“Diante das cãs te levantarás, e honrarás a presença do ancião, e temerás o teu Deus. Eu sou O Senhor.” (Levítico 19: 32)

 

Porque um texto de Levítico (Antigo testamento) para promover uma reflexão sobre o Evangelho (Novo Testamento)? Porque “Sabemos, todavia, que a Lei é boa, se alguém a usa de forma adequada.” (1 Tm 1:8) e o texto de Levítico 19, entendido dentro de seu devido contexto, apresenta princípios que certamente mudariam o mundo de violências para um mundo de paz, caso

os homens os incorporassem.

O texto em evidência nos leva a meditar sobre a sociedade em que vivemos, marcada pela irreverência (desrespeito) e pela busca de novidades. O “novo”, em nossa sociedade consumista, é tido como melhor que o antigo, ainda que esse “novo” seja sem profundidade, sem consistência e descartável. A música é um exemplo clássico disto. Faça uma lista das “dez mais” do rádio ou da TV e você constatará o quão superficial a maior parte delas é, sobretudo no que diz respeito à educação para a vida. São expressões artísticas que não tem foco na percepção do belo e não educam a sensibilidade humana para o cuidado de si mesmo, para o respeito ao outro e a reverência diante das manifestações da existência. Muitas destas composições nos despertam para o desejo de expressar nossos instintos mais primitivos e grosseiros. O mesmo raciocínio (o novo X o antigo) é aplicado às mercadoria e produtos, sobretudo aos aparelhos eletrônicos. O mais preocupante, contudo, é quando este conceito de “o novo é melhor que o antigo” se estende à relação entre os próprios seres humanos.

O nosso texto de meditação diz: “DIANTE DE UMA PESSOA DE CABELOS BRANCOS VOCÊ DEVE SE LEVANTAR E HONRAR E RESPEITAR AS PESSOAS MAIS VELHAS, POIS ISTO SIGNIFICA TEMER A DEUS. QUEM ESTÁ DIZENDO ISTO SOU EU, O SENHOR.”.

Não raras vezes, nos diversos ambientes sociais, os anciãos estão de pé e os jovens sentados, insensivelmente: Nos ônibus, nas esperas hospitalares... Quantas vezes ouvimos dizer que “os velhos” estão desatualizados e a geração XYZ é que sabe das coisas e os “velhos” devem procurar aprender com eles.

Os cabelos brancos (cãs) representam um tipo de sabedoria que não se adquire na leitura de livros, nem nas frases do facebook. É uma sabedoria que procede do amadurecimento decorrente das experiências vividas.

DIANTE DE UM ANCIÃO UM JOVENZINHO DEVERIA PENSAR: “ESTE HOMEM OU ESTA MULHER CHEGOU AO MUNDO PRIMEIRO DO QUE EU. O QUE EU PODERIA APRENDER COM ELE OU COM ELA?”. Evidentemente, cabelos brancos não denotam, absolutamente, sabedoria ou posse da verdade inquestionável.

Levantar-se diante dos cabelos brancos é reconhecer o valor dos que vieram antes de nós, da herança dos seus feitos, de suas palavras e de suas vidas. É reconhecer o valor do que é Antigo e Primeiro. É saber que o que é originado deve respeito ao que o originou (Falo sobretudo, com relação aos nossos pais). Diante de um Ancião porte-se como estando diante da semelhança de Deus: Sábio e Antigo.

 

“e entre os candelabros alguém "semelhante a um filho de homem", com uma veste que chegava aos seus pés e um cinturão de ouro ao redor do peito. Sua cabeça e seus cabelos eram brancos como a lã, tão brancos quanto a neve, e seus olhos eram como chama de fogo.” (Apocalipse 1: 13,14) - Visão de João, sobre Jesus Cristo.