O DESINTERESSE COM O MEIO AMBIENTE COM ÊNFASE NO RÁDIO ¹

 

Andréia Regina Hermes ²                                                                                                                                      

RESUMO

 A idéia desse artigo se deu através do veículo de comunicação rádio, e conseqüentemente pela falta de interesse em promover campanhas para preservar o meio ambiente. De modo geral, este artigo tem a finalidade de analisar como o rádio vem desempenhando o tema do meio ambiente nos seus programas. Para tanto, serão abordadas as falhas dos nossos governantes e até mesmo da população. Esse estudo teve como base pesquisa bibliográfica, a qual é constituída por material já elaborado, analisado e publicado sob a forma de livros, artigos, revistas e noticiários da televisão, no qual retratam situações que se assemelham as que ocorrem em nosso município.

Palavras-chave: Degradação. Meio ambiente. Rádio.

1 - INTRODUÇÃO

Observa-se no contexto deste trabalho, o qual toma com objeto de estudo o veículo de comunicação rádio, sendo o único existente no município, uma vez que é de maior acesso da população, pois não há TV ou jornal local de circulação diária,como objetivo foi analisado a programação do mesmo.

No entanto, analisou-se por sete dias as programações do rádio, a fim de conhecer a informação que ele passa a respeito do meio ambiente no município de Alto Garças, para tanto, saber no que o mesmo contribui para a evitar os problemas existentes no local.

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¹ Artigo apresentado  como qualificação profissional a Escola Estadual “Ytrio Correa”, município de Alto Garças

² Professora Especialista em Língua Portuguesa e Literatura Andréia Regina Hermes

Para conhecer mais de perto os efeitos apresentados nesse trabalho, é necessário que tenhamos a consciência de que a degradação do meio ambiente, realmente acontece em nosso município, apresentando vários problemas ambientais dentre os quais podemos citar: a poluição do ar por meio da BR-364 que corta a cidade com um intenso fluxo de veículos, queimadas do lixão que se encontra a céu aberto, as indústrias que são fontes poluidoras e seus problemas ambientais decorrem pela falta de controle dos processos industriais como o de seus poluentes.

No que se diz respeito ao rádio, foi analisado a participação do tema meio ambiente nas programações, e o papel que ele desempenha e na questão quanto a importância de mostrar a necessidade de se preservar o meio ambiente, juntamente com a conscientização que ele desperta  dos cidadãos de que podemos evitar tais problemas.

2 - VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO: RÁDIO.

               Entre os meios de comunicação de massa, o radio é o mais popular, não só no Brasil, mas como em todo o mundo. O rádio desempenha uma função muito importante no estabelecimento de contato entre a população, que a televisão e os veículos impressos ainda conseguiram igualar, pois leva a informação para a população de vastas regiões que não tem acesso a outros meios, por motivos geográficos, econômicos ou culturais.                                                                                                                                              

            O rádio é um meio de comunicação que é de fácil entendimento, pois para entender a mensagem só é necessário ouvir. Além de que seus ouvintes não precisam ser alfabetizados, se comparado a televisão e aos outros meios de massa. O receptor de radio é mais barato, além de passar emoção e a imaginação através dos efeitos de sonoplastia e como cita Ortriwano (1985, p.89) “O objetivo da informação como mensagem radiofônica é manter o ouvinte a par de tudo o que é de interesse e atualidade que ocorre no mundo”.

            O rádio tem condição de transmitir a informação com maior rapidez do que qualquer outro meio, como salienta Ortriwano (1985, p.84) “O rádio foi o primeiro dos meios de comunicação de massa que deu imediatismo a noticia, graças à possibilidade de divulgar os fatos no exato momento que eles ocorrem.” No entanto devemos salientar que o nosso município conta apenas com veiculo de comunicação radiofônico. Porém pode-se afirmar que grande parte da população é ouvinte da mesma.

Foram analisados por uma semana os programas da Integração FM de Alto Garças, onde  verificou-se que á uma escala de programas  envolvidos durante estes dias analisados.

A Rádio Integração FM 1,8 do município de Alto Garças, o qual é uma rádio comunitária, que inicia suas programações a partir das 5:00 horas da manha e até as 23:00 horas da noite, abrangendo um alcance de 60 km. Nas suas programações durante a semana, dividem-se em quinze minutos de comercial equivalendo mais ou menos quarenta e cinco segundos de cada um, quinze minutos de entretenimento, trinta minutos de jornalismo, contendo boletins da câmara de vereadores de nosso município, assim como; boletins policiais, utilidades publicas e noticias de saúde, esporte e lazer.

No final de semana a rádio transmite programações previamente gravadas, ou faz transmissões de programas ao vivo, como das diversas Igrejas locais, programa do CTG (Centro de Tradição Gaúcha), campeonatos de futebol, comerciais e entretenimento.

