O CORPO E A SOCIEDADE: A INTERPRETACAO HISTÓRICA E SOCIAL DO CORPO HUMANO

O corpo humano foi tratado de diversas formas em que a maior parte do tempo a humanidade privou-se em tratar o corpo dentro do simplismo do pensamento primitivo. Deste modo, podemos ver que os primatas usavam o corpo para ultrapassar as suas dificuldades, os Indios entendiam que o corpo aprisionava o espirito, os Egipcios mumificavam os corpos dos ricos e sacerdotes...

O Homem na qualidade de um sujeito manipulavel, o seu corpo acaba sendo objecto de significados e significantes que podem ser sociais, politicos, economicos, culturais, etnicos, raciais.

RESUMO

Ao longo da história, o corpo do Homem foi tratado de forma contraditória e tendenciosa, visto que a maior parte do tempo a humanidade privou-se em tratar o corpo dentro do simplismo do pensamento primitivo na qual interpretava que o corpo humano poderia ser percebido em duas dimensões, a física e a psicológica. Nesta lógica, nota-se que o predomínio da valorização dos pensamentos, ideias e conceitos que focalizavam dualismo psicofísico tinham como intuito de simplificar a interpretação fenomenológica de tudo que acontecia no corpo. O Homem na qualidade de um sujeito manipulável, o seu corpo acaba sendo objecto de significados e significantes que podem ser: sociais, culturais, políticos, económicos, étnicos, raciais… Partindo do pressuposto de que o corpo é o sinónimo de uma multiplicidade, o presente artigo que se intitula por: O corpo e a sociedade: a interpretação histórica e social do corpo humano visa trazer à ribalta algumas reflexões que fazem análise retrospetiva da forma como o corpo foi tratado ao longo do tempo e na elaboração foram revistas várias obras, artigos, revistas, periódicos que versam sobre o corpo em várias áreas de estudo. Palavras chave: Corpo, Homem e história. “Não existe sujeição tão perfeita quanto aquela que conserva a aparência de liberdade”. Rousseau

