Acadêmica Diarley Santos Vieira

Acadêmica Thais Lelis de Souza

Acadêmica Wendella Leal Souza

Orientação - Mestre Maria José de Azevedo Araujo

RESUMO

Este artigo qualitativo e bibliográfico, parte da premissa de que o português falado no Brasil constitui-se no referencial teórico mais apropriado para desenvolver uma pedagogia da variação lingüística que, abandonando criticamanente, o cultivo da norma não-padrão, conduza o aluno, falante da norma popular, ao domínio da norma culta da fala e da norma–padrão na escrita. Ainda hoje quando se fala na realidade lingüística do Brasil se vê uma divisão enorme de falantes da norma culta, uma minoria que desfruta os bens e serviços do universo da cidadania, e os falantes de norma popular, a maioriapossui pouco ou nenhum acesso aos bens de consumo e serviços sociais. Compreender a realidade lingüística brasileira é também entender sua formação histórica e social. É a partir daí que podemos perceber o porquê das significativas diferenças entre as varias formas de se falar português no Brasil. O que se pretende mostrar é a realidade do português falado em nosso país e do preconceito que existe para com aquelas pessoas que não são dominantes da norma culta, imposta por gramáticos, que infelizmente não levam em consideração alguns aspectos sobre os quais o individuo adquire determinada forma de falar. Defenderemos a proposição de que, é muito mais importante se comunicar, cada um utilizando dos artifícios os quais se tem acesso, linguagem culta, padrão ou popular.

PALAVRAS- CHAVE

Variação lingüística, preconceito, português, domínio da linguagem.

ABSTRACT

This article qualitatively and literature, assumes that the Portuguese spoken in Brazil is based on the theoretical framework more appropriate to develop a pedagogy of linguistic variation that criticamanente abandoning the cultivation of the standard non-standard, leading the student speaker's popular rule, the field of cultural norms of speech and the standard deviation in writing. Even today when we talk about the linguistic reality of Brazil to see a huge division of speakers of standard form, a minority enjoying the goods and services from the realm of citizenship, and speakers of standard popular, most have little or no access to goods consumer and social services. Understanding the reality Brazilian linguistics is also understand their social and historical formation. It is from here that we can see why the significant differences between the various ways to speak Portuguese in Brazil. The aim is to show the reality of the Portuguese spoken in our country and prejudice that exists towards those persons who are not dominant cultural norms imposed by grammarians, who unfortunately do not take into account some aspects on which the individual acquires certain so to speak. We will defend the proposition that it is much more important to communicate, each one using the devices which you have access, the grand language, standard or popular.



KEYWORDS

Linguistic variation, bias, Portuguese, mastery of language.

INTRODUÇÃO

Devemos reconhecer que o português falado no Brasil é bem diversificado, e mesmo que a escola venha impor a norma padrão, que não é de acesso a todos, não se deve desmerecer ou ate mesmo excluir, os que tiveram ou não têm oportunidade de ter contato com o que os gramáticos taxam como o "modo certo" de falar.

É preciso saber respeitar a língua falada, que muitas vezes não é igual à língua escrita, levando em consideração a forma que cada um tem de se expressar. Até porque somos acostumados a associar o domínio da norma padrão às pessoas de nível social elevado; discriminando aquelas pessoas que não falam o português imposto pela gramática normativa, sem levar em consideração a variedade lingüística não-padrão, existente em nosso país.

Saber como e quando utilizar determinadas formas de expressão, ao modo de cada um, de acordo com as suas aquisições de conhecimento, é muito mais importante, do que seguir, regras impostas por gramáticos que insistem em não se adequar a realidade do nosso país.

Compreender a realidade lingüística brasileira como um sistema polarizado, significa observar a existência de uma norma dita culta e uma norma popular, que é o português falado pela maioria dos brasileiros, ao passo que, por transmissão lingüística irregular, se estende um processo de aquisição precárias e imperfeita do português pelas camadas marginalizadas durante o período de colonização no Brasil.

VARIEDADES POPULARES DO PORTUGUÊS NO BRASIL

Os primeiros povoadores portugueses do século XVI entraram em contato com os indígenas, muitos do quais falavam línguas semelhantes do tronco tupi, utilizando para se comunicarem entre si uma espécie de KOINÉ, depois denominada de "língua geral"

Diante disso, mantém-se a visão desenvolvida de que as variedades populares do português no Brasil, sobretudo no interior do país, se formaram em situações de transmissão lingüística irregular leve.

