O presente artigo trata sobre o brincar na educação infantil e tem como um dos objetivos pesquisar sobre a importância das brincadeiras nesse período.

A história da humanidade mostra que os jogos, embora sempre presentes nas atividades das sociedades, nem sempreeram vistos como forma de educaçãoe eram destinados ao divertimento das comunidades.

Na Idade Média, os jogos eram basicamente destinados aos homens, visto que as mulheres e as crianças não eram consideradas cidadãse por isso não participavam das atividades organizadas pela sociedade.

Em relação às crianças, que eram vistas como adultos em miniatura, na maioria das vezes somente os meninos podiam participar das brincadeiras com os adultos.

Seguindo a linha do tempo iniciada com a Idade Média, chegamos ao Renascimento, período pelo qual nova concepção de infância aparece, com características, como o desenvolvimento da inteligência mediante ao brincar, alterando a ideia anterior de que os jogos e brincadeiras eram somente para a distração.

Assim inicia-se o processo de entendimento por parte das sociedades com algumas especificidades infantis, excluindo assim a ideia de que crianças eram como adultos em miniatura. Nesse contexto, as brincadeiras tornam-se a forma adequada para a aprendizagem dos conteúdos escolares, de um modo geral, a ludicidade começa aparecer como proposta para o desenvolvimento das crianças.

Mas o que é brincar? Brincar é criar, imaginar, é interagir com o outro. O brincar tem funções lúdicas e educativas ambas com grande valor pedagógico.

Rir, pular, vibrar, contagiar, chorar, sentir medo, reclamar, entristecer-se faz parte do processo de aprendizagem. È na brincadeira que os sentimentos, emoções e atitudes irão se manifestar de forma natural.

Nesse sentido o brincar é o ato de movimentar-se e é de grande importância biológica, psicológica, social e cultural, pois através da execução dos movimentos que as pessoas interagem com o meio ambiente, relacionando-se com os outros, aprendendo sobre si, seus limites, capacidades e solucionando problemas.

As brincadeiras podem ser livres ou dirigidas, o importante é que o educador consiga equilibrar essas funções para que ocorra o aprendizado.

Brincar é o verbo da criança, é a maneira como ela conhece, experimenta, aprende, vivencia, expõe emoções, coloca conflitos, elabora-os ou não, interage consigo e com o mundo. O primeiro brinquedo da criança é seu corpo, onde ela brinca com as mãozinhas, pés, depois vêm os balbucios e conforme ela vai crescendo vai descobrindo coisas novas.

A necessidade de brincar surge muito cedo, até os dois meses a criança não fixa os olhos nos objetos que lhe são apresentados, porem deitados no berço entretém - se olhando para as mãos e movendo os dedos.

A partir do terceiro mês a primeira brincadeira é, como a primeira conduta inteligente, de natura sensório-motora. Os dedos das crianças constituem o primeiro brinquedo e observação deles e de seu movimento configura o jogo mais remoto. Dirigem o olhar para determinado ponto que lhe chame atenção e acompanha com interesse, a forma pouco importa, o que chama atenção são as cores vivas, sobretudo a cor vermelha.

Aos seis ou sete meses deixam a observação passiva e empenham-se em segurar objetos e, conseguindo isso, examinam e os dirigem até a boca.

Quando aprendem a andar ampliam-se consideravelmente suas oportunidades e as condições de escolha, buscando coisas para observar e por em movimento.

Ate os três anos de idade a recreação parece dominada pela atividade física. A seguir, a fantasia torna-se cada vez mais importante fazendo com que a criança fique por horas concentrada, dando significados fictícios e usando a imaginação.

Desde o segundo ano a criança procura atrair companheiros mais ou menos da mesma idade. Jogos e brincadeiras coletivas só veem depois dos cinco anos.

            Aos dez anos aproximadamente começam as brincadeiras tradicionais que tem grande valia para a socialização, disciplinam as relações interpessoais e acostuma a lealdade na conduta.

