O corpo da alma.

O corpo reina absoluto para aqueles que desconhecem a sua verdadeira alma.
Um conjunto vivo com todos os desejos e desígnios emanados de sua vontade própria, quem não o entende não têm corpo nem alma.
Tem apenas um desagregamento de si mesmo sem nenhum interesse em servi-lo de forma alguma.
Acredite-me o corpo da alma te procura sempre para se aconchegar junto a ti a todo o momento se assim o permitires.
Negue-o e ele o negara, ame-o e ele te servira com deleite e vivacidade digna de um deus.
Procure dar-lhe aquilo que ele procura e ele retribuirá com todas as formas de prazer inimagináveis.
Deixe-o á mingua e ele simplesmente o abandonara, partindo atraído como um imã pelo grande corpo da alma gigante.
Quando dois corpos que são amados conscientemente se encontram é o que chamamos de encontro natural de dois rios.
Suas fontes jorram plenitude beleza e força flui naturalmente um dentro do outro sem ao menos estranharem suas diferentes origens, quando se entrelaçam formam um corpo caudaloso e impenetrável.
Um anel temido e respeitado um rastro molhado de esperança que traz em sua cauda a própria vida aquela que só as sementes confiam e germinam.
Por isso um corpo mal amado não flutua no grande rio da vida.
Por isso um corpo mal amado é todo alquequebrado de tantas esmolas e pendências de pouca sabedoria.
Não reconhece o seu dono como guia. Quando dois corpos maltratados se encontram é o que chamamos o canto da agonia.
Tudo que se vê é dor, culpa e desarmonia, tudo cheira tragédia, vingança e covardia.
Mas a alma do corpo continua lá, haverá sempre um tempo para mudar, olha-la contemplá-la e desperta-la e, com certeza ela florescera.
A alma do corpo amada subjuga a própria carne, subjugada já não tem mais o peso consciente da existência, mas a usa como um veiculo próprio de suas mais ocultas fantasias e voa ancorada nos alicerces e pilares da própria matéria.
Ora! Que perfeita alquimia, a alquimia do corpo matéria flutuando agora sob os desígnios da alma sob caos da vida.
Flutuando ao acaso até encontrar mais um rio de corpos para enfim desaguar no mar das almas.
Então, corpo alma matéria é sinal de vida, libertação dos instintos, ponto de partida para mais um acaso na bigorna do cosmo.
Depois de tantos desencontros finalmente encontra. Oh Alma do corpo sofrida a tua suspeita gigante alma gêmea vaga em algum lugar no meio infinito do oceano de luz?
O corpo da alma amada sorri no meio de uma verdadeira carnificina e entende que guerras não são nada mais que flagelos a si mesmos.
A mal amada alma do corpo com uma demente insanidade nunca levanta a bandeira branca. E é por isso que o mundo nunca viverá em paz, não depende dos homens e sim da do corpo alma e daqueles que não a compreendem.
O que é a discórdia senão uma infinita vontade de não compreender o que o outro tem a doar?
E nesse caso o que a alma tem a dizer é: que a libertem da tirania cega da vontade de suprimi-la, de fingir que ela não existe que ela não reflete no espelho, não pesa na balança, não sente as vontades que sente.
Não a entendam mal, não a julguem com as tuas almas mal amadas.
Só ela entendeu o porquê do aqui agora, não opôs resistência à esmagadora vontade do corpo alma matéria, que flutua sob o caos do passado, futuro sempre presente.
Não perguntou se o que era, era melhor, ou o que é, é o pior.
Não pretende simplesmente aceitar apenas viu que seria melhor concordar que não houve perdas, mas sim um novo despertar.
Corpo alma matéria, a nova alquimia do universo tão imenso e misterioso que não há como diagnosticar.
Profundo silencio que brota das entranhas do espaço a tudo abraçar.
E porque tu, mal amado corpo, só você a gritar um misero e patético grasnar?
