O  DESPERTAR  VOLITIVO  NO  HOMEM 

Quais as principais Potências da Alma, ou, do Espírito imortal em nós mesmos, Seres evolutivos que se despertam do longo sono do mundo, da ignorância, da ilusão da vida sensualista e exclusivamente material? Podemos conhecer tais Potências? Podemos estudá-las, esquadrinhá-las? Mas qual o motivo e a utilidade prática de se conhecê-las? Digo que tal se objetiva colocá-las a nosso favor, a nosso benefício e de nosso irmão, que nem sempre as utiliza corretamente, perdendo-se, alguns, nas garras do vício que não só lhe destrói o cérebro, a vida como um todo, e o mais importante de si mesmo, degradando-lhe: seu Espírito imortal. 

Neste aspecto, de tão negras perspectivas, o consumo das drogas persiste crescendo, sobretudo em nosso país. Dias atrás, um especialista informava que de cada dez internados para livrar-se do vício da droga, sete retornavam à mesma, não conseguindo dela apartar-se. Mas o que lhes faltara? Apoio dos familiares? Da sociedade? Ou fora a falta de Vontade, de Querer libertar-se do vício, que lhe degrada? Ou, quem sabe ainda, falta de Fé em tal empreendimento, se beneficiando da liberdade, de não mais ser um seu escravo, e sim, senhor? Capacidade, todos nós temos para libertar-se das amarras do Mundo, bastando que reúna Força de Vontade e Firmeza de Caráter, nos predispondo à vitória, à alegria de constatarmos que somos superiores aos alucinantes infernais. 

Entretanto, os vícios humanos não são só tais; os vícios humanos são também os defeitos da Alma, tais como os da preguiça, da sensualidade, da desonestidade, do orgulho de achar-se melhor que tudo e todos, do egoísmo de pensar em si somente, menosprezando os demais. Portanto, a complexidade do problema é maior do que se supõe, e a solução para ele todos já sabem, já ouviram falar, mas muitos, por ignorância, ou fraqueza de caráter se recusam, não reconhecendo os benéficos efeitos da Religião Pura, do Evangelho de Jesus. 

Assim, pois, o Evangelho desponta-se como definitiva solução, pois não descuida da educação do Homem, da Alma, do Espírito Imorredouro e responsável por tudo quanto faz a si mesmo e a outrem; por tal conhecimento, observa-se que o Espírito não é um epifenômeno do campo cerebral, pelo contrário, tal campo, e o corpo organizado como um todo, é que são produtos do Espírito, pois que foram plasmados, dirigidos e orquestrados por aquele outro desde suas mínimas porções celulares, sendo o Espírito, pois, de Natureza e Potencialidade Superior, porque Transcende e Sobrevive à matéria; dirige-lhe e governa-lhe desde ontem; ou melhor: desde que o Mundo é Mundo, sendo ele, pois, a fonte de tudo, de mim, de você, de nós todos, detentores de corpos humanamente organizados, mas corpos sujeitos à morte fatal. 

E quais são, além das Possibilidades e Potências já citadas, quais são as demais faculdades do Espírito imortal? Trata-se, genesicamente, de três potencialidades: do Pensamento, do Sentimento e da Vontade, aliando-se a outras que surgiram e se reforçaram a posteriori (Razão, Livre-Arbítrio, Consciência, e etc), e que com tais interagem nos processos mentais, sendo aquelas, por conseguinte, as bases do Espírito, constituindo-lhe uma Tríade de Potências Mentais. Segundo André Luiz (1), a energia ou porção (partícula) minimizada do Pensamento: 

“..., embora viva e poderosa na composição em que se derrama do Espírito que a produz, é igualmente passiva perante o Sentimento que lhe dá forma e natureza para o bem ou para o mal, convertendo-se, por acumulação, em fluido gravitante ou libertador, ácido ou balsâmico, doce ou amargo, alimentício ou esgotante, vivificador ou mortífero, segundo a força do Sentimento que o tipifica e configura, nomeável, à falta de terminologia equivalente, como ‘raio da emoção’ ou ‘raio do desejo’, força essa que lhe opera a diferenciação de massa e trajeto, impacto e estrutura”. 

Sendo o Pensamento, pois, como Força Mental e como Ato de Pensar, uma energia neutra relativamente aos Valores Afetivos; o que não se verifica, pois, com o Sentimento, que dá tonalidade diversa a tal energia, tipificando-lhe para o bem ou para o mal, operando-lhe notável diferenciação consoante os Desejos e os Sentimentos de quem lhe produz. 

Assim, o Pensamento é a Linguagem do Espírito; e as imagens que resultam de nossas idéias estão revestidas do nosso bom ou nefasto Sentimento, expressando nossas disposições mais íntimas por intermédio de palavras e atitudes diversas do nosso comportamento. E é justamente aí que entra a Potência Volitiva, ou seja: da Vontade: como elemento de controle, de direção, após análises da Razão e do Livre-Arbítrio. 

De retorno, pois, ao tema inicialmente citado, nós, como Espíritos imortais, dotados de Inteligência, de Sentimento e de Vontade, auxiliados pela Razão e pela Liberdade, já em suas fases humanas mais adiantadas, temos a Capacidade de dominar, e de abolir de vez, nossos vícios e defeitos diversos, pois que somos Potências superiores a tais; bastando, pois, de nós mesmos, a Vontade firme, o Querer, o termos Fé em nossos atos e, porque não, Fé em Deus, que depositara tantas Potências em nosso Espírito no ato da Criação, bastando a nós desenvolvê-las e colocá-las a nosso favor com o Ato do Querer: Ato Soberano da Soberana Vontade. 

Para finalizar, uma proposta interessante, ainda, é a contida na obra central do Pentateuco Kardequiano (2), que assim se nos dirige acerca da Fé em Deus e da Fé em nós próprios: 

“... se todas as criaturas encarnadas estivessem suficientemente persuadidas da Força que trazem consigo, e se quisessem colocar a sua Vontade a serviço dessa Força, seriam capazes de realizar o que até hoje chamais de prodígios, e que é simplesmente o desenvolvimento das faculdades humanas”. 

Certamente que tão resumido texto não encerra tudo acerca das Potencialidades da Alma humana, e, de sua Capacidade Volitiva na solução de seus inúmeros problemas, vícios e defeitos; mas não deixa de chamar a atenção daqueles que se importam consigo mesmo, com o seu próximo que, afinal, é seu irmão, e que, se ouvi-lo, quem sabe não contabilizemos para Jesus, mais uma ovelha desgarrada que retorna pela ajuda de outrem, mas também por Vontade Própria, e, por Evolução, ao seu divino rebanho. 

Obras Citadas: 

(1) – “Evolução Em Dois Mundos” – André Luiz – Feb;

(2) – “O Evangelho Segundo o Espiritismo” – A. Kardec – Feb. 

Articulista: Fernando Rosemberg Patrocinio

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