O CONHECIMENTO COMO INSTRUMENTO DE EXERCÍCIO E PODER

Aquino, Alda Schirley

Carneiro, Nilcéia Saldanha

Curvo, Evaleis Fátima

O conto “O Homem que sabia Javanês”, foi escrito no inicio do século XX, por isso é considerado um conto pré-modernista, e retrata o exercício do poder através do conhecimento da língua. O autor, Lima Barreto, mulato nascido em 1881, disputou grande parte de sua vida a busca de sucesso através das letras. Durante sua vida colheu muitos infortúnios como o alcoolismo do pai e a morte da mãe,chegando a ser internado em um hospício.Em 1920,candidatou-se a Academia Brasileira de letras novo insucesso,vindo a falecer em 1922.

Um de “seus mais festejados contos: ‘‘O Homem que sabia Javanês”, conta a historia de Castelo, um mulato pobre, nascido no estado da Bahia, que se habituara a constantes mudanças de pensão, pois não tinha dinheiro para pagar nenhuma delas. Numa dessas fugas, foi parar no Rio de Janeiro onde fazia bicos para sobreviver. Ao ler um jornal que precisava-se de um professor de javanês,Castelo ,mesmo sem saber a língua,passou-se por professor de um velho Barão que desejava aprender a língua.A obra é uma pequena narrativa em prosa e possui um ´s episodio sem muito desvio do assunto.Sua ação é breve e atraente,linear e condensada.

Como toda obra literária, esse conto abre-se a inúmeras leituras, interpretações e análises, no entanto, privilegiarei o foco do conhecimento como instrumento de o de exercício do poder como verão:

Num primeiro momento, Castelo chega à casa do Barão e diz ser professor de língua javanesa; mesmo sem saber uma única palavra em javanês, mas dando a impressão de ‘saber e dominar’ muito bem a língua, ele ganha o apresso do Barão e de toda a sociedade a que o velho pertencia. Vejamos o que o próprio texto diz:”Sabes bem que ate hoje nada sei de javanês,mas compus umas historias bem tolas e impingi-as ao velhote como sendo do Crônicon. Fez-me morar em sua casa,enchia-me de presentes,aumentava-me ordenado.Passava,enfim,uma vida regalada.”A fala do próprio Castelo recria a vida real as vantagens de ser bem quisto socialmente por dominar algo que ninguém mais tem conhecimento.

Em outro momento, Castelo diz: ”Mas melhor das oferendas que Barão me ofereceu, foi quando o doce velho me mandou com uma carta ao Ministro Visconde de Caruru, para que me fizesse entrar na diplomacia”. Novamente os supostos saberes de Castelo o mantinham em alta conta com o Barão e as pessoas ao sue redor,estas lhe proporcionaram ofertas de trabalho em escalões de primeira linha.Saber javanês,ou fingir que sabia,ao menos,colocava numa situação privilegiada de gozo de benefícios.No entanto ,avaliando sua situação,Castelo e o Ministro chegaram a conclusão de que aquele não poderia ir para diplomacia,pois sue físico não lhe dava condições.Melhor seria um consulado na Ásia ou na Oceania .Por fim,decidiram que Castelo iria representar o Brasil num congresso de Linguística em Bale.

Os dois fragmentos aqui trazidos apenas ilustram rapidamente todo um contexto de utilização da língua como instrumento do exercício de poder em vista de se conseguir vantagem própria. Para Castelo, a capacidade de enganar as pessoas com seu falso domínio da língua estrangeira, transformou sua vida; pois ele a usou como instrumento de dominação do outro que não a conhecia.

Lima Barreto nos traz á reflexão do uso da linguagem como um meio de exercício de poder para o bem ou para o mal. O conhecimento em si nada pode der alem daquilo que os homens fazem com ele.

Atualmente a linguagem, expressão concreta de uma língua, alia-se a grandes conglomerados empresariais como instrumento. Afinal, vence aquele que consegue por meio das propagandas atingirem e sensibilizar mais os consumidores. E o que são as propagandas e o marketing senão o direcionamento de uma mensagem que consolida na escolha dos elementos da linguagem que mais facilmente provocarão o desejo do consumidor.

Temos hoje grandes exemplos de êxito da linguagem, como a venda de cervejas e refrigerantes e os discursos políticos que arrastam multidões e as convencem. Abramos nossos olhos, pois, além de consumidores, somos sujeitos e não apenas coisas que são passíveis de manipulação. Apesar de a linguagem poder ser usados em qualquer proveito por muitos sujeitos, à atenção ás suas armadilhas deve ser nossa preocupação, ou acabaremos como o Barão: sem saber javanês.