Luís Gélisson N. de Souza[2]

RESUMO

O Conceito de lazer que a principio parece fácil de explicar, mas percebemos que há divergência ate mesmo entre autores e populares. Para classificá-la, é necessário analisar como esta atividade será desenvolvida e em que situação/momento e assim chega a uma conclusão. Neste sentido, este estudo procurou identificar através de uma revisão de literatura a posição de diversos autores no que diz respeito a esse conceito.

Palavras-chave: Lazer.

INTRODUÇÃO

Em uma pesquisa sobre lazer pudemos encontrar varias versões sobre o mesmo como, por exemplo, a de Filho (s.a), em que diz "os gregos denominavam de ócio o tempo livre, atribuindo-lhe maior valor que a vida de trabalho, principalmente os atenienses." Para os parâmetros atuais seriam e muitas vezes são tidos como preguiçosos o que é rapidamente derrubado na afirmação de Filho (s.a), a afirma que: "na Grécia clássica, o ideal de sabedoria que se cultivava tinha no ócio sua condição essencial. Havia uma grande significação e exaltação das atividades ociosas em contraposição às de trabalho, pelo menos para os atenienses, já que os espartanos eram guerreiros. A cultura agonista espartana pode ser considerada uma cultura laboral. O cotidiano deste povo acontecia fundamentalmente nos ginásios, nas termas, no fórum e em outros lugares de reunião. Havia o culto aos deuses que representava função permanente no tempo, pois se acreditava que a via para atingir a perfeição e a sabedoria passava pela contemplação dos deuses. Cronos é o deus do tempo, daí advindo às palavras cronômetro, cronometragem, cronograma, etc."

E continua ressaltando que: "a etimologia da palavra ''ócio'' orienta-se do grego; ócio em grego é skole, em latim schola e em castelhano escuela." (Bacal, 1988, apud Filho). Que contradição? Conclui o Filho (s.a),: "podemos ver que a educação significava ócio, pois do ponto de vista semântico, a raiz skole implicava nos atos de parar ou cessar, indicando idéias de repouso ou paz."

E conclui Filho (s.a): "vários autores e o cidadão comum utilizam diferentes termos para se referirem ao tempo livre, nomeadamente: ócio (do latim otiu)= vagar, descanso, repouso, preguiça; - ociosidade (do latim otiositate)- o vício de gastar tempo inutilmente, preguiça;- descanso = repouso, sossego, folga, vagar, pausa, apoio, demora"; O que nos remete segundo Wikipédia, a enciclopédia livre"a palavra lazer deriva do latim licere, ou seja, "ser lícito", "ser permitido"".

Conceitos de Lazer

Um dos artigos bem mais elaborados foi o de Oleias (2003) que começa conceituado varios trabalhos sobre o tema da seguinte forma: "Os principais trabalhos e conceitos sobre o lazer no Brasil fundamentam-se nas acepções teóricas do sociólogo francês Dumazedier (1976)." Conceituando lazer como sendo: "o lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais." (Dumazedier, 1976, apud Oleias).

Concepção esta que influenciou nas formulações teóricas no Brasil, apesar de ausentar a influencia exercida pelo Estado na prática do lazer e a perspectiva do aumento do tempo livre dos trabalhadores e o considera este conceito como insuficiência teórica no conceito lazer. A este pensamento, Oleias (2003) relaciona um outro pensamento como sendo: "um conjunto de atividades gratuitas, prazerosas, voluntárias e liberatórias, centradas em interesses culturais, físicos, manuais, intelectuais, artísticos e associativos, realizadas num tempo livre roubado ou conquistado historicamente sobre a jornada de trabalho profissional e doméstico e que interferem no desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos". (Camargo, 1989, apud Oleias). Que nada mais é que uma generalização, mas com um ponto importante que merece destaque, é quando: "afirma que o lazer é uma conquista vinculada à jornada de trabalho/tempo livre." (Camargo, 1989, apud Oleias).

