Com mais de trinta milhões de quilômetros quadrados e importantes reservas de ouro, diamante e petróleo, a África poderia ser o continente mais rico do planeta. Mas a realidade africana é bem diferente. Multifacetada em inúmeros países, cujas fronteiras foram traçadas por seus ex-colonizadores, a África tem servido, desde os séculos XV e XVI, a interesses políticos e econômicos externos. A participação do continente na economia mundial é inferior a 3%, o que reflete o baixo nível de desenvolvimento dos países que o integram.

1 INTRODUÇÃO

A África, o terceiro maior continente em extensão, ocupa uma área de 30.272.922 km². Cerca de 75% de seu território está localizado na faixa intertropical do globo, ou seja, entre o trópico de Câncer, ao norte, e o trópico de Capricórnio, ao sul. Essa característica faz com que seja o continente mais tropical do mundo, apresentando temperaturas muito elevadas.

O território africano representa cerca de 20,3% das terras emersas do planeta. É banhado ao norte pelo mar Mediterrâneo, ao sul pela junção dos oceanos Índico e Atlântico, a leste pelo mar Vermelho e o oceano Índico e a oeste pelo Atlântico.


2 RELEVO

O continente africano é um grande planalto, com altitude média de 700 metros. Em geral, as terras altas africanas chegam até perto do mar, onde formam paredões que caem para as estreitas planícies costeiras. Essa característica aparece principalmente na parte sudoeste do continente e constitui um obstáculo à penetração do interior. Os europeus sentiram essa dificuldade quando, no século XIX, desbravaram e conquistaram o interior do território.

Apesar de os grandes planaltos dominarem a África, há algumas cadeias de montanhas no continente. Entre elas, duas merecem destaque:

?Cadeia do Atlas ? Localizada no noroeste africano, as elevações chegam a 4.000 metros de altura, e o ponto culminante é o monte Toubkal, com 4.166 metros.
?Cadeia do Drakensberg ? Situada no extremo sul, suas montanhas alcançam cerca de 3.000 metros e o ponto mais elevado é o monte Thabana Ntlenyana, com 3.650 metros.

Existe na África um extenso e alongado vale ? Grand Rift Valley ? formado por fraturas (falhas) ocorridas na crosta terrestre, dando origem a muitos vulcões, como o Quilimanjaro, o Quênia e o Margherita, todos com mais de 5.000 metros de altura.


3 HIDROGRAFIA

Levando-se em conta a grande extensão territorial da África, a hidrografia é formada por poucos rios e lagos. Entre os rios africanos, o mais importante é o rio Nilo, segundo maior do mundo em extensão. Ele nasce no lago Vitória e corre para o norte, desaguando no mar Mediterrâneo.

De acordo com Moreira (2005):


O rio Nilo é conhecido como o "pai de todos os rios", ele garante a sobrevivência de um décimo da população africana. O Egito e o Sudão, por exemplo, dependem quase inteiramente desse rio. Sua característica peculiar de nascer praticamente na parte central do continente e atravessar quase dois mil quilômetros em pleno Saara, o tornam único em sua dinâmica hidrográfica.


Em volume de água, o rio Congo é o segundo maior do mundo, superado apenas pelo rio Amazonas, com 4.22 quilômetros de extensão. O Níger, o terceiro rio africano em extensão, tem 4.160 quilômetros e na parte sul do continente destacam-se os rios Zambeze, Limpopo e Orange.

Em conseqüência do relevo, os grandes rios africanos são de planalto, por isso formam séries de cachoeiras. As cataratas de Stanley, no rio Congo são as maiores do mundo em volume de água. A hidrografia africana inclui também numerosos lagos de grande superfície, como o Vitória (segundo maior lago do mundo) com 68.100 quilômetros quadrados; o Tanganica com 32.893 quilômetros quadrados e o lago Niassa com 30.893 quilômetros quadrados.


4 CLIMA E VEGETAÇÃO

No continente africano há grande diversidade de tipos climáticos que concentram formações vegetais também variadas, como florestas tropicais, savanas, além de desertos. O continente, cujo território é cortado pela linha do equador e pelos dois trópicos, predomina os climas quentes, que são classificados em: clima tropical, equatorial, mediterrâneo e árido.


4.1 CLIMA EQUATORIAL

Esse tipo climático ocorre na parte central, com temperaturas médias acima de 25ºC. As chuvas são abundantes e bem distribuídas durante o ano. Sua vegetação é característica de regiões de clima quente e úmido, são as florestas pluviais que, na zona do equador são chamadas de florestas equatoriais. Na África central, a floresta do Congo representa bem esse tipo de formação vegetal.


