RESUMO
O relacionamento político e econômico entre Brasil e Bolívia no ano de 2006 constituem o objeto de análise do presente artigo que tem como objetivo principal identificar como a instabilidade do relacionamento entre os dois países interferiu no campo comercial. A pesquisa bibliográfica baseou-se em três pilares para responder ao tema central da proposta deste artigo. O primeiro deles constitui-se na análise das informações gerais sobre a Bolívia como país associado ao MERCOSUL. O segundo reside no histórico do comportamento político, econômico e comercial entre Brasil e Bolívia no referido ano. E em terceiro lugar, o último pilar encontra-se na pesquisa bibliográfica a respeito da importância do marketing internacional para a pequena empresa. Para obter as fontes de pesquisa, o estudo recorreu à fontes secundárias como, por exemplo, livros, artigos, sites da internet, reportagens em jornais especializados do segmento, o que tornou possível identificar as causas que levaram o relacionamento político e comercial entre os dois países a adquirir um caráter instável e conseqüentemente influenciar o declínio das exportações de pequenas empresas para a Bolívia no ano de 2006.
1 INTRODUÇÃO
Apesar de a Bolívia ser é um país considerado membro associado do MERCOSUL, o Mercado Comum do Sul, desde o ano de 2004, a exportação de produtos das pequenas empresas (PE) brasileiras para a Bolívia tem apresentado um dos menores índices de participação na balança comercial do Brasil conforme os dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC) que indicam uma média de $35 milhões nos últimos cinco anos (2004-2008).
Especificamente no ano de 2006, as exportações da PE brasileira para a Bolívia apresentaram um declínio. Consulta realizada no banco de dados do MDIC do Brasil, revelou que essa exportação está em queda e em agosto de 2009 apresentou uma participação de 0,73% em relação ao total de exportação das pequenas empresas para os países membros do MERCOSUL. É pertinente entendermos os motivos que determinam este declínio e o baixo índice de exportação de PE's brasileiras para a Bolívia, pois ao participar do MERCOSUL como membro associado, a Bolívia reforçou o interesse de estreitar laços comerciais com o Brasil.
Ao constatar que a Bolívia tem interesse de incentivar o seu comércio exterior tanto na importação quanto na exportação com o Brasil, a investigação tem como pergunta central o seguinte problema de pesquisa:
Por que as pequenas empresas brasileiras apresentaram no ano de 2006 um declínio nas exportações para a Bolívia?
Baseando-se na hipótese de que o ambiente político do país no ano de 2006 estava instável, o presente artigo tem como objetivo principal analisar o relacionamento político entre a Bolívia e o Brasil no referido ano e verificar como ele impactou no campo comercial. Para tanto, o artigo tem como objetivos específicos: apresentar informações gerais sobre a Bolívia; um histórico da relação entre a Bolívia e o Brasil no ano de 2006 e refletir sobre o marketing internacional para a pequena empresa.
A proposta do presente artigo é esclarecer e identificar algum motivo que em tese possa explicar porque no ano de 2006 o nível das compras da Bolívia de pequenas empresas brasileiras apresentou uma queda e analisá-los à luz da literatura e fontes secundárias para compreender melhor o relacionamento comercial entre os dois países.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 INFORMAÇÕES GERAIS DA BOLÍVIA
O Ministério das Relações Exteriores no Departamento de Promoção Comercial indica que a Bolívia está localizada no centro da América do Sul e tem fronteiras com o Brasil, o Paraguai, a Argentina, o Chile e o Peru. As cidades principais são La Paz, Cochabamba e Santa Cruz de La Sierra e tem uma população de 8,2 milhões de habitantes.
A Bolívia adota como forma de Governo uma República unitária, democrática, representativa e presidencialista. Sua Capital Constitucional é a cidade de Sucre (fundada em 1538) por Pedro Anzúrez de Campo Redondo. A sede do Governo é a cidade de La Paz, fundada em 1548 por Alonso de Mendoza.
Desde 1985, a Bolívia optou pela aplicação de um modelo de economia de mercado, dentro do qual, o papel do Estado é fundamentalmente regulador e executor de programas de investimento público em projetos sociais, como a educação, o saneamento básico, a infra-estrutura viária e a micro irrigação. Do mesmo modo, o Estado deve assegurar o funcionamento dos mecanismos de mercado, diminuindo as variáveis de incerteza e facilitando o papel do setor privado, para a execução de investimentos que sejam econômica e financeiramente viáveis.
A economia da Bolívia baseia-se na produção e exportação de gás natural, mineração, indústria manufatureira e na atividade agropecuária. Dentro do setor petrolífero, a Bolívia tem aproximadamente 21% das reservas de gás natural da América Latina, o que constitui um potencial importante para a exportação de energia. Na atividade agroindustrial, destaca-se a produção de soja e seus derivados, sendo a Bolívia o principal exportador desses produtos dentro da Comunidade Andina formada pela Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela.
Desde o ano 2000, a economia boliviana registrou uma desaceleração como resultado dos choques externos, que têm como conseqüência uma mudança nas expectativas dos agentes econômicos, as mesmas que se traduzem em uma contração da oferta e da demanda. O crescimento econômico da Bolívia durante o ano 2002 foi de 2,75%, a taxa de inflação alcançou 2,45% e a desvalorização da moeda nacional frente ao dólar norte-americano foi de 9,8%.
