"O Déficit de Aprendizado e o Currículo Escolar de Língua Portuguesa de 5ª série do Ensino Fundamental da escola pública"
Por Léa Mattar Leister
Depois de criteriosa observação com relação às dificuldades de aprendizado que atualmente os alunos apresentam, seja em que série for, pode-se perceber que, se a quantidade dos conteúdos de língua portuguesa preestabelecidos de 5ª série (ou 6º ano) do ensino fundamental for reduzida, buscando-se o "fator qualidade e não quantidade", com certeza, o professor terá muito mais tempo para trabalhar o que realmente tem "significado" para o bom desempenho escolar do aluno.
Já é fato conhecido que, atualmente, não adianta mais o professor enviar tarefas para casa, pois os pais, não têm mais tempo de ajudar ou orientar caso os filhos encontrem alguma dificuldade na realização das mesmas. Por isso, o professor necessita de tempo suficiente para aplicar os conteúdos e reforçar esse aprendizado somente em sala de aula, através de exercícios de fixação, pois dessa forma, o aluno terá a possibilidade de entender, absorver e dominar o conteúdo trabalhado, sendo este último, o mais importante, pois permitirá que ele avance com segurança a novas investiduras.
O momento educacional deste país necessita de uma reflexão sobre a responsabilidade da escola na formação do cidadão. Logo, é necessária uma análise dos conteúdos de língua portuguesa aplicados aos alunos de 5ª série (ou 6º ano) e suas relevâncias na contribuição da formação do cidadão, sempre atentos na presente grade curricular de conteúdos preestabelecidos pelo MEC, cientes de que é de fundamental importância desenvolver o bom senso na aplicação dos mesmos.
Sabe-se que a linha filosófica do ensino atual baseia-se no Construtivismo, ou seja, nada está pronto, acabado, e que, o conhecimento não é dado em nenhuma instância como algo terminado. "Ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social." 1
Apoiando-se no rico questionamento "Qual a função social da escola pública?"2 , é preciso aproximar ao máximo o currículo escolar de língua portuguesa de 5ª série (ou 6º ano) do ensino fundamental a essa visão que a escola absorveu ao longo dos anos, lutando contra a imposição de uma grade curricular preestabelecida em tempos longínquos onde as famílias que compunham as sociedades do passado são completamente diferentes das atuais.

É importante que fique bem entendido, o país necessita promover debates em nível nacional entre professores e pedagogos sobre os conteúdos de língua portuguesa que são relevantes à 5ª série (ou 6º ano) e a possibilidade de se estender a outras séries, conteúdos que possam esperar um amadurecimento maior desses alunos para que o trabalho dos professores não seja em vão.
O tempo é curto, os conteúdos são muitos, as turmas de alunos são numerosas, as dificuldades de aprendizados tornam-se cada vez maiores e o que resta em sala de aula é muito estresse. O professor sabe que conteúdos vazios de nada valerão, pois não há construção que se firme, que se estabeleça se não houver uma base bem estruturada e sólida.
É imprescindível que debates, fóruns, simpósios, oficinas sejam organizadas para que professores discutam e se capacitem no que realmente tem valor à formação do cidadão.
Em virtude da atual conjuntura social a escola pública passou a ter uma obrigação moral para com a sociedade que aí se encontra, o que foi plantado há muito tempo já está por demais enraizados. Durante décadas a escola foi aos poucos assumindo responsabilidades que em tempos idos pertenciam aos pais e às famílias como um todo e, não se pode mais voltar atrás.
Algumas coisas simples e básicas as autoridades terão que entender e providenciar com urgência como, por exemplo: professor regente e professor auxiliar para turmas com no máximo trinta alunos para o Ensino Básico e, isso é fundamental para o sucesso e a prosperidade da sociedade.
Caso atitudes simples como essas não sejam tomadas com urgência urgentíssima, daqui uns vinte a sociedade será formada por analfabetos funcionais. A não ser que seja realmente essa a intenção dos comandantes dessa nação, pois quanto mais alienados forem os cidadãos de um país, menos reivindicações serão feitas, e o discurso de campanha eleitoral "No meu governo, a educação será prioridade" seja só balela eleitoral.


1 BECKER, Fernando. O que é construtivismo? Revista de Educação AEC, Brasília, v. 21, n.83, p. 7-15, abr./jun 1992.
2 CADERNO 1 do MEC (Portal MEC ? Sitio SEB)