4.2 CLIMA TROPICAL

Temperaturas médias entre 18ºC e 25ºC, apresenta duas estações bem definidas: verão chuvoso e inverno seco. Ocorrem no interior do continente, litorais e planaltos; variando entre tropical úmido, semi-úmido e de altitude.

A vegetação típica do clima tropical úmido são as florestas tropicais, semelhantes às equatoriais, porém menos ricas e formadas por árvores de menor porte. Nas áreas em que o clima é o tropical semi-úmido, a vegetação é formada por campos, com arbustos e árvores esparsas. São as savanas, que cobrem grandes extensões, servindo de hábitat a animais de grande porte, como elefantes, gnus, girafas e leões.


4.3 CLIMA MEDITERRÂNEO
No extremo norte da África, o clima é do tipo mediterrâneo, com duas estações bem definidas: seca no verão e chuvosa no inverno. Este clima domina basicamente a região conhecida como Magreb (Marrocos, Argélia e Tunísia), onde são cultivadas oliveiras, videiras, frutas, cereais e hortaliças.


4.4 CLIMA ÁRIDO

Nas regiões áridas africanas, devido à falta de umidade do ar, os dias são muito quentes e as noites frias. No Saara, por exemplo, é comum a temperatura ultrapassar os 40ºC durante o dia e cair a 0ºC durante a madrugada. É onde estão localizados os maiores desertos do mundo, o deserto do Saara e o deserto do Kalahari.

À medida que nos afastamos dos desertos, as chuvas tornam-se menos escassas, nessas áreas ficam os semi-desertos, faixa de transição entre o deserto e uma zona tropical. No sul do Saara, essa região é conhecida como sahel, onde a vegetação é rasteira e formada por ervas baixas, gramíneas e arbustos, são as chamadas estepes.


5 DESERTOS AFRICANOS

Cerca de um terço das terras africanas é constituído por regiões áridas, localizadas principalmente no norte ? Saara ? e no sudoeste do continente ? Kalahari.

Situado no norte da África, o Saara estende-se do oceano Atlântico ao mar Vermelho, passando por diversos países. É o maior deserto do mundo com uma área acima de nove milhões de quilômetros quadrados.

Segundo Moreira (2005):

O Saara é um enorme depósito de areia e pedras, cujo subsolo é rico em ferro, petróleo, gás natural e fosfato. Essa riqueza favorece a exploração mineral, cuja prática está modificando bastante as paisagens do deserto. Atualmente existem muitas rodovias, refinarias e oleodutos no Saara.

Já o deserto do Kalahari, está situado no sudoeste africano e tem cerca de 600 mil quilômetros quadrados e atinge principalmente os territórios de Botsuana e da Namíbia. Seu solo é pedregoso, e o subsolo é rico em minérios como urânio, chumbo, cobre e principalmente, diamante.


6 ECONOMIA

A mineração é a principal atividade econômica africana. Além de ouro e diamante, o continente africano possui também outras riquezas em seu subsolo, como petróleo, gás natural, urânio, bauxita, cobre e manganês. Num continente que tem 66 bilhões de barris de petróleo ao sul do Saara e inúmeras jazidas de gás natural, 90% da energia utilizada provém da lenha. Apenas 30% da produção petrolífera africana se destinam ao mercado interno; todo o restante é exportado.

A segunda atividade econômica mais importante da África é a agricultura, praticada de três formas: agricultura de subsistência, agricultura permanente e plantation. Dentre os produtos agrícolas, o continente exporta principalmente o café, cacau, borracha, cana-de-açúcar, algodão, amendoim e azeite-de-dendê. Todos eles têm apresentado expressiva queda de preços no mercado internacional, comprometendo ainda mais a economia continental.

Conforme Lucci (2002) sobre a agricultura na África:

Em prol dos cultivos de exportação, que em função da queda de preços precisam ser vendidos em maior quantidade, a agricultura de subsistência está sendo praticada em áreas periféricas e menos produtivas. Esse processo fez com que desde 1980 a África deixasse de ser exportadora para se transformar em importadora de alimentos. Hoje o continente possui o setor agrícola menos produtivo do planeta.


A pecuária é pouco praticada nas áreas equatoriais e tropicais; porém, na porção norte do continente, Egito, Líbia, Argélia, Marrocos e Tunísia são centros que se dedicam à criação de camelos, ovinos e caprinos, animais pouco exigentes quanto ao consumo de água.