Em relação à abertura de mercado, a Bolívia tem uma economia aberta e conta com um sistema de taxas tarifárias simplificado. As exportações da Bolívia durante o ano 2002 foram de US$ 1,4 bilhão e as importações foram da ordem de US$ 1,8 bilhão, sendo seus principais parceiros comerciais o Brasil, a Suíça, os Estados Unidos, a Colômbia e a Venezuela. As exportações da Bolívia para o Brasil atingiram US$ 333 milhões e os principais produtos exportados foram o gás natural, petróleo cru, feijões e óleo combustível. As importações provenientes do Brasil somaram US$ 390 milhões e estiveram compostas de manufaturas de ferro e aço, equipamento e maquinaria, papel e papelão, plásticos, automóveis, alimentos e têxteis, entre outros.
A desaceleração nas taxas de crescimento e o conseqüente aumento no desemprego, desde o ano 2000, têm pressionado o tecido social, provocando instabilidade político-institucional e questionamento de aspectos do modelo de economia de mercado. Para tanto, contribui também o relativo êxito da política de erradicação da coca e seu impacto desfavorável na economia informal.

2.1.1 geografia da Bolívia
Considera-se que a Bolívia é o coração da América do Sul, já que o país está localizado quase no centro do continente. Tem fronteira a oeste com o Peru, ao norte e ao leste com a República Federativa do Brasil, ao sul com Argentina, ao sudeste com o Paraguai e ao sudoeste com o Chile. Seu nome oficial é República da Bolívia e a sua independência foi em 6 de agosto de 1825. Com a superfície de 1.098.581 km², o país está dividido em 09 estados, 112 províncias, 1.384 municípios e 312 regiões administrativas. A Capital Constitucional é Sucre no estado de Chuquisaca e a Sede do Governo é a cidade de La Paz, no estado de La Paz. As cidades principais da Bolívia quanto à população e atividade econômica são La Paz, El Alto, Cochabamba e Santa Cruz de La Sierra.

2.1.2 organização política e acordos comerciais da Bolívia
A Bolívia tem um governo unitário, democrático, multinacional e multilíngüe, constituído por três poderes independentes: o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário. O Poder Executivo é composto pelo Presidente, o Vice-Presidente e o Gabinete de Ministros. O Presidente e o Vice-Presidente são eleitos para um mandato de cinco anos, mediante o voto direto da população. Caso nenhum dos candidatos obtenha a maioria absoluta, o Congresso Nacional, composto pela Câmara de Deputados e a Câmara de Senadores, cujos representantes são eleitos nas eleições gerais, realizam uma votação entre os dois candidatos presidenciais mais votados através da maioria simples. O Presidente da República pode ser reeleito, mas não pode assumir dois mandatos consecutivos.
Os acordos comerciais dos quais a Bolívia faz parte, são os seguintes:
- Lei de Promoção Comercial Andina e Erradicação de Drogas (ATPDEA1), outorgada pelos Estados Unidos;
- Acordo de Complementação Econômica com Chile;
- Comunidade Andina (CAN), Zona de Livre Comércio com o Equador, o Peru, a Colômbia e a Venezuela;
- Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), Acordo de Complementação Econômica com a Argentina, o Brasil, o Paraguai e o Uruguai;
- Tratado de Livre Comércio (TLC), Acordo de Complementação Econômica com o México;
- Sistema Geral de Preferências (SGP), com a União Européia;
- Associação Latino-americana de Integração (ALADI), Acordo Regional de Abertura de Mercados em Favor da Bolívia;
- Acordo de Preferências Tarifárias com Cuba no marco da ALADI.

2.2 HISTÓRICO DA RELAÇÃO ENTRE BOLÍVIA E BRASIL NO ANO DE 2006
O Presidente da Bolívia, Evo Morales, assumiu o cargo em 2006 e em maio deste mesmo ano, anunciou a nacionalização da exploração de petróleo e gás. Através deste anúncio, ordenou a ocupação dos campos de produção das empresas estrangeiras no país, entre elas a estatal brasileira Petrobrás; assim informa o Jornal Folha de São Paulo (2006). As razões da nacionalização podem ser encontradas em dois fatores conforme Carra (2008), o primeiro fator é que a popularidade de Morales estava em queda no início de seu mandato e com o objetivo de criar um viés de esperança capaz de unir a população boliviana em um objetivo em comum, decretou a nacionalização da exploração do petróleo e gás da Bolívia. A segunda razão estava no desejo do Governo Boliviano rever o preço do gás natural, cujas receitas adicionais seriam utilizadas para fazer as reformas socializantes prometidas por Morales na ocasião de sua campanha eleitoral.
A partir deste período, as petrolíferas ficaram obrigadas a entregar as propriedades para a empresa estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), que assumiu a comercialização da produção, definindo condições, volumes e preços tanto para o mercado interno quanto para a exportação. A Petrobrás já injetou, desde 1996, US$ 1,5 bilhão na Bolívia, além de US$ 2 bilhões para trazer o gás ao Brasil. Ela explora os dois principais campos de gás do país - os quais já foram ocupados pelo Exército boliviano - e tem duas refinarias, entre outros. É a maior empresa na Bolívia e responde por 15% do PIB do país. Sobre a nacionalização do petróleo e gás, Morales informou em entrevista para o jornal Folha Online (2006) que este evento significa um dia histórico no qual a Bolívia retoma absoluto controle sobre seus recursos naturais. Ele disse que, com essa medida, serão resolvidos os problemas econômicos do país, através da geração de mais postos de trabalho.
