A expansão do tecido urbano sobre um sítio com topografia mais ou menos plana dificultou, no caso de Brumado, o estabelecimento de um núcleo com desenho em forma de xadrez. Com a posterior expansão da cidade, a malha urbana perdeu a uniformidade e atualmente, apesar de procurar manter o desenho reticulado das quadras e ruas, expande-se de forma desarticulada e muitas vezes irregular.

No processo de crescimento/desenvolvimento, Brumado apresenta os mesmos problemas da maioria das cidades brasileiras. Não há um plano diretor norteando a expansão do tecido urbano, surgindo loteamentos sem infra-estrutura que às vezes são irregulares, concorrendo para a ocupação de áreas no entorno da cidade, comprometendo o cinturão verde composto de chácaras hortifrutigranjeiras ou espaços destinados à preservação ambiental, tais como fontes ou nascentes, matas ciliares, ect.

A expansão de Brumado, nos últimos 20 anos, também se dirigiu para além do riacho do Sapé, no sentido norte e mais recentemente a noroeste da cidade no bairro Santa Tereza. Esse córrego foi ultrapassado pelo tecido urbano, com a projeção de ruas não muito distantes das suas margens, o que aumentou as possibilidades de degradação nos trechos envolvidos pela urbanização. A tendência futura de expansão parece ser nessa expansão, em razão da canalização e do asfaltamento de ruas e da implantação de uma praça de lazer.

Nesta área de expansão, mais a norte, há um grotão da nascente do riacho do Sapé, que até então permanecia isolado numa chácara e que pode ser degradado e até ser transformado em deposito de lixo urbano devido ao intenso crescimento da malha urbana de Brumado.

A expansão do espaço urbano incide igualmente sobre os recursos hídricos, importantíssimos, na medida em que o uso indiscriminado desses recursos, particularmente no Estado da Bahia, tem gerado inúmeros problemas ambientais que redundam em prejuízos para a própria população. Entretanto, o processo de expansão, como no caso de Brumado, tem pressionado os mananciais próximos e comprometido, de maneira irreversível, com cursos dágua antes saudáveis, hoje totalmente mortos, transformados em canais de esgoto.

A bacia hidrográfica do rio do Antônio corresponde a uma área de aproximadamente 6.540 km² incluindo áreas dos municípios de Caculé, Ibiassucê, Rio do Antônio, Malhada de Pedras e Brumado, num espaço onde vivem cerca de 140 mil pessoas. O rio do Antônio, com 206 km de extensão, recebe afluente como o riacho do Sapé e Bate Pé.

O córrego do Sapé, conhecido popularmente como riacho do Bufão devido ao despejo irregular do antigo matadouro municipal, (hoje canalizado sob a Rua Teodoro da Silva Leite), é um canal receptor de esgoto urbano. O avanço da cidade sobre esse curso dágua se deu relativamente em tempo recente, pois se encontra inúmeros Brumadenses que recordam do modo natural desse curso dágua.

Na cidade de Brumado, o lançamento de esgoto doméstico e industrial, tanto no próprio canal do Sapé, quanto em outros canais, torna a carga de poluentes muito altas, necessitando grandes investimentos para reverter ao uso humano as suas águas.Por outro lado, se junta a isso a sistemática destruição da mata ciliar ao longo dos cursos dágua na Micro Bacia da Serra das Éguas, aumentando significativamente o assoreamento dos canais.

Tudo isso se leva a concluir que, apesar do avanço da legislação ambiental e dos mecanismos possíveis de serem empregados para evitar maiores danos, além do esforço dos poderes públicos municipais em minimizar os efeitos deletérios sobre esses recursos hídricos, mais cedo ou mais tarde medidas mais radicais e onerosas deverão e terão de ser tomadas em relação ao uso das águas.