Muitos cristãos quando ouvem falar em política logo sentem um mal estar, rejeita qualquer discussão, veem o termo associado restritamente, a corrupção, a roubalheira, enganação. Será que, de fato, política tem a ver com isso mesmo? 
Vamos, pois debruçar-nos um pouco neste termo e entendê-lo melhor para sabermos se devemos nos envolver como cristãos e cristãos, nela. 
A palavra, política é de origem grega (polis), significa ''cidade''. Ela é uma dimensão necessária a nossa vida, pois é por meio dela que buscamos nos organizar como seres sociais. Falo aqui da política no sentido geral. Existem, todavia dois níveis da política:


a) Partidária -onde há luta pela o estado ( partidos políticos).


b) Participação na sociedade civil - (org's associações, grupos,conselhos, pastorais, etc ). 
Na verdade toda a nossa vida é influenciada pela política. Quando nos reunimos para tomar qualquer decisão, quando compramos uma caixa de fósforos, quando escolhemos o/a coordenador/a o nosso grupo de jovens, fazemos política. Então, mesmo que a gente não queira meter-se com a política, ela mete-se na vida da gente. Por isso, precisamos conhecê-la melhor, saber da sua importância para participarmos de forma consciente, não sendo ''massa de manobra'' marionete nas mãos dos outros. 
Que fique claro: ninguém consegue ficar neutro na política. Por isso, devemos, além de nos conscientizar, tomar posição, saber de que lado estamos. Existem três eixos de participação política: 
a) A conservadora - Quer sustentar o modelo econômico, o capitalismo. Legitima ao STATUS QUO. Diz que as coisas estão boas assim: "Pobres sendo pobres, ricos sendo ricos" etc.


b) A política reformista - Quer mudanças, mais preservando a essência da coisa, pode até parecer defensora das causas populares, no fundo esconde sua intenção de dominação.


c) A política transformadora - É revolucionaria, defende um outro modelo de sociedade. 
Jesus Cristo foi um grande político. Ele brigou com os poderosos de sua época, morreu como maldito, bandido, perigoso ao sistema por ter denunciado as práticas de injustiças e ficado ao lado dos pobres e marginalizados. 
Por tudo isso e muito mais, nós cristãos e cristãs não podemos deixar de nos meter na política. A Igreja, por sua vez, não assume nenhum partido político. Ela, porém, pode até preparar pessoas para assumir um exercício político num partido ou em outro espaços com bases nos princípios cristãos, sendo assim a política é uma forma indispensável à construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Disse o papa Paulo VI: "A política é a mais perfeita forma de praticar caridade". Isto por que ela tem a ver com o que comemos, com o que vestimos, com nosso trabalho, com nosso transporte, etc. É ela que determina nossas condições básicas de vida. 
Então, concorda que é dever nosso meter-nos na política? Para ajudar nesta reflexão, trago presente o texto de Bertold Brecht "O Analfabeto político" que diz o seguinte: 
''O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não houve , não fala, não participa dos acontecimentos políticos. vEle não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio depende das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito, dizendo que odeia política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra o corrupto e o lacaio das empresas nacionais e multinacionais". 
Estas palavras dizem tudo, ousamos, portanto, participar!