Quanto à industrialização, a da África é a de menor nível do mundo, porém, no norte e no sul do continente existem algumas indústrias desenvolvidas, como a petrolífera, a têxtil, a alimentícia e a siderúrgica, no Egito; de óleos vegetais e máquinas agrícolas, na Argélia; de energia e alimentícia, no Zimbábue; química, metalúrgica, siderúrgica, têxtil, de papel, de máquinas industriais e equipamentos de transporte, na África do Sul. Este último país, sozinho, é responsável por quase 50% da produção industrial africana.
O turismo é uma das atividades terciárias que mais crescem no continente. O país africano que mais se destaca como pólo turístico é a África do Sul, onde as extensas paisagens, ricas em exemplares da fauna e da vegetação, atraem milhares de visitantes interessados nos safáris.No norte do continente, a riqueza histórica de regiões do Marrocos e do Egito continua atraindo milhões de turistas todos os anos.


7 POPULAÇÃO

A África talvez seja o mais diversificado de todos os continentes, com cerca de três mil grupos étnicos e mais de mil línguas diferentes. No continente, ao lado dos negros, que são maioria, existem árabes, berberes, asiáticos e europeus.

O continente africano pode ser dividido basicamente em duas porções: a África Branca e a África Negra ou Subsaariana. A primeira, situada ao norte do deserto do Saara, os habitantes não são negros, como os egípcios, berberes, árabes e europeus. Já o segundo grupo, está localizado ao sul do Saara e é habitada por numerosos povos negros, entre os quais se destacam os bantos, sudaneses, pigmeus, bosquímanos e hotentotes.

As cidades africanas com mais de um milhão de habitantes são Cairo, Alexandria e Gizé, no Egito; Argel, na Argélia; Casablanca, no Marrocos; Lagos e Ibadan, na Nigéria; Dacar, no Senegal; Abidjan, na Costa do Marfim; Nairóbi, no Quênia; Adis-Abeba, na Etiópia; Kinshasa, no Congo; Johannesburgo e Cidade do Cabo, na África do Sul.


8 POBREZA

Alguns índices ajudam a entender como é e está o continente mais pobre do planeta. Neste início de terceiro milênio, 40% da população africana não sabem ler nem escrever; os índices de desemprego são alarmantes; a fome e a desnutrição fazem da taxa de mortalidade africana a mais alta do mundo; e a deterioração da saúde alcança níveis assustadores: 71% dos HIV positivos do mundo vivem hoje na África. De cada três pessoas infectadas pelo vírus HIV no planeta, duas vivem na África. A África Subsaariana é a região do mundo mais atingida pela Aids, com cerca de 25 milhões de infectados.

A África tem o menor número de médicos per capita e a menor expectativa de vida do planeta. A taxa de mortalidade infantil é muito alta, chegando em média a 83 mortes a cada mil nascimentos. As rivalidades tribais, políticas e nacionais se entrecruzam para criar um cenário explosivo, responsável por inúmeras mortes no continente. Mais de 25% dos africanos vivem em situação de miséria absoluta. A África possui as regiões com os mais altos níveis de concentração de renda.


9 CONCLUSÃO

Pobreza, guerras civis, aids e, mais do que tudo, exclusão social, tecnológica e econômica no mundo globalizado marcam a atual situação do continente africano. O relatório de IDH da ONU está provando isto. Quais seriam os motivos que levaram a África a essa situação de miséria e desalento?

Um continente rico em petróleo e diamantes, mas paupérrimo e que não consegue enriquecer e andar com as próprias pernas. Sabe-se que tudo começou com a colonização dos europeus e culminou com a queda do regime socialista soviético, quando muitas nações africanas ficaram expostas à independência e ao capitalismo selvagem do mercado internacional.

A verdade é que a África não desperta interesse nos países ricos nem como consumidores de seus produtos, devido à extrema pobreza da grande maioria de sua população, nem como opção para seus investimentos, devido à conturbada situação política da maior parte dos países africanos. Mesmo assim, será que os países ricos teriam interesse em que o continente crescesse economicamente?


REFERÊNCIAS

MOREIRA, Igor. Construindo o Espaço Mundial. 2ª ed. São Paulo: Editora Ática, 2005.

LUCCI, Elian Alabi. Homem & Espaço. 16ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2002.

<http://www.sogeografia.com.br/Conteudos/Continentes/Africa/>. Acesso em: 27/05/2010.