtaining the satisfaction of the customer and of all the team. Currently, to manage starts to assume really its meaning: to co-ordinate and to lead the objective of this article are to reflect on some management aspects and the distance visualized for the nurses between the management and the care, making critical, descriptive an analysis, using referential bibliographical. However, it can be concluded that this if must to a large extent, to some current questions of the formation of these professionals. Currently, in the world business-oriented, where the innovations occur to each moment, the tip technology takes account of the clinics and hospitals, the professional nurses is invited to participate of the management, playing an important paper in these so complex companies.

Key-words: To take care of. To manage. Professional. Nurse.


INTRODUÇÃO

Na organização do serviço de enfermagem e da saúde como um todo, o profissional enfermeiro desenvolve um papel importante, seja na área assistencial (no cuidado ao paciente), bem como no gerenciamento da enfermagem e dos mais diversos serviços. Já a partir da década de 50 (cinqüenta) os hospitais bem como as clinicas passaram a se tornar organizações mais complexas com mais tecnologia, requerendo cada vez mais o envolvimento do enfermeiro em atividades gerenciais.
Administração passa a ganhar impulso e valorização. O preparo de pessoal passa a ser cada vez mais objeto de atenção e transformação. Princípios gerais de administração como: organização, direção, planejamento coordenação e controle, passam a fazer parte do cotidiano do profissional enfermeiro. Porém a preocupação do enfermeiro, que é adequar-se ao conhecimento científico, e ter a capacidade de ver o paciente como um todo, suas vicissitudes, medos, angústias, aliviando sua dor, continuam iminentemente presentes no século XXI.
Observamos na literatura autores ressaltando a importância do relacionamento interpessoal, hoje muito utilizado como forma de instrumento de trabalho, levando profissionais de enfermagem a terem um maior conhecimento das técnicas voltadas para melhorar a interação dos indivíduos durante suas atividades.
Para Gattás (1984) gerenciar o trabalho da equipe se faz necessário o uso das habilidades, de estratégias motivacionais e inteligência transformacional, seguindo uma linha mais humana deixando de lado o excesso de tecnicismo. Dentro deste contexto o autor enfatiza que o Gerenciamento da Assistência de enfermagem prestada, bem como o administrativo em si, constituem instrumentos fundamentais para se alcançar à qualidade dos serviços prestados.
Segundo Trevizan (1993 apud VALESKI; SOUZA; NAKAMURA, s.d.) o Gerenciamento Administrativo tem como base coordenar recursos para atingir os objetivos da instituição e/ou grupo; já o Gerenciamento da Assistência, consiste na coordenação das ações voltadas para os cuidados prestados ao cliente em suas necessidades básicas. Assim, o gerenciar deve ser democrático e participativo, tendo em vista que as pessoas possuem interesses e valores próprios, devendo-se superar conflitos pessoais, praticando o auto conhecimento e objetivando a coletividade .
Vivemos numa sociedade onde a cada dia a competitividade aumenta. O mundo globalizado impõe regras, fazendo com que, somente as empresas eficientes e eficazes permaneçam no mercado (MOTTA,1993 apud VALESKI; SOUZA; NAKAMURA, s.d.).
Na saúde, não é diferente, aparece a tecnologia de ponta que vem sendo ofertada cada vez mais a população, porém com altos custos operacionais. É, neste meio que todos nós profissionais da saúde estamos inseridos, portanto se não soubermos planejar, controlar e gerenciar transformaremos nosso local de trabalho em meras empresas, sem competitividade e decretadas a falência.
Dentro deste contexto globalizado e no atual mundo dos negócios, destaca-se a industrialização e a mecanização, somadas ao modelo biomédico de atenção e formação dos profissionais, como propulsores da dicotomização dos saberes, da fragmentação dos seres humanos e a supervalorização da técnica, desfavorecendo a humanização da assistência. (TREVIZAN, 1993 apud VALESKI; SOUZA; NAKAMURA, s.d.).
Para Garlet et al. (2006) o cuidar e o gerenciar não são atividades excludentes, mas sim complementam-se, a partir do momento que proporcionarmos um atendimento integral ao nosso paciente/cliente. O trabalho do enfermeiro é multidimensional, uma vez que suas práticas entrelaçam os processos de "cuidar gerenciando e gerenciar cuidando".
O que podemos perceber é que a enfermagem se responsabiliza, através do cuidado, pelo conforto, acolhimento e bem estar dos pacientes, "seja prestando o cuidado, seja coordenando outros setores para a prestação da assistência".
Dentre outros pontos positivos podemos observar que as atividades de supervisão trouxeram ao enfermeiro a potencialidade de gerenciar os serviços, contudo não obrigatoriamente afastou estes profissionais da assistência. Isto se confirma, uma vez que se mantiveram vários procedimentos técnicos assistenciais como práticas exclusivas dos enfermeiros. Além disso, todas as demais atividades equipe de enfermagem desenvolvidas pelos auxiliares e técnicos de enfermagem, mantiveram-se sob a supervisão do enfermeiro.
Assim, este artigo consiste em uma reflexão, a partir do momento em que se aponta a gerência como parte do cuidado, uma vez que a mesma é permeada pela assistência, pois é impossível gerenciar o cuidado sem conhecê-lo detalhadamente e sem estar envolvido com as atividades assistenciais.
Essa reflexão é desenvolvida em três momentos que correspondem a três tópicos: primeiro, o cuidado na prática da enfermagem, segundo, gerenciar é resolver problemas e difundir conhecimento, e, terceiro o enfermeiro líder a essência da gestão, pois não há como efetivar as atividades assistenciais sem a articulação, planejamento e avaliação .