Após o anúncio da decisão, as tropas do Exército tomaram o controle dos campos bolivianos, segundo o Comando Geral do Exército da Bolívia. A medida busca assegurar o funcionamento das estruturas de produção a fim de garantir o normal aprovisionamento de recursos energéticos para o cumprimento tanto de compromissos internacionais como para o abastecimento do mercado interno da Bolívia, informou um documento divulgado pelo Exército. O documento militar classificou a determinação do governo de nacionalizar os recursos energéticos como uma nacionalização inteligente, o que deve levar as companhias petroleiras a uma negociação sob termos de igualdade e justiça. Ex-dirigente do Movimento para o Socialismo (MAS) e líder dos produtores de coca, Evo Morales, o primeiro índio eleito à presidência da Bolívia, havia anunciado várias vezes sua intenção de nacionalizar o petróleo e o gás, uma exigência já expressada pela população indígena.
O Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, em maio de 2006, informou que a nacionalização do gás e petróleo pela Bolívia era um cenário esperado. No entanto, segundo ele, a maneira como a medida foi tomada pelo governo boliviano não estava nas previsões brasileiras, a forma como foi feita deixou o Brasil surpreso.
No início da audiência no Senado, Amorim informou ser desnecessária a ocupação da Petrobrás por tropas bolivianas na ocasião do decreto da nacionalização.
De acordo com ele, a decisão do presidente da Bolívia, Evo Morales, era previsível devido às posições defendidas durante a campanha eleitoral e no referendo realizado em julho de 2004, quando a população boliviana decidiu a favor do Estado recuperar a propriedade de suas reservas.
Amorim ressaltou, porém, que o governo brasileiro já conversou com Morales sobre a dupla dependência criada pelo gás boliviano. O Brasil compra 36% do gás que a Bolívia exporta. Segundo ele, do investimento de US$ 1 bilhão da Petrobrás na Bolívia, 92% foram entre 1996 e 2002 e o resto foi entre 2003 e 2005, mostrando como a Petrobrás neste governo agiu com prudência. Segundo o ministro, o Brasil reagiu à decisão de Evo Morales de nacionalizar as reservas de petróleo e gás bolivianas da forma como deveria, com diálogo, e com o cuidado que o reconhecimento da situação fornece. Amorim destacou que a discussão sobre o preço do gás tem de ser racional. Segundo ele, o Brasil compra 36% do que a Bolívia exporta, ele admitiu que as negociações sobre o preço deverão ser longas e difíceis.
Em meio a tensões, Brasil e Bolívia começaram a negociar um novo preço para o gás boliviano. Segundo o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, o acordo deixa a Bolívia satisfeita e, ao mesmo tempo, não fere o contrato assinado com a Petrobrás. O preço pago pela Petrobrás deverá ser alterado, mas o contrato não, afinal existe um acordo, depois de complexas negociações. Muito menos por desencontros de natureza política, muito mais pela necessidade de encontrar uma fórmula técnica que, por outro lado, também contemple o respeito aos contratos e à ordem jurídica que os dois governos manifestaram estar dispostos a cumprir desde o começo, conforme informou Marco Aurélio em entrevista para o jornal Folha Online (2007). A Bolívia reivindicava que o Brasil pagasse cerca de US$ 5 por milhão de BTU (unidade de medida térmica). A Bolívia vende a São Paulo cerca de 27 milhões de metros cúbicos diários de gás a US$ 4,30 por milhão de BTU.
Tal política de Morales afetou, entre outras multinacionais, a estatal brasileira Petrobrás, que operava até abril de 2006 mais de 14,5% da riqueza gasífera do país andino - mais precisamente 1,55 bilhão de m³, representando a segunda maior operação da América do Sul - e administrava os dois mega campos de gás mais promissores da Bolívia.
Conforme o jornal O Estado de S. Paulo (2006), o volume de exportações de pequenas empresas brasileiras para a Bolívia apresentaram um declínio expressivo devido, principalmente, ao atrito nas relações entre estes dois países iniciado, no mesmo período, devido à nacionalização do setor de gás e petróleo da Bolívia.
Devido aos atritos nas relações políticas e econômicas entre os dois países, as exportações de pequenas empresas para a Bolívia apresentaram uma diminuição no volume exportado. Outra conseqüência negativa no volume das exportações brasileiras foi o impacto aos investidores estrangeiros devido às medidas rígidas adotadas pelo Governo Boliviano.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), teme que a postura do governo Morales afaste investimentos estrangeiros não só para a Bolívia e para o Brasil mas para todo o continente sul-americano. A FIESP acredita em uma atitude firme do governo federal, exigindo a preservação dos direitos de investidores brasileiros. O que mais preocupa os empresários é a política de preços e seus impactos nas exportações, segundo a FIESP, e espera que a Bolívia honre com o que foi acordado no contrato entre os dois países, enquanto o governo brasileiro precisa ser rigoroso ao exigir seu cumprimento. A FIESP defende que o Brasil mantenha um acordo adequado e retome sua relação com a Bolívia para necessidades futuras de gás. Espera que a normalidade seja restabelecida na Bolívia e, ainda, acredita na certeza de que os bolivianos, de todas as correntes de pensamento, têm absoluta consciência da importância que o fornecimento de gás natural ao Brasil representa para a sua economia ? gerando empregos, renda, bem-estar social e garantindo significativos recursos para o país.