O tema meio ambiente no rádio não existe, por ser uma rádio comunitária ela apenas divulga os que estão sendo realizados, no entanto, ninguém sequer, nem mesmo autoridades tomam a iniciativa de falar sobre este tema.

            A falta de interesse pelo meio ambiente não é só dos governantes da cidade, mas acredita-se que também da população, uma vez que não são realizadas campanhas, palestras e outros meios para conscientizar a população de que no nosso município, existem problemas ambientais e que no futuro eles poderão ocasionar problemas ainda maiores.

No entanto, para se falar em meio ambiente no rádio, é necessário conhecer os problemas existentes no município e também os fatores que contribuem para que eles ocorram.

 

3 - PROBLEMAS QUE CONTRIBUEM PARA DEGRADAÇÃO E SEUS FATORES CONTRIBUINTES

 

3.1 - POLUIÇÃO DO AR POR MEIOS DE TRANSPORTE

Os meios de transporte são indispensáveis na sociedade brasileira, fazem parte do dia-a-dia de várias pessoas e são um meio de sustento para muitos. Os meios de transporte são uma fonte de emissão de gases responsáveis por 40% da poluição do ar, pois estes veículos soltam no ambiente gás como monóxido e dióxido de carbono dentre outros gases que acabam provocando alterações no ambiente. Sendo que, nos dias de hoje, é a principal causa da poluição atmosférica.

“Embora existam múltiplas fontes de poluição do ar, fábricas, agroindústrias, usinas químicas e de cimento, processamento de papel e refinarias de petróleo ou gasolina - o maior culpado talvez seja o tráfego de veículos automotores. Carros, ônibus e caminhões são responsáveis por virtualmente todos os monóxidos de carbono e hidrocarbonetos emitidos na atmosfera urbana e por 50% das partículas e dos óxidos de nitrogênio no ar.”(IGLESIAS & OCAMPO, 1992, p. 18/19)

Vários países têm adotado medidas para baixar os índices de poluição, como a regulagem de motores, redução de substâncias tóxicas nos combustíveis e até rodízios de automóveis, nos grandes centros principalmente. Enfim, a contaminação do ar ainda representa uma séria ameaça. Além dos danos ambientais globais, como aumento do efeito estufa, diariamente muitas pessoas em todo o planeta estão adoecendo e até morrendo por causa da poluição do ar. Isso sem falar nos efeitos para os animais e até para as plantas.

Os veículos automotores constituem mundialmente a principal fonte de poluição do ar: nas grandes regiões urbanas, o aumento da frota de veículos movidos a gasolina e óleo diesel, nas últimas décadas, fez da poluição veicular o principal responsável pela má qualidade do ar que respiramos nas cidades. O Governo Brasileiro tem trabalhado na exploração de sua privilegiada condição agrícola para a produção e o uso, em larga escala, de Biodiesel - combustível renovável produzido a partir de plantas, como mamona e dendê.

Com o emprego de novas tecnologias na fabricação de automóveis e no melhoramento dos combustíveis, foi possível reduzir bastante às emissões dos motores a gasolina. Essas soluções, no entanto, não atingem a raiz do problema, pois nos mantêm dependentes de uma fonte de energia não renovável e nociva à saúde e ao meio ambiente.

No Brasil, quem mais sofre com a poluição atmosférica são as populações das grandes cidades, pois o fluxo de veículos é muito grande. No entanto, o município de Alto Garças, embora pequeno, sofre bastante com esse fator, pois o fluxo de veículos que passam na cidade com destino ao Norte e o Sul do país, através da BR-364, é intenso, sendo que a BR corta o Brasil e Alto Garças, que tem uma produção agrícola em grande escala, favorecendo o transporte dessas mercadorias para diversos locais.

3.2 QUEIMADAS

A prática de realizar queimadas promove sérios problemas ambientais. Elas são comuns em áreas rurais para preparar a terra para o cultivo, sendo consideradas ações negativas, pois o solo perde nutriente, tornando-se pobre e impróprio para o cultivo de plantações, além de deixá-lo desprotegido, já que as árvores, arbustos e outros tipos de vegetação foram destruídos. Ao realizar a queimada, ocorre a degradação do solo, alterando suas características físicas, químicas e biológicas do ecossistema que sofreu a ação.

O fogo é utilizado no país para a renovação de pastagens e preparação de novas áreas para atividades agropecuárias. As queimadas são responsáveis por mais de 75% da emissão de gás carbônico no Brasil (IBGE), que está entre os dez emissores de gases de efeito estufa da atmosfera. O estado de Mato Grosso é um dos campeões de queimadas no Brasil.

