O Consciente Intimo Profundo de Cristo

Algumas pessoas tendem a dizer que como Jesus é o filho de Deus e foi gerado pelo Espírito Santo no ventre materno de Maria não precisaria portanto, após seu nascimento, que alguém o instrui-se, o aconselha-se ou viesse a orientá-lo em relação a qualquer tipo de assunto espiritual que fosse necessário.
Creio estar havendo um pequeno equivoco por parte destas pessoas, pois muito embora ele seja o filho de Deus e tenha uma natureza Divina sendo a mesma do Pai Eterno e do Espírito Santo, ao ter se tornado homem, por parte de Maria, também com isso passou a assumir uma natureza Humana, e por parte desta natureza ao nascer como uma criança normal igual a todas as outras sua parte Divina manteve-se adormecida, restringida e despercebida em seu consciente intimo profundo pelo seu lado humano, precisando que Maria como sua mãe adotiva e tutora espiritual viesse a direcioná-lo nos primeiros passos de seu crescimento e amadurecimento, com José futuramente lhe ensinando a profissão de carpinteiro e o encaminhando para uma área reservada da sinagoga onde as crianças a partir dos 12 anos, idade que pela tradição judaica era considerado o inicio da maturidade religiosa, aprendiam a Lei Mosaica e os Profetas.
Assim o que antes estava adormecido e despercebido pelo seu lado humano passa agora a alcançar abrangívelmente seu esclarecimento despertado em meio a centralidade de seu consciente intimo profundo espiritual, que sob a manifestação respectiva de sua natureza divina faz com que ele se desenvolva e se amadureça intelectualmente mais rápido e depressa que qualquer criança de seu tempo. Isso não anula a divindade de Cristo, antes a engrandece, segundo o principio de que Jesus possuí não apenas duas naturezas mais também apropriadamente duas mentes uma humana e outra divina com a humana prevalecendo sob a divina durante todo tempo de seu crescimento até a fase de sua idade adulta, em meio a transição de sua formalização educacional por parte de seus pais adotivos.
Resumindo; Jesus ao ser gerado pelo Espírito Santo no ventre materno de Maria e ter nascido de uma forma natural como qualquer outra criança de seu tempo, sofre uma perda de memória natalícia de autenticamento do seu auto-consciente divino, vindo gradativamente, pouco a pouco conforme sua estrutura cerebral se coordenava e a orientação espiritual que recebia, reavendo sua plena identidade como Deus.
Devemos levar em conta o fato de Maria ter sido uma mulher cheia do Espírito Santo e que durante os seus nove meses de gravidez, correndo o forte risco de ser acusada de adultério pelo povo judeu, ela manteve uma forte e profunda comunhão com o Espírito Santo que nestes momentos difíceis lhe auxiliava espiritualmente.
Segundo o historiador Joaquim Jeremias, era habitual uma jovem ficar noiva aos 12 ou 13 anos. Eram os pais que escolhiam o noivo, logo que a jovem se tornava sexualmente fértil e era freqüente o pai querer um noivo da sua família e a mãe também um da sua família ou da sua tribo. Transcreveremos o que afirma Joaquim Jeremias no seu livro "Jerusalém no tempo de Jesus"
"O noivo que precedia o pedido de casamento e a execução do seu contrato, que expressavam a aquisição da noiva pelo noivo, e, assim, a conclusão valida do casamento; a noiva passa a se chamar "esposa", podendo ficar viúva, é repudiada por um libelo (escrito geralmente Curto e difamatório, injurioso apresentado pelo noivo a um magistrado antes do inicio de um processo, na qual se encontra o essencial da acusação) de divorcio e castigada de morte em casos de adultério. É característico da situação legal da noiva que "a aquisição" da mulher e a do escravo sejam postas em paralelo. Adquiri-se a mulher por dinheiro, contrato e relações sexuais; assim como "adquiri-se" também o escravo por dinheiro, contrato e tomada de posse".