2.3 MARKETING INTERNACIONAL PARA A PEQUENA EMPRESA
Após uma análise sobre o histórico entre os dois países no ano de 2006 com o foco no campo econômico, o presente item ter por objetivo refletir sobre o marketing internacional para a pequena empresa na medida em que essa ferramenta pode auxiliar no incremento da relação comercial entre a Bolívia e o Brasil.
O marketing internacional tem relação direta com a interdependência entre os países conforme ensina Pipkin (2000, p.79):
[...] a interligação dos mercados ou a chamada globalização demonstra que os mercados não se limitam às fronteiras geográficas. Por outro lado, a grande maioria das empresas adotou a noção de que a organização deve estreitar o foco em um determinado grupo de consumidores no mercado, visando oferecer um valor único a esses. Além disso, têm-se adotado estruturas organizacionais mais flexíveis com o objetivo de proporcionar respostas mais rápidas às necessidades dos clientes, que por sua vez, são mais exigentes em razão de disporem de um maior número de ofertantes e de acesso a um amplo leque de informações. Como se vê, os mercados encontram-se em um processo de intensa mutação, principalmente devido às novas demandas dos consumidores nos mercados, sejam esses nacionais ou estrangeiros.

Sob uma perspectiva global, é consensual que o maior inter-relacionamento entre as diversas nações tenha como efeito resultante uma explosão da competição em nível global. Praticamente, segundo Pipkin (2000), não existem mercados geográficos que, de alguma forma, estejam alheios a uma acirrada concorrência global. Esse novo contexto competitivo exige que as pequenas empresas revejam seus conceitos e diretrizes quanto à formulação e à aplicação de estratégias para atuação nos mercados globais.
Percebe-se que nesse sentido, o alvo de uma estratégia bem-sucedida é o consumidor internacional, com seus desejos e necessidades cambiantes, e essa circunstância exige que as pequenas empresas adaptem suas estruturas e suas operações para alcançar uma alta atuação nos mercados internacionais.
Segundo Cobra e Tejon (2007), a pequena empresa precisa adaptar-se aos desafios do ambiente de mercado, identificar necessidades não atendidas e procurar se colocar como uma prestadora de serviços. Acima de tudo, precisa ter prazer em servir, a fim de não apenas conquistar clientes, mas de mantê-los. As necessidades dos clientes nem sempre são evidentes, muitas vezes estão ocultas. Por essa razão o ambiente de mercado externo precisa ser muito bem identificado. A PE deve ser uma pesquisadora de mercado, o que exige uma abordagem que considere necessidades, desejos e emoções. A mente do consumidor está repleta de informações, as quais precisam ser identificadas e apuradas. O pequeno empresário se envolve em uma atividade de percepção e relacionamento, onde cada cliente percebe um significado distinto para cada produto ou serviço oferecido.
É necessária a construção de uma cultura internacional dentro das organizações, da presença obrigatória de um profissional qualificado em termos de operações internacionais, da construção de competências centrais advindas do conjunto de capacidades e recursos da pequena empresa, do posicionamento estratégico nos mercados externos e, ultimamente e de forma mais intensa, da criação de relacionamento na cadeia de valor internacional visando fornecer um valor superior ao cliente estrangeiro.
A análise de todos esses elementos é de crucial importância para a formulação e execução de estratégias bem-sucedidas nos mercados externos. Pretende-se integrar a visão dos elementos chaves, sendo eles: recursos humanos com capacidade gerencial internacional, estratégias de relacionamentos internacionais, posicionamento estratégico internacional, segmentação de mercados internacionais e mudança organizacional. Esses elementos chaves estão intimamente relacionados e uma análise conjunta propicia maiores oportunidades para que a PE possa construir uma posição única nos mercados internacionais e desta forma, criar uma vantagem competitiva sustentável ao longo do tempo.
Para Minervini (2001), inserir-se no mercado internacional através da exportação é uma escola de crescimento da gerência, pois a exportação está conectada ao compromisso com a qualidade, criatividade e profissionalismo. A exportação não pode ser considerada com último recurso quando o mercado interno ou a gestão da empresa está em crise, pois se a empresa não obteve êxito no mercado interno, dificilmente terá êxito no exterior. Para superar estas fragilidades, o empreendedor de sucesso necessita desenvolver e aprimorar características específicas para atuar no mercado internacional. O plano de ação de pequenas empresas é denominado de "guerrilha" estratégica e segundo Levinson (1989), o guerrilheiro deve apresentar:
? Paciência: os estrategistas devem ter paciência para obter resultados de longo prazo e não desistir diante de uma derrota.
? Agressividade: inclui iniciativa, inovação, criatividade e investimentos acertados.
? Imaginação: desenvolver e criar no composto de marketing (produto, preço, praça e promoção).