1 O CUIDADO NA PRÁTICA DA ENFERMAGEM

O cuidado surge juntamente com a história da humanidade, desde que surge a vida é preciso tomar conta dela, assim é possível reconhecer a longa trajetória que têm percorrido as práticas de cuidado até à atualidade. Visualiza-se o cuidado como algo necessário à existência humana, como algo que auxilia na manutenção da vida (WALDOW, 2004 apud GARLET et al., 2006).
Entre as mais diversas atividades desenvolvidas pelo enfermeiro no seu cotidiano, destacam-se as atividades administrativas e assistenciais, ambas integrantes de um mesmo todo. O enfermeiro, neste contexto, é o responsável pelo gerenciamento do trabalho, bem como é de sua responsabilidade garantir a qualidade da assistência prestada pelos auxiliares e técnicos de enfermagem. E aí vem o grande questionamento cuidar, ou gerenciar?
Segundo Garlet et al. (2006), o profissional enfermeiro passou a ocupar uma posição de supervisão e articulação das ações que são desenvolvidas pelos trabalhadores da saúde, tanto referentes a recursos humanos de enfermagem como aos procedimentos voltados para o diagnóstico e tratamento. Dentro deste contexto podemos destacar que é ele quem faz a interligação do trabalho médico a equipe de enfermagem, assim como as demais ações que compõem o processo de trabalho em saúde, buscando a efetividade das ações, com resultados rápidos que gerem benefícios econômicos, sociais e políticos.
Neste sentido Garlet et al. (2006) colaboram quando declaram que ao visualizar-se o cuidado como foi descrito na atualidade, a gerência faz parte deste, e vai ao encontro das necessidades para a efetivação das práticas de cuidado. Entretanto, estudos apontam que os profissionais têm dificuldades de visualizar a gerência desta forma, o que tem colocado em xeque a identidade profissional do enfermeiro.
Na luz do referencial teórico acima citado Isto se deve, em parte, porque se observa na gerência um número elevado de atividades que não colocam o enfermeiro no cuidado direto ao usuário,levando-o ao distanciamento da assistência.
O enfermeiro gerencia o cuidado quando o planeja, quando o delega ou o faz, quando prevê ou provê recursos, capacita sua equipe, educa o usuário, interage com outros profissionais, ocupa espaços de articulação e negociação em nome da concretização e melhorias do atendimento ao cliente como um todo (COLLIÉRE 1989 apud GARLET et al., 2006).
O ser humano é um ser de cuidado; o ser nasce com este potencial, portanto, todas as pessoas são capazes de cuidar e automaticamente necessitam, igualmente, de serem cuidadas. Porém, esta capacidade será mais ou menos desenvolvida de acordo com as circunstâncias do ambiente e da forma como foram cuidadas durante as etapas da vida. Vários fatores intervêm neste processo como ambiente, cultura, economia, política, religião, entre outros.
Segundo Waldow (1998) ao pinçar alguns momentos da evolução humana e os sucessivos eventos através dos séculos não se consegue caracterizar, de forma fidedigna, o comportamento das pessoas nas suas culturas, em termos de cuidado. Atualmente já é possível resgatar muitas informações através da tecnologia, das descobertas e métodos exploratórios, assim como de estudos e investigações utilizando metodologias variadas.
De acordo com Siegel (1989) a empatia, é considera um dos aspectos essenciais para a equipe de saúde, requisito básico para se trabalhar com qualquer paciente de qualquer patologia. Tal enfoque do autor é fundamental, pois se o profissional da saúde tiver empatia não haverá crítica sobre o atendimento prestado, ao se colocar no lugar do paciente, consegue descobrir de que maneira ele deseja ser cuidado.
1.1 AS DIMENSÕES RELATIVAS NO GERENCIAMENTO DE UM CUIDADO MAIS HUMANIZADO