Pressuposto de que as variedades populares do português brasileiro foram afetadas por mudanças induzidas pelo contato entre línguasem sua formação está na base da proposição de uma variedade afro português brasileiro.

O mais provável é que as variedades do português que se formaram em torno de plantations, como os grandes engenhos do nordeste, ou agrupamentos de escravos foragidos tinha sido os mais afetados pelo contato. É claro que o contato também deixou seus efeitos em outros contextos soiolinguisticos, como a da grande massa de escravos urbanos nas cidades, na mineração ou mesmo na pecuária.

Tudo isso engloba uma trajetória que se estende ainda no decurso do século XX, como processo de urbanização e industrialização, intensificando-se na transição para a metade do século, processo que provocou uma ação niveladora na maioria dos falantes ampliando o acesso à língua falada na sua norma culta e privilegiada. Por conseguinte, através da massificação dos meios de comunicação, promoveu-se uma transformação cultural nos usos da língua, divulgando-se entre camadas mais pobres e marginalizadas as formas " corretas" do português.

Assim, se àquela época, mais de cinqüenta anos atrás, os meios de comunicação e a indústria cultural foram os principais agentes para a diversificação que iria moldar a língua portuguesa para a forma como as gerações contemporâneas a aprendem, é de pensar a dimensão no papel do papel desempenhado hoje pela TV, radio jornais, musicas, cinema, e por que não pela internet, com seus inúmeros blogs, portais de noticias e vídeos online.

A tudo isso se deve também ao papel da escola, onde se aprendea valorizar a escrita e a linguagem e desmistificar a imagem que se tem de que uma criança ou um jovem de camadas menos privilegiadas fossem vazias de cultura, e por isso , incapazes de pensar com profundidade.

PARA REVER E REFORMULAR CERTOS PARADIGMAS GRAMATICAIS

Em seu livro Preconceito Linguistico, Marcos Bagno faz o seguinte comentário:

Se dizer Cráudia, pranta, prastico é considerado " errado", e por outro lado, dizer frouxo, escravo, branco, praga é considerado "certo" isso se deve simplesmente a uma questão que não é lingüística mas social e política – as pessoas que dizem Craudia, pranta, prastico pertecem a uma classesocial desprotegida, marginalizada, que não tem acesso à educação formal e aos bens culturais da elite,e por isso, a língua que elas falam sofre o mesmo preconceito que pesa sobre elas mesmas ou seja sua língua é considerada "pobre,"feia," "carente" quando na verdade é apenas diferente da língua ensinada na escola...

O que estamos defendendo aqui, não é a propagação do falar português de qualquer maneira, só para bater de frente com os conceitos gramaticais não. O que queremos deixar claro, é que no Brasil criou-se uma cultura de associar o bem falar à questão sócio-econômica.

E quando uma pessoa bem sucedida economicamente fala uma palavra de forma "errada" como exemplo ao pronunciar a palavra planta ela diz pranta, esse fato é considerado como equivoco, algo isolado. Mas quando uma pessoa menos poder aquisitivo vem a falar dessa forma ou seja, trocando o L por R ou até mesmo não concordando o sujeito com o verbo, ai sim, é tido como absurdo, vergonha ou até mesmo burrice.

Esse sim é o ponto critico, onde se acusa, aponta ou até mesmo exclui o cidadão que não fala de acordo com as normas gramaticais. E mais critico ainda, é o fato de não se levar em consideração as formas, que esse individuo teve ou tem de adquirir conhecimento.

No livro Mudança Linguistica em Tempo Real, de Maria da conceição de Paiva e Mª Eugenia Lamoglia Duarte, as autoras afirmam que:

"A forma mais adequada de solucionar os problemas ligados à mudança lingüística é através da compreensão dos padrões de variação que caracterizam uma comunidade de fala em um dado momento ser e dos padrões sócias a ela correlacionados"

Destaca-se o termo compreensão utilizado pelas autoras, porque acreditamos que compreensãoé o que está faltando para trilhar um caminho que nos façaperceber, que é absurdo crer no conceito de se é necessário ter poder aquisitivo para estar enquadrado no meio gramaticalmente correto.