? Sensibilidade: perceber as mudanças no mercado e saber o que e quando deve ser alterado para obter bons resultados comerciais.
? Vontade interior: acreditar no que faz e fazer o melhor que puder.
O posicionamento que a pequena empresa virá a adotar no mercado internacional deve
estar presente em todos os níveis da pequena empresa, em todos os setores e tal posicionamento conta com o auxílio do marketing internacional para ser bem sucedido. Ao mencionar o que é marketing internacional Cateora (2007, p. 09) ensina:
[...] marketing internacional é o desempenho de atividades empresariais designadas para planejar, definir preços, promover e dirigir o fluxo de produtos e serviços da empresa para clientes ou usuários em mais de um país visando o lucro. A única diferença entre as definições de marketing doméstico e internacional é que neste último as atividades de marketing ocorrem em mais de um país. A esta diferença aparentemente pequena, ?em mais de um país?, devem-se a complexidade e a diversidade encontradas nas operações de marketing internacional.

O autor acima também menciona que os conceitos, processos e princípios de marketing são universalmente aplicáveis e a missão do profissional de marketing é a mesma, esteja ele fazendo negócios no mercado externo ou interno. A meta do negócio é gerar lucro por meio da promoção, da definição de preço e da distribuição de produtos para quais exista um mercado. A diferença do marketing internacional para o marketing voltado ao mercado interno está no ambiente no qual os planos de marketing devem ser aplicados.
A singularidade do marketing no exterior está na gama de problemas desconhecidos e na variedade de estratégias necessárias para se lidar com os diferentes níveis de incerteza encontrados em mercados estrangeiros. Concorrência, restrições legais, controles governamentais, clima, consumidores inconstantes e uma variedade de outros elementos incontroláveis podem afetar o resultado financeiro de bem elaborados planos de marketing. De modo geral, o profissional de marketing não pode controlar ou exercer influência sobre esses elementos incontroláveis, mas pode ajustar-se ou adaptar-se a eles de uma forma que seja consistente com um resultado satisfatório.
O que torna o marketing interessante é o desafio de moldar os elementos controláveis das decisões de marketing (produto, preço, promoção, distribuição e pesquisa) dentro da estrutura de elementos incontroláveis do mercado (concorrência, política, legislação, comportamento do consumidor, nível tecnológico, e assim por diante) de tal maneira que os objetivos de marketing sejam atingidos. Apesar de os princípios e conceitos de marketing serem universalmente aplicáveis, o ambiente no qual o profissional de marketing deve aplicar seus planos de marketing pode variar consideravelmente de um país para outro ou de uma região para outra. As dificuldades criadas pelos diferentes ambientes são a principal preocupação do profissional de marketing internacional tornando sua análise uma difícil tarefa.

2.3.1 análise do ambiente
Segundo Cateora (2007), além dos elementos incontroláveis no país de origem, uma fonte relevante de incerteza está no número de fatores do ambiente no mercado externo que costumam ser incontroláveis. Se a pequena empresa está operando em seu país de origem, sem dúvida alguma se sente à vontade para prever o clima dos negócios e ajustar as decisões de negócio a esses elementos. Todavia, o processo de avaliação dos elementos incontroláveis em um programa de marketing internacional costuma envolver doses substanciais de choque econômico, político e cultural.
Os elementos mais significativos do ambiente internacional incontrolável, incluem forças legais, políticas, econômicas e competitivas, nível tecnológico, estrutura de distribuição, geografia, infra-estrutura e forças culturais. Estes constituem os principais elementos de incerteza com os quais o profissional de marketing internacional deverá lidar ao enfrentar ao elaborar um plano de marketing. Para ajustar e adaptar um programa de marketing aos mercados externos, os profissionais de marketing devem ser capazes de interpretar de forma eficaz a influencia e o impacto de cada um dos elementos ambientais incontroláveis do plano de marketing para cada mercado externo no qual pretende negociar. Um dos elementos incontroláveis já citados é a força cultural; a dificuldade que o profissional de marketing encontra para adaptar-se à cultura está em reconhecer seu impacto. Ao trabalhar com mercados com os quais não estejam familiarizados, os profissionais de marketing devem conhecer muito bem os referenciais adotados para tomar suas decisões ou avaliar o potencial de um mercado, já que os julgamentos são derivados da experiência que é um resultado de uma aculturação no país de origem. Uma vez estabelecido um referencial, este passa a ser um fator importante na determinação ou modificação da reação de um profissional às situações, sejam elas sociais ou não.
O condicionamento cultural é como um iceberg, pois ignoramos nove décimos dele. Em qualquer estudo dos sistemas de mercado para diferentes povos, de suas estruturas político-econômicas, religiões e outros elementos culturais, os profissionais de marketing estrangeiros devem sempre tomar o cuidado de não medir e avaliar os mercados segundo valores e suposições fixas de sua própria cultura. Eles devem dar os passos certos no sentido de conhecer bem o referencial cultural da região em suas análises e em suas tomadas de decisão.
A chave para um marketing internacional bem-sucedido está na adaptação às diferenças ambientais de um mercado para outro. Adaptação é um esforço consciente do pequeno empresário para prever as influências exercidas pelos elementos incontroláveis dos mercados internos e externos em um mix de marketing, e então ajustá-lo para minimizar seus efeitos.