Nas dimensões relativas ao gerenciamento do cuidado, no sentido gerenciar e cuidar de um forma mais humanizada, parece dar origem a um conflito entre duas concepções. A primeira que se relaciona à manutenção de um cuidado tecnicista quase ilhado, partindo muitas vezes de ações mecanizadas, fragmentadas, mais individuais do que coletivas, com ênfase na ação direta do profissional com o usuário, desconectada, sem uma reflexão prévia ou mais ampla, dentro do contexto em que esse cuidado ocorre.
A segunda concepção diz respeito à forma de administração também mecânica, direcionada somente ao lucro, e a alta tecnologias, tendo como foco o funcionamento dos setores dos estabelecimentos hospitalares e dos seus recursos, como se esses contemplassem sustentáculos e meios para a produção e manutenção do cuidado.
Para Tavares (1999, p. 207),


os feitos da tecnociência são notórios, abundantemente proclamados pela mídia e até mesmo endeusados. Porém, muitas vezes nos deparamos com ambientes tecnicamente perfeitos, mas sem alma e sem ternura. A pessoa que já está vulnerável pela doença deixou de ser o centro das atenções e foi instrumentalizada em função de determinado fim. Esqueceu-se que as coisas têm preço e podem ser trocadas, alteradas e comercializadas, porém, as pessoas possuem dignidade e clamam respeito.


Entretanto, o que se afirma, é que a atividade gerencial faz parte das práticas de cuidado, porém isto não está claro para os enfermeiros. Muitos enfermeiros não percebem que na enfermagem, o gerenciamento pode ser realizado através de ações diretas do profissional com o usuário, por intermédio de delegação e ou articulação com outros profissionais da equipe de saúde.
Para Waldow (1998), o cuidado é uma necessidade que acompanha o ser humano desde a sua formação, ainda na vida intra-útero, quando o corpo da mulher prepara-se para dar a este novo ser possibilidades para o desenvolvimento. Após o nascimento, bem como no crescimento e desenvolvimento, há a necessidade de zelar para que este ser tenha capacidade de suportar às dificuldades da vida. Este requer elementos essenciais como receptividade, reciprocidade e conectividade, elementos que são mais comumente encontrados nas mulheres
Segundo Colliére (1989 apud GARLET et al., 2006), com o passar dos anos os cuidados foram reportados dos lares para os hospitais não psiquiátricos, mantendo-se a mulher como cuidadora, até passarem a ser chamados de cuidados de enfermagem. Neste momento, destaca-se o reconhecimento das práticas de enfermagem juntamente com a instituição ? o hospital. Somente quando isto ocorreu é que a enfermagem ganhou um caráter de profissão.
Waldow (1998), ressalta que a profissionalização da assistência de enfermagem se deve, principalmente, porque o cuidado era, tradicionalmente, visto como um conjunto de técnicas e procedimentos, no qual eram ensinadas e realizadas ações em função da terapêutica médica, apontando a preocupação com o objeto (instrumentos e materiais), tendo em vista apenas o corpo humano dividido em partes. Por ser uma profissão exclusivamente feminina , naquela época, a enfermagem tornou-se uma profissão pouco valorizada.
Dentro deste contexto, foram se formando os profissionais de enfermagem, tendo a habilidade técnica ou destreza manual como um requinte altamente valorizado pelas escolas de enfermagem, aspecto este privilegiado devido à influência do positivismo, traduzido pelo modelo biomédico e pelos currículos comportamentalistas das instituições formadoras (GARLET et al., 2006).
Na enfermagem, segundo Waldow (1998), o cuidado se profissionaliza e é exercido, tendo em vista aquilo que é previsto por lei e engloba uma série de competências, entre as quais: habilidades manuais ou técnicas, pensamento crítico, além de conhecimento e intuição. Contudo, estas competências não são suficientes para que o profissional seja um verdadeiro cuidador. Ter a capacidade de ver o paciente como um todo, de uma forma integral, necessita um componente afetivo, relacional, de maneira que interaja, se relacione com o ser cuidado, seja através de palavras, seja através do silêncio, por meio do toque, de um olhar, de um gesto de carinho.
Segundo Gustavo (2001 apud GARLET et al., 2006) os conhecimentos vinculados e priorizados foram os ligados à medicina e às ações que dependessem do uso de instrumentais, daí, o domínio do enfoque técnico. Então, observou-se que as tarefas foram super valorizadas em detrimento do conhecimento e das ações que privilegiam as dimensões psicossocias do ser humano
Além disso, para Garlet et al. (2006) desde então a prática e a teoria foram separadas, enraizando equívocos teóricos-críticos. Esta herança acaba por também acompanhar a história da enfermagem e representa uma das causas para a visualização do afastamento das atividades gerenciais das atividades assistenciais trazidas pelos enfermeiros e que representam percalços encontrados nas práticas de cuidado .
Almeida (2004 apud GARLET et al., 2006) também descreve que a prática do cuidado está inserida em um contexto histórico em construção, tem caminhado do modelo religioso-vocacional até a enfermagem moderna, em busca de respostas para as necessidades dos homens no mundo em constante transformação.