Ao contrario de do pensamento de Rolin (1989) que diz: "o indivíduo se libera à vontade do cansaço, repousando; do aborrecimento, divertindo-se; da especialização funcional, desenvolvendo de forma intencional as capacidades de seu corpo e espírito." (Rolin, 1989, apud Oleias). Procurando entender dentro de uma perspectiva psicossocial, desconectado de uma problemática social.

Baseando-se em outra lógica, proposta por Castelli (1990), Oleias (2003), diferencia os autores acima citados pelo viés que buscao questionamento feito por Castelli (1990): "Como engajar a população, sobretudo dos paises do terceiro mundo, nessas diferentes atividades? Tarefa nada fácil, pois mexe-se diretamente com as classes dominantes. Para que a massa trabalhadora tenha acesso ao lazer, é preciso dar-lhe condições, não só criando uma infra-estrutura adequada, mas também condições de vida melhores: empregos, salários condizentes, educação, saúde, habitação. Como podem os trabalhadores dos países subdesenvolvidos ter acesso ao lazer se ainda estão lutando pela sua sobrevivência?" e baseando-se neste questionamento Oleias (2003) concorda e conceitua lazer como sendo: "O lazer, em sua forma ideal, seria um instrumento de promoção social, servindo para: auxiliar no rompimento da alienação do trabalho, apresentando-se politicamente como um mecanismo inovador aos trabalhadores na medida em que estabelece novas perspectivas de relacionamento social; promover a integração do ser humano livremente no seu contexto social, onde este meio serviria para o desenvolvimento de sua capacidade crítica, criativa e transformadora; e, proporcionar condições de bem-estar físico e mental do ser humano."

E continuando ainda na busca de um conceito a trabalhar Oleia (2003), relaciona ainda vários autores que estudam o lazer no Brasil como é o caso de Requixa (1977) o qual procura resgatar as diferentes manifestações de lazer no país. E o estudo feito por Forjaz (1992). Que é segundo Oleias (2003): "Uma formulação paradigmática que concebe o lazer a partir dos dispositivos estruturais que a sociedade contemporânea apresenta, ou seja, considera a divisão da sociedade em classes e procura destacar como se manifesta o lazer e o consumo cultural das elites" o que em suma Oleias (2003) constata: "neste caso, que o desenvolvimento do lazer depende das condições objetivas, ou seja, das condições sócio-econômicas de cada indivíduo ou classe social. Por sua vez, as elites procuram repassar a ideologia do trabalho, e o desenvolvimento do lazer, para os trabalhadores, adquire uma conotação secundária, utilizando na ocupação do tempo extra-trabalho." E mais tarde é confirmado por Zaluar (1991) quando coloca que: "Nas entrelinhas desse debate sobre o esporte, está o lugar e a própria concepção de lazer na sociedade industrial moderna. Os que o chamam de supérfluo ou elitista acham-se tomados inteiramente pela idéia de que o lazer é sinônimo de ócio, que por sua vez é associado às classes abastadas, também chamadas ociosas. É essa característica que lhes traz como marca de distinção a relação desinteressada e não-utilitária com as artes, o esporte e outras atividades distanciadas do mundo do trabalho. Ao contrário, as classes trabalhadoras, cujo valor é a produção, tomariam a posição oposta, e o lazer para elas seria, em consequência, uma atividade secundária, executada apenas no tempo não preenchido pelo trabalho." (Zaluar, 1991, apud Oleias).

Ao final de seu estudo Oleias (2003), chega à conclusão que "o conceito deve seguir as seguintes linhas gerais:

a) o lazer tem sido, historicamente, uma atividade necessária ao desenvolvimento bio-psíquico-social do homem;

b) o lazer está relacionado à disponibilidade do tempo livre;

c) o lazer diz respeito mais diretamente às classes privilegiadas pela sua situação sócio-econômica;

d) por fim, a prática do lazer é influenciada, sobretudo pelo Estado, na medida em que este pode programar políticas públicas para o setor, além de oferecer espaços físicos necessários e adequados para a sua execução.