2.3.2 o ambiente político em marketing internacional
No topo da lista de condições políticas que afetam os negócios internacionais está a estabilidade ou instabilidade das políticas governamentais predominantes. Segundo Kotabe e Helsen (2000), o governo afeta quase todos os aspectos da vida empresarial de um país, pois a política nacional afeta diretamente os ambientes das empresas por meio das mudanças de políticas, regulamentações e leis. A estabilidade e a situação política de um país afetam as ações que serão tomadas pelo governo que podem ter impacto importante sobre a viabilidade de fazer negócios no país. Um movimento político pode alterar as atitudes prevalecentes em relação às empresas estrangeiras, resultando em novas regulamentações e por conseqüência, a adequação das empresas que exportam para determinado país. Conforme o quadro abaixo demonstra, é possível constatar como a nacionalização do petróleo e gás da Bolívia afetaram diversos aspectos importantes do Brasil e da através de um comparativo entre antes e após a nacionalização.
Os executivos de marketing internacional devem entender a natureza fluída do clima político do país que pretendem entrar em relação às políticas do país de origem, uma vez que algumas nações passam por graus diferentes de volatilidade política, dificultando as previsões e os planos das empresas internacionais.
Kotabe e Helsen (2000) elucidam sobre a estrutura do governo. Segundo os autores, uma forma de caracterizar a natureza do governo é por sua ideologia socioeconômica, variando do comunismo e do socialismo, ao capitalismo. No comunismo, o governo possui e dirige todas as empresas e não é permitida a propriedade privada. O socialismo é considerado um sistema político situado entre o comunismo puro e o capitalismo puro. Um governo socialista defende a propriedade publica e o controle de alguns setores considerados críticos para o bem-estar do país. O capitalismo é o sistema econômico em que a livre empresa é permitida e estimulada, acompanhada da propriedade privada. Em uma sociedade capitalista, as transações de livre mercado são consideradas responsáveis pela alocação mais eficiente dos recursos escassos, porém, o capitalismo fora de controle pode resultar em produção e consumo excessivos, causando grande poluição do ar e da água em muitas partes do mundo, bem como o esgotamento de recursos naturais limitados.
O número de partidos políticos também influencia o nível de estabilidade política. O regime de partido único não existe fora de um país comunista. A maioria das nações possui grande numero de partidos políticos que representam visões e sistemas de valores diferentes de sua população. Em um país de partido único dominante, as políticas governamentais tendem a ser estáveis e previsíveis no decorrer do tempo, mas pode apresentar políticas como barreiras comerciais, restrições ao investimento direto estrangeiro e controle de cambio, que reduzem a flexibilidade operacional das empresas estrangeiras. Em um sistema bipartidarismo, os partidos não são divididos por ideologia, mas por diferentes distritos.
Segundo Cateora (2007), existem riscos políticos que devem ser considerados pelo profissional de marketing internacional. O risco político mais rigoroso é o confisco, que é apoderar-se dos ativos de uma empresa sem pagar por eles. Menos drástica, porém ainda grave, é a expropriação, que envolve algum reembolso pelo investimento tomado pelo governo local. Um terceiro tipo de risco é a nacionalização, que ocorre quando o pais anfitrião toma medidas para transferir os investimentos estrangeiros para o controle e propriedade nacionais, através de uma série de decretos governamentais que envolvem transferir total ou parcialmente a propriedade para os cidadãos nacionais; promover um grande número de cidadãos nacionais a altos postos gerenciais; dar maior poder de decisão aos cidadãos nacionais; produzir um número maior de produtos componentes localmente; gerar regulamentos projetados especificamente para ditar a participação nos mercados globais. A meta final da nacionalização é forçar os investidores estrangeiros a compartilhar mais da propriedade e do gerenciamento com os cidadãos nacionais do que antes da nacionalização.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Segundo Marconi e Lakatos (2009), o método científico é o conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo ? conhecimentos válidos e verdadeiros ? traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do pesquisador. "Nas ciências, entende-se por método o conjunto de processos empregados na investigação e na demonstração da verdade" (Cervo, 2007, p.27). Segundo este mesmo autor, a pesquisa é uma atividade voltada para a investigação de problemas teóricos ou práticos através do emprego de processos científicos. A pesquisa parte de uma dúvida ou problema e com a aplicação do método cientifico encontrar uma resposta ou solução.
A presente pesquisa deve ser classificada como bibliográfica, pois objetivou recolher informações e conhecimentos prévios para explicar um problema ou experimentar uma hipótese a partir de referências teóricas publicadas em artigos, livros, dissertações e teses. De acordo com Gil (2002), a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao pesquisador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Essa vantagem torna-se importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço, como por exemplo, dados históricos. Ao compreender a causa do baixo volume de exportação da pequena empresa brasileira para a Bolívia objetivou-se contribuir para o entendimento de como as PE's brasileiras estão atuando no mercado de um dos países associados ao MERCOSUL.
Dessa forma as exportações das pequenas empresas para a Bolívia dos últimos cinco anos foram utilizadas como pilares porque serviram para encontrar a queda no ano de 2006.
Em termos de técnica utilizada para coletar os dados, baseou-se em fontes denominadas de "papel". A primeira é definida como fonte bibliográfica que abrangeu um guia específico sobre informações gerais da Bolívia disponibilizado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil denominado de "Como exportar para a Bolívia".