1.2 O ENFERMEIRO TÊM CAPACIDADE PARA ASSUMIR COM COMPETÊNCIA A ASSISTÊNCIA E A GERÊNCIA NAS MAIS DIVERSAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE

O enfermeiro articula, supervisiona e controla as ações que são desenvolvidas pelos profissionais de saúde, tanto referentes ao pessoal de enfermagem como aos procedimentos voltados para diagnóstico e tratamento. O papel gerencial do enfermeiro inclui inúmeras atividades que são necessárias e indispensáveis para garantir o desenvolvimento do trabalho coletivo, bem como identificar técnicas de gerenciamento utilizadas para motivar as equipes na prestação dos serviços com qualidade.
Blanchard e Johnson (2004) afirmam que é importante ao gerenciar pessoas, lembrar que comportamento e valor pessoal não são a mesma coisa. O que tem realmente valor é a pessoa administrar seu próprio comportamento. E, esta afirmativa faz sentido principalmente dentro do ambiente hospitalar, uma vez que a atividade que o profissional da saúde desenvolve está inteiramente ligada ao comportamento e as relações humanas. Isto se aplica a cada gerente, bem como as pessoas e equipes que fazem parte do ambiente de trabalho.
Cada vez mais percebemos profissionais enfermeiro a frente de instituições com capacidade de articulação, tanto em relação à organização do trabalho dos demais membros da equipe de enfermagem como na organização do ambiente institucional, possibilitando assim que estes profissionais ampliem o seu núcleo de atuação dentro do campo da saúde.
Segundo Gustavo (2001 apud Garlet et al., 2006) os profissionais de enfermagem têm capacidade para assumir com competência à assistência e a gerência do cuidado. É bastante provável que ambas as ações aconteçam simultaneamente.
Por outro lado, e contraditoriamente, identifica-se uma visível crise de identidade profissional, na qual os enfermeiros sinalizam com a preocupação pela dicotomização entre teoria e prática, e ainda, uma separação entre assistência e gerência, dentro do universo do cuidado em enfermagem (LIMA, 1999 apud GARLET et al., 2006).
Segundo Rossi e Lima (2005) que ressaltam que não são as atividades de gerência que afastam os enfermeiros das práticas de cuidado, mas sim a supervalorização de algumas atividades da gerência tecnicistas em detrimento de outras da assistência direta ao usuário, ou seja, a falta de articulação do tempo e dos recursos da assistência.
Nós não somos apenas nosso comportamento somos também, a pessoa que administra nosso comportamento. Objetivos iniciam comportamentos e Conseqüências mantêm comportamentos (BLANCHARD; JOHNSON, 2004).
Portanto cabe aqui chamar atenção para o diferencial que irá demarcar o gerenciamento feito pelos profissionais da saúde, como sendo verdadeiramente gerenciamento do cuidado será o seu posicionamento diante do modo como desenvolvem o trabalho. Contudo, é preciso estabelecer uma relação dentro das mais diversas instituições onde as diversas equipes multidisciplinares possam reconhecer o cuidado como foco possível de ser gerenciado dentro do universo organizacional em uma dimensão que extrapole o tecnicismo.

1.3 A RESIGNIFICAÇÃO DO CUIDADO EM ENFERMAGEM NAS PRÁTICAS DOS PROCESSOS GERENCIAIS

A reforma da enfermagem iniciada por Florence Nightingale na Inglaterra emergiu de problemas sociais, sendo uma das conseqüências da Revolução Industrial e se constituiu parte integrante de um movimento geral, com o propósito de melhorar as condições da vida humana. Este modelo previa para as ladies (enfermeiras) o exercício da liderança (HIGA; TREVISAN, 2005).
Os pressupostos da Teoria Clássica de Fayol segundo os quais o homem era um ser naturalmente preguiçoso, irresponsável e avesso ao trabalho necessitando, portanto, de controles rígidos por parte da organização, revelavam-se, na prática do gerenciamento do pessoal de enfermagem, por uma função supervisora enfaticamente fiscalizadora e punitiva (KURCGANT et al., 1996 apud VALESKI; SOUZA; NAKAMURA; s.d.).
Na proposta de Fayol a divisão do trabalho visava a produção, o resultado, o lucro, o que determinava uma forma de trabalho que permitisse a redução do número de objetivos para os quais estariam voltados a atenção e o esforço. Portanto
Frederick W. Taylor acreditava que se os trabalhadores pudessem ser instruídos sobre a melhor maneira de realizar uma tarefa, a produtividade aumentaria (MARQUIS; HUSTON, 1999 apud VALESKI; SOUZA; NAKAMURA, s.d.).
Se em um determinado momento da história da enfermagem as técnicas conferiam status à profissão, faz-se necessário no contexto atual, repensar se as atividades intelectuais, que muitas vezes são conferidas à gerência, não estão sendo atribuídas como status no contexto moderno da profissão.
Segundo
Higa e Trevisan (2005) relatam que é possível que a gerência tem consumido muito tempo dos enfermeiros e/ou se tem sido corretamente planejada, a fim de que estes profissionais consigam atender as demandas das atividades gerenciais e assistenciais com eqüidade, e sempre que necessário, consigam transitar entre ambas.
Para Alves (1998 apud GARLET et al., 2006), as sobrecargas de trabalho, da falta de profissionais e recursos na financeiros que possibilitem um maior investimento na área da saúde, entre outros problemas, têm interferido para a baixa resolutividade das práticas de saúde, em especial nas instituições públicas, mas se faz necessário que os profissionais reflitam, em especial os enfermeiros, acerca de suas práticas e busquem re-significação de seus papéis e compromissos frente às necessidades dos usuários dos serviços de saúde
Do ponto de vista da aprendizagem, buscar a interação entre assistência e gerência é um dos principais desafios das ações de enfermagem na atualidade. Acredita-se que é preciso agregar outros valores à prática das organizações hospitalares, pois não podemos formar profissionais alienados e voltados somente para a especialização tecnológica, mas sim profissionais com um olhar crítico com capacidade de liderança e gestão.
Neste sentido, Lima (1999 apud GARLET et al., 2006) ressalta que o profissional enfermeiro, deve ser melhor preparado para a tomada de decisões nas unidades de cuidados, para articular as demandas da política institucional, os interesses das equipes que nela atuam, para elaborar, com competência e clareza, projetos coerentes e adequados à realidade, uma vez que a liderança impulsiona o trabalho em equipe, a cooperação, os mecanismos de comunicação em todos os sentidos, constituindo-se atributos requeridos para o processo de mudança organizacional.
Para Lima (1998, p. 34, apud GARLET et al., 2006)