É muito importante que seja proporcionado a criança brincadeiras em grupo e também individuais, dessa forma ela pode aprender a lidar com as diferenças e ampliar seu campo de convivência.

É através da brincadeira que a criança estabelece vínculos, tem a oportunidade de viver entre o principio do prazer e da realidade, o que pode também resultar em dor, pois a brincadeira não traz só prazer, ela pode trazer dor e desconforto e com isso levar ao aprendizado.

A criança em seu ato de brincar explora o mundo, o meio ambiente, manipula objetos, faz trocas com seus pares, dessa forma ela vai aprendendo, vai buscando fora de si conhecimento, para mais tarde poder internaliza-lo. É nestas buscas, na movimentação que novos esquemas podem ser assimilados, e é isto que o brincar permite, uma troca intensa entre o que está dentro e o que esta fora.

Brincar é muito importante além de prazeroso, é gostoso e traz felicidade, é a melhor forma para as crianças terem um bom desenvolvimento, ela exercita suas potencialidades.

Um fator muito importante no ato de brincar é o fato de que a criança que brinca está nutrindo sua vida interior, preparando-se para o futuro, descobrindo ate mesmo sua futura vocação, buscando um sentido para sua vida, experimentando o mundo ao seu redor dentro dos limites que sua condição permite.   

Pensando na necessidade, significação e valorização do brincar podemos observar que brincaré um ato tão espontâneo  e natural para a criança quanto o trabalho é para o adulto. Pois assim como o adulto tem necessidade da convivência social, a criança não estando em condições de participar do mundo real brinca, isto é, cria para si um mundo de sonho e fantasia, com ambientes, situações imaginárias, onde exerce um papel ativo, vivendo com maior desembaraço.

Brincar estimula o crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, as faculdades intelectuais, a iniciativa individual, a capacidade criadora e a expressão artística. Orienta a agressividade num sentido benéfico e construtivo.

Como linguagem não verbal que é, favorece o advento e o progresso da palavra. Impele a observare conhecer as pessoas e as coisas do ambiente, exercitando para uma vida social mais ampla. Brincando a criança abre-se livremente, mostra traços da sua personalidade, exprimem sentimentos e fantasias, seus desejos, afetos, ódios emedos, seus conflitos passados e presentes, suas inquietudes e preocupações. A capacidade de brincar com desenvoltura é indicio precioso de saúde mental.

As brincadeiras e jogos não se limitam apenas ao mundo da imaginação e das emoções, constituem peças importantes na conquista das agilidades e habilidades motoras. Elas aparecem também no domínio da inteligência e cooperam na evolução do pensamento e de todas as outras funções mentais superiores.

O espaço e a estrutura física, os objetos disponíveis na escola atuam como facilitadores da aprendizagem, por isso a importância das salas de aula arejadas, com espaço adequado para a quantidade de criança, os brinquedos estarem ao alcance do educando para que consiga manuseá-los livremente. Este ambiente precisa ser atrativo, com cores vivas, que estimulem o aprendizado.

Na educação infantil o professor deve estar em constante reflexão sobre sua pratica educativa, buscando sempre novas informações, dialogando com as famílias, aprimorando assim seu trabalho docente. O papel do educador é de ser o facilitador de brincadeiras, de organizar espaços lúdicos, mesclar momentos de atividades dirigidas e também proporcionar momentos de criação de brincadeiras partindo das crianças.  Dessa forma o professor estará estimulando nas crianças a socialização do espaço lúdico, dos brinquedos, criando o habito da cooperação, divisão e organização do mesmo após o termino das brincadeiras.

Sendo assimfica claro que o brincar para a criança não é apenas uma questão de pura diversão, mas também de educação, socialização, construção e pleno desenvolvimento de suas potencialidades. Pois é brincando a gente aprende!

Artigo escrito pela professora Jaqueline Dall’Agno da Escola Municipal de Educação Infantil Amor Perfeito