O ENFERMEIRO NA TRIAGEM COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: Revisão integrativa

 

Deise Gisélia Aparecida Feitosa Lopes[1]

Maria do Socorro Alécio Barbosa2

Andressa Queiroz de Vasconcelos Cahet3

  

RESUMO

O Enfermeiro possui conhecimentos e habilidades específicos para definição da prioridade de atendimento, administra o fluxo de oferta e demanda dos usuários nos serviços de urgência do serviço, contribuindo para a diminuição da morbi-mortalidade(1). Realizou-se uma revisão integrativa, com busca nas bases de dados: BDENF, SCIELO e LILACS, no período de 2000 a 2012. Foram selecionados 20 artigos que atenderam os critérios de inclusão. O estudo objetivou descrever a atuação do enfermeiro na classificação de risco na triagem dos serviços de urgência e emergência e identificar os protocolos utilizados no respectivo setor. Os resultados encontrados foram que dentre estes, 50% estão vinculadas às atuações do enfermeiro no Acolhimento com Classificação de Risco e 50% aos protocolos utilizados por eles nos setores de triagem. Conclui-se que há necessidade na elaboração de novos estudos relacionados à utilização de protocolos de urgência e emergência por enfermeiros, que no Brasil há pouco incentivo público para utilização desses protocolos.

Descritores: Enfermeiro; Triagem; Acolhimento; Urgência; Emergência.

 

INTRODUÇÃO

O SUS é um sistema em constante estruturação e consolidação que não se reduz apenas ao tratamento da doença como foco do modelo, a prevenção de doenças e a promoção de saúde, bem como a reabilitação. Isto implica em muitos desafios pela defesa da vida e garantia da saúde a todos os usuários. Neste contexto de construção do SUS observam-se grandes e várias questões, mas também necessitam de mudanças e aperfeiçoamentos (1).

            Essa situação levou o Governo Federal a reorganizar e normatizar o atendimento aos pacientes nos serviços de urgência e emergência em todo o território nacional. O acolhimento com classificação de risco (ACR), estratégia proposta pela Política Nacional de Humanização (PNH), é criada com vista de ampliar o acesso com os critérios clínicos e não por ordem de chegada (1).

            Os serviços de urgência/emergência têm como objetivo de diminuir a morbi-mortalidade e as sequelas impactantes para tanto é preciso garantir os elementos necessários para um sistema de atenção de emergência considerando recursos humanos, infraestrutura, equipamentos e materiais, de modo a assegurar uma assistência integral, com qualidade adequada e continua (2).

Os serviços de Urgência e Emergência têm como características principais o atendimento a pacientes em situações agudas que se encontram risco de morte ou de sofrimento intenso, porém a maioria dos usuários que procuram estes serviços poderia ter seus problemas resolvidos na atenção básica de saúde.

 A falta de profissionais que saibam e tenham o devido conhecimento sobre a finalidade e funcionamento dos setores de triagem e acolhimento, sendo uma das maiores dificuldades encontradas, para que haja um melhor andamento deste setor e na triagem e/o classificação dos pacientes.

O Ministério da saúde criou a Portaria 2.048, que propõe a implantação do acolhimento e da triagem classificatória de risco, de acordo com essa portaria, este processo deve ser realizado por um profissional de saúde, de nível superior, mediante treinamento específico e utilização de protocolos pré-estabelecidos e tem por objetivo avaliar o grau de urgência das queixas do paciente, colocando-os em ordem de prioridade para o atendimento(3).

Atualmente a superlotação se configura no maior desafio enfrentado pelo serviço de emergência,a triagem estruturada (Classificação de risco), talvez seja a mais importante delas, por que permite que pacientes mais graves sejam atendidos primeiro. O processo de triagem foi introduzido nos serviços de emergência (SE) para tentar minimizar o problema da superlotação, permitindo cuidados imediatos para os pacientes mais urgentes e em todo mundo, o processo de triagem, é realizado por enfermeiros, após um treinamento específico (4).