[...] as atividades gerenciais não representam, necessariamente, um desvio de função, e sim uma prática profissional que engloba o cuidado e se alicerça nele, pois atende as necessidades sócio-organizacionais e estruturais do processo de trabalho em saúde.


Entre outros pontos relevantes que se observa na atualidade, um aspecto importante, é a necessidade de melhorar a definição do papel do enfermeiro na formação acadêmica, isto tem sido buscado através das reformulações curriculares, bem como a restruturalização da teoria e prática, da construção conjunta de discentes e docentes, da problematização das práticas de saúde, da constante tentativa de aproximação das realidades sociais em que as instituições de ensino e de assistência estão inseridas (ALVES,1998 apud GARLET et al., 2006).
Dentro do trabalho e das equipes de saúde além da competência técnica se faz necessário destacar a importância da motivação profissional, uma vez que é considerada determinante na forma de agir do enfermeiro frente ao usuário e aos demais profissionais de saúde, na forma como formula estratégias para melhorar suas práticas e se empenha em alcançar a satisfação do usuário..
Para Macedo et al. (2006) pessoas satisfeitas consigo mesmo são mais motivadas a produtivas e criativas. O nível de conhecimento aliado às experiências e ao grau de motivação para o trabalho é determinante básico, para caracterizar uma maior qualidade das práticas profissionais em saúde, especialmente na enfermagem.
Dentro deste contexto, Ferraz (2000 apud GARLET et al., 2006) diz que é necessários processos gerenciais que incorporem conhecimentos, atitudes e ações não somente racionais, mas também sensíveis, assim como o entrelaçamento e a aproximação entre o cuidar e o gerenciar. Estas aproximações fazem parte de um novo paradigma da enfermagem que está sendo construído na atualidade.
Estes aspectos são preponderantes no alcance do enlace das atividades gerenciais e assistenciais, dentro dos diferentes locais de trabalho, como construtos da prática de enfermagem e sua identidade profissional.