É esta a dificuldade em traduzir a situação de Maria na passagem de Lucas.1:26-38. Ela ainda não se tinha casado oficialmente com José e nem sabemos se tinha sido consultada pelos seus pais para esse casamento ou se alguma vez tinha visto a José. Mas estar noiva neste contexto cultural era quase o mesmo que estar casada. Possivelmente de acordo com as evidencias José já teria pago ao pai de Maria, a importância acordada entre ambos. Segundo o "Evangelho Pseudo Mateus", Maria tinha 14 anos quando foi esposada a José. Obviamente é claro trata-se de um livro apócrifo, que não merece credibilidade, mas que contudo sua informação enquadra-se nesse contexto histórico e cultural quanto a idade apropriada de 14 anos para o casamento.
Percebemos assim que esta jornada de fé levou Maria a uma profundidade de real experiência espiritual com Deus em que com certeza ela não deixou de compartilhar com seu filho adotivo durante o transcorrer do período de seu crescimento. Se fazendo notória ainda a evidencia marcante de que nunca historicamente em todo o Israel ouviu-se falar de algum anjo que tenha aparecido repentinamente em particular a alguma mulher para lhe transmitir algum recado, com isso se fazendo notório na vida de Maria em que ao questionar o anjo demonstra ser uma mulher de iniciativa, tendo sido levada em consideração pelo anjo devido ao preconceito cultural que as mulheres sofriam em sua época, não se dando o mesmo com Zacarias que ao colocar em duvida a revelação fica mudo devido a sua incredulidade (Lucas.1:18-20). Agora seria possível à uma mulher de coragem e com essa fibra uma atitude relutante em deixar de compartilhar com seu filho adotivo suas experiências de vida, principalmente quanto à tudo que viesse a fazer parte de sua própria divindade?
Observe bem, com bastante atenção, esta informação tão somente por uma questão de esclarecimento e confirmação necessária, para que assim positivamente você e eu possamos ter noção do quanto Maria foi uma mulher de coragem, com o Anjo Gabriel tendo levado isso em consideração mais não no que se diz respeito ao Sacerdote Zacarias:
Segundo o historiador Joaquim Jeremias a mulher israelita era fortemente discriminada pela Lei de Moises. Não podia herdar as terras do seu marido em caso deste falecer, e no templo de Jerusalém, não podia ir além do "pátio das mulheres". Não sabemos qual a preparação teológica de Maria, mais ainda hoje, em algumas sinagogas judaicas, a preparação dada aos meninos é diferente da que está disponível as suas irmãs. De acordo com este historiador, as mulheres das principais famílias de Jerusalém, no tempo de Jesus, muito raramente saiam da casa de seus pais. Só depois de casadas é que tinham autorização para sair a rua e mesmo assim, vinham com a cara tapada e tentavam passar despercebidas só podendo falar com alguém mediante a permissão do marido. No entanto, a mulher dos meios rurais, por necessidade de ajudar os seus familiares nos trabalhos agrícolas, tinha muito mais liberdade para sair de sua casa. Neste caso percebemos a coragem de Maria ao se dirigir ao Anjo estando numa forma masculina, sem receio ou algum tipo de intimidação, em que pelo seu tipo de temperamento fica difícil de acreditar não ter sido uma mulher participante na educação de seu filho adotivo.
Um outro ponto bastante interessante se encontra em Lucas.2:40,49-52; no versículo.40 lemos que Jesus crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria. No entanto no versículo.52 a passagem nos informa que ele crescia em sabedoria e em estatura em que no vers.40 a graça de Deus estava sob ele, porém já no vers.52 ele crescia em graça. Mais afinal o que isso tudo quer dizer?
A chave para esta nossa compreensão está na palavra espírito indicando com isso que se Jesus ao crescer já carrega-se consigo de maneira abrangente a plena compreensão inerente de sua divindade então ele não precisaria como o versículo.40 nos informa crescer e nem se fortalecer espiritualmente de forma gradativa, pois em sua própria formalização natural o Senhor Jesus com certeza já adquiriria toda somativa proveniente de sua auto-existência celestialmente divina.
O Vers.40 participa-nos que o Mestre crescia e se fortalecia e não que ele crescia fortalecido, portanto não se pode deduzir com isso que Jesus naturalmente carrega-se em si mesmo a capacidade de uma elucidação própria sem que precisa-se mediante este fato contar com a ajuda de alguém no caso da distinta senhora sua mãe adotiva.
