O Convívio Familiar do Paciente Farmacodependente Diante do Atendimento no CAPS-ad

The Family Gathering Patient Care abusers face of the CAPS-ad

Douglas Marcel da Silva Buzoni¹
Gustavo de Oliveira Sampaio¹
Jéssica Tayne Carvalho de Faria¹
Leticia Oliveira¹

Orientadora: Ana Paula Barbosa²

 

RESUMO

O presente artigo foi redigido com base em uma pesquisa acadêmica, realizada em uma unidade do CAPS-ad da cidade de Franca - SP. Abordamos neste, a dependência química e o convívio familiar do paciente atendido pelo CAPS-ad. Tivemos a satisfação de vivenciar uma experiência única, podendo assim estar ao lado de familiares e dependentes, debatendo sobre o assunto e aplicar alguns questionários. Neste estudo investigamos em que o atendimento poderia ajudar no relacionamento familiar, em vista que os familiares também são atendidos na instituição e que a dependência afeta muito mais do que só o dependente, afeta também todas as pessoas ao seu redor, em destaque a família. No total, estivemos dois dias dentro do núcleo do CAPS-ad, vivenciamos como os pacientes e seus familiares são tratados, a terapia aplicada em cada um, e a reação que os mesmos têm diante disso. Ao longo do presente estudo, pudemos concluir que o atendimento realizado no CAPS-ad propicia uma melhora significativa no convívio do paciente dependente com seus familiares, tendo em vista, principalmente, o fato de que os familiares também são acolhidos pela instituição, tendo-se em vista o fato de que, nesta situação, a família toda adoece.

Palavras-chaves: CAPS-ad, psicologia, dependente químico, familiares.

¹ Alunos do quarto semestre do curso de Psicologia da Universidade de Franca – UNIFRAN.

² Psicóloga pela UNIFRAN (1992)
Especialista em Didática Para a Modernidade pela UNIFRAN (1996)
Mestra em Educação pela UFSCAR (2001)
Doutora em Serviço Social pela UNESP (2004)
Docente da Universidade de Franca

ABSTRACT

This article was written based on academic research, carried out at a CAPS-ad the city of Franca - SP. This approach, chemical dependency and family life of the patient treated by CAPS-ad. We had the pleasure of a unique experience, so you can be next to family members and dependents, debating about it and apply some questionnaires. In this study in which the service could help in family relationships, in order that the family members are also consulted in the institution and that addiction affects much more than just the addict, also affects all the people around you, highlighted the family. In total, we were two days into the core of the CAPS-ad, experience as patients and their families are treated, the therapy applied in each, and the reaction that it has before it. Throughout this study, we conclude that the service performed in CAPS-ad provides a significant improvement in the patient dependent living with his family in order, especially the fact that family members are also welcomed by the institution itself in view of the fact that in this situation, the whole family gets sick.

Keywords: CAPS-ad, psychology, chemically dependent, family.

INTRODUÇÃO

O uso e o abuso de substâncias dos mais diversos tipos, classificadas como lícitas ou ilícitas, têm sido pauta de diversos debates interdisciplinares, seja no meio acadêmico, seja em órgãos responsáveis (SOUZA; KANTORSKI; VALTERS; LUIS, 2011). Esta dialética busca compreender os diversos processos por meio dos quais a droga entra na vida do indivíduo, e, também, desenvolver formas de intervenção, visando à reversão do quadro, de forma a extinguir o comportamento de dependência.

O consumo das substâncias ainda atinge grande parte da população brasileira, sendo este um mal presente, em especial, na vida dos adolescentes. Sabe-se que alguns dos fatores que servem de porta de acesso a este mundo são: a busca por novas sensações, experiências; imposições de amigos; busca por autoafirmação (FORMIGA; OMAR; AGUIAR, 2010). Seu uso, porém, não se restringe aos mais jovens.

A dependência do usuário pode ser psíquica ou orgânica, e pode se alastrar por períodos relativos de tempo, produzindo ao indivíduo diversos prejuízos, de ordem física, emocional e social (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2010).

Tamanha é a preocupação em compreender o fenômeno da dependência química e toda a sua individualidade, na vida de cada pessoa, que se tem criado diversos centros de promoção da saúde, que, particulares ou não, articulam meios para melhor compreender e tratar a pessoa dependente. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são uma opção em políticas públicas que oferecem atendimento gratuito e multidisciplinar; opção esta, que tem experimentado significativo crescimento nos últimos anos (CAMPOS; FURTADO; PASSOS; FERRER; MIRANDA; GAMA, 2009).

