Quando tomamos consciência da existência da desigualdade social? Existe uma idade "certa" para essa tomada de consciência?
Crescemos rodeados pela diferença social, em uma mesma cena podemos encontrar carros de luxo e gente vivendo na miséria. Desde pequenos nos deparamos com essa realidade, vemos e convivemos com a desigualdade. Mas em qual momento entendemos o que ela significa, porque está ali, como ela nos atinge?
Alguns passam a vida toda no meio dela sem nunca refletir sobre o assunto. Pessoas que vivem em suas redomas, convivem com a miséria, mas não a percebem.
Em contrapartida, muitos começam a refletir sobre as injustiças em nosso país desde muito cedo e vivem no inconformismo durante toda a vida.
Mas será que as pessoas que tomam consciência das injustiças e desigualdades, não só de nosso país como do mundo, mais cedo são mais sensíveis a elas do que aqueles que demoram um pouco mais a admitir a absurda realidade em que vivemos?
É necessário que todos tomem essa consciência em algum momento. Não se pode ficar apenas pairando sobre os horrores do mundo, entretanto, não acredito que a infância seja esse momento.
É triste a idéia de que uma criança se desiluda tão cedo com a realidade ao seu redor. É interessante que a pessoa se interesse pelo que acontece a sua volta e que faça alguma coisa para melhorar o mundo onde vive, mas é interessante, também, possuir essa consciência da desigualdade quando se pode fazer alguma coisa; lutar para diminuí-la.
Alguns poderiam dizer que aqueles que são inconformados com as injustiças desde pequenos começam a lutar mais cedo contra elas. Porém, de que nos adianta o inconformismo quando não temos força, informação e nossa voz não é ouvida o suficiente para que esse inconformismo se manifeste em um protesto?
O momento da percepção da consciência não importa para aquele que a descobre. Aqueles que se não se conformam e lutam contra o sistema desigual em que vivemos irão lutar com a mesma vontade não importa em que idade foram despertados para tal. Uma vez que se reflete sobre as injustiças que nos rodeiam, não há mais volta, não importa se você tem oito ou oitenta anos.
É sim necessário começar educando as crianças, apresentando a realidade em vivem e as injustiças que sa rodeiam. Assim poderemos ajudar a despertar a consciência, mas não podemos determinar quando ela se dará exatamente. Deixemos que elas descubram e reflitam na hora certa: quando estiverem prontas para encarar a viagem sem volta que se faz quando se pára e se pensa sobre quão injusto e desigual é o mundo a sua volta.