O destino do mundo.

Queria escrever um poema.

Pliocênico.

 Um poema sem nenhuma lógica.

Nem sei o que é lógica.

Monômio.

Nunca me preocupei com essa.

Formulação poética.

 Sei apenas que a minha poesia.

É um cárcere metafísico.

Litófilo.

Não a metafísica transcendental.

Falo do mistério das coisas.

Metaforicamente incompreensíveis.

 Sou poeta porque gosto das palavras.

Lexiogênica.  

 Nada além da imaginação.

Acho o mundo uma bosta.

A substância incompreensível.

O ato a negação da potência.

Compreendo uma tremenda regra.

Intransponível.

Perfunctória.

Medo até do medo.

O que significa tudo isso.

A não ser um ato impensado.

 Sou um pouco vaidoso.

Na mais absoluta irrealidade.

Por  ser talvez  medíocre.

 Mas o que é esse mundo.

Tenho medo da sombra dele.

E de tantos Raimundos perdidos nele.

 Se Deus fosse perfeito.

Não seria tão incoerente.

Inconveniente.

Latíbulo.

 Todas as vidas abstratas.

Inteiramente falsas.

 O que devo dizer aqui.

Apenas o essencial.

Laurear sintomas.

 Como outra vez pude ver.

O inexpressivo significado.

 Essas coisas vão se repetindo.

Sem nenhuma razão de ser.

 Como foi boa a percepção.

Não aguento essa gente.

 Confesso que coisa chata.

 A bela superfície.

Impostoria imprecativa.

Hoje como ontem e sempre.

 Reflete a alma a distância do tempo.

Alguns macacos conseguiram pensar.

Que coisa estranha.

A esse mundo.

Sem jeito.

Sem fim.

Sem início,

 Apenas o mundo.

Mefistofélico.

 Ele entre tantas pessoas.

Mas ele foi tantos outros eles.

Danou se a face da contemplação.

 Claro que fiquei puto, muito puto.

Mas isso não significava nada.

 É como uma roda.

Não se sabe para onde vai.

Extrorso ao predestino.

Tem-se ou não algum sentido.

Ir para algum canto.

Mundo, mil vezes mundo.

Tudo isso diversificou.

 Nasci como uma planta.

Perdida na imensidão.

Meteram em minha cabeça.

Milhares de antropologias.

 Mas como sei que tudo isso.

 É uma brincadeira.

Então conformei com o mundo.

 Não decidi nada, e não escolhi nada.

Porque tudo isso que escrevo.

Não tem sentido, lógica ou compreensão.

Exula se com grandevo a imaginação.

Edjar Dias de Vasconcelos.