A avaliação com classificação de risco (CR) pressupõe a determinação de agilidade no atendimento a partir da análise, sob a óptica de protocolo pré-estabelecido, do grau de necessidade do usuário, proporcionando atenção centrada no nível de complexidade e não na ordem de chegada (5).

O acolhimento aparece como sinônimo de acolhedor, humanização, recepção, solidariedade, atenção e da relação de quem atende com quem é atendido, ao considerar a percepção do trabalho na integralidade da assistência, ou seja, na visão holística do ser humano, estamos contemplando todos os aspectos da vida mental, social e biológico. No Brasil, a triagem estruturada assume a designação de avaliação e classificação de risco, que associada ao acolhimento tem por finalidade identificar os pacientes que necessitam de tratamento imediato, de acordo com o potencial de risco, a partir de um atendimento usuário-centrado, evitando dessa forma prática de exclusão(6).

De modo geral, o presente estudo traz como proposta a melhoria do setor de acolhimento e triagem nas unidades de Urgência e Emergência, através da escolha do profissional correto e capacitado para estar neste setor, que neste caso citamos o enfermeiro, além da reciclagem dos profissionais que já se encontram no setor ou unidade de urgência. Surgindo assim questionamentos: Se realmente o enfermeiro está capacitado para atuar na implantação da classificação de risco? Diante de todo este contexto a questão norteadora é: Qual o papel e como atua o enfermeiro na classificação de risco?

Visando responder essas questões, é que se realizou este estudo com o objetivo de interpretar criticamente os estudos publicados relacionados ao papel do enfermeiro na triagem realizada com acolhimento e classificação de risco em serviços de urgência e emergência.

A relevância deste tema se dá através visando uma promissora área de atuação para o enfermeiro, apresentando propostas e subsídios, para que ocorra assim uma futura melhoria e contribuição para a qualificação e valorização do profissional enfermeiro, a fim de melhorar a assistência em situações de risco, não se esquecendo de sempre agir com base no princípio da humanização.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa qualitativa, que reúne e sintetiza o conhecimento produzido, por meio da análise dos resultados evidenciados em estudos primários. Para o desenvolvimento desta revisão integrativa foram utilizadas cinco etapas: identificação do problema, busca na literatura, avaliação dos dados, análise dos dados e apresentação da síntese do conhecimento (2, 6).

O levantamento de dados ocorreu no período de Outubro a Novembro de 2012, Após a síntese dos estudos constituiu-se que todas as publicações eram indexadas nas seguintes bases de dados Online: BDENF (Banco de Dados de Enfermagem), SCIELO (Scientific Electronic Library Online) e LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), no período de 2000 a 2012. Utilizando os descritores no DeCs descritores “Triagem”, “Enfermeiro”, “Acolhimento”, “Urgência” e “Emergência”, aonde foram combinadas entre si, de maneira que as palavras Urgência e Emergência estivessem sempre entre os outros descritores.

Foram definidos os seguintes critérios de inclusão: textos disponíveis online na íntegra, na forma de artigos científicos, nacionais, relacionados à enfermagem, publicados no período de 2000 a 2012. De acordo com os aspectos éticos utilizados nesta revisão integrativa, foi assegurada a autoria dos artigos pesquisados, de forma que todos os estudos utilizados são devidamente referenciados e por não envolverem seres humanos, não foi necessária a aprovação do projeto de pesquisa em Comitê de Ética em Pesquisa.

Após a seleção das publicações que atenderam aos critérios de inclusão, foi feita a coleta de dados de interesse (Título, Periódico/Ano, Autores e Fonte/ Tipo de estudo). Os critérios utilizados para seleção da amostra foram: artigos científicos completos, nacionais e publicados entre 2000 e 2012.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A busca realizada às bases de dados resultou na seleção de 254 artigos, de referências potenciais, a amostra final constituiu-se de 20 artigos relacionados ao foco deste estudo, por atenderem o critério de inclusão no estudo, dos quais 60% artigos científicos no do LILACS, 35% artigos científicos no SCIELO e 05% artigo cientifico no BDENF, resultando em um total de 20 artigos científicos.

