Onde estaria novamente a virtude de um mundo socialista? A justiça social? Igualdade? Todos terão educação, saúde e alimentação? Não haveria mais desigualdades? Não é isso que foi comprovado até aqui, porque seria diferente agora?
O mundo provou ser brutal a diferença entre PROCESSO e  PROJETO. O mundo ideal é diferente do mundo real, todas as experiências nos mostraram isso e ainda reluzem em países como Cuba e Coréia do Norte. O muro de Berlim enterrou a quimera do mundo ideal socialista.

Na verdade este mundo ideal não existe, nunca existiu e talvez nunca exista. Pode ser idealizado talvez, como um mundo com justiça social, liberdade, oportunidades para todos, saúde, educação e alimentação que atenda a grande maioria. Este mundo dos sonhos não poderia impedir os melhores, os mais preparados, ou quem sabe, até os mais "sortudos", de galgarem seus degraus rumo ao topo de suas ambições, tendo na sua capacidade e inteligência forças motrizes do seu futuro progresso.

Com isso não quero dizer que o capitalismo puro, o mercado liberal, o "lasse faire" seja a opção e o melhor regime. A virtude sempre estará no meio. Desde a década de 30 com a crise iniciada em 1929 , houve a intervenção de John Maynard Keynes com o NEW DEAL americano, ficando provado que a   intervenção do estado é necessária eventualmente, em certos momentos, nunca permanente.

Não existirá regime econômico e político que premie a inovação, a criatividade,a liberdade e a democracia senão o capitalismo. No seu sentido puro e conhecido até então entretanto, deve ser questionada a sua relação custo benefício com toda certeza. Os ciclos econômicos com os altos e baixos, a produtividade a qualquer preço, a liberalidade sem limites, tudo isso está sendo revisto ao longos dos anos, vários anos. O capitalismo tem suas virtudes, estas precisam ficar claras, assim como seus erros combatidos e corrigidos.

A destruição criativa preconizada por Schumpeter é a base para o desenvolvimento e criação de riqueza. Regimes fechados e sem distinção das virtudes, criatividade e força de trabalho com motivação vão à contramão destas premissas. A rotina e a acomodação são partes do mundo supostamente ideal e igual, beneficiando poucos em detrimento de muitos. É o tolhimento da criação, da inovação e da produtividade. É incentivo a indolência e preguiça. Não existirá crescimento econômico e a reboque o desenvolvimento social se não existir o empreendedor, o inovador, o criador e o investidor que busca o lucro.

O capitalismo está evoluindo desde a revolução industrial. Houve sim excessos e injustiças,  as teorias socialistas foram importantes para equilibrar os pontos positivos e negativos da liberdade de mercado, como as crises também mostraram  distorções.

É ilusão achar que vamos ter justiça social, investimentos em capital social básico se não criarmos riqueza, poupança e prosperidade. A única forma de criar estes pilares do desenvolvimento é com liberdade, de onde se segue a criatividade, a inovação, a produtividade e a riqueza.

A crise atual não significa o fim do sistema capitalista, mas uma correção no seu rumo, mostrando a importância da interação entre mercado livre e estado, na sua função reguladora, normatizadora e fiscalizadora, sem excesso de nenhum dos lados, pois ficaremos expostos aos riscos que já assistimos nos regimes passados e nas crises econômicas.

Assim como as doutrinas socialistas e comunistas surgiram e foram vencedoras em alguns países, a história no mostra que estes mesmos países passavam por enormes desigualdades sociais, com abusos e injustiças das classes dominadoras, com exploração de toda natureza, com sacrifício da grande maioria. Eram regimes economicamente cruéis, socialmente injustos, corruptos e inaceitáveis, precisavam da correção.

Acredito que com a força da tecnologia, uma nova ordem econômica mundial está constantemente em evolução, deixando para o passado coisas que se mostraram ruins e injustas, testando outras tantas que poderão se mostrar viáveis no futuro. Esta evolução nos mostrará ainda muitas variáveis que se apresentarão no momento certo, diante de inflexões globais, sejam por guerras, crises econômicas, desastres naturais ou fenômenos que mexam com a grande parte da humanidade.

Talvez o ideal seja voltar a um jargão muito usado década de 70, na verdade surgido na revolução francesa, onde se falava de esquerda e direita para definir posições ideológicas. Vamos dizer que o importante agora é ir em frente, tomando os desvios corretos sempre a esquerda ou a direita, quando se fizerem necessários, sempre em benefício da maioria.

Não é o fim do capitalismo nem o renascimento do socialismo. É uma nova ordem mundial, um regime econômico que busca as virtudes nos dois contrapontos, mas sem pesar para um ou para o outro. Não dá para pensar mais em socialismo ou capitalismo no seu sentido histórico, são teorias dos séculos passados, estamos em pleno século XXI, as coisas mudam rápido. Este regime do futuro terá outro nome, ainda não foi batizado pelo que me consta.