Aceitar e respeitar a forma que cada um tem de se expressar, está sendo muito mais difícil, do que, aprender e saber lidar com todas as regras impostas pela gramática. Regras essas, que são interpretadas por uma boa parte dos brasileiros como "muito difícil aprender português"

Para Marcos Bagno,

Eles (gramáticos tradicionalistas) continuam insistindo em nos fazer decorar coisas que ninguém mais usa (fosseis gramaticais) e a nos convencer de que só eles, podem salvar a língua portuguesa da "decadência" e da corrupção.

O interessante para acabar com esse preconceito existente, e essa lenda de que somente uma minoria (composta por gramáticos) sabe falar o português correto, é a desmistificação da idéia e que o português difícil, ou até mesmo a conscientização de que no Brasil, existe uma diferença entre o modo de escrever e o jeito de falar.

Um exemplo bem prático seria o uso da concordância nominaldo verbo ir, onde o " correto" gramaticalmente é dizerFui ao banheiro, mas na pratica, mesmo aquelas pessoas que têmum certo nível de conhecimento gramatical, acaba utilizando da expressão (fui no banheiro) mesmo sabendo que o verbo ir pede a preposição apara que sua concordância seja certa gramaticalmente.

Prefiro classificar esse fenômeno da seguinte forma:

Fui ao banheiro- forma gramaticalmente correta

Fui no banheiro- forma brasileiramente correta

Então é necessário rever e reformular certos paradigmas gramaticais, e parar de impor a utilização de formas de expressões que não são da realidade do seu dia-dia, para se enquadrar em um patamar de conhecimento gramatical social elevado.

ANALISANDO FATORES IMPOSTOS PELA GRAMÁTICA

Se você tem um jeito de falar, mas se não for do modo que a gramática impõe, o seu modo de falar vai ser tido por alguns intelectuais como um assassinato da gramática.

Acreditamos muito na hipótese de que não é necessário ter graduação acadêmica para saber usar dos artifícios da língua portuguesa.

Caso alguém pense o contrário, então explique como uma pessoa analfabeta, que mora em uma cidade do interior e que não teve nenhuma instrução gramatical ao se envolver em uma questão judicial, por um motivo qualquer, conversa perante um juiz em prol de sua defesa?

Lógico que essa pessoal não utilizará de palavras difíceis, um vocabulário rebuscado. Mas tenho certeza que esse individuo sem " instrução gramatical" vai se dirigir ao juiz o chamando de Doutor( respeito) e vai se portar da melhor maneira, no que se trata de expressão oral, mesmo que essa expressão seja de acordo com seus conhecimentos, quenão serão vistos( por alguns) como grandes conhecimento, já que o mesmo NUNCA freqüentou a escolae nem tão pouco sabe lidar com a norma padrão.

Então poderíamos definir o uso do português, como um grande guarda roupa, onde que para se utilizar das vestimentas encontradas nele, não se faz necessário ser estilista. Nós "anônimos" sabemos a peça que cada ocasião nos pede, mesmo sem sermos consultores de moda.

... Tudo isso faz com que a língua padrão seja quase uma língua estrangeira para um falante da norma popular, criando sérios obstáculos para a alfabetização e para o ensino de língua portuguesa nas escolas publicas da periferia das grandes cidades e da zona rural. Contudo mais grave ainda é o preconceito, que usa as diferenças lingüísticas como poderoso mecanismo de dominação e exclusão política social. As formas da língua popular podem atrair o estigma social sobre os usuários. Parte da elite brasileira, por exemplo, expressa o seu descontentamento com a presença de um torneio mecânico na Presidência da Republica dizendo que quem não faz corretamente as concordâncias não é capaz de governar o país...(Português: um nome muitas línguas. A diversidade e a desigualdade lingüística no Brasil/ Dante Lucchesi).

A língua portuguesa é falada em diversos países, tendo cada um a sua particularidade e o seu modo de encarar o "falar português".

É relevante ressaltar a individualidade em relação à maneira de falar português, já que tanto fatores sociais internos, como fatores sociais externos, influenciam e explicam a variação lingüística ocorrida em determinada região e o seu processo evolutivo.