2 GERENCIAR É RESOLVER PROBLEMAS E DIFUNDIR CONHECIMENTO

O mundo está assistindo, ao vivo e a cores, ao "choque do futuro" descrito por Toffler (1970), para quem o conhecimento e o computador tornaram-se os grandes ícones da chamada sociedade pós industrial (MACEDO et al., 2006).
Geralmente, o cenário onde se desenvolve o processo de liderança é marcado por turbulências, incertezas e contradições, muitas delas provocadas por alguns paradoxos com os quais o líder precisa conviver.
Na saúde podemos destacar, o avanço tecnológico versus ser mais humanista; atuar com rapidez versus aprimorar a qualidade; focar o global versus agir localmente. Estes entre outros paradigmas estão presentes nas instituições de saúde, e lidar com estas dificuldades exige espírito de equipe .
Para Macedo et al. (2006) gerenciar tem sido confundido com a palavra Liderar, talvez porque se dá o nome de "gerente" ao cargo do líder, o que implica que a pessoa neste cargo deve gerenciar. Por outro lado, a prática da gestão moderna deve levar todas as pessoas a terem a competência de gerenciar, ou seja, de resolver problemas (existem hoje empresas avançadas em que a maioria dos operadores gerencia por meio de grupos de solução de problemas), mas não necessariamente de Líder.
Para gerenciar (resolver problemas) são necessárias duas habilidades: (a) conhecimento de método e ferramentas e (b) conhecimento técnico do processo que está sendo trabalhado.
Definimos as palavras gerenciar e liderar, mas não definimos o que é um problema. Um problema é a diferença entre o valor atual de um indicador e sua meta. Portanto, quando se coloca uma meta, cria-se um problema. Resolver problemas é o mesmo que atingir metas (MACEDO, 2006).
Gerência não é algo que você faça para os outros. Segundo Hunter (2004) você gerência seu inventário, seu talão de cheques, seus recursos. Você pode até gerenciar a si mesmo. Mas você não gerência seres humanos. Você gerência coisas e lidera pessoas.
Para que isso ocorra, as pessoas dever ser proativas e encorajadas aos desafios dessa busca incessante de informações e conhecimento no que tange o relacionamento humano dentro das inter-relações na gerencia de uma equipe.
Macedo et al. (2006) enfatiza que tanto em empresas como em governos, existem pessoas, em cargos de liderança, que cometem o erro de dispensarem competências em método e ferramentas de gestão para que possam se caracterizar como "competentes em gestão".Na hora em que fazem isto, cometem o maior de todos os pecados na área gerencial: desfocar dos fins e passar a focar nos meios. Ou seja, passam a valorizar e priorizar métodos e ferramentas. O líder não pode desfocar de sua responsabilidade máxima, que é entregar o resultado final. Ele é avaliado por isto e não pelo seu domínio do método e ferramentas. Gestão é coisa para técnicos. Liderar é muito mais importante que gerenciar!
Atualmente, no mundo dos negócios, distintas unidades políticas e econômicas estão sendo implantadas, onde as inovações ocorrem a cada momento e as informações são transmitidas a velocidade quase instantânea. Não existe mais tempo, nem espaço, à improvisação. Algumas condições devem ser fixadas pela empresa como analisar, permanentemente, o cenário, as tendências e as mega-tendências mundiais, tendo a percepção de quando elas possam ser implementadas conforme as necessidades ambientais com sucesso, antes da concorrência. (ZDANOWICZ, 2001).
As novas idéias são introduzidas, de acordo com Motta (1991), para reverter as práticas organizacionais baseadas na teoria clássica e visam uma gerência com maior descentralização das decisões, compartilhamento de autoridade, estrutura dinâmica com interdependência entre os serviços, podendo haver mudanças e adaptações.

3 O ENFERMEIRO LÍDER ? A ESSÊNCIA DA GESTÃO

No mudo dos negócios, e nas mais diversas empresas, vemos todo dia líderes recorrerem a técnicos especialistas de várias partes do mundo, exatamente para trazer a melhor solução para seus problemas. O líder deve ser focado em suas metas e administrar os recursos necessários a fim de atingir as metas. Quem quiser ser líder deve ser primeiro servidor. Se você quiser liderar deve servir (HUNTER, 2004).
Para Ribeiro (1997 apud VALESKI; SOUZA; NAKAMURA, s.d.) o enfermeiro o líder deve saber planejar, organizar, controlar, medir, sistematizar, fazer regras, fazer orçamentos, escrever descrição de trabalho, ditar políticas, ditar definições e disciplinar. Também é indispensável a este profissional, fazer o relacionamento social com sua equipe, fornecedores, clientes/pacientes recebendo à todos, comunicar, construir moral, promover a integração, encorajar o crescimento, construir bom clima, desenvolver a responsabilidade, dar liberdade, estabelecendo valores, formando estruturas, sensíveis e adaptáveis, incentivando a participação de toda a equipe no crescimento e desenvolvimento da empresa.
Entende-se por liderança a arte de educar, orientar e estimular asa pessoas a persistirem na busca de melhores resultados num ambiente de desafios, riscos e incertezas (MACEDO et al., 2006).
Na luz do referencial teórico, Ribeiro (1997 apud VALESKI; SOUZA; NAKAMURA, s.d.) relata alguns princípios para governar o cotidiano, como lidar com o colaborador honestamente, com respeito pela sua dignidade humana, tratar a cada um como uma pessoa importante na organização, reconhecer que cada membro da equipe contribui para, a qualidade do atendimento.
Os autores Blanchard e Johnson (2004) chamam atenção da importância de tocar as pessoas que dirige, quando lhes estiver dando alguma coisa: tranqüilidade, apoio, encorajamento, seja o que for. Devemos faze-la perceber que estamos interessados em seu sucesso, e que estamos ao lado dela, pois sem dúvida o seu crescimento profissional será também o sucesso da empresa.
Para Marquis e Huston (1999 apud VALESKI; SOUZA; NAKAMURA, s.d.) o enfermeiro líder reconhece cada funcionário como um indivíduo único, motivado por diferentes fatores, identificando os sistemas de valores individuais e coletivos da unidade. Também é função do enfermeiro implementar um sistema de recompensas coerente com esses valores, manter uma imagem positiva e entusiasmada como exemplo a ser seguido pelos subordinados.
Higa e Trevisan (2005) referem que integrar as pessoas que compõem o grupo da enfermagem aos serviços necessários aos pacientes, de forma que o envolvimento, a participação e o comprometimento estejam presentes nas ações de todos, se constitui num grande desafio, ao mesmo tempo em que expressa o sentido da expectativa de comportamento do enfermeiro-líder.
Portanto, dentro deste contexto, liderar é criar condições para que um grupo de pessoas consiga atingir os resultados desejados. Ou seja, é difícil imaginar a liderança com ausência de metas. Todo Gerente deveria ser Líder, mas nem todo Líder necessita conhecer o método e as ferramentas de solução de problemas (MACEDO et al., 2006).
O método tem permanecido constante, mas as ferramentas têm sofrido um grande avanço nos últimos anos, principalmente devido ao grande desenvolvimento na área de computação. É impossível a um líder acompanhar todos estes avanços e, portanto, o gerenciamento (no sentido de solução de problemas) tem ficado mais para técnicos do que para Lideres.
Liderar é influenciar pessoas a mudar, e, na enfermagem, como em qualquer outra área, a mudança não deve ser sinônimo de modificações profundas, mas deve ser encarada como algum grau de melhoria da prática de enfermagem. É necessário que o líder conheça cada pessoa, identificando suas necessidades e diferenças individuais (HIGA; TREVISAN, 2005).
A liderança é uma qualidade tão marcante, impulsionadora de alterações tão profundas na história, que se pode julgar ser inata a certas pessoas que naturalmente se destacam das demais. Ao nascer, já trariam esse poder, essa aptidão em sua personalidade. Ë também uma qualidade marcante pelo poder de mexer com os dons das outras pessoas (NIVERSINDO, 1998 apud VALESKI; SOUZA; NAKAMURA, s.d.).
Os autores Blanchard e Johnson (2004) enfatizam que a maior parte do comportamento humano é motivada por uma meta que o indivíduo deseja alcançar. A atribuição do significado dos lideres dos liderados, tem por finalidade, despertar a reflexão sobre o conceito de liderança na assistência de enfermagem, subsidiar o enfermeiro com atuação no atendimento hospitalar na análise da função gerencial, buscando melhoria na capacidade de atuação.
Para Niversindo (1998 apud VALESKI; SOUZA; NAKAMURA, s.d.) a identificação das metas dos funcionários e o estímulo à sua obtenção permitem que o líder motive os funcionários para alcançar metas pessoais e organizacionais.
O líder deve ser ouvinte, apoiador ou elemento estimulador dos funcionários desmotivados. Liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum (HUNTER, 2004).

