O crime da catraca

Os movimentos sociais silenciaram completamente com relação à luta pela implantação da integração dos transportes coletivos em Teresina (apenas no papel). Única capital que mantém esse título inacreditável, inaceitável. O silêncio dos movimentos comunitário, sindical, estudantil impressiona, em face da situação degradante, humilhante a que somos submetidos, cotidianamente, pela inexistência de paradas condignas e da integração,
O número de associações de moradores é assustador. Mesmo por esperteza, constitui a razão de ser a representatividade encaminhar a luta pela melhoria das condições dos usuários de coletivos, principalmente nos bairros. Situação precária, visível. A relação perniciosa com o poder público municipal beira a incompreensão. A subserviência campeia. Varre a cidade. A carência de planejamento da prefeitura, nos últimos anos, torna Teresina desumana, sem qualidade de vida, para não menos da metade da população.
Há anos esperamos a integração. São milhões retirados para as empresas concessionárias de transporte coletivo (pasmem), quando o usuário paga quatro ou seis passagem, diariamente, ao invés de duas ou três, pela ausência da implantação. Descaso consciente dos inquilinos da prefeitura que pulularam por décadas nas salas assépticas e refrigeradas dos gabinetes.
Um crime perfeito, dos prefeitos, contra a cidade. Sem corpo, velório, choro, vela; prova, sem boletins de ocorrência, apenas alguns suspeitos notáveis: a catraca, a Câmara Municipal pela ineficiência, Firmino Filho e Silvio Mendes. Vários anos na prefeitura de Teresina. É fato: não enfrentaram as empresas concessionárias de transporte coletivo, assumindo o compromisso com a população carente. Ao contrário, tudo aos empresários. Não podem se orgulhar.
Alguém poderia informar ao prefeito Elmano Ferrer, no caso: ter coragem (acredito) e não está comprometido com o setor de transporte ou mal informado (o que parece), poderia em 15 dias implantar a integração na modalidade Temporal. Um auxiliar de cambeteio diria: em menos de 10 dias. O trabalhador "pega" o coletivo na parada simbolizada por um pau, no bairro, entrega ao cobrador de um ônibus caindo aos pedaços metade de um bilhete que vale por duas passagens. No segundo ônibus, em um intervalo de uma hora e meia, faz a segunda viagem. Nem mais, nem menos, presumindo que o ônibus não atrase. Frei Serafim, Praça da Bandeira, Praça João Luís, em qualquer parada fantasma suja e calorenta que nos cozinha e frita o pouco de juízo e paciência que nos restou.
Não precisamos das paradas, das estações, nem das flores e mudanças nas cores dos ônibus que nos enganam como condições e requisitos falsos para prolongar a integração. Apenas da competência e coragem do prefeito Ermano Ferrer se antecipar com a Integração Temporal, ao mandar imprimir os bilhetes e fazer valer os interesses da cidade. Fica para depois a física (Estações de Integração).
Dependendo do que afirmou o superintendente da Strans Ricardo Freitas ao Jornal Diário do Povo, "... a integração do transporte na capital será gradativa e levará alguns anos...", a população de Teresina entregará milhões ao setor de transporte coletivo, com a conivência do prefeito atual. "Eles não andam de ônibus". É fato.
Por Renato Uchôa (Educador)