Contudo ainda não terminamos nossa respectiva analise quanto a este assunto; Porque no vers.40 a Bíblia nos diz que Jesus é cheio de sabedoria e no vers.52 em vez de estar cheio ele estava crescendo? Observe que um versículo aparta-se do outro em um período estimativo de 12 anos. Quando somos informados no vers.40 da abrangência de sua sabedoria isso corresponde a ocasião em que nosso Senhor foi apresentado no templo após os 33 dias de sua circunsição com tal eventualidade circunstancial correspondendo a condição em que ele havia nascido dotado de uma intelectualidade e inteligência altamente superior, além do comum, encontrando-se perceptivelmente encaixada nas respectivas dimensões da esfera humana, com o vers.52 nos remetendo no tempo à uma situação de quando já se encontrava com seus 12 anos em que portanto dali para frente o Filho de Deus precisaria muito mais do que antes dedicadamente crescer em sabedoria correspondendo-se aos conselhos e ensinamentos de sua tutora espiritual afim de que assim pude-se no futuro estar preparado para cumprir com sua missão messiânica para com a humanidade. Veja que no vers.40 a graça de Deus esta sob. ele e no vers.52 ele crescia em graça, o que significa ter nascido cheio e durante o transcorrer de seu amadurecimento desenvolvido, diante dos conselhos e ensinamentos da senhora sua mãe que era cheia do Espírito Santo.
Agora para encerrarmos esta parte preste bem atenção as palavras do sacerdote Simeão quando chama Maria em particular e lhe diz; "(e uma espada transpassara também a tua alma) note que esta frase esta entre parênteses significando uma conversa em particular entre o Sacerdote Simeão e Maria, uma conversa à parte da presença de José, é justamente por esse motivo que a frase se encontra entre parênteses, pois todas as demais palavras ao terem sido pronunciadas foram na presença de ambos o vers.33 nos informa "que José e Maria se maravilharam das coisas que dele se diziam."
Porém o vers.34 nos declara uma conversa entre Simeão e Maria somente e quando a conversa vai se tornando cada vez mais amarga o Sacerdote coloca Maria ciente do fato correspondente de que Jesus, como Filho do Deus Altíssimo, seria contraditado afim de que se manifestassem os pensamentos de muitos corações vindo Maria a se tornar eventualmente vitima de grande sofrimento, em meio a tais circunstancias é como se por outras palavras Simeão lhe perguntasse imperativamente; Estará tu Maria preparada a pagar este preço de grande sofrimento pela salvação de toda a humanidade?
Perceba mediante isso o apego de Maria em duas concernentes ocasiões distintas acabando diante de tal circunstancia em receber uma reprimenda respeitosa por parte de seu filho; Nas bodas de Cana da Galiléia, João.2:1-10. Evidentemente regozijou-se em ver que seu filho adotivo assumia as funções do oficio messiânico e, sem reservas, lhe deu o devido valor merecido. Imprudentemente, porém, ela pretendeu dirigir os seus atos, o que provocou da parte dele uma repreensão respeitosa. Maria devia compreender plenamente que, na sua obra, ela participava apenas como sua companheira. Na qualidade de filho adotivo, prestava-lhe reverência, porém na qualidade de messias e salvador ele só poderia tela como discípula, precisando igualmente, como os demais, da salvação que ele veio trazer ao mundo. Verdade semelhante se repete em outra ocasião quando ela aparece (Mateus.12:46-50; Marcos.3:31-35; Lucas.8:19-21) no grande dia das parábolas. Estando ele ensinando o povo Maria e seus irmãos desejam vê-lo, talvez com o intuito de afastá-lo do perigo que a posição lhe criava, uma vez que as palavras de Simeão ainda ecoavam em seu coração. Jesus respondendo, fez notar que as relações espirituais entre ele e seus discípulos eram mais importantes do que os laços de família. "Todo aquele que fizer a vontade de meu pai que esta nos céus, esse é meu irmão, e irmã, e mãe" Mateus.12:50.
Enquanto Cristo prosseguia em seu ministério, sua mãe parece que continuava a morar em Nazaré guardando em seu coração todas as palavras que um dia no passado lhe foram transmitidas pelo sacerdote Simeão, tendo sido estas palavras a causa das respectivas atitudes imprudentes de sua parte, com o seu filho numa atitude de bastante prudência reverente e respeitosa lhe lembrando como se dissesse em outras palavras; Mãe, Mãe eu sei que a senhora me ama MAIS CHEGOU A HORA!