São esses fatores que indiscutivelmente devem ser levados em consideração, no ambiente acadêmico e no processo de ensino aprendizagem.

É com base nesse contexto, na percepção de "usuários" e embasados na pesquisa que realizamos que identificamos que a língua é a mesma, mas devido a diversidade cultural, a globalização e outros fatores (sociais, econômicos e regionais),que o modo de falar altera-se e varia, varia e não muda, varia e muda, pois a língua está sempre em mutação.

Enquanto a gramática normativa caminha a passos lentos, a língua tem mudança constante e a passos largos, processo este que não tem limites, pois a necessidade de se comunicar faz com que isso ocorra, podemos dizer até que de forma brilhante.

Visamos mostrar a variação da língua, procurando levar o entendimento dessa relação confusa entre língua e gramática normativa, entre "certo" e "errado", ou seja, quebrar conceitos preconceituosos que nada têm haver com a história do Brasil, com a realidade dos brasileiros ou com sua realidade sociolingüística.

Almejamos diminuir, ou quem sabe até (espero que não seja tão utópico quanto parece) acabar com a descriminação, com o preconceito lingüístico, que tanto ridiculariza os falantes de variações lingüísticas, desconsiderando sua cultura.

A idéia não é vulgarizar a língua, mas sim, libertar o falante da descriminação sofrida, cada vez que se fala uma palavra tida pelos gramáticos como "errada", e da rejeição que se percebe, quando em uma frase esse mesmo falante não faz uso das concordâncias.

... Preferimos colocar a expressão "erro de português" entre aspas porque a consideramos inadequada e discriminatória. Erros de português são tão-somente diferenças entre variedades da língua. Com freqüência essas diferenças se apresentam entre a variedade usada no domínio do lar, onde se predomina uma cultura de oralidade, em relações permeadas pelo afeto e informalidade, e a cultura de letramento, eu é cultivada na escola e em outros domínios sócias, como nas igrejas, nos escritórios nas repartições publicas, etc...(Salto para o Futuro. Português: um nome muitas línguas/ A diversidade lingüística do Brasil e a escola. Stella Maris Bortoni)

Nosso papel nesse contexto é fazer com que o nosso aluno, seja ele de uma comunidade rural isolada, seja ele simplesmente do interior, ou de uma escola pública carente, ou de uma classe social desfavorecida, não se sinta inferior pelo seu modo de falar, pelas suas expressões ou pela maneira a qual ele faz uso de um direito que é seu, que é de comunicar-se de acordo com a sua realidade lingüística.

O desafio do professor de português (em virtude da variação da forma falada no Brasil) consiste em reunir esforços para construir o que, nas palavras de Carlos Alberto Faraco, citado por Ana Maria Sthal Zilles,

"[...] reunir esforços para construir uma pedagogia da variação lingüística que não escamotei a realidade linguistica do país... abandone criticamente o cultivo da norma padrão; estimule a percepção do potencial estilístico e retórico dos fenômenos da variação." ( 2008, p 52 grito nosso).

E é nesse momento que entra o desafio do professor de língua portuguesa, que precisa ter em mente, que ao se deparar com as situações acima citadas não vai ter uma postura de ditador de regras, impondo o que acredita ser a verdade absoluta em termo de linguagem e sim fazer com que esse aluno em um processo gradativo consiga aprender a norma culta, as regras da gramática, o que é linguagem coloquial sem perder sua identidade.

... Quando uma professora percebe o uso de regras não padrão, nem sempre precisa corrigir o aluno diretamente, mas pode retomar aquela contribuição, comentando-a ou ampliando-a. Dessa forma, a professora está construindo um "andaime", isto é, apresentando a variante própria da língua escrita e também da fala monitorada, e chamando a atenção para as diferenças entre variantes... (Salto para o Futuro. Português: um nome muitas línguas/ O trabalho construtivo e respeitoso com a variação em sala de aula. Stella Maris Bortoni- Ricardo).

Cabe ao professor levar esse aluno a praticar o dialeto padrão e praticar na modalidade culta e formal, sem abrir mão de suas origens, e de sua cultura, para que venha a desenvolver a escrita, através da qual será socialmente avaliado.