Diante das diversas situações desagradáveis as quais o dependente e as pessoas de seu ciclo social estão envolvidas, por diversas vezes, ocorre a busca, por parte do familiar a um tratamento para o dependente.

A dependência química não atinge somente ao usuário, mas também as pessoas que estão ao seu redor, atingindo diretamente a família. Alguns dependentes procuram por vontade própria a instituição. Fazendo com que a família se envolva nessa vontade de mudar, a procurar os profissionais da instituição para que possam entender melhor como seria a terapia em grupo, assim podendo saber como agir diante do dependente.

O objetivo desta pesquisa foi verificar como se dava a relação da pessoa que faz uso de álcool e outras drogas, em tratamento e seus familiares, levando em consideração a dimensão no qual o indivíduo estava inserido e os fatores interferentes durante o tratamento. Foram realizadas duas visitas ao CAPS-ad, nas quais foram realizadas entrevistas com pacientes e com familiares, respectivamente. Constatou-se a importância e a eficácia do atendimento na referida instituição, ao convívio familiar do paciente, uma vez que de forma humanizada, atendem ao paciente e também à sua família, tendo em vista o fato de que a dependência química adoece ao usuário e também a todas as pessoas de seu convívio.

O CAPS-ad

O CAPS AD foi criado em novembro de 2000 e realiza grupos de usuários de drogas e de familiares, além de outras atividades preconizadas pelas políticas públicas referentes ao álcool e outras drogas. Estes ocorrem diariamente e são abertos. Na unidade utilizada no presente estudo, há três salas para atividades em grupos e são realizados nos períodos da manhã e tarde, conta com uma equipe multidisciplinar que trabalha com os 3 fatores: físico, psicológico e social.

METODOLOGIA UTILIZADA

O presente estudo é uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa. A pesquisa descritiva descreve o fenômeno investigado, possibilitando conhecer os problemas vivenciados. É de abordagem quantitativa que se traduz por tudo aquilo que pode ser quantificável, ou seja, ele traduz em números as opiniões e informações para então obter a análise dos dados e, posteriormente, chegar a uma conclusão (LAKATOS; MARCONI, 2010).

Participaram do estudo dez familiares de usuários de drogas que frequentam as atividades grupais. Os dados foram coletados através de um questionário, realizado com um grupo de mães que participam das reuniões semanais com familiares. Foram convidadas a participar do estudo durante a atividade grupal, sendo agendado dia e hora para a coleta dos dados, separados do paciente. E foi aplicado outro questionário para dez dependentes em outra data. Foi realizada a conclusão final da pesquisa, tanto com o familiar quanto para o dependente, e tudo isso preservando a integridade de ambos, no anonimato.

CONCLUSÃO

Diante dos dados obtidos no estudo, pôde-se concluir que é de suma importância o tratamento do dependente e de seus familiares visto que a família adoece com o paciente. Notou-se ainda, que o atendimento no CAPS-ad desempenha potencial eficácia na melhora do convívio entre ambos.
Para concluir este estudo gostaríamos de frisar nossa sincera gratidão a todos os colaboradores do CAPS-ad e também a todos os pacientes e familiares que nos permitiram realizar este estudo a partir de suas vivências em contato com a dependência química e com o Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e outras Drogas.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SOUZA, J.; KANTORSKI, L. P.; VASTERS, G. P.; LUIS, M. A. V. Rede social de usuários de álcool, sob tratamento, em um serviço de saúde mental. In:

 Rev. Latino-Am. Enfermagem. São Paulo: USP, v. 19, n.1, 2011. (Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rlae/article/view/4299/5489). Acessado em 20/04/2013

FORMIGA, N.S.; OMAR, A.G.; AGUIAR M. Busca de sensação e uso potencial de drogas em universitários brasileiros. In: Psic. Rev. São Paulo: PUC, v. 19, n.1, p. 97-118, 2010. (Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/psicorevista/article/view/5222/3756). Acessado em 11/03/2013.

PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 10 ed, 2010.

CAMPOS, R. T. O.; FURTADO, J. P.; PASSOS, E.; FERRER, A. L.; MIRANDA, L.; GAMA, C. A. P. A avaliação da rede de centros de atenção psicossocial: entre a saúde coletiva e a saúde mental. In: Saúde Pública Rev. 43 ed.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos da metodologia científica. 7ª Ed. São Paulo: Atlas, 2010.