Lendo o jornal A Tarde dessa semana, deparei-me com um anúncio da UNEB Campus XXII, sobre a publicação da terceira edição da revista "Outros Sertões", um fato chamou minha atenção; sendo uma revista editada por uma faculdade de letras, é proibida a publicação de artigos por parte dos alunos da mesma.

Com essa atitude de pessoas ligadas à revista, fica-se subtendido que não há um aluno sequer com capacidade de escrever um artigo. Segundo a nota do jornal, só serão aceitos artigos oriundos de "Pesquisadores da universidade e de outras instituições". Fico imaginando que tipo de "Pesquisadores" são esses que, ao invés de contribuir com a formação acadêmica de seus alunos "Orientando-os" e "Incentivando-os" a escreverem, simplesmente fecham as portas que possibilitariam aos mesmos demonstrarem o grau de aprendizagem do curso em questão.

Será que a capacidade de organizar um artigo é um processo tão intelectualmente denso que apenas esses "Pesquisadores" têm a capacidade cognitiva e o conhecimento necessário a sua execução? Qual seria então a função de uma Faculdade de letras vernáculas? Que espécie de alunos sairá dessa briosa instituição acadêmica?

Não é função de o Professor pesquisador orientar o aluno no que tange ao exercício acadêmico? Se um aluno formando-se em letras não tem condições de escrever um artigo terá capacidade de, no futuro, lecionar em escolas públicas, privadas e, até mesmo, na própria faculdade que castra de antemão a verve criativa dos alunos que deveriam incentivar? O que pode estar por traz dessa aberração? Quais são os interesses obscuros a invocar a incapacidade literária desses alunos?

Talvez a resposta esteja na insegurança de alguns letrados doutos senhores (as), de verem suas capacidades criativas em confronto direto com a de seus alunos... Seria isso? Ou não se admite a integração de pessoas que não comungam das mesmas benesses e ideologias? Seriam os alunos do Campus XXII apenas coadjuvantes de um processo de aculturação em que não passam de massa de manobra para fins escusos e pessoais desses "Pesquisadores"?

Não seria por conta de atitudes assim que a produção acadêmica na Bahia seja tão pífia? Espero sinceramente que o Campus XXII não fique refém de Euclidianos, Conselheristas e afins... Que não se tornem indigenistas modernos, especialistas em índios Kaimbés e Massacarás... Que os nossos sertões sejam outros, muito além desse sertão medíocre e hipócrita que esses tendenciosos mestres tentam infundir na mente de nossos alunos.

LEILSON LEÃO