Hoje na Folha de São Paulo, o filósofo Luiz Felipe Pondé escreveu sobre o que ele considera brega hoje em dia. Inspirado nesse artigo vou enunciar algumas coisas que considero brega na profissão de psicanalista.

a) Achar que todo charuto é um pênis, que cigarro tem a ver com fase oral, e que a fumaça do cigarro tem associação com leite ? de tão absurdo, não merece nem comentários. Se você acha isso, guarde para si.

b) Acreditar que o autor que você acha cool é o grande leitor de Freud, é o que conseguiu captar a alma do mestre. Não parece briga de irmão pelo amor do pai? Agora, qual o gozo de quem nem sequer é um grande leitor de Freud, apenas segue grandes leitores? Ah, a identificação com o superego. Será que essa pessoa coloca como condição para viajar de avião que os engenheiros da companhia aérea sejam grandes leitores de Santos Dummont?

c) Voltando ao item anterior, acreditar que o autor que acha legal é O herdeiro do grande leitor de Freud. Pegue o item anterior e eleve ao quadrado.

d) Tudo o que o analista sente foi provocado pelo paciente. Esse tipo de analista tem uma áurea insuportavelmente perfeita. Todas as cores estão perfeitamente equilibradas no plano astral. Só isso para explicar esse comportamento. Ah, é verdade, tem a hipótese que essa pessoa nunca fez uma análise de verdade.

e) Acreditar que analista não tem que sentir nada. E tudo que eventualmente sentir é falta de análise. Morro de medo de gente assim ? gente que coleciona mecanismos de defesa sobre o que acontece no aqui e agora. Mas tem uma coisa boa ? para o analista desse analista ? a análise com certeza nunca vai acabar.

f) Você acredita que ainda tem analista que trata paciente como leproso? Pois é, se pudesse atenderia atrás de uma redoma de vidro.

g) Agora vêm o pior ? psicanalistas que confundem o trem com o destino. Ficam tão fascinados com o trem que não querem descer. Ficam tão deslumbrados com uma teoria, um autor, que não conseguem ver além dessas teorias, com um apego que muitas vezes é uma violência com seus pacientes.

h) E para terminar ? ficar se inspirando em artigo alheio e ficar criticando acidamente a categoria.

E viva o brega!