Mauro José Kummer*

O censo escolar realizado em 2011 mostrou que havia 6,7 milhões de jovens de 18 a 24 alunos matriculados no ensino superior e o censo do IBGE apurou que havia 23 milhões de jovens de 18 a 24 anos no Brasil. Facilmente se percebe que cerca de 30% desta faixa da população está estudando no ensino superior. Este número é compatível com a meta do MEC proposta em 2011 para a universalização da educação. Claro que o termo empregado pelo MEC não é o mais adequado, pois ainda existem 70% dos jovens fora das salas de aula do ensino superior.

O problema é mais sério do que a relação 30/70. Ocorre que a ocupação das vagas não é proporcional entre as diversas áreas do conhecimento. Parece haver certa preferência pelas ciências sociais em detrimento a outras ciências. Uma das possíveis causas deste desequilíbrio pode ser encontrada na recente história da educação brasileira, na qual percebe-se um forte desestímulo à formação de profissionais da área das ciências exatas. Também não é razoável acreditar ser natural que a distribuição expressiva por determinado tipo de conhecimento seja uma característica deste grupo de jovens. Somos produto social, portanto recebemos muitas influências que produzem este efeito. Criou-se um falso (pre)conceito de que quem gosta ou têm habilidades lógico-matemáticas seja um ser estranho de outro lugar ou um possível rejeitado social chamado pejorativamente de nerd ou geek.

O desenvolvimento industrial, ocorrido nos últimos 25 anos, foi marcado por várias empresas que se instalaram no país, trazendo inovações e modernizando diversos conceitos de engenharia de produção. Os esforços desenvolvimentistas que sustentaram a industrialização do país produziram frutos notáveis: usinas nucleares, estaleiros navais, a indústria do petróleo a indústria automotiva, entre outros. A atual situação econômica do Brasil é muito superior aos demais países latino-americanos e hoje podemos nos comparar aos países desenvolvidos, como Itália, França ou Inglaterra.

O Brasil cresce de forma ainda não consolidada, porém, na medida em que avançamos, percebe-se que a formação da mão de obra tecnológica de qualidade não acompanha o mesmo avanço - este é nosso calcanhar de Aquiles, um gargalo da educação tecnológica. Precisamos urgentemente contrabalancear a equação, melhorar a oferta de mão de obra qualificada; precisamos de mais engenheiros e outros profissionais de áreas afins. Outro fator que reforça este ponto é a imigração de especialistas com vínculo empregatício - mão de obra formada no exterior que, segundo o Ministério do Trabalho, chega quase 6.000 por ano - empregos estes que os brasileiros deveriam estar ocupando. Esta é uma dependência com implicações estratégicas sobre nosso futuro, o qual não podemos deixar de lado ou relevar.

Esta não parece ser uma questão apenas brasileira, pois os Estados Unidos já perceberam o mesmo efeito e estão tentando reverter este quadro. Estamos passando do ponto de investir na educação tecnológica e de ofertar aos nossos jovens outras oportunidades de carreira. Que venham os nerds e os geeks.

* Mauro José Kummer é coordenador do curso de Engenharia de Produção da UniBrasil.