Faculdade Sete de Setembro ? Paulo Afonso ? BA.
Dezembro 2010.

ATOS DE FALA DE AUSTIN: O ELO ENTRE A LINGUAGEM E AÇÃO

Diogo ([email protected])
Mariza ([email protected])
Raisa ([email protected])
Tatiana ([email protected])
Curso de Licenciatura em Letras com Habilitação em Português e Inglês da Faculdade Sete de Setembro - FASETE
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ORIENTADOR
Professor. Joseval Filho ([email protected])
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Resumo

A presente pesquisa referente aos atos da fala visa esclarecer algumas questões levantadas por Austin, em seu livro: "Quando dizer é fazer", sobre a analise da linguagem e a sua influencia nas ações humanas.
A partir deste trabalho, poderemos perceber que através da linguagem não só designamos coisas no mundo, mas também, e, sobretudo realizamos ações, ou seja, o mundo existe através da linguagem.

PALAVRAS-CHAVE: Atos de Fala, Austin, linguagem, ações.






















ABSTRACT

The present research related to speech acts, seeks to clarify some issues raised by Austin in his book: "When doing is saying" about the analysis of language and its influence on human actions.
From this work, we realize that through the language not only designate things in the world, but also, and especially perform actions, is, the world exists through language.

KEYWORDS: Speech Acts, Austin, speech, actions.







































INTRODUÇÃO
Ao longo da história, muito se discutiu a respeito das questões ligadas ao uso da linguagem. Primeiramente a linguagem a ser analisada e discutida dentro da filosofia, e posteriormente foi apropriada pela lingüística.
Neste trabalho procuramos evidenciar, a importância dos estudos sobre a linguagem, dando a devida apreciação, a Teoria dos Atos de Fala, elaborada e defendida pelo inglês John Langshaw Austin.
Pretendemos através da pesquisa esclarecer alguns pontos principais defendidos por Austin, em suas pesquisas, para tanto, procuramos detalhar os aspectos que em nossa opinião eram de maior relevância, partindo das afirmações feitas pelo próprio Austin e tendo também, como base outros referencias teóricos que nos auxiliaram na formulação de nossas conclusões.
Toda essa pesquisa tem como objetivo, demonstrar que os Atos de Fala, sem duvida, é o marco divisor nos estudos da linguagem.