No que tange ao histórico da relação entre a Bolívia e o Brasil no ano de 2006 as fontes utilizadas foram as matérias publicas no jornal Folha Online ao longo dos anos de 2006 à 2009 e matérias publicadas em sites pertinentes de agências de notícias do Brasil.
Sobre a identificação e análise dos índices de exportação da pequena empresa brasileira para a Bolívia e o quanto ela representa nas estatísticas de comércio exterior do Brasil a fonte utilizada foi o banco de dados do MDIC brasileiro devido à dificuldade de se obter informações precisas por parte do governo Boliviano já que desde agosto de 2009 o país vem prometendo disponibilizar seus números de comércio exterior, mas que até o término da redação do presente artigo ainda não tinha sido divulgado.
E por último para refletir sobre o marketing internacional com foco na pequena empresa a fonte utilizada foi uma bibliografia específica sobre o tema já que buscou-se informações secundárias oriundas de material já disponível como, por exemplo, livros, artigos e sites da web.

4 RESULTADOS
A seguir apresenta-se a análise dos índices de exportação da PE brasileira para a Bolívia e para o MERCOSUL e de sua representatividade nas estatísticas de comércio exterior do Brasil. Através desta análise aborda-se o volume de exportações da PE para a Bolívia em um período de cinco anos que correspondem aos anos de 2004 à 2008. É possível distinguir uma queda dos índices de exportação em um período específico, no ano de 2006 e relacionar, à luz de fontes pertinentes, com o fato histórico da nacionalização do petróleo e gás da Bolívia no referido ano.

4.1 IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DOS ÍNDICES DE EXPORTAÇÃO DA PEQUENA EMPRESA BRASILEIRA PARA A BOLÍVIA E O QUANTO ELA REPRESENTA NAS ESTATÍSTICAS DE COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

Antes de começar a análise sobre os dados é de suma importância uma observação. Conforme mencionado anteriormente os dados dos gráficos a seguir apresentam informações retiradas de fontes brasileiras, ou seja, partindo do ponto de vista do Brasil o que indica que tratam-se de exportações. Essa opção foi eleita devido o Brasil estar muito a frente da Bolívia no que diz respeito às estatísticas de comércio exterior já que desde o ano de 1993 com o advento do Siscomex vem coletando informações sobre os produtos que exporta para os seus parceiros entre eles a Bolívia.
Assim procurou-se clarear possíveis equívocos de interpretação dependendo do lado que estaria sendo feita a análise, reforçando que a percepção é do ponto de vista brasileiro.
Os gráficos abaixo apresentam um comparativo sobre o volume de exportações de pequenas empresas brasileiras para a Bolívia em um período de cinco anos (2004 ? 2008) e o volume de exportação de pequenas empresas brasileiras para os países membros e associados ao MERCOSUL no mesmo período, respectivamente. O objetivo desta análise comparativa entre as exportações brasileiras para a Bolívia e o Mercosul é de quantificar o impacto da instabilidade político-econômica gerada pela nacionalização do setor de petróleo e gás boliviano no volume de exportações de pequenas empresas brasileiras e ressaltar que, dentre os países membros e associados ao Mercosul, a Bolívia foi o país que apresentou o maior impacto econômico negativo fundamentado no declínio do volume de exportações brasileiras.
Conforme o Gráfico 1, identifica-se que as exportações no período de 2004 até o inicio de 2006, apresentavam um crescimento médio de 8% ao ano. Este crescimento anual de exportações embasava-se na estável relação econômica e política entre o Brasil e a Bolívia no mesmo período.
Até este momento as exportações de pequenas empresas brasileiras não haviam sido afetadas pelo atrito político entre estes dois países devido à atitude rígida do governo boliviano em nacionalizar o setor de petróleo e gás boliviano no decorrer do ano de 2006.
Em uma segunda análise, baseando-se nos resultados encontrados, torna-se evidente que as exportações das pequenas empresas brasileiras para a Bolívia (ou importações da Bolívia de pequenas empresas brasileiras) apresentaram um volume inferior, comparado à média de exportação para os demais países integrantes e associados ao Mercosul. Conforme observou-se, a média de exportações para a Bolívia gira em torno de $35 milhões, em contrapartida, o volume de exportações para os demais países do Mercosul apresentam um volume médio de $62 milhões.
No início do período analisado (2004 à 2005), constata-se que as exportações para a Bolívia acompanham a média geral das exportações para o demais países do Mercosul. Portanto, podemos analisar que neste mesmo período fatores externos podem ter influenciado o volume das exportações para a Bolívia, pois tiveram o mesmo impacto em todos os países membros e associados ao Mercosul, uma vez que verificou-se a elevação no volume de exportações para a Bolívia, assim como para os demais países do Mercosul.Gráfico 2 ? Volume de Exportação para o MERCOSUL (2004 ? 2008) ? Membros e Associados
Fonte: Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior

Entretanto, é percebível que a média do volume de exportação para os países membros e associados ao MERCOSUL no período de 2006 à 2007 apresentou um aumento de $16 milhões, diferentemente do volume de exportações para a Bolívia no mesmo período, que representou um declínio de $7 milhões.