“Onde há fumaça, há fogo”. O dito popular é antigo. O fogo foi uma descoberta essencial do neolítico³, mas mal utilizado provoca grandes problemas na agricultura brasileira.  As queimadas ocorrem em todo o  território brasileiro e suas incidências estão relacionadas às formas primitivas de plantio e ás práticas de caboclos e indígenas, , como cita a Revista Ciência Hoje (2002, pag.10) “ No Brasil,o uso do fogo com efeitos devastadores sobre a vegetação veio mesmo com a exploração do nosso território pelos nossos colonizadores”. Esse método é atualmente usado na limpeza de áreas destinadas à colheita de cana de açúcar, na renovação de pastagem e na queima de resíduos para eliminar pragas existentes.

Seu impacto ambiental preocupa a comunidade cientifica, pois o fogo não se limita às regiões tropicais, tornando-se com freqüência incêndios florestais. O fogo afeta diretamente o físico-química e a biologia do solo, deteriorando a qualidade do ar, reduzindo a biodiversidade, prejudicando a saúde humana e também atingindo patrimônios e privados.

As queimadas alteram a química da atmosfera que influem negativamente nas mudanças globais, tanto no efeito estufa como na camada de ozônio. Sabe-se que a vegetação incendeia naturalmente, quando o fogo é causado pelos raios das nuvens, que são muito comuns em nosso país.

Os efeitos nocivos das queimadas são notados em várias situações. Se pensarmos em efeitos locais de queimadas individuais, temos acidentes com mortes em estradas, quando os motoristas ficam sem visibilidade por meio da fumaça do fogo nas margens. Temos também a destruição, cercas, perda de animais e o empobrecimento do solo com o aumento de riscos de erosão que requer uma atenção maior entre os agricultores, fazendeiros e criadores de gado. As queimadas são uma opção mais prática e barata de preparo da terra para suas atividades.

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³ Período que vai aproximadamente do décimo milênio Antes de Cristo (AC)

Só há esperança para o fim das queimadas se houver melhor atenção na área da educação, investimento nos programas de assentamento, reclamação com a fiscalização ambiental e se exigirmos dos nossos governantes, respeito e compromisso com nosso meio ambiente e nosso futuro.

3.3 LIXO

O Lixo se caracteriza por restos de alimentos, matériais plásticos, produtos de higiene pessoal, embalagens e outros materiais. No município de Alto Garças, a produção de lixo não é grande, pois a cidade é pequena, mas é o suficiente para que o mal cheiro exalado seja forte e o impacto ambiental seja grande. Nosso município não possui aterro sanitário, apenas o famoso “lixão”, que é um local de descarga de resíduos a céu aberto e é uma forma inadequada de despejo desses resíduos, pois eles são jogados sem medidas de proteção ao meio ambiente ou a saúde publica.

O lixão é uma forma de despejo do lixo comum no município de Alto Garças e também no Brasil, como cita Scarlato (2007, p.42).

A realidade brasileira nesse aspecto é muito triste a grande maioria de todo o lixo produzido no Brasil ainda é lançada em reservatórios naturais(vazadouros) a céu aberto-os chamados lixões.Cerca de 75% dos municípios brasileiros ainda utilizam esse recurso e apenas 25% dão tratamento mais adequados,ou seja,aterro sanitário controlado(12%),aterro sanitário(9%) e compostagem(4%).Com se não bastasse a gravidade dessa situação,apenas 55% dos municípios brasileiros admitem ter recolhimento do lixo hospitalar(censo de 1991),que como se sabe,representa vários riscos de transmissão de doenças(SCARLATO,2007, p.42).

Em nosso município, o lixo é descartado em um local bem próximo da cidade, perto da casa de muitos moradores e até de uma creche, facilitando a proliferação de doenças. O problema encontrado nesse lixão a céu aberto são as queimadas clandestinas que ele vem sofrendo, fazendo com que o ar da cidade se torne um prejudicial a saúde de todos. Além das queimadas, o lixão sofre com moscas, ratos e outros insetos que acabam infestando a cidade.

As autoridades locais como prefeito e vereadores, não tomam a iniciativa de promover campanhas de reciclagem ou promover palestras do uso de recursos naturais do solo. Com o passar do tempo, esse despejo do lixo sobre o solo sem nenhuma proteção se tornara um grave problema ambiental, pois a tendência da população é crescer e com o seu crescimento, certamente o volume de lixo produzido irá aumentar.

 

4 - REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

GONÇALVES, Pólita. A reciclagem integradora dos aspectos ambientais, sociais e econômicos. Ed. DPA, Rio de Janeiro, 2003

SATO, Michele. Educação Ambiental. Rima Editora, São Carlos – SP, 2004

SCARLATO, Franscisco Capuano e PONTIM. O Ambiente urbano. 4º edição, Ed. Atual, São Paulo, 2007.

VERNIER, Jacques. O meio Ambiente. 8º Edição. Editora Papeis, Campinas – SP,  1994.

IGLESIAS, Henrique e OCAMPOS, Augusto Ramires. Nossa Própria Agenda. Editora Linha Gráfica, Brasília-DF, 1992.

Revista Ciência Hoje, 2º edição. Editora SBPC, São Paulo - SP, 2002.