Começar um assunto que aborda alguns aspectos sobre o mundo do cliente com um título dizendo que ele é muito carente é no mínimo curioso, afinal, será mesmo que todo o cliente é carente?

O cliente que me refiro neste texto é exatamente aquele que busca numa agência ou empresa de comunicação a solução de verdade para um problema qualquer, sendo esse problema de qualquer ordem e nível. De um modo geral, o problema que um cliente precisa resolver está ligado aos desafios da sua empresa ou de onde trabalha. Pode ser uma defasagem nas vendas, falta de circulação na loja, produto que vende está com imagem ruim, atualização da comunicação, funcionários desmotivados e uma série de outras necessidades as quais, muitas vezes ele nem sabe o que é, mas sabe que precisa de um bom comunicador.  

Se o seu potencial cliente está te procurando por algum dos itens acima é porque acredita e dá crédito a você, ele entende que você poderá ajudá-lo e não estou falando aqui que ele está te contratando, estou afirmando que ele está pedindo ajuda e tomou conhecimento que você enquanto publicitário ou áreas afins tem todo o poder do conhecimento e das habilidades certas para ampará-lo. É nesse ponto que vem uma pergunta que poderá mudar totalmente a sua maneira de pensar e conduzir seus futuros trabalhos: Será que você está preparado para atender um cliente carente?

O cliente está apostando todas as fichas numa jogada que poderá ser decisiva para os seus negócios e escolheu você, olha que responsabilidade.

A primeira etapa é conhecê-lo, saber o que faz, entender como são seus clientes, experimentar o produto, testar as coisas, aprender o que puder sobre os seus usos. Essa fase talvez seja considerada um pouco mais técnica mas é importante para saber como irá direcionar os seus esforços de planejamento junto ao seu cliente. Após entender tudo o que puder sobre o trabalho e os negócios do seu cliente comece a identificar um pouco mais os detalhes que não foram passados para o projeto em questão, detalhes de perfis, sutilezas, fique atento ao seus cliente, anote o que puder e o que não puder, seja um psicólogo da comunicação, faça quantas reuniões forem necessárias, escreva em seu tablet moderno cheio de aplicativos ou anote em sua folha de papel tradicional, peça para ele repetir, pense em diferentes possibilidades quando ouvi-lo, indique caminhos de pensamentos antes mesmo dele começar a conversar com você, deixe ele a vontade e seguro por estar falando com você.

Se o cliente chegou cheio de ideias, julgando saber tudo, apontando caminhos de comunicação e sugerindo até uma campanha adiantada, pode ter certeza que ele está mais perdido do que aqueles clientes que não sabem nem por onde começar o trabalho com você. Existem muitos clientes que sabem tanto sobre as empresas onde trabalham que acabam deixando passar despercebidos os detalhes que você, enquanto agência, está preparado para identificar. Esse tipo de cliente é sim um carente, está preocupado e é tão carente quanto aquele que não sabe nada e pede sua ajuda quase em desespero de causa. Já para esse cliente mais desesperado você precisa ter um outro tipo de preparo – prepare-se para alguém que aceita tudo – ele vai ficar admirado com tudo o que você apresentar, vai querer implementar todas as suas ideias e acatar tudo o que for dito, vai te ligar antes e depois de cada fase do projeto, te ligar no final de semana, sua madrugada vai se transformar numa conversa interminável com esse seu novo amigo carente, então, tome muito cuidado para não criar e inventar coisas das quais nem serão utilizadas, apresente ideias viáveis, que dão resultado, não entenda esse cliente como um “aceitador de ideias” pois ele não sabe muito bem o que está acontecendo, tenha muito bom senso para trabalhar com objetividade, faça reuniões, explique a importância de cada decisão, faça com que ele entenda que tudo deve fazer parte de um cronograma, cada coisa a sua hora.

Existem alguns tipos de clientes, os que sempre se acham na razão, os que não tem razão para nada e os que realmente tem razão, o que você precisa saber é se tem potencial para lidar com cada um deles da maneira correta.

Sandro Pavão