Analisando-se as características dos artigos com relação ao ano de publicação, identificou-se que entre os anos 2009 a 2012 se obteve 70% do total de publicações, observou-se a predominância no ano de 2011 com 25% publicações, seguido de 20% publicação no ano de 20012, 15% publicação no ano de 2009, 10% publicação no ano de 2010, 10% publicações no ano de 2006; 5% publicações em 2003; 5% publicações em 2007; 5% publicações em 2005 e 5% publicações em 2001, evidenciando-se um aumento nos estudos desse tema nos últimos anos.

No que tange à localização geográfica, evidencia-se que 5% artigo foi publicado em Sergipe, 5% artigo em Minas Gerais, 20% artigos no Paraná, 20% no Rio de Janeiro, 25% no Rio Grande do Sul, e 25% artigos em São Paulo, aonde se evidenciou que a origem das publicações foi diversificada entre as regiões do Brasil, onde se percebeu o predomínio da região sudeste com 50% artigos, logo em seguida a região sul com 45% artigos e a região nordeste com 5% artigo.

Os delineamentos em relação aos periódicos nos quais foram publicados os artigos científicos incluídos na revisão integrativa, 95% publicados em Revistas e 5% em Cadernos de saúde, onde: 30% artigos eram da Revista Brasileira de Enfermagem; 15% da Revista Latino Americana de Enfermagem; 10% da Revista Gaúcha de Enfermagem; 15% Revista Ciência Cuidar Saúde; 5% Revista Texto e Contexto; 5% Revista Escola Anna Nery; 10% Revista de Enfermagem UERJ; 5% Caderno Saúde Pública, 5% Revista Arquivo Ciência Saúde.

            Com relação à formação acadêmica dos autores, observou-se 100% dos artigos selecionados como amostra eram exclusivos da área de enfermagem, onde 85% foram escritos por enfermeiros, 10% foram escritos por acadêmicos do curso de enfermagem em conjunto com enfermeiros e 15% escrito por um acadêmico do curso de enfermagem. 

De acordo, ao conteúdo dos artigos, evidenciou que a produção do conhecimento sobre a atuação do enfermeiro na classificação de risco em serviços de urgência e emergência, de forma, em duas categorias temáticas: Protocolos de acolhimento com classificação de risco e o papel do enfermeiro no acolhimento com classificação de risco.

Nesse sentido, o trabalho do enfermeiro na classificação de risco também é influenciado por aspectos sociais e pelo contexto de vida em que o usuário se encontra. Assim o enfermeiro utiliza a avaliação intuitiva para exercer a classificação a partir da aparência física e de modo que o paciente apresenta o seu problema(7).

Após a leitura dos 20 artigos, permitiram agrupar os resultados por similaridade, tendo constituído duas categorias de análises, referentes aos de conteúdo foi identificado que os protocolos de enfermagem, aliado á classificação de risco, pode subsidiar o desenvolvimento das intervenções de enfermagem, de forma sistematizada e organizada, no acolhimento emergencial as vítimas, com segurança e qualidade, garantindo agilidade e a integralidade do atendimento(7), sabendo que 50% estavam relacionados aos protocolos de acolhimento com classificação de risco e que 50% relatavam o papel do enfermeiro na classificação de risco.

 PROTOCOLOS DE ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO

O acolhimento com classificação de risco deve ser um processo contínuo dinâmico e resolutivo. A classificação de risco é tida como uma estratégia de gestão dos serviços de urgência. É um processo dinâmico que consiste em identificar o risco/vulnerabilidade do usuário, considerando as dimensões subjetivas, biológicas e sociais do adoecer e encaminhamentos necessários para a resolução do problema do usuário(8).