Co-relacionando o trabalho, a sua presença ao longo da história da humanidade, o caráter de classe e a influência que o Estado contemporâneo pode apresentar colocam-se teoricamente como os principais elementos definidores do lazer. Assim sendo contempla de modo geral todos os aspectos que influenciam no conceito de lazer.

Considerações Finais

Podemos analisar os vários conceitos dados por autores diferentes que se dedicam ao estudo do lazer e podemos concluir que não há um acordo sobre seu conceito, mas sim, dois aspectos que o enfatizam, que são: o da atitude, que considera o lazer como estilo de vida, portanto independente de um tempo determinado. Tanto as pessoas de elevado poder aquisitivo possuem quanto uma pessoa que vivi em favela, por exemplo, claro que com meios diferentes uns dos outros; e o do tempo liberado do trabalho, das obrigações (familiares, sociais, religiosas), o "tempo livre".

O lazer como atitude é basicamente a satisfação provocada pela atividade vivida. Quando as pessoas buscam por espontaneidade. Já o conceito que envolve o lazer com um tempo determinado explica que uma pessoa pode, num certo período de tempo, desenvolver mais de uma atividade; como por exemplo, ouvir música enquanto trabalha.

O autor Filho faz uma comparação que a meu ver e essencial segundo ele: "Na literatura sobre o assunto temos a diferenciação entre lazer e recreação. No Brasil, ouve-se muito uma classificação de atividades de lazer em atividades esportivas, recreativas e culturais. Lazer esportivo seria aquele praticado segundo regras, o recreativo seria aquele exercido livremente, e o cultural centrado nas artes e no conhecimento." O que causa certa objeção a muitos sobre essa classificação, e ainda continua "pois estes termos na realidade se equivalem e se derivam em peculiaridades idiomáticas. Em espanhol, italiano e alemão, não existe a palavra correspondente a lazer; e utilizam-se os termos recreação e tempo livre. Na França e no Brasil, recreação é um termo que nos remete a recreação escolar, assim prefere-se o termo lazer. Nos países de língua inglesa, ambas as expressões são usadas corretamente." E baseando-se nisso concluo conceituando lazer assim como White (1968 p. 207): "A recreação, na verdadeira acepção do termo – recriação - tende a fortalecer e construir. Afastando-nos de nossos cuidados e preocupações usuais, proporcionando descanso ao espírito e ao corpo, e assim nos habilita a voltar com novo vigor ao sério trabalho da vida.

Espero que o leitor faça uma reflexão mais profunda sobre este tema tão magnífico e complexo e possa contextualizar em nosso país e principalmente em nosso município que a meu ver é tão carente de tais praticas por falta do poder publico e ate mesmo da população enquanto sociedade organizada. E assim tenhamos uma melhor qualidade de vida em nosso município para todos os munícipes.

Bibliografia

WIHTE, ELLEN G. Educação, Santo André, Casa Publicadora Brasileira 4º ed. 1968.

Referências

FILHO R. R. G. Disponível em: <http:// www.partes.com.br/ed48/turismo2.asp>.

Acesso em: 22/02/2009.

OLEIAS, V. J. Disponível em: <http://www.cds.ufsc.br/~valmir/cl.html>.

Acesso em: 22/02/2009.

WIKIPÉDIA, A ENCICLOPÉDIALIVRE Disponível em: <http:// pt.wikipedia.org/ wiki/Lazer >.

Acesso em: 22/02/2009.



[1] Trabalho apresentado em cumprimento da disciplina estudo do lazer pela Profª. Ione Gonçalves, do 3º semestre do curso de educação física de 2009.

[2] Acadêmico do 3º Período do Curso de Educação Física da Universidade Estadual do Pará – UEPA, no ano de 2009.