1 AÇÃO ATRAVÉS DA LINGUAGEM.
Basicamente a teoria dos Atos de Fala, formulada e defendida por Austin, entende a linguagem como uma forma de realizar ações, e não somente um mero instrumento que descreve coisas.
Austin no seu livro "Quando Dizem é Fazer", traduzido por Danilo Marcondes de Souza Filho (1990), afirmava que" todo dizer é um fazer", ou seja, dizem sobre as pessoas e sobre o mundo a nossa volta.
O que Austin percebeu é que diversas ações humanas do cotidiano, se realizavam através do uso da linguagem; em outras palavras, ocorre uma relação entre o agir e o falar. Observando atentamente percebemos que as expressões e sentenças que dizemos diariamente, exercem uma função além da descritiva, ou seja, é possível interferir nas circunstâncias através do dizer.
1.1. CONTANTIVOS VERSOS PERFOMATIVOS.
Austin começou a refletir sobre a relação ação-linguagem, para tanto, inicialmente passou a analisar sentenças isoladas; concluiu então, que determinadas expressões simplesmente relatava ou constatava coisas, por exemplo: Uma pessoa qualquer pronuncia a sentença: "O mar é azul", imediatamente subtende-se que essa pessoa, está descrevendo ou relatando uma característica relacionada à cor do mar, ou seja, o seu aspecto visual.
Segundo Austin (1990), quando um enunciado ou sentença simplesmente descreve uma determinada coisa ou circunstância, diz que ele é um enunciado constantivo. Seguindo essa regra o mesmo se aplicaria a enunciados como: "a terra é redonda", "o gato está em cima do tapete", a mosca caiu na sopa", etc.
Ilari e Geraldi (2005). Asseveram que no caso de um enunciado que no caso de um enunciado constantivo na terminologia de Austin, cabe sempre perguntar se ele é fiel aos fatos. Caso contrário uma pessoa poderia dizer, por exemplo: "que a terra é quadrada". Não distante disso, Austin submeteu os enunciados constantivos ao critério de verificação, ou seja, a condição de verdade e falsidade.
No outro extremo, temos os enunciados que de acordo com Austin, não descrevem absolutamente nada, mas sim propiciam ações, é o caso, por exemplo, da expressão: "eu declaro aberta a sessão". Subtende-se que essa sentença não descreveu e nem relatou nada, mas se realizou uma ação, nesse caso o ato de iniciar a sessão. O mesmo se aplicaria a enunciados como: "eu te condeno a cinco anos de reclusão", "eu te batizo em nome do Pai, do filho e do Espírito Santo" ou ainda em "eu te perdôo". Todos esses exemplos comprovam que através da linguagem realizam-se ações, podemos então afirmar que dizer algo é fazer algo, como lembrava Austin. Esses enunciados que permite a realização de ações, Austin denominou de enunciados performativos.
Os já citados Ilari e Geraldi (2005) afirmam: "O enunciado performativos não e em si mesmo nem verdadeiros nem falsos: não é em si uma informação; é um ingrediente de um ato que se realiza verbalmente" (p. 74).
Nesse sentido o performativo visa em fazer algo, ao contrário, de dizer algo. Essa oposição entre descrever e realizar verbalmente uma determinada ação é o objeto de estudo de Austin, tendo como principal os performativos.
Com relação aos enunciados performativos, é importante observar, que para sua realização, seja bem sucedida é preciso que ele seja pronunciado em situações adequadas e algumas vezes por pessoas de terminadas. Assim, por exemplo, se uma pessoa comum diz eu te perdôo em nome do Pai..., o performativo não se realiza, pois somente uma autoridade religiosa tem autonomia para realizar o ato de perdoar. O mesmo acontece, caso uma pessoa qualquer, profira a sentença "declaro aberta a sessão", nesse caso somente uma autoridade determinada tem poder para realizar a ação de abrir uma sessão. Porém se essa mesma autoridade declara aberta a sessão, em um ambiente impróprio como, por exemplo, em sua casa o performativo também não se realiza. Nesses casos o enunciado performativo simplesmente fracassa, ou nas palavras de Austin (1990), ele é um ato infeliz, pois não alcançou o seu objetivo determinado.
Se para os enunciados constantivos tinha a condição de verdadeiro ou falso, para os performativos Austin deu a condição de felicidade para o sucesso do ato e infelicidade para o seu fracasso.
1.2 ATOS: LOCUCIONÁRIO, ILOCUCIONÁRIO E PERLOCUCIONÁRIO.
No transcorrer de seus estudos, Austin define três atos que podem ser realizados ao proferirmos um enunciado.