3.1 QUAL A IMPORTÂNCIA DO LÍDER

Segundo Niversindo (1998 apud VALESKI; SOUZA; NAKAMURA, cabe ao Líder arrebanhar recursos humanos e materiais necessários à solução dos problemas de sua área de responsabilidade. O líder deve buscar as melhores competências em método e ferramentas modernas, bem como técnicos renomados nos processos que estão sendo atacados.
Neste sentido vale ressaltar que com a tendência dos serviços de saúde para a gestão de negócios com foco na obtenção de resultados de qualidade na assistência aos pacientes, o desenvolvimento de habilidades de liderança tem sido uma necessidade e um desafio para os enfermeiros. Macedo et al. (2006) descreve a liderança, como processo de gestão administrativa que favorece a verificação dos valores dos líderes, a produtividade e a satisfação do grupo com as suas tarefas. Os líderes eficazes variam seus estilos de liderança, buscando ajudar o grupo a sair de uma posição de dependência rumo à Dependência.
Segundo Hunter (2004) a base da liderança não é o poder e sim a autoridade, conquistada com amor, dedicação e sacrifício. Ele diz ainda que respeito, responsabilidade e cuidado com as pessoas são virtudes indispensáveis a um grande líder. Sem dúvida na área da saúde estas atitudes são premissas básicas para um profissional que quer oferecer atendimento com qualidade para o seu cliente/paciente.




3.2 TODO MUNDO DEVERIA DESEJAR SER LÍDER

Muito já se escreveu sobre liderança, mas ainda não se estabeleceu com clareza as metodologias para o seu desenvolvimento. Questões como "todo mundo pode ser líder?"
Ou "todo mundo deveria desejar ser líder?" povoam as reflexões de autores de todas as correntes. Para Macedo et al. (2006) o ponto pacífico que o atual líder de uma equipe pode vir a ser liderado amanhã, num processo de mudanças de papéis. Dentro das organizações de saúde, está prática ainda não é muito difundida, principalmente por que nós enfermeiros temos muitas deficiências e muitas vezes não acreditamos que também devemos liderar e não apenas cuidar e cumprir ordens, normas e rotinas.
Compartilhar decisões, agregando valores, acreditando na importância de gerenciar uma equipe, um grupo, uma associação e mesmo uma instituição de saúde, são desafios que nós enquanto profissionais da saúde temos a cumpri num curto espaço de tempo.
Geralmente, o cenário onde se desenvolve o processo de liderança é marcado por turbulências, incertezas e contradições, muitas delas provocadas por alguns paradoxos com os quais precisamos conviver.
Acompanhar o avanço tecnológico tão evidenciado na área da saúde versus ser mais humanista, melhorar a qualidade de vida; sempre buscando mais conhecimento, atuando com rapidez e aprimorando cada vez mais a qualidade de atendimento ao paciente/cliente é o que se espera do profissional de saúde, principalmente em tempos que se trabalha a excelência e a humanização em todas as áreas.