Conforme a FIESP declarou, logo após a nacionalização do petróleo e gás boliviano em maio de 2006, o receio de que esta instabilidade política gerada entre Brasil e Bolívia viesse a afastar investimentos estrangeiros e abalar as relações econômicas entre os dois países, é perceptível, conforme demonstrado dos gráficos acima que este atrito político-econômico teve como conseqüência principal a queda no volume de exportações de pequenas empresas brasileiras para a Bolívia.
O SEBRAE de Minas Gerais, através de sua agência de notícias (2006) informou que a nacionalização do gás boliviano deve trazer prejuízos a pequenos empresários mineiros, pois fazem parte de um programa que visa aumentar a competitividade de pequenas empresas do setor de Gás Natural Veicular Automotivo. O receio dos consumidores de que o gás natural falte para o Brasil faz que optem pela não conversão. Este receio dos consumidores também se reflete nas retrações das exportações de pequenos empresários para a Bolívia, em virtude ser um país que está apresentando instabilidade política e comercial com o Brasil.
Conforme explica um dono de oficina mecânica, Faustino Guimarães, sua pequena empresa sobreviveu à crise porque manteve outras atividades na oficina. A pequena empresa do empresário chegou a fazer, antes da nacionalização do petróleo boliviano, uma média 40 conversões por mês. Após a nacionalização, as conversões caíram para zero. O empresário Luiz Carlos Marques, diretor de uma fábrica de compressores e instalações para gás natural em pequenas empresas e postos de abastecimento, também está preocupado, acredita que tudo depende do governo brasileiro, pois se não for exigido o cumprimento dos contratos entre Bolívia e a Petrobrás, afetarão os investimentos no Brasil. Levando em consideração de que os pequenos empresários tendem a seguir os grandes, na questão na nacionalização do petróleo e gás da Bolívia, é percebível que a instabilidade política influenciou as negociações comerciais entre Brasil e Bolívia refletindo-se nos índices de declínio das exportações de pequenas empresas brasileiras para a Bolívia.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No contexto atual competitivo de acirrada concorrência global entre as empresas exige-se das mesmas que sejam estrategistas na aplicação de planos de ação para atuação em mercados internacionais. O profissional de marketing internacional deve estar preparado para adaptar-se aos desafios e mudanças do mercado e do cliente externo que estão sujeitos a influencias e incertezas talvez desconhecidas pela empresa exportadora. Existem fatores incontroláveis que mais causam temor para as pequenas empresas lidarem, tais como as forças legais, políticas, econômicas e competitivas, nível tecnológico, geografia e forças culturais; neste sentido um forte perigo que deve ser evitado é o condicionamento cultural; uma vez que pode ser um iceberg nas negociações exteriores. De todos os fatores citados, o que mais pode afetar os negócios internacionais é a instabilidade das políticas governamentais predominantes; pois o governo afeta diretamente os ambientes das pequenas empresas por meio de mudanças de políticas, regulamentações e leis.
Objetivou-se analisar os motivos que determinaram o baixo índice de exportação de PE's para a Bolívia em um período de cinco anos (2004-2008), principalmente ao constatar que a Bolívia tem interesse de incentivar o seu comércio exterior tanto na importação quanto na exportação com o Brasil, através de sua associação ao MERCOSUL. Para responder ao tema central de pesquisa, o artigo analisou o relacionamento político entre os dois países no ano de 2006 e suas conseqüências no campo comercial. Conforme analisado neste artigo, foi a instabilidade política da Bolívia que influenciou o declínio das exportações de pequenas empresas. Observou-se que as exportações estavam crescendo de forma saudável para a Bolívia até o início de 2006, assim como para os demais países associados e membros do MERCOSUL e a partir deste mesmo ano, houve uma brusca queda das importações de PE's brasileiras por parte da Bolívia. Para obter os resultados que em tese comprovassem este declínio nas exportações de PE's para a Bolívia em 2006 foi apresentado informações gerais sobre a Bolívia, um histórico da relação entre Brasil e Bolívia, uma análise dos índices de exportação de PE's para a Bolívia e para o MERCOSUL interpretadas através de gráficos explicativos sobre a exportação no período de 2004 à 2008.
É possível concluir que a nacionalização do petróleo e gás da Bolívia em maio de 2006 e a forma como o governo boliviano conduziu a situação, tomando à força os campos de produção da Petrobrás, causou uma instabilidade política entre Brasil e Bolívia, levando a um conflito de confiança entre os dois países e o possível afastamento de investimentos estrangeiros tanto para Brasil, quanto para a Bolívia. Percebe-se que a instabilidade comercial e política entre os dois países referidos influenciaram o declínio no volume de exportações de pequenas empresas brasileiras para a Bolívia no ano de 2006.
O presente artigo restringiu-se a pesquisa para o ambiente político e as exportações de pequenas empresas para a Bolívia no ano de 2006. Para estudos posteriores, sugere-se analisar outros ambientes que também influenciem o comportamento das exportações, tais como o ambiente econômico e cultural. Torna-se importante para aprofundar esta pesquisa buscar qual é a percepção predominante dos pequenos empresários pertencentes a algum setor representativo nas exportações, referente à nacionalização do petróleo e gás da Bolívia em 2006 e de quais foram os impactos detectados nas exportações de pequenas empresas.

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