Assim conseguiremos fazer com que esse aluno possa transitar entre esses dois pólos: língua culta e língua popular; para que ele possa discernir entre um e outro e fazer uso nos momentos e situações oportunas.

Algumas pessoas não compreendem o processo de mudança da língua, não entendem a variação lingüística e a julgam como um erro, sem assimilar que se a língua não variar ela não muda, e se assim fosse estaríamos até os dias de hoje falando a primeira língua.

A mistura dos povos traz essa mistura entre as línguas, que é imprescindível, par entender melhor vamos voltar na história no ano de 1822 quando ocorreu a emancipação política veremos o quanto ela vai "atingir" o Brasil na formação de nossa língua.

A língua muda e essa mudança é necessária para atender as necessidades dos falantes.

A variação é inerente as línguas, porque as sociedades são divididas em grupos: Há os mais jovens e os mais velhos, os que habitam uma região ou outra, os que têm essa ou aquela profissão, os eu são de uma ou outra classe social e assim por diante. O uso de determinada variedade lingüística serve para marcar a inclusão num desses grupos, da uma identidade para seus membros. Faraco, Carlos Alberto. Estrangeirismo, guerras em torno da língua. SP. 2004.

A citação acima da a idéia de como ocorre o uso das variações, o grupo o qual determinado falante faz parte é o que vai definir qual a variedade lingüística que ele fará uso.

Dizer que a maneira que o falante se comunica não demonstra o meio o qual ele esta inserido é inegável, o que não se pode é agir com descriminação a essa maneira de se comunicar.

Quando algumas pessoas tentam eliminaras formas de linguagens menos prestigiadas, informa indiretamente a esse falante que ele fala "errado" ao mesmo tempo em que os valores culturais, a língua da sua comunidade também são "errados". E essas atitudes reforçam cada vez mais os preconceitos e as discriminações sociais.

Os jovens que tiveram contato com seus avôs ou bisavós (principalmente se estes forem descendentes de escravos) adquiriram algumas formas de linguagens, as pessoas que já visitaram outras regiões adquirem as vezes até sem perceber outras formas lingüísticas e assim a mistura vai acontecendo, as variações vão ocorrendo e a língua vai se modificando dando suporte aos falantes para se comunicarem.

Buscamos também levar à sociedade a reflexão de que a língua é variante e que o essencial é sim o entendimento do que se fala e não como se fala, deixar claro que a comunicação se da a partir do momento em que eu me faço entender.

É necessário (e urgente) o discernimento de que o falante faz uso de uma competência que é nata do ser humano, a qual o faz ser m ser político, que embora esse falante possa incorrer em um "erro" ao pronunciar uma palavra até mesmo uma frase será apenas um erro de desempenho (bassoura -vassoura / nós vai- nós vamos) não será descriminado, não sofrera preconceito pois isso não será um fator determinante de que esse falante sabe ou não falar português.

Melius est reprehendunt nos grammatici quam non intelligant populi" ("Melhor sermos repreendidos pelos gramáticos do que não sermos entendidos pelo povo. (SantoAgostinho).

Um número considerável de brasileiros que não dominam a gramática, que não tiveram acesso a escola, que por um motivo seja ele até mesmo da história não dominam a norma culta sofrem preconceitos lingüísticos inadmissíveis.

As pessoas até mesmo os gramáticos em algum momento em seu cotidiano estão sujeitos ao uso de variações lingüísticas e a falta de concordâncias embora não assumam tais atos. É duvidosa a hipótese de que alguém fale formalmente vinte e quatro horas por dia.

Quando estamos em um grupo de amigos nosso comportamento lingüístico é um, se estamos no ambiente de trabalho nosso comportamento lingüístico é outro, se vamos a uma entrevista de emprego já usamos de outra linguagem e assim, o falante vai de forma competente fazendo uso da sua capacidade lingüística.

O Preconceito lingüístico é perceptível e parece até algo já enraizado em nossa sociedade, independente de nível social, econômico cultural de quem fala, principalmente se esse falante não tiver uma situação econômica bem resolvida.

A procura de firma-se socialmente ou de fazer parte de um grupo social eu seja de um nível econômico mais elevado e buscando um status que se acredita, que a linguagem culta possa lhe oferecer.