INTRODUÇÃO

O corpo é alvo das interpretações históricas, culturais, sociais, econômicas, religiosas e étnicas, isso contribui para que encontremos posicionamentos, anatómicos, fisiológicos, filosóficos, antropológicos, sociológicos... Deste modo, podemos observar que, o quotidiano dos primatas era marcado pelo uso do corpo para ultrapassar as suas dificuldades, os Índios entendiam que o corpo aprisionava o espírito, os Egípcios mumificavam os corpos dos ricos e sacerdotes servindo-os de moradia da alma na eternidade. Os gregos defendiam o hedonismo, o cristianismo considerava o corpo como o santuário da alma, no renascimento o corpo passa a ser o objecto de estudos, na era moderna o corpo é disciplinado… em todo este percurso à imagem do corpo do deficiente era visto como uma imperfeição humana. O presente artigo visa trazer uma abordagem holística à respeito da forma como o corpo foi tratado ao longo da história e para a sua realização baseou-se na consulta do acervo bibliográfico que versa em torno do tema em destaque. Palavras chave: Corpo, Homem e história. CONCEITO DO CORPO Desde tempos imemoriais o corpo foi a medida de todas as coisas (media-se o mundo com o corpo e com os seus produtos e actividades. (BENTO, 2003), assim sendo «nós somos o nosso corpo! Ele é medida e expressão do nosso» (MARCEL-MAUSS 1872- 1950), deste modo, «o corpo é ao mesmo tempo uma massa, um invólucro, uma superfície que se mantém ao longo da história em suma, o corpo é um ente, composto por carne, ossos, órgãos…(MENDES, 2006), o (GLUSBERG, 1987), acrescenta dizendo que “o corpo é uma matéria moldada pelo mundo externo, pelos padrões sociais e culturais, e não pela fonte da sua origem e seus comportamentos” PRÉ-HISTÓRIA O homem primitivo talvez seja único e original, no que tange ao modo de viver em um ambiente e se percebe como parte dele. Os trabalhos rupestres mostram a representação de corpo do homem primitivo. As posturas e posições corporais, expressadas nos desenhos, dão alguma informação de como os homens primitivos concebiam o corpo. (COSTA, 2011). O quotidiano dos primatas era marcado pela luta na busca do alimento, usando seu corpo para solucionar os problemas diários, tais como: beber água no rio usando as mãos em formato de concha, cavando a terra com as mãos em formato de garras para agarrar, pegando, saltando, caminhando, agachando enfim, isso Talvez permite vislumbrar o papel do corpo como mediador entre o homem primitivo e as superações das dificuldades ambientais. (COSTA, 2011). No período pré-histórico, a sociedade primitiva dependia do que a natureza podia lhes oferecer, necessitando assim deslocarse constantemente. “[...] em função desta prática, abandonavam aqueles que não pudessem mover-se com agilidade ou que tivessem alguma diferença que impedisse sua mudança de um lugar para outro com agilidade” (CASCAVEL, 2006). ANTIGUIDADE A concepção de corpo emerge de cultura milenar, cujo entendimento da materialidade do corpo aceita a sua pluralidade, em camadas sobrepostas e interdependentes, que identificam as dimensões do corpo: a física, a fisiológica, a energética… e o corpo material se constitui de outros tantos corpos: o mental, emocional, espiritual, e todos formam partes de um só corpo… (COSTA, 2011). O mesmo autor acrescenta que «a cultura asiática entende que o corpo aprisiona o espírito com suas necessidades e dependências que são causadoras das sensações de incompletude e insatisfação que submetem o corpo a um estado de sofrimento constante. Os egípcios mumificavam os corpos dos ricos, cultos e sacerdotes para que estes servissem de moradia da alma, na eternidade. Em outras culturas, o corpo cremado incandesce com o efeito do fogo símbolo da purificação e da renovação, vira cinzas e solta fumaça. Os indianos cremam o corpo para liberar o espírito da matéria e alcançar a vida eterna, embalado pela fumaça que sobe aos céus. (COSTA, 2011). ANTIGUIDADE GREGA O hedonismo se refere ao modo de vida de determinados grupos de pessoas, cujo único interesse é a satisfação dos desejos do corpo. Sócrates destacou o corpo como recurso importante na procura de respostas que levariam ao conhecimento. (COSTA, 2011), para além do Sócrates que aborda a respeito do corpo, outro filósofos Grego, Platão (428/27-348/47 a.C), «delegou ao corpo em dimensão: racional, o irracional e o apetitivo e concebeu o corpo como uma prisão da alma e teve a percepção de que o corpo teria funções subjetivas» (COSTA, 2011). Podemos ver que «a cultura grega em geral, difundida nos contextos das cidades-estado, deixa pistas da concepção diferenciada de corpo, em Esparta, o perfil de homem predominante na educação dos jovens era o da virilidade, força e coragem, atributos essenciais aos soldados destinados às guerras e em Atenas o perfil se definia pela formação do jovem, hábil nos jogos individuais e coletivos, versado nas artes na literatura, na oratória e na filosofia, atributos do homem culto. (COSTA, 2011). Nesta lógica «o corpo era valorizado pela sua saúde, capacidade atlética e fertilidade, para os gregos, cada idade tinha a sua própria beleza e o estético, o físico e o intelecto faziam parte de uma busca para a perfeição, sendo que o corpo belo era tão importante quanto uma mente brilhante, (BARBOSA et al, 2011),o único paradoxo era de que «o corpo era pensado e produzido no masculino», (ROSÁRIO, 2006). Deste modo excluindo todas as faixas do género feminino e a sociedade pode ser definida como machista em todos os sentido como afirma o (BARBOSA et al, 2011), «cada cidadão era livre de atingir o corpo perfeito, idealizado para tal, os corpos eram trabalhados e construídos, como objectos de admiração que começavam a ser esculpidos e modelados nos ginásios, fundamentais nas polis gregas, e que acabavam por ser mostrados, muitas vezes, nos Jogos Olímpicos.

[...]