Austin afirmava que o ato locucionário é o ato de "dizer algo" nesta acepção normal e completa. De acordo com Koch (2001) "o ato locucionário consiste na emissão de um conjunto de sons, organizados de acordo com as regras da língua (P. 19)". De forma clara e direta, podemos dizer que o ato locucionário é o ato de pronunciar a frase em si. O ato locucionário de acordo com Austin é a realização de um ato ao dizer algo, ou seja, é o ato que se realiza na linguagem. Austin afirmava que ao dizer um ato locucionário e assim um ato ilocucionário, pode-se também realizar um terceiro ato, chamado de perlocucionário, quando produz outros efeitos diferentes da primeira intenção. Por exemplo, se eu digo: "Pedro stude bastante", ao enunciar a frase realizo o "Pedro estude bastante", esse é o ato ilocucionário. Simultaneamente ao enunciar essa frase, o resultado pode ser diferente do esperado, pode ser interpretado, como uma ordem ou ameaça esse e o ato perlocucionário.
"Devemos distinguir o ato ilocucionário do perlocucionário, por exemplo, ao dizer tal coisa eu o convenci, ou surpreendi ou fiz parar" (Austin, 1990, p. 96).
Podemos dizer então que o ato locucionário é a pronunciação do enunciado, o ato ilocucionário e a intenção e o ato perlocucionário é a consequência.
Koch (2007) afirma que todo ato de fala é ao mesmo tempo, locucionário, ilocucionário e perlocucionário, caso contrário não seria um ato de fala.
A descoberta desses três atos é fundamental, pois mudaram bruscamente a visão que Austin tinha sobre os enunciados performativos e constantivos. É bom lembrar que Austin defendeu sua teoria em 12 conferências; à medida que, o assunto se desmembrava, Austin fazia novas descobertas, assim sendo, reformulava suas antigas concepções acrescentando novos conceitos a sua teoria. Isso ocorreu, por exemplo, com os enunciados constantivos, onde, Austin percebeu que os mesmos igualmente aos performativos também realizavam ações. Isso ocorreu quando Austin passou a analisar não somente a sentença em si, mas também a situação lingüística em que o ato era proferido.
Uma vez que percebemos que o que temos que examinar não é a sentença, mas o ato de emitir um proferimento numa situação linguística, não se torna difícil ver que declarar é realizar um ato. (Austin, 1990, p 115).
Essa afirmação parte de pressuposto de que, ao declarar alguma coisa, tenho um determinado propósito ou intenção, o mesmo que acontece no ato ilocucionário.
Austin constava que os enunciados constantivos, poderiam se tornar performativos; bastava antecedê-los de verbos como: declarar, atestar, ordenar, etc.
Segundo Koch (2007) "os performativos explícitos são apenas formulas convencionada para realizar algumas ações e que a "performatividade" se faz presente em todo e qualquer uso da linguagem". (p. 21)
Assim sendo todo dizer é um fazer, como atestava Austin.
1.3 ATOS DE FALA DIRETOS E INDIRETOS.
Dentro da teoria dos Atos de Fala, distinguem-se os atos diretos, que de acordo com Koch (2001) "são realizados através de formas lingüística especializadas para tal fim" (p. 21). Nesses casos usam-se expressões convencionadas como, por favor, por gentileza, etc. Ao pronunciar a frase: "por favor, que horas são", estou enunciando um ato de pergunta, nesse caso direto. Agora se eu digo a uma pessoa: "você tem um cigarro"? Não estou, necessariamente perguntando, se a pessoa tem ou não um cigarro, mas querendo que ela me ceda um cigarro; esse é o ato indireto ou derivado, pois se realiza indiretamente por meio de formas lingüísticas típicas de outro ato. Koch (2007, p. 22) "atesta que o ato indireto é realizado através do recurso a formas típicas de outro tipo de ato".
Nesse sentido se diz uma coisa com a intenção de outra. É justamente o conhecimento de mundo e o convívio social que facilitarão o seu entendimento.
É importante salientar que a teoria dos Atos de Fala de Austin, não pôde ser revista por Austin, pois o mesmo faleceu em 1960 e o seu livro só foi lançado em 1962, no entanto, outros especialistas seguiram os estudos de Austin, como destaque: Searle, Strawson entre outros.
Com isso, a teoria dos Atos de Fala tem recebido algumas criticas e reformulações, mas sem deixar de lado as importantes pesquisas de Austin.













CONCLUSÃO
É importante lembrar que as pesquisas de Austin, revolucionaram os estudos da linguagem, rompendo com o tradicionalismo dos estudos lingüísticas que até então acreditava ser a linguagem somente descritiva.
Essa pesquisa não busca somente apresentar os conceitos, mas também, visa esclarecer as concepções defendidas por Austin em sua teoria, salientando assim a importância que os Atos de Fala exercem destro da lingüística moderna, servindo então, como base para reflexões e analises futura.





































Referências

AUSTIN, John Langshaw. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Trad.: Danilo Marcondes de Souza filho. Porto Alegre: Artes Médicas,1990.

ILARI, Rodolfo; GERALDI, João Wanderley. Semântica. 1°ed. São Paulo: Ática,2005.


KOCH, Ingedone. Greenfeld Villaca. A Interação pela linguagem (Repensando a língua portuguesa). 6ed. São Paulo: Contexto, 2001.