O acolhimento, como diretriz operacional da Política Nacional de Humanização (PNH) do Ministério da Saúde, associado à classificação de risco, tem por finalidade garantir a humanização da assistência nos serviços de saúde, ampliar o acesso e oferecer atendimento acolhedor e resolutivo(6).

O sistema utiliza um protocolo clínico que permite classificar a gravidade da situação de cada doente que recorre ao serviço de urgência, permitindo atender em primeiro os doentes graves e não, necessariamente, quem chega primeiro. Como o objetivo da triagem é identificar pacientes que necessitam ser vistos primeiro e aqueles que podem esperar por atendimento em segurança, ela é fundamental em qualquer serviço onde haja superlotação(9-10).

O Protocolo de Acolhimento e Classificação de Risco em serviços de Urgência visa estabelecer uma analise do processo de trabalho com objetivo de reconhecer e organizar o atendimento de acordo com as necessidades do usuário. Os serviços de emergência necessitam de uma melhor organização, cabe ainda destacar que os profissionais de urgência/emergência devem ser capazes de tomar decisões rápidas, elencar prioridades e avaliar o paciente em uma abordagem integral (2, 11).

Os protocolos de classificação de risco são instrumentos que sistematizam a avaliação e que vem constituir o respaldo legal para as condutas tomadas pela enfermagem. A aplicação de protocolos proporciona o melhor desempenho e segurança do enfermeiro na classificação qualifica do usuário. É um apoio na tomada de decisões e na avaliação dinâmica, tendo a experiência, a atitude e o conhecimento teórico e prático como habilidades imprescindíveis deste profissional(12).

A classificação de risco, usualmente chamada de triagem, é um processo pelo qual o paciente é avaliado quando chega ao serviço de emergência para determinar a urgência do problema e designar fontes apropriadas de assistência médica capazes de resolver o problema identificado, sendo, posteriormente classificado conforme prioridade(9).

Os sistemas de classificação de risco, no Brasil, foram recomendados pela primeira vez em 2002, pela Portaria GM 2048 que regulamenta os serviços de urgência e emergência. Nessa portaria o termo internacional “Triagem” é substituído por “Classificação de Risco”. No Brasil, o estado de Minas Gerais é o pioneiro na utilização do Sistema de triagem Manchester e foi adotado como política pública a partir de 2008. O Grupo Brasileiro de Acolhimento com Classificação de risco (GBACR) é representante oficial do protocolo no Brasil, autorizado pelo Manchester Triage Goup (MTG) e British Medical Journal(13).

 

Em 1994 foi formado o Grupo de Triagem de Manchester, composto por médicos e enfermeiros do Serviço de Urgência. Este grupo tinha por objetivo a criação de normas de triagem, visando o desenvolvimento de nomenclaturas e definições comuns, além do desenvolvimento de uma sólida metodologia de triagem, de um programa de formação, e de um guia de auditoria para a triagem. Constituído o grupo, foi feito um levantamento da linguagem das escalas/protocolos de triagem até então existentes, visando à identificação de temas comuns (14).

 A partir de então chegou a um acordo sobre um novo sistema de nomenclatura. Foram criadas cinco categorias de gravidade e atribuídas a cada uma delas uma cor, um número e um nome, e definidos os tempos limite de espera até o primeiro contato com o médico do serviço de urgência. Foram realizadas reuniões a nível nacional incluindo representantes da enfermagem e médicos que atuavam nos serviços de urgência, chegando-se ao consenso da escala de triagem(15).

A classificação de risco estruturada mais utilizada atualmente no mundo, devendo ocorrer entre 10 a 15 minutos, devendo ser rápida e elaborada em conjunto com médicos e enfermeiros, e ela classifica os pacientes em cinco níveis como segue:

I-                VERMELHO: Ressuscitação (0 minutos);

II-              LARANJA: Emergência (10 minutos);

III-            AMARELO: Urgência (60 minutos);

IV-           VERDE: Semi-Urgente (120 minutos);

V-             AZUL: Não urgente (240 minutos) (4).

