RESENHA: O Brasil: Território e sociedade no inicio do século XXI

 

Por: Prof. Francisco Carlos

 

É importante ressaltar que a analise em questão, não parte do espaço geográfico em si, mais de espaços geográficos ocupados, “A categoria de análise é o território utilizado”, conforme nos diz Santos e Silveira (2011, p.247). Partindo desta premissa, o que temos é um direcionamento em dois pólos distintos; territórios fixos (imóvel) e fluxos (móvel), a diferença entre ambos, esta na utilização e no meio ambiente, exemplificando; ação social ou pública diretamente relacionada à ocupação de moradia ou indústria, e a ambiental natural.

Seguindo neste prisma, o que temos é uma contextualização, que irá produzir a história especifica de cada localidade ou região, de acordo com sua ocupação geográfica e, pela forma ou circunstância que essa ocupação se desenvolve. Em consonância com esta discussão diretamente relacionada à forma de povoamento e ocupação das mais diversas regiões do país, e a adaptação e readaptação do ser humano a temática regional de cada ambiente. De forma mais incisiva, podemos dizer que esta ocupação geográfica é postulada segundo os chamados ciclos de economia, ou seja, de acordo com uma necessidade especifica da economia, ocupa-se uma determinada região, alterando em parte a constituição natural e por outro lado adaptando-se a ela.

Pelo povoamento e crescimento tecnológico em determinadas áreas do país, o modelo econômico dita de certa forma a regra dos locais onde as industrias passam a se instalar de acordo com a infraestrutura, que atenda sua demanda de produção e o escoamento desta produção;

Desse modo, nas regiões onde é implantado um sistema de

ferrovias e, depois de estradas de rodagem, as indústrias

ligadas ao consumo tendem a florescer, sobretudo onde a

vida agrícola não é um obstáculo a distribuição da riqueza,

e paralelamente a população urbana crescia de maneira

rápida.” Santos e Silveira (2011, p.251)

 

Ao longo desse processo de ocupação geográfica, calcada na base

econômica, são detectadas algumas anomalias, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, que deixaram claros alguns pontos, que precisavam ser delineados e corrigidos pelas autoridades, pois os sistemas viários e ferroviários desenvolveram-se bem em algumas regiões e não em outras, de forma autônoma, este desenvolvimento culminou com migrações, ora e os locais de onde ocorreram essas migrações, ficaram de certo ponto isolados ou defasados em relação aos grandes centros; então se fez necessário projeto para diminuir estas diferenças regionais. Agora, dentro desta nova realidade global, é fremente a necessidade de relação, e principalmente apressar o processo de transição para alcançar as metas propostas.

Um dos problemas desta nova realidade, é que a indústria não tem mais uma produção somente direcionada ao consumo interno, ou seja, não tem vínculos com as comunidades locais, buscam apenas atingir e cumprir metas, pois na sua maioria é empresas de capital estrangeiro ou de capital misto, este fato da uma distorção enorme no processo que era utilizado anteriormente. E seguindo este conceito, existe um direcionamento na contramão da história da ocupação geográfica em torno da economia, pois a globalização é um conceito inverso ao utilizado no principio.

A relação entre as industrias de capital estrangeiro, procura assumir dentro da globalização uma função política, que busca adaptar o meio ambiente natural as suas necessidades por intermédio de políticas públicas. O que vemos agora, é que as industrias ditam as normas de crescimento econômico e populacional de tal e qual região de acordo com seus interesses econômicos. Segundo nos dizem Santos e Silveira (2011, p.256):

O caso brasileiro ilustra perfeitamente a idéia segundo a qual, com a

presente globalização, o território de um país torna-se um espaço

nacional da economia internacional (M.Santos, 1996)”

 

A conclusão que tiramos desta ocupação geográfica, é que mesmo antes da globalização, podemos comparar com inicio dos tempos quando o ser humano era nômade, buscava se instalar de forma provisória onde havia condições de subsistência ideal, quando se esgotava simplesmente se mudava em busca de outra fonte e assim por diante, o ser humano nesta ocupação geográfica, digamos desordenada tem um papel secundário, esta colocado com uma das peças no contexto histórico, não o principal ator, mas uma das peças.

 

 

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

SANTOS, Milton, 1926-2001

O Brasil: Território e sociedade no inicio do século XXI/

Milton Santos, Maria Laura Silveira – 15º Ed. – Rio de

Janeiro: Record, 2011.