Creumir Guerra O EMBAIXADOR DO BAR DO ZÉ DA LOTO EM BOSTON A nossa região ficou famosa por enviar uma legião de embaixadores e diplomatas para a região de Boston-MA-EUA. Não havia uma família sequer que não tivesse o seu representante em terras estrangeiras. Um dos meus tios, que até hoje reside na St. Saratoga, East Boston, também foi mandado como Consul Honorário do Bar do Zé da Loto. No ano de 2001 eu fui até Boston e de lá fui com o meu tio até a Martha's Vineyard. Ele se mostrava recente no local e tinha dificuldades com o idioma. Estava andando para lá e para cá, um tanto perdido entre Oak Bluffs e Edgartown. De repente surge em sua traseira uma viatura policial e o manda encostar. Josemar Gonçalves, o homem tremia igual vara verde. O guarda falava uma coisa e ele entendia outra completamente diferente. Ele pensou o obvio, o policial deve esta querendo a carteira de habilitação e os documentos do veículo. Quando o cara é matuto do interior se vê logo. O nervosismo foi tanto que a sua carteira de documentos, que ele acreditava que estava no bolso, sumiu. Confesso que não sei de fato o que ocorreu, mas ele tinha sentado em cima da carteira e esta havia procurado um jeito de esconder, por que também temia que fosse apreendida, isto em razão da sua originalidade. O guarda mandou que ele se acalmasse e que se postasse do lado de fora do carro. De cara o veículo estava com a inspeção anual vencida. Já em pé o meu tio viu que a carteira estava amoitada em sua parte traseira e a apresentou ao homem da lei. Hoje eu penso que fomos liberados quando o policial viu o tamanho da barriga da esposa do meu tio, que à época estava gravida de gêmeos. Eu não seu se o Jackson Cardoso, dono do carro, já o levou para a inspeção. Você acha que meu tio tomou emenda? Claro que não. Passado um tempo ele estava trafegando pelas avenidas de Boston e um veículo ficou andando devagar em sua frente. O nervosinho do meu tio apontou o dedo para os ocupantes do outro veiculo, mostrando que os lerdos deveriam ficar na pista da esquerda. O carro piscou igual arvore de natal e os homens mandaram que ele parasse. Um deles perguntou ao meu tio se ele estava com algum problema (what's the problem?). Aquele que a pouco estava todo cheio de razão, mudou da agua para o vinho. Abaixou a cabeça e respondeu: I have no problem, sir.