Todos sabem que a obesidade aumenta o risco de vários tipos de doenças como diabetes, hipertensão, aumento do colesterol, acidentes vasculares cerebrais (derrames), doenças cardíacas e outros. Porém, poucos sabem que a obesidade aumenta o risco de diversos tipos de câncer, tanto no homem como na mulher. Os estudos revelam dados mais significativos: a obesidade é o segundo maior risco evitável de câncer, perdendo apenas para o tabagismo.

No Brasil, os dados estatísticos são insuficientes, porém dados do IBGE coletados entre 2008 e 2009 revelam que 40% da população brasileira está acima do peso. A obesidade infantil também cresceu no Brasil, chegando a 16,6% em 2009. A análise destes dados também revelou que parece haver uma relação entre o número de obesos e a proximidade a centros urbanos e uma maior concentração dos casos de obesidade na região Sul e Sudeste do Brasil.

O aumento da massa gorda corporal está relacionado a câncer de mama feminina,endométrio,  intestino, ovário, vesícula, pâncreas, rim, fígado, próstata, além de linfoma e leucemia.

Os mecanismos que levam ao aparecimento do câncer no obeso é objeto de estudo nos mais diversos centros de pesquisa no mundo. Entretanto de uma forma simplificada, podemos explicar que o obeso desenvolve inicialmente um estado mantido de aumento de insulina no sangue, ao mesmo tempo em que as células do organismo desenvolvem resistência à ação da insulina nos tecidos. Este estado conflitante no organismo aumenta a concentração do fator de crescimento semelhante à insulina (IGF). Há também um aumento da biodisponibilidade de hormônios esteroides e de moléculas que causam inflamação e desenvolvimento de um estado inflamatório crônico. A combinação destes fatores é propícia ao desenvolvimento de câncer e estabelece a relação indiscutível entre obesidade e câncer.

Há que haver uma política nacional de controle de obesidade, compreendendo não só a conscientização do obeso em lutar para adquirir o peso ideal, mas também uma regulamentação das indústrias alimentícias que em geral incorporam em seus produtos substâncias que aumentam a massa gorda corporal, além de usar substâncias de potencial cancerígeno como conservantes e corantes de alimentos. Ao invés disto, a inclusão de vitaminas, sais minerais e ácidos graxos em dosagens adequadas e não excessivas nos alimentos ajudaria a diminuir o risco de câncer, uma vez que estas substâncias têm o papel de desintoxicar o organismo.

Estimular o consumo de verduras, frutas, legumes, grãos e cereais e desenvolver uma política de apoio a desenvolvimento de centros de atividade física também causaria impacto positivo no controle da obesidade como doença e reduziria gastos públicos também em relação a outras doenças secundárias ao estado obeso, além do câncer.

Apesar dos mecanismos que relacionam obesidade e câncer não estarem perfeitamente conhecidos, é notória a quantidade de publicações que revelam que o controle de peso através de dieta adequada e atividade física previnem o aparecimento de diversas doenças, inclusive o câncer. Impõe-se a disseminação adequada de informações na mídia que contribuam para redução do número de obesos e implantação de centros de apoio e tratamento do obeso para que conquistem seu peso ideal através de assistência nutricional e de atividades físicas.