CONCLUSÃO

A partir das discussões anteriores, podemos entender que a prática do trabalho do profissional enfermeiro, é permeada por saberes tecnológicos e relacionais, estando a enfermagem no ponto de convergência destes saberes e relações, realizando a articulação entre os diferentes trabalhadores que compõem a área da saúde e ao mesmo tempo responsabilizando-se com o cuidado direto ao paciente.Desta forma podemos identificar como se organiza o processo de trabalho em enfermagem e os eixos que envolvem este processo.
Entretanto, pode-se concluir que isto deve-se , em grande parte, a algumas questões decorrentes, como tão bem dizia Gattas, já em 1984 da formação destes profissionais. Atualmente, no mundo de negócios, onde as inovações ocorrem a cada momento, a tecnologia de ponta toma conta das clinicas e hospitais, os profissionais enfermeiros são convidados a gerenciarem, desempenhando um papel importante nesta empresas tão complexas.
Segundo Waldow (1998), a enfermagem constituiu uma das primeiras disciplinas, senão a única, que além de estar presente junto ao ser de forma consistente, tenta incluí-lo em suas ações como objeto e finalidade do existir. O saber gerencial, inclui-se como um dos instrumentos de trabalho utilizados pelo enfermeiro para melhor assistir e planejar as demandas que o cuidado requer.
Ao se buscar uma revisão de conceitos relacionados às questões gerencias em enfermagem é possível afirmar que estas, potencialmente contribuem para a efetivação das práticas de cuidado, entretanto é necessário estimular a reflexão acerca dos desafios das possibilidades do fazer em enfermagem, uma vez que os conceitos de gerenciamento do cuidado podem não estar claros para os enfermeiros.
Nesse sentido, Lima (1998 apud GARLET et al., 2006) propõe um novo modelo de gestão e de um projeto terapêutico ampliado para além da abordagem clínica, no qual o papel gerencial que o enfermeiro assume poderia ser relevante, direcionando-se para a construção de uma gestão participativa, na qual houvesse horizontalização das decisões e poderes, valorização do diálogo entre os agentes e trabalho em equipes interdisciplinares, nas quais a responsabilidade e a autonomia de todos os profissionais fossem valorizadas.
Estas diferentes faces ou dimensões do processo de trabalho gerencial do enfermeiro precisam ser mais investigadas, de modo a permitir um reconhecimento mais objetivo sobre as necessidades a que responde a atuação deste profissional no atual modelo de organização das práticas de saúde, no país.
Para Rossi e Lima (2005), esta resignificação do trabalho do enfermeiro possibilitará uma otimização de sua prática, superando a polêmica da polivalência que leva o enfermeiro a fazer de tudo um pouco, porém freqüentemente de forma dispersa, o que compromete os resultados também dispersos e difusos. Uma definição mais clara do trabalho gerencial do enfermeiro poderia representar uma contribuição concreta para a qualidade do cuidado e da atenção à saúde.
Pode-se considerar a estrutura administrativa como um agente facilitador do sucesso, no caso assistencial. Sempre que buscamos uma assistência qualitativa, e integral visamos à prontidão e o recurso humano. Então, faz-se necessário, desenvolver uma visão geral e ampla acerca do serviço a ser prestado e atentar às questões essenciais, disposição de aprendizagem, maleabilidade para mudar e adaptar novos conceitos, utilizando indicadores de qualidade próprios às metas desta fase do atendimento.
Portanto, cabe-nos atuar como líderes estrategistas, com participação, dinâmica, desempenho, preparo técnico, criatividade, sociabilidade, maturidade e direcionamento sendo estas importantes características do perfil do enfermeiro-líder assistencial. O enfermeiro tem consciência de que sua decisão é subsidiada por conhecimento científico, capacidade de trabalhar em equipe e capacidade de discernir qual é o seu papel.
No contexto em que se inseriram as práticas de saúde observa-se que alguns aspectos contribuíram para esta idealização e para o distanciamento da realidade dos enfermeiros sobre a significação profissional (ROSSI; LIMA, 2005).
Portanto, faz-se necessário a retomada de discussões que envolvam o real papel do enfermeiro, das atividades e das necessidades sociais bem como as exigências organizacionais como pilares, para que este saia de sua formação acadêmica com uma real visão e com condições de desenvolver um trabalho mais integrado entre a teoria a pratica no âmbito da assistência e da gerência dentro das mais diversas instituição de saúde.
Acredita-se que através da reflexão e da troca de conhecimento será possível ocorrer uma revisão dos significados, atitudes, ações e comportamentos profissionais que levem à melhoria das práticas de cuidado. O conhecimento e o cuidado são determinantes básicos que se esperam do ramo referenciado, principalmente em tempos que busca-se o atendimento integral do ser humano.





REFERÊNCIAS


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