Segundo o grupo Brasileiro de acolhimento com classificação de risco, os protocolos mais usados em nível mundial são quatro: Canadian Triageand Acuity Scale (CTAS), o Australian Triage Scale (ATS), o Emergency Severity Index (ESI) e o Manchesther Triage System (MTS). Esses protocolos de classificação de risco são instrumentos que sistematizam a avaliação e que vem constituir um respaldo legal para as condutas tomadas pela enfermagem, a fim de proporcionar um maior conforto, diminuindo o tempo de espera para atendimento(10 ).

A tomada de decisão é um processo inerente da triagem, sendo que o enfermeiro classificador deve interpretar, discriminar e avaliar a queixa apresentada pelo paciente. Na triagem guiada pelo protocolo de Manchester, a tomada de decisão consiste em uma série de passos para se chegar a uma conclusão, conforme descrito abaixo:

01 - Identificação do problema;

02 - Coleta e análise das informações relacionadas com a solução;

03 - Avaliação de todas as alternativas e seleção de uma delas para implementação;

04 - Implementação da alternativa escolhida;

05 - Monitorização da implementação e avaliação dos resultados (14).

A classificação de risco está fundamentada em conceitos internacionais estabelecidos pelo protocolo de Manchester, que prevê padrões para o atendimento nas emergências de modo a priorizar o atendimento de acordo com a indicação clínica, com vista a superar os problemas encontrados no modelo tradicional de organização do atendimento por ordem de chegada(12)

 

PAPEL DO ENFERMEIRO NO ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO

O enfermeiro faz a triagem habitualmente (16). A atuação do enfermeiro no acolhimento perpassa dos conhecimentos técnicos científicos à capacidade de liderança, ao mesmo tempo em que desenvolve o senso critico para avaliar, ordenar e cuidar. Nos serviços hospitalares de atenção à urgência e emergência, a atuação do enfermeiro envolve especificidades e articulações indispensáveis a gerencia do cuidado a pacientes com necessidades complexas, que requerem aprimoramento cientifico, manejo tecnológico e humanização extensivo aos familiares pelo impacto inesperado de uma situação que coloca em risco a vida de um ente querido (4, 17).

O enfermeiro pode ser considerado o profissional de saúde que mais domina métodos como planejamento, tomada de decisão, supervisão e auditoria, empregados no processo de gerenciamento. O desenvolvimento destas e outras competências gerenciais por parte dos enfermeiros dos serviços de urgência facilitam seu envolvimento com a organização dos processos de trabalho relacionados e a viabilização da classificação de risco. Para a tomada de decisão, o enfermeiro pode utilizar guias e protocolos como suporte e clínica e suporte ao enfermeiro, a fim de qualificar a classificação de risco (6).

Segundo a resolução COFEN (2009), 423/2012 1° parágrafo diz, que no Art. 1° no âmbito da equipe de enfermagem, a classificação de risco e a priorização da assistência em serviços de urgência e emergência é privativa do enfermeiro, observadas as disposições legais da profissão. No entanto, esta resolução prevê que o profissional enfermeiro deve estar dotado de conhecimentos, competências e habilidades que garantam o rigor técnico-científico ao procedimento(18).

A recomendação destes protocolos objetiva a estratificação do risco e a prioridade clínica, e com isso, diversos países os adotam e é referência em modelos assistenciais de classificação. Assim como nas demais escalas, no protocolo de Manchester também é o enfermeiro que realiza o acolhimento dos pacientes e sua classificação dentro de uma prioridade clínica. No Brasil, o papel do enfermeiro no acolhimento com classificação de risco está previsto nas portarias do Ministério da Saúde que regulamentam os serviços de urgência e emergência (1, 13).

Os profissionais de enfermagem que atendem em emergências necessitam de capacitação específica. Além disso, esse profissional necessita de autocontrole e disposição para atender o usuário nessa unidade. A função do enfermeiro vem se destacando das demais por sua autonomia nas tomadas de decisões, na capacidade de avaliar, ordenar e cuidar, tendo como meta o acolhimento e a satisfação do usuário, garantindo a assistência resolutiva e o comprometimento do bem estar da equipe e do usuário (14-19).

