RESUMO ? As doenças transmitidas por mosquitos são responsáveis por elevados índices de morbidade e mortalidade no Brasil (CARVALHO et al., 2004), sendo o Aedes aegypti considerado o principal vetor dos vírus da dengue, alvo de vigilância e controle em todo território nacional (BARATA et al., 2007). O estudo de como os insetos é percebido, classificados, conhecidos e utilizados pelas populações humanas é de domínio da Etnoentomologia, área que pode estimular novas idéias a serem pesquisadas pela ciência (COSTA NETO, 2004). Este trabalho foi realizado no município de Itapajé, Ce, e buscou-se verificar o conhecimento etnoentomológico da população tem sobre os aspectos biológicos e comportamentais do mosquito da dengue, e as possíveis correspondências e divergências com a literatura científica. Utilizou-se entrevistas abertas (conversações livres) e semi-estruturadas em indivíduos das zonas urbana e rural, sendo os dados analisados segundo o modelo de união das diversas competências individuais (MARQUES, 1991). Conclui-se que etnoconhecimento do mosquito pela população é pobre, e muitas vezes, divergentes do conhecimento científico, onde os moradores mostraram ter poucas informações sobre vários aspectos da biologia e hábitos do inseto.

Palavras-chave: etnoconhecimento, Aedes aegypti, Díptera, Culicidae

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1 Acadêmica do Curso de Bacharelado em Biologia, Universidade Estadual Vale do Acaraú, UVA, Campus da Betânia, 62.040-370, Sobral, Ceará. [email protected]
2 Professor, Doutor, Curso de Bacharelado em Biologia, UVA.

INTRODUÇÃO

As doenças transmitidas por mosquitos são responsáveis por elevados índices de morbidade e mortalidade no Brasil (CARVALHO et al., 2004). Barata et al. (2007) citando dados da OMS (2001), afirmam que entre os culicídeos de área urbana, o Aedes aegypti é considerado o principal vetor dos vírus da dengue, tendo sido alvo de vigilância e controle em todo território nacional. Os coeficientes de incidência da doença nos últimos anos vêm apresentando uma tendência ascendente (CARVALHO et al., 2004), o que tem levado ao aumento da preocupação da opinião pública e das autoridades.
O efetivo controle do Aedes aegypti é possível, mas não fácil. Segundo Ferreira e Chiaravalloti Neto (2007) um entendimento mais detalhado da ecologia da doença poderia resultar em conseqüências práticas, especialmente a priorização do controle do vetor em áreas de maior risco.
Embora, na literatura o Aedes aegypti figure como um dos mosquitos com maior número de referências, são raras aquelas que tratem da ecologia e da fisiologia de adultos dessa espécie no Brasil (BARATA et al., 2001), bem como o seu etnoconhecimento.
Segundo Costa Neto (2004) o estudo de como os insetos são percebidos, classificados, conhecidos e utilizados pelas populações humanas é de domínio da Etnoentomologia. Para o mesmo autor, embora o conhecimento tradicional sobre os insetos seja ancestral, o campo de pesquisa em etnoentomologia é relativamente novo e estudos nesta área podem estimular novas idéias a serem pesquisadas pela ciência. Comenta, ainda, que a literatura traz inúmeros exemplos de como o conhecimento entomológico tradicional, pode ser apropriadamente decodificado e utilizado. Cita, ainda, o Autor os estudos de Blake e Wagner (1987) os quais estes chamam a atenção dos entomólogos para a importância desse conhecimento como uma fonte significativa de informações sobre as espécies, seu ciclo de vida e seu comportamento. Com relação ao uso do conhecimento etnoentomológico na área da saúde cita os estudos de Kendall et al. (1990) os quais estes empregaram o conhecimento etnoentomológico em um programa de controle do dengue.
Este estudo buscou verificar o conhecimento etnoentomológico da população do município de Itapajé, Ceará, tem sobre os aspectos biológicos e comportamentais do mosquito da dengue, identificando as possíveis correspondências e divergências com a literatura científica.