A rejeição de grupos sócias elevados a falantes de grupos menos elevados, é fato pois, esses que "possuem" um nível intelectual da língua elevado, avaliam que esse segundo grupo não se expressar "corretamente".

E esse preconceito triplica em meio a pessoas falantes da norma padrão que excluem e rejeitam impiedosamente falantes de variáveis lingüísticas, que não estejam de acordo com a gramática normativa.

Sabemos que a língua é um fator de inclusão social, mas não desconsideraremos em hipótese alguma, a cultura do individuo, suas origens e crenças que não podem da noite pro dia serem desprezados, como algo sem valor.

... Na vida dos indivíduos e das cidades a linguagem constitui fator mais importante que qualquer outro. Seria inadmissível que seu estudo se tornasse exclusivo de alguns especialistas; e fato toda gente dela se ocupa pouco ou muito... Não há domínio onde tenham germinado ideias tão absurdas preconceitos miragens e ficções... Ferdinand Saussure Curso de lingüística Geral (1916).



 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Aprender a lidar com as diferentes formas de falar português em nosso país, talvez seja, um dos fatores de maior dificuldade que um professor de língua portuguesa venha a se deparar. Está preparado para lidar com essas diferenças, será o diferencial, que tornará o professor um ótimo profissional. Não basta só saber lidar com a norma-culta (claro que ter o domínio do assuntoé de suma importância), ou sejasaber lidar com as regras gramáticas, mas verificar em cada comunidade,escola, cada aluno a necessidade que cada um tem, em expressar.

Volto a ressaltar, que em nosso artigo, não estamos defendendo aformade falar português de qualquer jeito, estamos defendendo a tese de que, vivemos em um pais culturalmente diversificado, onde existe varias formas de falar português, e que seria um ato de descriminação apontar que determinada pessoa fala do jeito correto e aquela outra não.

O problema está justamente em não se querer, enxergar que nosso pais é marcado por diferenças sócias enormes, onde quem tem condição financeira, com certeza terá acesso aos melhores colégios( colégios esses super estruturados), e quem, não tem um nível salarial bom, ou seja, sobrevive apenas com um salário minino( lembrando que esse dinheiro é para comer, morar, vestir..) não dispõe da mesma educação que "gramatical" que uma pessoa financeiramente bem sucedida.

Infelizmente temos a cultura, de classificar as pessoas pelo nível de vida a qual a mesma leva. E pior ainda é o fato de se relevar o "erro" de uma pessoa de classe favorecida, e de abominar o " erro" de alguém de classe desprestigiada, onde essa segunda é abominada ou taxada como burra.

O importante é se comunicar, independente de como se expressar, até porque moramos em um país TOTALMENTE diversificado desde a forma cultural até a forma econômica, perpassando pelas diversas formas de linguagem oral e escrita.

SOBRE AS AUTORAS

As acadêmicas Diarley Santos Vieira, Thais Lelis de Souza e Wendella Leal Souza são alunas de graduação, cursando o 3° período do Curso de Letras/Português da Universidade Tiradentes em Aracaju/SE. A elaboração deste artigo científico deve-se à prática investigativa orientada, na forma de pesquisa qualitativa do tipo bibliográfico. O artigo foi produzido visando atender à exigência da disciplina "Didática", do curso de Letras – Português, da Universidade Tiradentes, no 1º semestre letivo de 2010 e contou com a orientação da professora Msc Maria José de Azevedo Araujo. E-mails para contato: [email protected] e [email protected].

REFERÊNCIAS

BAGNO, M. Português ou brasileiro? Um convite à pesquisa. São Paulo: Parábola Editorial, 2001

__________. Preconceito linguístico. O que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola Edição 28°

_________. A norma oculta: Língua e poder na sociedade brasileira. São Paulo: Editora Parábola. 2002

FARACO, Carlos Alberto. Estrangeirismos. Guerras em torno da língua. Editora Parábola. 2004

PAIVA, Conceição Mª e DUARTE, Eugenia Lamoglia. Mudança linguistica em tempo real. 2002

TV Escola: Salto para o futuro. Português: um nome, muitas línguas / A diversidade e desigualdade lingüística no Brasil (Dante Lucchesi) e A diversidade Linguistica do Brasil e a escola( Stella Maris Bortoni- Ricardo)