No modelo de Acolhimento com classificação de risco, protocolos contribuem para que haja um aumento na resolutividade do enfermeiro frente à assistência, favorecendo o fluxo dos usuários, há uma otimização tanto de tempo quanto de rendimento no trabalho do enfermeiro, que pode avaliar clinicamente utilizando todo seu potencial à assistência. Além disso, o enfermeiro exerce uma autonomia que ele tem de decidir sobre o seu trabalho com exercício pleno do saber-fazer durante a assistência. Para a execução desta avaliação, o Ministério da Saúde designa o enfermeiro, propondo a utilização de um fluxograma de atendimento para incentivar este profissional a uma reflexão profunda sobre o processo de trabalho em questão. Nesse sentido, o trabalho do enfermeiro na classificação de risco também é influenciado por aspectos sociais e pelo contexto de vida em que o usuário se encontra (6, 20).

O enfermeiro que atua na triagem é um profissional capacitado para a função, pois a sua formação é enfatizada na valorização das necessidades do paciente, não só as biológicas, como também, as sociais e psicológicas. O enfermeiro deve estar preparado para classificar e, se necessário, reclassificar a prioridade de atendimento do usuário ao longo do período de espera. Para isso, a avaliação do enfermeiro deve ser cíclica, ou seja, requer contínuo planejamento e reavaliações dos usuários (6). Com isso podemos evidenciar que o enfermeiro é o primeiro contato da equipe de emergência com o paciente, então cabe a ele orientar e coletar as informações necessárias para que, assim faça a classificação de risco corretamente.

CONCLUSÃO

O presente estudo permitiu ampliar o conhecimento, no que se refere às políticas Públicas voltadas para a urgência e emergência e qual o papel que o enfermeiro desencadeia e realiza em serviços de urgência e emergência, pois ele no setor de triagem coloca em prática o acolhimento com classificação de risco, por possuir conhecimento clínico, teórico e prático, tornando o atendimento assim mais eficiente e adequado aos pacientes que assim utilizarem o sistema de urgência e emergência.

Sabe-se também que, boa parte dos problemas detectados na área de saúde e principalmente nos setores de urgência e emergência, se dá através da má fiscalização dos setores públicos, má administração dos locais aonde são implantados esses programas de lei, além da má distribuirão das verbas enviadas estes setores, que prejudicam a manutenção dos aparelhos e máquinas utilizados no setor, faltam de ampliação dos hospitais de referência e a falta de capacitação e qualificação dos profissionais que ali atuam.

Evidencia-se a necessidade da elaboração de novos estudos relacionados ao profissional enfermeiro no Brasil, cujo seu papel como profissional responsável pela triagem com acolhimento e classificação de risco, não é dado o devido valor pelos outros profissionais da área, fazendo assim que o estresse atrapalhe o desempenho do mesmo, de acordo com a pesquisa e a leitura.

É imprescindível que no sistema de urgência e emergência, exista e seja implanta do o sistema de triagem e uma prática de acolhimento e classificação de risco estruturada, pois o acolhimento com classificação de risco é um instrumento que deve ser utilizado como um protocolo de minimização da superlotação dos sistemas de urgência e emergência, além de amenizar o sofrimento dos pacientes que utilizam os serviços de Emergência.

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[1] Enfermeira. Socorrista/BLS pela CTCARDIO. ([email protected] ou enfa_deiselopes@outlookcom ).

2  Enfermeira do Trabalho do TRT19ª Região, Profª de Graduação da Faculdade Estácio de Alagoas/FAL. Profª de pós-graduação nas área de ergonomia, enfermagem do trabalho, ética e administração em enfermagem e saúde do adulto pela FIP. Assistente Chefe do Setor de Saúde do TRT19. ([email protected] )

3  Enfermeira.Socorrista pela CTCARDIO. ([email protected] )