Se nem os vermes estão a se incomodar com as atitudes daquilo que não entendes e não te Poe a meditar?
E tu sagrada alma amada do corpo esta que não há mais nada a falar, fez um pacto com tudo e vivi sob a lei do silêncio, o mesmo silêncio que circunda o cosmo. Tem todos os portais abertos, todos os, segredos revelados, todos os deveres cancelados, todos os pecados cassados. E vive, portanto em união com a alma do mundo, a sombra mágica que a visita todas as noites banhadas com as coroas das galáxias, com as fusões dos sois e, os esplendores exuberantes do infinito.
Alma amada do corpo a tua gloria não tem limites, o teu corpo cinge todas as esferas, a tua alma é a própria existência, a tua existência a própria vida.
Borbulha minha alma desalmada nos pés do chão engravidado do ar, flutua alem do vôo que os meus pés alçaram tímido... Procure a fantástica fantasia de Deus, mexa em seus sonhos e revele os destinos no reino das nuvens brancas.
Vou neste instante conversar com as formas que modelou os sonhos dos pensamentos e verei o pensador erecto em sua espinha tecendo o justo momento.
Se desarme minha alma corpo ante os desejos, fica serena no trono poderoso da vontade, receba em tuas mãos os teus cinco dedos e remexa nos tecidos abstratos que os teus ossos amou.
Minha carcaça achatada nos quadrados horizontais de um quarto sonoro, pinga na minha alma o pingo pontual que neste exato momento foi impontual com o meu caminho, sem as placas de sinalização.
Vejo-me atravessando todas as correntes que atravessam outras, são as malhas do sonoro eu, são os pregos que a realidade pregou nos meus olhos.
Estou perdido agora por entre as avenidas que vendam os adventos da terra, dá para sentir um rastro até um circulo de vozes quase além das transparências do mudo relógio da eternidade e ele não faz tic-tac.
Vem me buscar voz da incerteza, pois estou quase certo que alcancei o estado de ser certeza.
Vai embora voz da glória, sob os cacos da minha pseudo-realizaçao gutural nas aranhadas vozes dos sons dos movimentos.
Fique parada aí alma do mundo que nada é do mundo.
Fica presa aí garganta da palavra você já comprometeu demais com a tua realidade de dizer.
Vai embora minha alma ninho de almas, procure o tudo que o nada lhe herdou nos segmentos do DNA divino.
Desperte ó mágica alma e suma com o consumo dos dias que lhe restam das eternidades.
Desvirgine a consciência da inexistência com os teus pensamentos de existência transitória. Suba pelos dedos do pé até atingir o espaço do intervalo da criação e recrie a si mesmo com a semente do corpo.
Ame todos os seus Eus que vive dentro do que esta fora de você. E faça o jogo do momento, arrisque uma eternidade que lhe resta num segundo de morte que você desconhece por não ter ainda o prazer de conhecer.
Procure numa linha reta um ponto infinito, e fite-o!
Cegue os seus olhos para que ele fique cego de seus minutos de glorias claras.
Dispa o seu corpo da carne e descubra se fica vazio ou se desintegra com a própria perda de si.
Vá cavar o teu tumulo no antitumulo da vida.
Suicídio temporário muito prazer eu estou ás suas ordens.
Tudo para explicar nada e, o encontro é sempre há fecundação de um instante somente. Quem viu, viu, quem não viu não viu.
Procure no fantasma do tempo que é o grande cabide da eternidade, os resquícios que a sombra dos instantes deixou.
Porque tudo é simples, o vôo, a queda, uma lâmpada e uma descarga sempre deixam alguma coisa vazia.
E a compreensão de algo sempre pede a incompreensão do todo.
Assim vivemos para compreender que compreender é procurar sempre tocar a aura de nossa criação, que a cada instante do seu respiro o efêmero aveluda o teu corpo e te torna confuso.